Meio Ambiente & Desenvolvimento Humano

sábado, 9 de novembro de 2019

O FAMOSO FUMO DE ROLO



Local: Capim Grosso Bahia.
Volta e meia tenho passado neste local e tem me chamado a atenção estes fumos de rolo na porta desta casa, desta vez parei e fiz um vídeo curto para retratar a história.
Vamos a história:
ANO: 1971/1972
LOCAL: Fazenda Boa Vista, várzea da Roça, Bahia
Lembro bem da varanda da antiga casa ocupada por uma escola multiseriada de nome Tiradentes, onde se aprendia em poucos tempos a rabiscar o nome e a soletrar as primeiras misturas de consoantes com vogais que vinha no pequeno ABC e adiante na famosa cartilha.
Para garantir um bom resultado no ensino o professor (a) tinha com auxiliar a tal palmatoria, na língua matuta oficial da época “parmatora”.
Com 6 a 7 anos de idade, entre minhas idas e vindas neste ambiente, sempre buscava a bodega pelo fato de lá ter um queimado (bala, caramelo) ou umas cocadas de licuri.
Neste percurso ficava o varandado, com uma bela vista (inclusive nome da fazenda) que dava para a estrada, naquele tempo o acesso principal entre Capim Grosso a Mairi.
O grande varandado pela sua boa sombra, espaço e dois grandiosos bancos de madeira, era o local escolhido para que as mulheres enroladoras de charuto trabalhassem.
As folhas secas do fumo após uma criteriosa seleção eram enroladas na coxa, onde o delicado dedo daquelas profissionais ia dando o formato do charuto e para dar liga, um certo melado feito com água e açúcar era lambuzado a cada traçado.
Ao final do dia exibiam sua arte, já apontando dois fatores na cadeia produtiva: quantidade e qualidade, um pelo valor a lucrar e o outro pela garantia de satisfação do cliente que segundo elas seriam exigentes.
Pouco anos depois seu Hermes começou a produzir a folha que era levada para o recôncavo onde já havia tradição. Com o avanço da tecnologia surgiu uma tal prensa de madeira e com isso a logística até aquela região facilitou bastante, podendo assim levar um maior quantitativo do refinado produto em seu caminhão.
A referida prensa ficou no seu antigo deposito até o ano de 1987. Em 1985 quando o local foi alugado para a Câmara de Vereadores de Várzea da Roça, a antiga prensa foi abandonada em área aberta, vindo a danificar até que alguém não identificado a levou.
Nas feiras livres o fumo de corda era vendido em cima de um banco que era adaptado para o tipo de atividade e desta forma já se transformava em barraca, que servia para encontro dos admiradores de um bom cigarro feito de fumo. 

Barraca de fumo na feira livre de Várzea da Roça                                                                                Arquivo: Zuriel Rios

A medida de fumo era feita em quarta, ou seja, ¼ da mão. Outra curiosidade era o pedaço de corda de sisal que já ficava com labaredas de fogo acesso durante o dia todo a disposição dos clientes.
Os mais idosos mantinham a tradição de pitar seu cigarro feito em palha de milho seca e quando queiram um fumo forte o pedido era o fumo de Arapiraca - Alagoas. O fumo de tão forte criou o dito popular: “forte é canivete, que corta o fumo de Arapiraca e não espirra”.
Em breve tragaremos mais um taquim da história do charuto varzeano.




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VIDHA LINUS

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