Meio Ambiente & Desenvolvimento Humano

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Brasil ganha associação para pesquisar vida fora da Terra

A Sociedade Brasileira de Astrobiologia reúne cientistas de todo o país para estudar a origem dos seres vivos no nosso planeta e espaço a fora

                  Com a descoberta de milhares de exoplanetas nos últimos anos, cientistas seguem suas pesquisas                        em busca de uma resposta definitiva à dúvida que atormenta a humanidade: estaríamos sozinhos no universo? (JPL-Caltech/Nasa)
 O Brasil acaba de ganhar mais um nome para sua lista de associações científicas — a Sociedade Brasileira de Astrobiologia (SBA). O anúncio foi feito nesta quarta-feira, em cerimônia realizada durante a XLI Reunião da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB). A astrobiologia, área relativamente recente da ciência que estuda a origem e evolução da vida dentro e, principalmente, fora da Terra, é um tema crescente no universo de pesquisas sobre espaço e cosmos. Segundo o presidente da nova associação, Eduardo Janot Pacheco, do Instituto de Astronomia e Geofísica da Universidade de São Paulo (USP), nesse cenário, a SBA tem como objetivo reunir pesquisadores da área para facilitar o desenvolvimento de projetos conjuntos, viabilizar a troca de experiências e ajudar a conseguir bolsas e recursos para financiar pesquisas.
“Já temos pelo menos 100 pessoas ou mais trabalhando com astrobiologia no Brasil”, disse Janot a VEJA, adicionando que a fundação da SBA veio da necessidade de organizar e difundir o conhecimento que estava sendo produzido. “Além disso, todos os países desenvolvidos têm uma sociedade para pesquisa em astrobiologia. Nós estamos tirando esse atraso.” Entre os objetivos da associação, o presidente destaca que pretende criar um programa de pós-graduação em astrobiologia — que ainda não existe, apesar do crescente número de estudos na área –, mapear e catalogar iniciativas de ensino do tema em todo país e ajudar associados a conseguir o financiamento necessário para suas pesquisas.

Janot destaca que a astrobiologia se tornou popular nos últimos anos principalmente por causa do grande número de descobertas (agora já na casa dos milhares) de exoplanetas espalhados pela Via Láctea. As principais pesquisas tentam comprovar se algum desses “novos mundos” teria os ingredientes necessários para abrigar vida extraterrestre. “Não estamos em busca de ‘homenzinhos’ verdes. Mas é possível que na primeira expedição tripulada a Marte, por exemplo, planejada para 2020, encontremos no subsolo seres vivos muito parecidos às bactérias que vemos em algumas partes do nosso planeta.” Para ele e para um número cada vez maior de pesquisadores, é apenas uma questão de tempo até que as primeiras formas de vida fora da Terra sejam descobertas, especialmente para além do sistema solar.

Vida extraterrestre

Um dos pesquisadores que tenta desvendar esse mistério é o astrônomo Douglas Galante, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, em Campinas, no interior de São Paulo. Desde 2011, ele e sua equipe investigam a possibilidade de Europa, uma das principais luas de Júpiter, ser habitável. A princípio, estudos anteriores já haviam indicado a existência de um oceano sob a superfície de gelo do astro — a água em estado líquido é condição essencial para a existência de vida. A isso soma-se o fato de que Europa possui uma temperatura e uma pressão adequadas para abrigar um ser vivo, apesar de não estar na “zona habitável” do Sol. Mas, mesmo com todos esses indícios, Galante só se convenceu de que, talvez, a lua pudesse sustentar vida em seu interior ao observar um grupo de pequenas bactérias (Desulforudis audaxviator), encontradas a 2,8 quilômetros abaixo do solo em uma mina de ouro na África do Sul.
Esses minúsculos microrganismos viviam em um ambiente tão inóspito que eram a única forma de vida encontrada no local. “Essas bactérias estavam vivendo isoladas lá, talvez por milhões de anos”, disse o pesquisador. A uma distância tão abaixo da superfície, não há luz nem oxigênio suficientes para praticamente qualquer ser vivo sobreviver — mas, para esses pequenos micróbios, nada disso é necessário. Como todos os extremófilos, eles conseguem viver em condições extremamente adversas. Essas bactérias, em especial, se alimentavam de materiais derivados da desintegração radioativa de minerais nas rochas que estavam no local.
Foi então que Galante percebeu que a energia radioativa presente em Europa talvez pudesse servir para sustentar microrganismos como a D. audaxviator. Para testar sua hipótese, ele desenvolveu um estudo teórico que calculava a quantidade de energia necessária para manter as bactérias e comparava com dados da quantidade de energia que a lua de Júpiter teria a oferecer. Com isso, ele avaliou a capacidade de carga daquela espécie naquele ambiente — ou seja, quantos microrganismos aquele meio seria capaz de suportar, pensando em número de células por quilo de rocha — e descobriu que Europa teria as condições mínimas para ser considerada habitável. O que não significa que já existem bactérias vivendo lá.
“Europa parece ter as condições necessárias para sustentar vida”, diz Galante. “Isso é importante tanto para a busca de vida em outros planetas quanto para a compreensão de como os seres vivos surgiram aqui na Terra. Provavelmente, os primeiros organismos eram muito parecidos com esses que estamos estudando e surgiram em condições muito parecidas às observadas na mina em que estavam.”

Pesquisas na Terra

Assim como o estudo de Galante, muitas pesquisas na área de astrobiologia utilizam microrganismos e habitats extremos encontrados na Terra para fazer suas investigações. Além de ser uma saída mais barata, os ambientes inóspitos que encontramos no nosso planeta mimetizam com suficiente precisão as condições encontradas em outros astros, possibilitando estudos mais aprofundados do que os que seriam feitos à distância, por meio de sondas ou espaçonaves. Com tantos avanços na ciência nas últimas décadas, a descoberta de que não estamos sozinhos no universo é apenas questão de tempo.

VEJA/ABRIL 

Share:

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Funasa apresenta uma solução para a redução dos casos de cólera no Haiti

A Funasa foi ao Haiti com o objetivo de oferecer tecnologia de tratamento de água que vai proporcionar aos haitianos uma água adequada para o consumo humano

Por Assessoria de Comunicação    FUNASA Publicação: Tue, 05 Sep 2017 18:37:15 -0300
Última modificação: Wed, 06 Sep 2017 14:54:18 -0300

Visita técnica ao hospital comunitário Zilda Arns construído pela cooperação trilateral Brasil, Cuba e Haiti

A convite do Ministério da Saúde (MS) e com o propósito de apresentar a Solução Alternativa Coletiva Simplificada de Tratamento de Água (Salta-z) e as ações da Funasa, o diretor do Departamento de Saúde Ambiental (DESAM), Rômulo Henrique e a coordenadora da Cooperação Técnica Internacional (COTEC), Michelle Rodrigues, estiveram entre os dias 26 de agosto e 1° de setembro em Porto Príncipe, no Haiti.
Durante a visita, aconteceu uma reunião tripartite, onde foi apresentado as ações da Funasa e principalmente o Salta-Z. O encontro contou com dois representantes do governo haitiano, representantes do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS) e do governo de Cuba; a doutora Ana Wanzeler, do Departamento de Economia e Saúde (MS) e Marcos Rodopiano, representando o Ministro da Saúde Ricardo Barros, além dos técnicos do respectivo órgão. 
"Foi uma missão de apresentação das ações da Funasa, mas eu acredito que a gente tenha uma cooperação futuramente. O próximo passo agora é levar para o presidente para ver se realmente há interesse e assim, articular com o Ministério da Saúde o desenvolvimento do Salta-Z para o Haiti", disse Michelle.
Os representantes da Funasa se encontraram com a Ministra da Saúde do Haiti, Daphnée Delsoin, que recebeu o projeto Salta-Z e disse que irá levar para o Primeiro Ministro, possibilitando a continuidade da tratativa com o governo haitiano. "Isso é importante para fortalecer não só a nossa cooperação, mas a saúde do povo haitiano e as relações de todos os lados", completou Michelle.
O sistema Salta-Z é uma tecnologia de fácil aplicabilidade, baixo custo de implantação e manutenção simplificada, que faz uso de filtros e dosadores de construção. Com montagem artesanal, é fácil de operar e apresenta resultados da água compatível aos padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria nº 2.914/11, do Ministério da Saúde.
O MS leva uma missão de acompanhar os hospitais construídos pelo órgão brasileiro no Haiti. Ao terem conhecimento do Salta-Z, convidaram a Funasa para apresentar o projeto com o objetivo de trazer benefícios aquela população, além de levar as ações da Funasa internacionalmente. Lá, a comitiva visitou hospitais como o Centro de Reabilitação de Porto Príncipe e o hospital Zilda Arns que foi reinaugurado recentemente.

 FUNASA

Share:

Mudanças climáticas é tema da Assembleia Geral da ONU

Secretário-geral da ONU demonstrou preocupação com tragédias ambientais pelo mundo 

06.09.2017, 11:28:00
Atualizado: 06.09.2017, 11:30:14 
 
O secretário-geral da ONU, António Guterres, falou a correspondentes internacionais nesta terça-feira (5), sobre três temas urgentes para a organização.
Duas semanas antes do maior encontro anual na agenda da ONU, os debates da Assembleia Geral (marcados para começar no dia 19), António Guterres afirmou que a crise mais perigosa do mundo, no momento, é o risco nuclear gerado com a situação na Coreia do Norte.
Segundo informações da ONU News, António Guterres destacou que a união do Conselho de Segurança é fundamental para responder à crise. E, segundo ele, esta união também oferece uma oportunidade para evitar uma escalada e fomentar a prevenção voltada à desnuclearização da Península Coreana.
No domingo (3), a Coreia do Norte realizou um teste com uma bomba de hidrogênio. A ação foi condenada por Guterres e outros líderes internacionais. Ele disse que o país asiático quebrou a norma contra explosões nucleares colocando milhões de pessoas em risco, o que inclui seus próprios cidadãos, que já sofrem com fome, seca e outros problemas.
Ataques
Segundo o chefe da ONU, a solução para a crise só pode ser diplomática.
Ao falar da situação dos refugiados em Mianmar, a antiga Birmânia, António Guterres voltou a condenar os ataques contra a minoria Rohingya no estado de Rakhine.  Ele disse que escreveu uma carta ao presidente do Conselho de Segurança propondo alguns passos para resolver a situação.
Para o secretário-geral da ONU, as autoridades de Mianmar têm que dar aos muçulmanos Rohingya a cidadania birmanesa ou pelo menos um status legal que permita a eles acessar os serviços básicos da sociedade como educação.
Ele elogiou o país vizinho, Bangladesh, por receber as pessoas que fogem da violência, e disse que Mianmar tem que tomar as providências para acabar com os confrontos além de permitir a passagem de ajuda humanitária.
Ajuda
Antes de responder às perguntas de alguns jornalistas, Guterres ressaltou a importância do combate às mudanças climáticas ao falar das cheias que ocorrem em várias partes do globo.
O secretário-geral expressou solidariedade às vítimas do furacão Harvey no estado americano do Texas e das cheias na Índia, no Nepal e em Bangladesh, além das chuvas e deslizamentos de terra na Serra Leoa. António Guterres concluiu dizendo que a ONU está pronta para ajudar.

Share:

Nicarágua renova licença ambiental de empresa chinesa encarregada do Canal

Mulher caminha próximo a graffiti que diz "No canal, no ley" em protesto contra a construção de um canal, em Juigalpa, Nicarágua, no dia 13 de junho de 2015

AFP
 
AFP/Arquivos / STR

A Nicarágua renovou a licença ambiental para que o consórcio chinês HKND continue com o projeto de construção de um canal interoceânico, cujas obras não foram iniciadas, informou o governo nesta quarta-feira em um documento oficial.

A licença foi renovada em abril passado, mas o anúncio só foi feito nesta quarta-feira.
"Em 4 de abril de 2017 a Comissão do Grande Canal outorgou uma Renovação da Licença Ambiental para que o projeto continue desenvolvendo novos avanços", indica o Livro Branco sobre o Projeto de Canal Interoceânico, publicado pelo governo.

A primeira licença foi estendida em 5 de novembro de 2015 por um período de 18 meses, que terminou em abril passado sem que as obras tivessem sido iniciadas.

O canal "é um meio para que a Nicarágua possa dar um salto no desenvolvimento econômico, social, ambiental e humano", argumentou o Executivo no livro, que detalha em 75 páginas os aspectos legais, ambientais, sociais e econômicos do projeto.

No entanto, o documento não esclarece como serão financiados o canal e os subprojetos, avaliados em 50 bilhões de dólares.

O presidente Daniel Ortega outorgou em 2013 à empresa chinesa HK Nicaragua Development Investment (HKND) os direitos exclusivos para construir e operar um canal de 276 km de comprimento entre os litorais do Pacífico e do Atlântico da Nicarágua por 50 anos, prorrogáveis por outro período similar.

Em um ato oficial em 2014, foi colocada a primeira pedra para marcar o início das obras, com a intenção de inaugurar o canal em 2020, mas seu progresso estagnou e ainda não há data definida para sua reativação.

Segundo o Livro Branco, a consultora britânica Environmental Resources Management (ERM), que fez os estudos de impacto ambiental, recomendou a realização de vários estudos complementares antes do início das obras.

Nos últimos dois anos foram feitos "estudos geológicos, sísmicos e de drenagem ácida das rochas na rota do canal, como parte dos requerimentos técnicos complementares", diz o texto.

Este acrescenta que em uma segunda fase serão feitas "investigações geotécnicas detalhadas e mapeamento para quantificar as condições do terreno ao longo do alinhamento do canal", e se concluirá o desenho das paredes do canal.

O livro aponta que cerca de 30.000 pessoas serão deslocadas na zona do projeto, em vez das 120.000 apontadas pela Anistia Internacional e outros organismos independentes.

AFP 
Share:

Tratamento atenua ‘vozes’ na esquizofrenia, dizem cientistas

Estudo identifica parte do cérebro que provoca alucinações auditivas e resultados iniciais apontam melhora em 35% dos casos com terapia de pulsos magnéticos



Os cientistas identificaram a parte do cérebro onde as “vozes” atormentam os pacientes que sofrem de esquizofrenia e conseguiram silenciá-la parcialmente com um tratamento com pulsos magnéticos. Segundo um estudo apresentado nesta terça-feira em uma conferência do European College of Neuropsychopharmacology, na França, 35% dos pacientes tratados com pulsos magnéticos em um experimento clínico disseram sentir um alívio “significativo” das “vozes”.

“Em primeiro lugar, agora podemos dizer com alguma certeza que encontramos uma área anatômica específica do cérebro associada com as alucinações auditivas na esquizofrenia”, declarou a psiquiatra e líder do estudo Sonia Dollfus, da Universidade de Caen, na França. “Em segundo lugar, mostramos que o tratamento de alta frequência TMS (Estimulação Magnética Transcraniana, significado da sigla em português) faz diferença, pelo menos, para alguns pacientes.”

No entanto, mais pesquisas precisam ser feitas para confirmar a utilidade da TMS como um tratamento no longo prazo. Os resultados dos testes ainda não foram publicados, mas foram aceitos pela revista científica Schizophrenia Bulletin: The Journal of Psychoses and Related Disorders e passarão por um processo de revisão antes de serem divulgados.
O experimento avaliou 26 pacientes com esquizofrenia, que receberam o tratamento ativo TMS. Outros 33 pacientes com o mesmo transtorno foram tratados apenas com placebo, compondo o grupo controle.

O primeiro grupo recebeu uma série de pulsos magnéticos em duas sessões ao dia, por dois dias, no lobo temporal associado com a linguagem. Duas semanas depois, os participantes avaliaram as “vozes” que costumavam ouvir e mais de um terço dos pacientes que experimentaram o tratamento TMS relataram uma melhora “significativa”.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a esquizofrenia afeta mais de 21 milhões de pessoas ao redor do mundo.

(Com AFP)
Share:

Piratas informáticos ligados à Rússia atacam redes elétricas na Europa e EUA

Informação foi revelada pela Symantec, empresa norte-americana de segurança informática

DN PORTUGAL

REUTERS/Steve Marcus

Um grupo de ciber-espionagem associado à Federação Russa pirateou as redes elétricas na Europa e nos EUA, fazendo pairar a ameaça das avarias provocadas remotamente
Segundo a Symantec, o grupo Dragonfly 2.0 acedeu aos sistemas operacionais de redes elétricas nos EUA, na Turquia e na Suíça, e "é agora capaz de sabotar ou controlar estes sistemas se o decidirem".
A Symantec não ligou o Dragonfly 2.0, que opera há vários anos, a um país em concreto. Mas o governo dos EUA e vários especialistas da segurança informática associam o Dragonfly 2.0 ao governo russo e garantem que as suas raízes são russas.
Desde há vários anos que este grupo de piratas informáticos ataca alvos ocidentais
Mas desde o início de 2017 tem-se "concentrado" sobre sistemas energéticos, contra os quais tem multiplicado ataques, apontou a Symantec.
"O Dragonfly 2.0 parece ter compreendido o funcionamento das instalações energéticas e como tomar o controlo dos seus sistemas operacionais", avançou a empresa norte-americana.

 DN PORTUGAL

Share:

Água canalizada de todo o mundo está contaminada com microplásticos

A água canalizada de todo o mundo está contaminada com microplásticos. A descoberta foi feita por um estudo americano que revela que 83% dos casos analisados acusaram a presença dessas substâncias.

 6/9/2017, 13:58

FONTE: OBSERVADOR

Uma pesquisa científica encontrou várias partículas de microplástico na água canalizada de vários países. A comunidade científica está preocupada com os riscos que a descoberta representa para a saúde.

A investigação da Orb Media analisou mais de 12 países e concluiu que 83% dos casos revelaram a contaminação da água canalizada com fibras de plástico. A maior incidência verificou-se nos Estados Unidos, onde 94% da canalização acusou a presença dessas substâncias. A contaminação foi encontrada em sítios como a Trump Tower, em Nova Iorque, a sede da Agência de Proteção Ambiental norte-americana e edifícios do Congresso.

Líbano e Índia também aparecem no pódio das águas da torneira mais poluídas. Nos países europeus menos contaminados encontram-se Reino Unido, Alemanha e França com menores taxas de contaminação. Ainda assim, nesses países a taxa encontra-se nos 72%.

Algumas das partículas encontradas tinham 2,5 micrómetros — 2500 vezes maior do que uma nanopartícula. É um tamanho considerável, tendo em conta que essas partículas podem penetrar órgãos. A preocupação com a presença destas partículas, alertam os cientistas, prende-se ainda com o facto de estas substâncias conterem elementos químicos tóxicos que se libertam no interior do organismo quando ingeridos. Para além disso, esses microplásticos podem ser um fator de atração de outras bactérias de águas residuais.

Outra preocupação dos cientistas é agora saber como é que esses microplásticos chegam até às canalizações. As principais suspeitas vão para a roupa — que liberta plásticos para a atmosfera –, como também já tinha sido estudado. A presença de microplásticos nos mais variados sítios não é nova. Além deste estudo, existem outras investigações que comprovam a presença destas substâncias em água do mar ou em sal, por exemplo.

 OBSERVADOR

Share:

Janot vai ao STF contra Lei da Grilagem

Por Luciana Vicária, do Observatório do Clima
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Foto: Felipe Sampaio/STF.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Foto: Felipe Sampaio/STF.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ajuizou no Supremo Tribunal Federal na última sexta-feira (01) uma ação direta de inconstitucionalidade contra a Lei da Grilagem, sancionada por Michel Temer em julho. A ação foi motivada por um pedido de 61 organizações da sociedade civil, que enviaram carta a Janot no dia 28 de julho. A carta é citada no texto da ação.

Segundo o procurador, a Lei no 13.465, “caso não suspensa liminarmente em sua integralidade, permitirá a privatização em massa de bens públicos”. Ela também tem “o efeito perverso de desconstruir todas as conquistas constitucionais, administrativas e populares voltadas à democratização do acesso à moradia e à terra e põe em risco a preservação do ambiente para as presentes e as futuras gerações”.

Entre os argumentos do procurador para decretar a inconstitucionalidade do texto estão questões de forma e de conteúdo. Na forma, a lei seria inconstitucional por ter sido proposta por Medida Provisória, um dispositivo facultado ao Presidente da República apenas para questões urgentes. Segundo Janot, não há urgência na MP 759, que deu origem à lei 13.465, já que a falta de ordenamento fundiário no Brasil remonta “ao período colonial, com a implantação do regime de sesmarias”. O problema urbano alegado por Temer ao propor a MP também é “estrutural, vivenciado há décadas país afora”.

Outro problema é que a MP altera nada menos do que 11 leis diferentes, todas aprovadas pelo Congresso após extenso debate e algumas em vigor há décadas.

Entre as questões de conteúdo apontadas na ação estão argumentos usados pela sociedade civil no pedido ao procurador. Segundo a carta das organizações, a Lei 13.465 “promove a privatização em massa e uma verdadeira liquidação dos bens comuns, impactando terras públicas, florestas, águas, e ilhas federais na Amazônia e Zona Costeira Brasileira”.

Isso porque ela permite a regularização de terras ocupadas ilegalmente entre 2004 e 2011 e amplia a área passível de regulamentação de 1.500 para 2.500 hectares. Além disso, faz a transferência a preço de banana – pela tabela do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), que cobra pelo hectare de terra de 50% a 10% do valor de mercado.

Janot faz eco, ao afirmar que a lei “autoriza a transferência em massa de bens públicos para pessoas de média e alta renda (…) o que causará grave e irreversível impacto na estrutura fundiária em todo o território nacional, seja por incentivar a ocupação irregular de terras (“grilagem”) e o aumento de conflitos agrários, seja por suprimir as condições mínimas para a continuidade daquelas políticas constitucionais”. E cita os dados do Imazon que apontam prejuízo para o Estado de R$ 19 bilhões com a regularização pela tabela do Incra apenas na Amazônia.

“O procurador-geral da República ouviu a solicitação de dezenas de organizações da sociedade civil que protestaram contra à concessão de benefícios à grilagem na Amazônia e contra incentivos a mais desmatamento. Agora cabe ao judiciário impor o cumprimento da Constituição”, diz Brenda Brito, pesquisadora do Imazon. “É importante também que a sociedade brasileira continue se manifestando contra medidas tomadas sem o devido debate público e avaliação de impactos na Amazônia.”

“A sociedade tem de ficar atenta, pois a ambição dos ruralistas não tem limite algum”, alerta Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. Ele enumera novas investidas da bancada ruralista contra o meio ambiente: “Nesta semana eles tentarão destruir o licenciamento ambiental na Câmara, isentando o agronegócio. E ainda vão tentar reduzir a cinzas a Floresta Nacional do Jamanxim, piorando ainda mais o projeto de lei de Temer que já tirava 350 mil hectares da Flona para dar aos grileiros. Sem a contínua pressão do cidadão, ainda corremos enorme riscos de grandes retrocessos.”

OBSERVATÓRIO DO CLIMA 
Share:

ME MOSTRE O DADO!

Você conhece o perfil da emissão de gases de efeito estufa de cada Estado do Brasil?

 OBSERVATÓRIO DO CLIMA

Ferramenta interativa detalha perfil da gases-estufa de cada uma das unidades da federação. Dados de 2015
Ferramenta interativa detalha perfil da gases-estufa de cada uma das unidades da federação. Dados de 2015
Você saberia indicar a posição que seu Estado ocupa no ranking dos maiores poluidores do país? Conhece a origem dos poluentes? O que cabe ao desmatamento, qual a parte do setor agropecuário e da produção de energia? O mapa interativo do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), uma iniciativa do Observatório do Clima, te ajuda a conhecer um pouco mais sobre o perfil das emissões de cada um dos estados do país. Acesse o SEEG e descubra.

OBSERVATÓRIO DO CLIMA 
Share:

Dez coisas que daria para fazer pelo meio ambiente com a grana do Geddel

Bancar mais de uma década de pesquisas em biodiversidade? Ou um ano inteiro de fiscalização do Ibama? Veja as coisas incríveis que o país poderia fazer na área ambiental com os R$ 51 milhões que o ex-ministro preferiu esconder num apartamento em Salvador

Fonte: Observatório do Clima

DO OC – Uau, R$ 51 milhões. Em cash. O Brasil inteiro viu e se escandalizou com as imagens das malas e caixas de dinheiro descobertas pela Polícia Federal num apartamento em Salvador que o ex-ministro teria Geddel Vieira Lima teria “pegado emprestado” de um amigo para guardar “as coisas de seu finado pai”. Todo mundo sabe também do trabalho que deu para a polícia contar a bolada – a maior quantidade de dinheiro vivo já apreendida no país.
Em tempos de Lava Jato e cifras astronômicas de corrupção (quem não se lembra de Pedro Barusco, aquele gerente da Petrobras que ficou de devolver, só ele, R$ 300 milhões?), fica até difícil dimensionar o que são R$ 51 milhões.
Bem, é muito dinheiro. Que daria para usar em muita coisa. Nós compilamos abaixo algumas sugestões do que fazer com essa bufunfa apenas na área ambiental. O Geddel pode até não se sensibilizar, mas quem sabe a PF se empolga.

1 – Monitorar o desmatamento durante dez anos

Desmatamento em Rondônia visto pelo satélite Landsat (Imagem: Google Earth)
Desmatamento em Rondônia (Imagem: Google Earth)
O Brasil é referência internacional em sensoriamento remoto de florestas, graças aos programas Prodes e Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). A criação do Deter, que vigia a floresta em tempo real e orienta a fiscalização, foi um dos instrumentos que permitiram reduzir a taxa de desmatamento na Amazônia. Todo o trabalho de monitoramento do Inpe custa R$ 5 milhões por ano. Tem que manter isso, viu? Os R$ 51 milhões do Geddel manteriam por uma década.

2 – Pagar até 12 anos de pesquisas em biodiversidade

Macaco-aranha (Foto: Sérgio Pucci/The Nature Conservacy)
Macaco-aranha (Foto: Sérgio Pucci/TNC)
Um artigo científico que acaba de ser publicado por pesquisadores brasileiros no periódico Perspectives in Ecology and Conservation alerta para o fato de que os cortes no orçamento da ciência brasileira ameaçam o PPBio, o maior programa de pesquisas em biodiversidade do país, que envolve 626 cientistas de 93 instituições. Sem o PPBio, o Brasil pode não cumprir suas metas nacionais de biodiversidade para 2020 e pode ter dificuldades para cumprir sua meta no Acordo de Paris de restaurar 12 milhões de hectares de florestas – já que isso depende de conhecimento sobre as áreas mais adequadas à restauração. Segundo a ecóloga Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília, o PPBio custa R$ 10,8 milhões por edital, e cada edital cobre de 36 a 48 meses de execução. Ou seja, a bolada do bunker de Salvador pagaria o trabalho desses 626 pesquisadores por 9 a 12 anos.

3 –  Zerar o desmatamento em pelo menos 250 mil hectares durante 15 anos

Segundo uma ferramenta desenvolvida por pesquisadores da UFRJ, um programa de pagamento por serviços ambientais poderia bancar fazendeiros para não desmatar, pagando o chamado custo de oportunidade da terra, ou a expectativa de ganho anual de um proprietário caso ele cortasse um hectare de floresta. Na caatinga e na Amazônia o custo de oportunidade é mais baixo em vários municípios. Um programa que pagasse R$ 51 milhões por 15 anos nessas regiões poderia proteger 250 mil hectares – duas vezes a área da cidade do Rio de Janeiro.

4 – Proteger 10% do território nacional durante dois meses

Parque Nacional de Fernando de Noronha (Creative Commons)
Fernando de Noronha (Creative Commons)
Parece incrível, mas o Instituto Chico Mendes, ligado ao Ministério do Meio Ambiente, protege um décimo do território brasileiro. Esta é a extensão das 327 unidades de conservação federais, de Fernando de Noronha (foto) a Foz do Iguaçu, do Parque Nacional de São Joaquim ao Parque do Tumucumaque. E faz isso com pouquíssimo dinheiro: o orçamento do órgão em 2017, excluindo salários, foi de R$ 302 milhões. Isso antes do corte de 43% no orçamento geral do ministério.

5 – Pagar um ano de fiscalização do Ibama

Fiscais do Ibama na Flona Jamanxim (Foto: Felipe Werneck/Ibama)
Fiscais do Ibama (Foto: Felipe Werneck)
A retomada das ações de fiscalização do Ibama neste ano impediu que o desmatamento em 2017 subisse pelo terceiro ano consecutivo na Amazônia. E isso só aconteceu porque o governo conseguiu R$ 53 milhões do Fundo Amazônia (dinheiro de doação da Noruega), a serem aplicados durante três anos na fiscalização, cujo orçamento em 2017 foi de R$ 52,1 milhões. O dinheiro do Geddel pagaria um ano de trabalho do Ibama. Ou evitaria que o governo passasse o chapéu para os noruegueses, complementando os recursos do Ibama por três anos.

6 – Custear 11% do orçamento do Ministério do Meio Ambiente

Todas as políticas ambientais federais em 2017 precisarão ser implementadas com R$ 446,5 milhões. Esse é o valor do orçamento discricionário do MMA (Ministério do Meio Ambiente) após os cortes impostos por Michel Temer em abril. As caixas e malas de dinheiro encontradas pela PF em Salvador equivalem a 11% desse total. Lá no MMA isso faz falta, viu, Geddel?

7 –  Financiar o maior instituto de pesquisas da Amazônia por 3,5 anos

Torre ATTO, no Amazonas
Torre ATTO, no Amazonas
O Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) é um dos maiores polos geradores de conhecimento sobre a maior floresta tropical do mundo. Tem nove pesquisadores entre os mais citados do país e é responsável por programas como a torre ATTO, de 325 metros, estrutura construída mais alta do Brasil. O orçamento anual do Inpa é de R$ 14 milhões. Se Geddel doasse seu dinheiro à ciência, bancaria as pesquisas amazônicas por três anos e meio.

8 –  Instalar 17 mil painéis fotovoltaicos em casas populares

Foto: Ministério das Cidades
Foto: Ministério das Cidades
Investir em energia limpa é uma das missões dos países signatários do Acordo de Paris – e está cada vez mais acessível à população. Em vários países, essa fonte já é a forma mais barata de gerar eletricidade. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, R$ 51 milhões seriam o suficiente para beneficiar cerca de 60 mil pessoas com 17 mil painéis solares em telhados. Não custa lembrar que o Brasil é um dos países com metas mais modestas de instalação de energia fotovoltaica no mundo.

9 – Recuperar mais de 3.000 nascentes de rios

O investimento para recuperar uma nascente pode variar de R$ 1 mil a pouco mais de R$ 15 mil, dependendo do nível de degradação e do lugar do país, de acordo com a Bioflora, uma empresa de restauração de florestas nativas. O reflorestamento estimula o desenvolvimento regional sustentável, neutraliza carbono e pode triplicar a renda de pequenos agricultores.

10 – Reflorestar área equivalente a 5.000 campos de futebol na Mata Atlântica

Foto: Sema/SP
Foto: Sema/SP
A Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo investiu ao longo da última década cerca de R$ 13 milhões na restauração ambiental de uma área de mil hectares dentro do Parque Estadual Serra do Mar (PESM). A área de Mata Atlântica recebeu cerca de 1,5 milhão de mudas.

OBSERVATÓRIO DO CLIMA 

Share:

Mudanças climáticas põem advogados para trabalhar

Por Claudio Angelo e Luciana Vicária, do Observatório do Clima
Sociedade civil protesta contra lentidão e falta de decisões em temas estratégicos na COP21. Foto: Joel Lukhovi | Survival Media Agency.

Sociedade civil protesta contra lentidão e falta de decisões em temas estratégicos na COP21. Foto: Joel Lukhovi | Survival Media Agency.
Os avanços científicos dos últimos anos deram aos pesquisadores a capacidade de compreender – e medir – com uma precisão cada vez maior, o tamanho da influência humana em catástrofes climáticas individuais. Isso significa que será cada vez mais comum mover processos bilionários por danos e prejuízos que terão como responsáveis governos e empresas privadas.

A conclusão é de um estudo publicado nesta semana no periódico Nature Geoscience pelo advogado especialista em causas ambientais James Thornton e colegas. Thornton explica que isso só está acontecendo porque o consenso científico sobre o papel da humanidade em eventos extremos é cada vez maior. “No Reino Unido, por exemplo, os tribunais já aceitam evidências científicas de mudanças climáticas como provas de causalidade”, disse.

A Lei de Alterações Climáticas do Reino Unido prevê que o governo solicite planos de adaptação das agências para demonstrar sua preparação para os impactos das mudanças climáticas, de modo a mitigar o risco de litígio. “Os governos têm o dever de evitar que os cidadãos sofram por catástrofes que poderiam evitar”, disse Thornton. Nos EUA, as reivindicações contra o poder público por não se adaptarem às mudanças climáticas podem se enquadrar, por exemplo, em leis federais, e os governantes podem responder a processo por negligência e fraude.

Um dos casos mais famosos de litígio em clima ocorreu justamente nos EUA. Em 2015, um grupo representando 21 crianças processou o governo americano por falhar em combater a mudança climática – colocando em risco o futuro dos litigantes. O argumento jurídico central da ação, que será julgada em fevereiro de 2018 no Estado do Oregon, é que o governo é uma espécie de “fiel depositário” de bens comuns, como a água, as florestas e a atmosfera, e tem feito um péssimo trabalho. Casos semelhantes existem na Holanda, onde a Justiça deu ganho de causa aos cidadãos em 2015 e obrigou o governo a cortar emissões – na primeira ação do gênero a ser julgada – e no Paquistão.

A pesquisadora australiana, advogada especialista na causa climática e uma das autoras do estudo, Sophie Marjanac, disse que as empresas também devem se preocupar em cumprir suas metas de emissão, uma vez que contribuem significativamente com os gases de efeito estufa. “Os pesquisadores estão produzindo evidências claras e as empresas têm ciência de sua parcela de responsabilidade no aumento do risco de eventos extremos no futuro”, disse.

“Para fazer um estudo de atribuição, os pesquisadores consideram a qualidade dos registros de observação, a capacidade dos modelos de simular o evento analisado e a compreensão científica dos processos. ”.
Para fazer um estudo de atribuição, os pesquisadores consideram a qualidade dos registros de observação, a capacidade dos modelos de simular o evento analisado e a compreensão científica dos processos. Segundo a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, eles atingiram um patamar elevado de confiabilidade e conseguem com alto grau de precisão diferenciar a variabilidade natural do clima das mudanças climáticas causadas pelo homem. A chance de acerto é ainda maior em eventos de calor ou frio extremos.

Em 2004, um estudo de atribuição relacionou explicitamente a mudança climática antropogênica à forte onda de calor europeia de 2003 e abriu caminho para uma série de pesquisas e metodologias sobre o tema. As anomalias de temperatura no verão de 2017 no sudeste na Austrália, por exemplo, de acordo com uma série de estudos, têm altíssima probabilidade de terem sido causadas pelo homem. A chance de um verão superquente como aquele acontecer era de 1 em cada 500 anos algumas décadas atrás, hoje é de 1 em cada 50 anos.

A boa notícia é que os tribunais – e os novos litígios – podem reduzir compulsoriamente as emissões de gases de efeito estufa. “Eles vão ser pressionados por processos e a perda de dinheiro pode ser maior do que os gastos com mitigação”, diz Marjanac. “Talvez seja o empurrão que faltava para acelerarmos o passo em favor da ação climática”.

“No Brasil, assim como em outros países, a produção de evidências robustas sobre como, quando e onde os danos decorrentes das mudanças climáticas ocorrerão poderá ajudar a convencer o Poder Judiciário sobre a existência de deveres legais de reduzir seus impactos por meio de medidas de adaptação”, diz a advogada Ana Carolina Vieira, do Instituto de Energia e Meio Ambiente. “Essas medidas já estão previstas, inclusive, na legislação brasileira e em planos de governo nos diferentes níveis da federação.”

Vieira diz, porém, que a sociedade brasileira ainda precisa desenvolver estratégias de litigância que levem a política climática a um novo patamar. “O estabelecimento desse campo depende da preparação e prontidão da sociedade civil e de instâncias de controle para se apropriar de dados científicos e submetê-los estrategicamente ao Poder Judiciário”, afirma. “Esse passo ainda não foi dado no Brasil.”

OECO
Republicado do Observatório do Clima através de parceria de conteúdo.
Share:

Sema, Inema e FIEB dialogam sobre modelo de cobrança do uso da água

Publicado em 04/09/2017 às 9:39 
INEMA




1504353591ndice1

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) apresentaram, nesta sexta-feira (01), aos representantes das indústrias e comércio da Bahia, o modelo proposto pelo Governo do Estado para a cobrança do uso de recursos hídricos. O encontro aconteceu na Federação das Indústrias do Estado da Bahia, no Stiep.
Na oportunidade, foi apresentado um projeto piloto nas Regiões de Planejamento e Gestão das Águas (RPGA’s) do Recôncavo Norte e Inhambupe, Paraguaçu, Verde e Jacaré, do Grande e Rio Corrente. Além disso, os representantes também levantaram questionamentos e tiraram dúvidas sobre o plano de cobrança desenvolvido pela Sema e pelo Inema.De acordo com a coordenadora de Planejamento Ambiental da Secretaria e mediadora da apresentação, Elba Alves, o encontro foi importante para ampliar o diálogo sobre a metodologia proposta pelo Governo. “Essas pessoas também representam os usuários de recursos hídricos na Bahia. Então, dialogar sobre as estratégias do Estado para implementação foi fundamental para legitimar e consolidar o modelo desenvolvido”.
A cobrança pelo uso dos recursos hídricos é um instrumento de gestão previsto na Política Estadual do Meio Ambiente, e tem como objetivos incentivar o uso racional da água e a geração de recursos para investimento em programas, ações e intervenções que promovam a melhoria da qualidade ambiental, prioritariamente.
A arrecadação do uso da água visa incentivar os usuários, tanto de pessoa física e jurídica, a utilizarem a água de forma mais racional. Somente pagam pelo uso da água aqueles usuários que possuírem captações ou derivações de águas superficiais, extrações de águas subterrâneas e lançamentos de efluentes em corpos d’água, considerados significantes nas Bacias Hidrográficas de domínio do Estado, além dos aproveitamentos de potenciais hidrelétricos.

INEMA
Share:

Os inesperados benefícios da maternidade tardia

Estudos recentes põem em dúvida tudo o que você já ouviu sobre a maternidade e o relógio biológico

ser mãe

Nem os contos de fadas, nem a pressão social ou familiar, nem sequer o relógio biológico puderam frear o atraso da maternidade entre as mulheres espanholas. Segundo o último relatório do Instituto Nacional de Estatística da Espanha (INE) sobre o movimento natural da população em 2016, a idade média da maternidade naquele país alcançou um dado histórico: 32 anos (dois anos a mais que em 2006).

“A maioria dos países ocidentais está em um processo de atraso na idade de ter um bebê por causa da dificuldade de conciliar a vida profissional e dos últimos impactos da crise econômica”, diz o sociólogo Santiago Pardilla Fernández. Ao contexto socioeconômico somam-se a questão da fertilidade e o estigma de ser mãe mais velha: mães com “menos energia”, “mais cansadas” e que “parecem avós”, para mencionar só alguns dos mais batidos argumentos sobre o tema. Tudo isso cria um cenário bastante pessimista para a mães tardias, que só piora com os estudos científicos que relacionam a idade da mãe aos inconvenientes no desenvolvimento do feto.

Agora um grupo de pesquisadores parece (finalmente) ter dado trégua a essas mães. Em um estudo publicado em fevereiro no International Journal of Epidemiology, um grupo de cientistas analisou a associação entre idade materna e capacidade cognitiva em crianças de 10 anos. Para isso, os pesquisadores compararam três grandes estudos longitudinais realizados no Reino Unido durante os anos 1958, 1970 e de 2000 a 2002, com amostras de 10.000 crianças cada um.

Os resultados foram surpreendentes. Apesar de a relação entre idade materna e capacidade cognitiva ser negativa no estudo dos anos 1950, isto é, os filhos de mães de entre 35 e 39 anos tinham pontuações cognitivas piores que os filhos de mães jovens, no de 2000 a relação se inverteu: as crianças nascidas de mães com idades entre 35 e 39 anos alcançavam resultados significativamente melhores nos testes cognitivos que os das mais jovens.

Não tinha a ver com a idade, mas com o dinheiro

Segundo explicam os pesquisadores, nos anos 1950 as mulheres que tinham filhos com mais de 30 anos tinham concebido entre cinco e seis vezes antes, ou seja, não eram primíparas (de primeira gestação). Isso era um agravante para o desenvolvimento cognitivo porque os irmãos maiores tinham mais acesso aos recursos parentais: hoje até se relaciona a falta de atenção dos pais que trabalham longe de seus filhos a alterações no cérebro que afetam negativamente o quociente intelectual (QI).

Além disso, as famílias numerosas eram, em geral, mais pobres; a pobreza tem sido relacionada ao desenvolvimento do cérebro devido a três fatores derivados da falta de recursos: desnutrição, más condições sanitárias e os desafios impostos às crianças. Naquela época “o filho que vinha quando a mãe tinha 35 já se criava sozinho”, brinca Armando Bastida, enfermeiro de Pediatria, pai e fundador do grupo Criar com bom senso.

As mães do estudo do ano 2000 que tinham seus descendentes tarde – neste caso, seu primeiro filho, diferentemente das mulheres dos anos 1950 –, tinham preferido desenvolver uma carreira profissional, encontravam-se em um nível socioeconômico mais cômodo e seguiram melhores condutas de saúde durante a gravidez.

Apesar de “se ver em muitos estudos que famílias com menos recursos têm crianças com pior desenvolvimento – gozam de menor acesso a oportunidades ou talvez os pais deem menos importância à leitura e a outras atividades…”, comenta Armando Bastida – as mães tardias de hoje “querem que seus filhos tenham um nível parecido ao seu (estudos, cultura, economia…)”.

Bastida insiste em um ponto-chave do estudo, “as diferenças cognitivas nos pequenos não são determinadas por fatores genéticos ou biológicos associados à idade da mãe, simplesmente tudo o que antes acontecia aos 25 anos agora passou para os 35”.

E tem mais: um estudo recente da Universidade do Sul da Califórnia descobriu que dar à luz depois dos 35 melhora as habilidades mentais... da mãe. Os pesquisadores acreditam que isso se deva ao incremento de hormônios – estrogênios e progesterona – produzidos durante a gravidez, que atuam de forma positiva na química do cérebro e têm maior efeito quanto mais velha for a mãe. Para chegar a essa conclusão, foram feitos testes com 830 mulheres na menopausa: as que tiveram filhos a partir dos 35 mostravam melhor memória verbal e cognição.

Além dos fatores biológicos, demográficos e sociais favoráveis às mães tardias, não se pode menosprezar o fato de que, segundo um estudo da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, elas educam impondo menos castigos e com menos violência verbal que as mais jovens, o que repercute no bem estar emocional das crianças. Neste sentido, outro estudo, realizado na Universidade Columbia (EUA), mostra que “os pais mais velhos podem ser menos resistentes que os mais jovens, mas têm mais experiência e conhecimento”, por isso “a desvantagem biológica está em certo grau equilibrada pela vantagem social”.

Verão os filhos crescer, sim

Embora as gestações com trinta e tantos anos sejam associadas a uma maior probabilidade de complicações, como aumento da incidência de síndrome de Down e maior risco de hipertensão e diabetes gestacional, elas também oferecem vantagens em nível de saúde. Num estudo publicado na American Journal of Public Health, feito com uma amostra de mais de 20.000 mulheres, os pesquisadores detectaram que aquelas que foram mães depois dos 25 anos – considerado biologicamente como o momento de ouro para a reprodução – na verdade tinham 11% mais chances de viverem até os 90 anos.

Indo mais fundo: em outro estudo, realizado na Escola de Medicina da Universidade de Boston (EUA), examinou-se a expectativa de vida das mães mais velhas e concluiu-se que as mulheres que tiveram seu último filho depois dos 33 anos reúnem mais probabilidades de viver até os 95. E não só isso: ao que parece, têm o dobro de chance de viverem até os 95 em relação àquelas que tiveram seu último filho antes de completar 30 anos.

“Obviamente isso não significa que as mulheres devam esperar para terem filhos em idades mais avançadas, a fim de melhorar sua expectativa de vida”, afirma o autor do estudo, o médico Thomas Perls: “A capacidade natural de ter um filho numa idade avançada provavelmente indica que o sistema reprodutivo da mulher está envelhecendo lentamente e, portanto, o resto do seu corpo também”. Essas conclusões indicam que as mulheres talvez sejam a força por trás da evolução de variantes genéticas que retardam o envelhecimento e ajudam as pessoas a viverem até uma velhice extrema.

Em todo caso, trata-se de uma excelente notícia para as vítimas do odioso comentário de que “as mães velhas não verão seus filhos crescerem”. Pois veja só, a verdade é que não é assim.

MOTIVOS DA INFECUNDIDADE 'MADE IN SPAIN'

A comunidade autônoma espanhola com mães mais jovens é Melilla, com uma média de 29,63 anos, enquanto as mães mais velhas, 32,82 anos, se encontram no País Basco. Se comparamos as estatísticas espanholas com as do resto do mundo (e especialmente dos países desenvolvidos), vemos que a Espanha lidera a demora na maternidade na Europa, pois apresenta uma das mais elevadas médias mundiais quanto à idade ao parir o primeiro filho. O Centro de Estudos Demográficos da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB) analisou as tendências e possíveis causas da infecundidade na Espanha no artigo científico intitulado A Infecundidade na Espanha: Tic-tac, Tic-tac, Tic-tac !! (2016) e as resumiu nestas cinco:

1. Mulheres que por razões biológicas não podem ter filhos (infertilidade primária). Na Espanha, representam um nível baixo (2%).
2. Mulheres férteis, mas que não desejam ter filhos (infecundidade desejada). São uma minoria na Espanha, sempre inferior a 5%.
3. Aquelas que podem e queriam ter filhos, mas não o fazem porque consideram que são jovens demais para isso (infecundidade normativa).
4. Mulheres que podem e querem ter filhos e estão nas idades socialmente consideradas corretas para a maternidade, mas decidem adiar a decisão porque não reúnem as condições familiares e/ou materiais ideais (infecundidade transitória).
5. Aquelas mulheres que quando decidem ter filhos não os têm porque não ficam grávidas, experimentando baixa fertilidade ou infertilidade decorrente da idade.
As duas últimas são as causas mais importantes pelas quais as mulheres não têm filhos, por isso os autores do estudo, Albert Esteve, Daniel Devolder e Andreu Domingo, concluem que “como sociedade, deveríamos cogitar a destinação de recursos às nossas vidas e incorporar a criação dos filhos nas primeiras idades como um pilar a mais do Estado do bem-estar”.

ELPAÍS 

Share:

Um milhão de dólares para quem resolver este ‘simples’ enigma de xadrez

Um milhão de dólares para quem resolver este ‘simples’ enigma de xadrez

enigma de xadrez
Várias figuras em um tabuleiro de ajedrez.
O Instituto Clay de Matemática, um centro de estudo de matemática norte-americano, oferece um milhão de dólares (3,2 milhões de reais) a quem resolver um 'simples' enigma de xadrez de mais de um século de existência. O desafio consiste em colocar 1.000 rainhas em um tabuleiro de 1.000 x 1.000 sem que se comam umas às outras. Ou seja, que não haja duas rainhas na mesma fileira, coluna e diagonal. Vários cientistas estão há anos tentando criar o algoritmo que contemple todas as soluções para o enigma.

Uma solução em um tabuleiro de 8x8.
Uma solução em um tabuleiro de 8x8.
A questão tem sua origem no problema das oito rainhas, que foi proposto em 1848 pelo jogador de xadrez alemão Max Bezzel. O objetivo era colocar oito rainhas sobre um tabuleiro padrão (8x8) sem que se ameaçassem entre si. O matemático cego Franz Nauck resolveu o quebra-cabeças por completo em 1850. O enigma conta com 92 soluções: 12 delas são básicas, e as 80 restantes são obtidas por giros e simetrias.
 
 
À medida que o tabuleiro e o número de rainhas aumentam, também aumenta o número de soluções. Por isso, o enigma é mais difícil de resolver. Um grupo de professores da Universidade de Saint Andrews (Escócia) afirma que quando o tabuleiro de xadrez é de 1.000 x 1.000 ou maior, os programadores são incapazes de encontrar todas as soluções para o problema. Os pesquisadores explicam que as combinações são tantas que qualquer programa de informática demoraria anos para completar o quebra-cabeças.

Movimentos possíveis de uma rainha.
Movimentos possíveis de uma rainha.
Para o professor Peter Nightingale, pesquisador na universidade citada, o enigma das rainhas é importante porque um programa capaz de resolvê-lo poderia ser adaptado para solucionar outras questões, como o desenho de microchips ou a decifração de sistemas de segurança da Internet. “Isso incluiria desde problemas triviais, como descobrir o grupo de seus amigos de Facebook que não se conhecem entre si, até outros mais importantes, como crackear as senhas das transações bancárias”, conclui o professor da Universidade de Saint Andrews, Ian Gent.

ELPAÍS 

Share:

Chapada: Mais de 500 atletas participarão do Desafio OGGI Alto do Paraguaçu de MTB em Mucugê

Postado em set 5 2017 - 8:33pm por Jornal da Chapada
 
foto6
Durante os dias 7 e 10 de setembro também ocorrerá a 2ª Mostra de Turismo e Negócios da Chapada Diamantina com uma diversificada programação cultural | FOTO: Divulgação/Sudesb |


Mais de 500 atletas de todo o Brasil participarão da 5ª edição do ‘Desafio OGGI Alto do Paraguaçu de MTB’, que acontece entre os dias 9 e 10 de setembro na cidade de Mucugê, na Chapada Diamantina. No sábado (9), os atletas disputarão a prova de XCO por trilhas e single-tracks nos arredores de Mucugê em percurso de 5km. Já no domingo (10) é a vez o XCM – que será dividido em dois percursos, o PRO, com 76km e 870m de elevação, e o SPORT, com 57km e 580m de elevação. Os atletas da categoria PRO estarão disputando valiosos pontos do Ranking Brasileiro de MTB.
Pensando na família dos cicloturistas e atletas, a organização do desafio, juntamente com o trade turístico, além dos emocionantes passeios nas trilhas da Chapada, preparou uma atrativa programação cultural e turística para os quatro dias do feriadão onde acontecerá a 2ª Mostra de Turismo e Negócio da Chapada Diamantina; passeio ciclístico; corrida Kids de MTB; e apresentações culturais e musicais durante as noites. Nos dois dias de prova, enquanto os cicloturistas curtem as trilhas com toda a organização do Desafio OGGI e os atletas lutam pelo pódio e pelo título de campeão, a família dos ciclistas desfrutará de toda uma infraestrutura com stands de expositores, mostra de artesanato, DJ, etc.
Por se tratar de um feriadão prolongado de quatro dias, começando no dia 7 de setembro (Independência do Brasil), a organização do desafio prevê que mais de duas mil pessoas viagem para Mucugê nesse período. O que em termos econômicos deve movimentar a economia local em quase R$ 400 mil entre gastos com hospedagem, alimentação, guias, lembranças, etc. A prova também promoverá o plantio de mais de 800 mudas de árvores nativas às margens do Rio Paraguaçu em parceria com o Grupo As Marias da comunidade de Caraíbas, por onde os atletas também passarão no dia da prova.
Confira a programação do Desafio Oggi Alto do Paraguaçu:
7 de setembro
10h – passeio ciclístico
8 de setembro
10h – retirada do kit XCO
19 – palestra
20h – congresso técnico
9 de setembro
10h – largada XCO
15h – retirada dos kits XCM
16h – Corrida Kids Desafio Oggi KIDs
19h – Congresso Técnico
20h – Cerimônia de premiação XCO
21h – Festa com DJ
10 de setembro
08h – Largada XCM
14h – Cerimônia de Premiação XCM

JORNAL DA CHAPADA 
Share:

Economia circular usa material até esgotá-lo

Sistema prevê aproveitamento máximo de resíduos; reciclagem tem potencial de R$ 9 bi

Tulio Kruse, O Estado de S. Paulo
06 Setembro 2017 | 03h00
Economia Circular - Sinctronics
Fábrica e sede da empresa de gestão de resíduos eletrônicos, Sinctronics, em Sorocaba, promove a economia circular de materiais e cria novos produtos reciclados Foto: Epitacio Pessoa/Estadao
Carcaças de cartuchos de tinta, tampas de notebooks e outros objetos de plástico ganham nova vida útil com uma impressora 3D. O material é derretido e se transforma em um filamento, uma espécie de combustível utilizado nas impressoras que modelam novos objetos. O processo é feito em uma fábrica da empresa Sinctronics em Sorocaba, no interior paulista, e exemplifica o conceito de economia circular, que prega o aproveitamento máximo de resíduos e a produção de mercadorias que durem mais tempo.

“A lição que tiramos da economia circular é essa mudança do processo, pois não é que a gente vai produzir menos e consumir menos. É produzir (de forma) diferente”, diz a engenheira química Beatriz Luz, que fundou a consultoria Exchange 4 Change Brasil e auxilia empresas no Brasil interessadas no tema.

O País recicla menos da metade das embalagens plásticas que renderiam novos produtos. Menos de 9% dos materiais nacionais fabricados são reciclados, conforme os dados mais recentes da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), de 2014. Além disso, a proporção de lixo destinado corretamente diminuiu no País e há queda nos índices de recuperação do plástico.
Para ao menos 20% das embalagens plásticas, no entanto, o reúso e a reciclagem já são alternativas rentáveis. Isso equivale a um potencial econômico de US$ 9 bilhões no mundo que ainda não é aproveitado, segundo pesquisa da fundação Ellen MacArthur, publicada em janeiro. A taxa de recuperação de embalagens de plástico no mundo é de apenas 14%. Essa proporção chegaria a 70% com investimentos em centros de triagem, serviços de coleta, mudanças no design de embalagens e uso de novos materiais. Cada tonelada de plástico recuperado poderia acrescentar até US$ 290 na economia, diz o estudo.

ctv-xxa-econimia-circular---2
A Sinctronics é a primeira fábrica de economia circular no Brasil a produzir filamento reciclável para impressão 3D Foto: Epitacio Pessoa/Estadao
Pioneira em economia circular como parte processual da indústria de transformação, a Sinctronics - braço da gigante produtora de eletroeletrônicos Flextronics -, é a primeira empresa de logística reversa no Brasil. Seu diretor-geral, Carlos Ohde, de 46 anos, destaca que o processo de reciclagem de eletroeletrônicos é primordial para o cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e também para o desenvolvimento industrial. “A economia circular mantém a qualidade do material, que servirá como novo produto mesmo depois do descarte, e demanda mão de obra mais qualificada, o que acaba criando empregos.”

Além de ter a primeira fábrica de filamentos recicláveis para impressoras 3D, a Sinctronics também recebe equipamentos eletroeletrônicos apreendidos pela Receita Federal para dar a eles novo destino. Em vez de uma destruição dos aparelhos contrabandeados e ilegais, sem os devidos cuidados, a empresa desmembra peças e separa os materiais de cada item, para transformá-los em produtos novos, que são revendidos.

Piora. A iniciativa indústria de plástico no Brasil está na contramão da economia circular. Proporcionalmente, o País passou a reciclar menos garrafas PET. De 2012 a 2015, o volume de material reciclado diminuiu mais de 17%, de 331 mil para 274 mil toneladas por ano, enquanto a produção caiu apenas 11% no mesmo período. 

Além disso, a proporção de lixo destinado de forma inadequada, em lixões, aumentou no último ano, segundo estudo divulgado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe). Ao menos sete cidades que já destinavam seus resíduos de forma correta, com aterros sanitários, voltaram a utilizar lixões. “Muitas vezes, o processamento do material reciclável sai mais caro do que a fabricação de matéria virgem”, diz o presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho, que defende desoneração tributária para as empresas de reciclagem. Para ele, as empresas de embalagens no Brasil, que assinaram um acordo setorial com regras para a reciclagem no fim de 2015, ainda são cobradas com metas muito tímidas. “Deveria haver mais fiscalização, e uma forma de comprometimento mais efetivo com as metas estabelecidas na lei.”

2 PERGUNTAS PARA...

Rodrigo Bautista, representante da ONG Forum for the Future
1.Quais lugares no mundo têm os melhores exemplos desse modelo de economia circular?
Eu vejo que eles estão aparecendo em vários lugares. No México, de onde venho, as sacolas para carregar compras são feitas de árvores, e isso sempre foi comum. E vejo exemplos bons na Escandinávia, na Inglaterra... E na América Latina há uma atitude sustentável. As pessoas aqui querem ser sustentáveis.

2.O que é o conceito design for demand, da organização não governamental Forum For The Future? 

É uma ferramenta que permite a equipes de pesquisa e desenvolvimento de produtos, antes de criar uma identidade visual e uma embalagem ou produto, considerar alternativas de materiais e serviços ligados à economia circular./ COLABOROU LEONARDO PINTO

O ESTADÃO 
Share:

Brasil lidera ranking mundial de assassinatos contra defensores do meio ambiente

Maria Fernanda Ribeiro
05 Setembro 2017 | 06h00

Pelo mundo todo pessoas estão sendo assassinadas, atacadas, sequestradas, silenciadas. No ano passado, 200 indivíduos foram mortos por defenderem o meio ambiente e suas terras contra a mineração, a exploração ilegal de madeira, a construção de hidrelétricas e o agronegócio, um número equivalente a quatro mortes por semana.

Os dados da organização internacional Global Witness não são novos, mas no Dia da Amazônia, comemorado hoje, é importante lembrar que o ataque à riqueza natural da nossa floresta faz do Brasil o país mais mortal do mundo com 132 defensores assassinados desde quando a série começou, em 2015. Muitos desses crimes no Brasil foram contra pessoas que combatiam a exploração madeireira ilegal na Amazônia. As Filipinas estão em segundo lugar na lista, com 75 mortes. Em 2017, já são 127 defensores mortos em todo o mundo.

Um mapeamento feito pela BBC Brasil baseado nos dados da ONG Global Witness referentes ao período compreendido entre janeiro de 2015 e maio deste ano mostra que a Amazônia Legal, a área que engloba os oito Estados e parte do Maranhão, é palco de nove entre dez desses crimes (87%). As demais mortes ocorrem em outros lugares, principalmente no Nordeste.

Em julho desse ano, o jornal britânico The Guardian tornou-se parceiro da Global Witness com o objetivo de registrar essas mortes, sejam elas de guardas-parque da República Democrática do Congo ou ativistas dos direitos indígenas no Brasil, para trazer mais visibilidade ao assunto em âmbito global.

Desde então, há no site do diário a seção The Defenders (clique aqui para conhecer), onde é possível encontrar o nome, profissão e país daqueles que foram mortos. Há também um mapa onde estão concentradas as nações com maior número de crimes, quais as mais perigosas para ser um defensor e como ajudar as famílias das vítimas.

A última história registrada pelo jornal é a de Edilson Aparecido dos Santos, o guarda do parque nacional da Serra da Capivara, no Piauí, morto em agosto por caçadores após uma emboscada. No entanto, apesar de o destaque na home do site, é pequeno o espaço dedicado para que os personagens deixem de ser estatísticas para terem um rosto.

“Nós defendemos a nossa terra porque a gente quer barrar pelo menos um pouco esse desmate que tem hoje, pelo menos manter como ainda está. Essa floresta faz parte da vida. Se ela acaba nós vamos tirar da onde? Todo esse peixe, essa caça, esse ar e esse vento fazem parte. Será que nós só vamos acordar quando todo mundo estiver morrendo? Isso que nós estamos tentando fazer é como um exemplo para o mundo”, disse o líder indígena Ashaninka Moisés Piyãko, da aldeia Apiwtxa, da Terra Indígena Kampa do rio Amônia, em entrevista para este blog em agosto do ano passado quando questionado sobre a defesa da floresta. Os Ashaninka já foram alvo de madeireiros ilegais e a terra deles também foi rota do tráfico internacional de drogas.



De acordo com o relatório da organização global, o assassinato é apenas uma série de táticas usadas para silenciar os defensores da terra e do meio ambiente, incluindo ameaças de morte, prisões, agressões sexuais e ataques legais agressivos. “Ironicamente, são os próprios ativistas que são pintados como criminosos, enfrentando acusações criminais falsas e casos civis agressivos trazidos por governos e empresas que procuram silenciá-los. Esta criminalização é usada para intimidar os defensores, manchar sua reputação e bloqueá-los em disputas legais dispendiosas.”

Os assassinatos de defensores não só estão crescendo, mas também estão se espalhando. Em 2016, foram documentados 200 assassinatos em 24 países, em comparação com 185 em 16 em 2015. Quase 40% dos assassinados eram indígenas. A falta de processos também dificulta identificar os responsáveis, mas o relatório informa ter descoberto fortes evidências de que a polícia e as forças armadas estavam por trás de pelo menos 43 assassinatos, com atores privados, como guardas de segurança e assassinos ligados a 52 mortes.



Mas o que tem impulsionado essa violência? A resposta é: a indústria. De acordo com a Global Witness, a indústria mais mortal foi a mineração, com 33 mortes no ano passado relacionadas a atividades anti-mineradoras. O agronegócio, as hidrelétricas e a exploração madeireira também foram as molas propulsoras da ascendência da violência. Muitos dos assassinatos registrados ocorreram em aldeias remotas profundas nas cordilheiras e florestas tropicais, com as comunidades indígenas sendo as mais atingidas.

O Dia da Amazônia faz referência ao 5 de setembro de 1850, quando o príncipe Dom Pedro II decretou a criação da Província do Amazonas, o atual estado do Amazonas, e foi criado com o intuito de conscientizar as pessoas sobre a importância da maior floresta tropical do mundo. Talvez pensar na vida por meio da morte de pessoas que lutam para manter a floresta viva seja uma das saídas encontradas para o diálogo sobre consciência e meio ambiente. Perdoem-me o mau humor, mas fica difícil falar de coisa boa quando o que vemos no nossa país são retrocessos a perder de vista.

Eu na Floresta

Email: eunafloresta@gmail.com
Facebook: Eu na Floresta
Instagram: @eunafloresta
Twitter: @mfernandarib
Share:

VIDHA LINUS

CONSULTORIA AMBIENTAL LICENÇAS,ELABORAÇÃO EIV, PRAD. Av Radial B, 122 Bairro Mangueiral CEP 42807-380 CAMAÇARI - BAHIA 71 3040 5033 99168 5797 VBRAMBIENTAL@YAHOO.COM.BR

QUAL SEU IDIOMA?

Postagens mais visitadas

Total de visualizações de página

ARQUIVOS DO BLOG

Arquivo do blog