Pesquisadores encontram evidências do povoado em que, segundo a
Bíblia, Jesus Cristo realizou a multiplicação dos pães e devolveu a
visão a um cego
REVELAÇÃO O sítio que melhor corresponde
à bíblica Betsaida (Crédito: Divulgação)
Raul Montenegro ISTOÉ
Um vilarejo às margens do mar da Galileia, de acordo com a
Bíblia, possui significância especial na vida de Jesus. Seu nome é
Betsaida, que seria o local de origem de três dos apóstolos de Cristo —
André, Felipe e Pedro — além do lugar onde ele realizou uma série de
milagres, como a multiplicação dos pães e peixes e a cura do homem cego.
Agora, em agosto, uma equipe de pesquisadores israelenses revelou a
descoberta da vila, fato que sempre esteve envolto em controvérsias
acadêmicas. “Estou praticamente certo de que achamos Betsaida”, disse à
ISTOÉ o arqueólogo responsável pelas buscas, Mordechai Aviam, professor
de arqueologia na Faculdade Kinneret, em Israel. “Mesmo que, na minha
área de estudo, não se possa normalmente falar em certezas absolutas.” Uma imagem que ilustra um dos milagres de Cristo: palco de adoração (Crédito:Divulgação)
A chave para encontrar Betsaida foi localizar o que ela se tornaria
depois: uma cidade romana rebatizada de Julias, em homenagem à filha do
imperador Augusto. Os pesquisadores sabem disso graças a textos antigos
do historiador Josefo que falam sobre sua fundação. O vilarejo onde
Jesus atuou era muito pequeno, e provavelmente deixou pouquíssimo ou
nenhum indício arqueológico para os dias atuais. Já um assentamento
ligado a Roma seria mais desenvolvido, com estruturas duradouras.
Foram justamente essas as evidências encontradas por Aviam. Entre os
achados estão duas moedas (uma delas retratando a face de Nero, datada
do ano de 66 d.C.), uma parede coberta com cerâmicas do período e uma
estrutura do que foi um mosaico, além de restos de uma casa de banho
(edifício fundamental numa cidade romana). Além disso, objetos de épocas
posteriores encontrados comprovam que o lugar era palco de adoração já
nos primórdios do cristianismo (os templos de então eram feitos em
locais de importância bíblica). Os mais relevantes mostram a existência
de ruínas bizantinas que os arqueólogos acreditam ser de um monastério
construído ao redor de uma igreja. Também há restos daquilo que teria
sido um antigo engenho de açúcar do período das Cruzadas. VESTÍGIOS Moeda coma face de Nero, do ano 66 d.C.: assentamento romanoÀ BEIRA-MAR
A localização de Betsaida há tempos está envolvida em controvérsias
científicas. Antes da nova descoberta, especulava-se que o sítio de
e-Tell, onde também foram encontrados artefatos romanos, pudesse ser a
velha morada dos apóstolos. Mas a posição não batia porque ele não
ficava à beira-mar, o que não faz sentido para uma vila de pescadores.
Foi só com o novo achado, no sítio de el-Araj, que as peças começaram a
se encaixar. “A chance de ser Betsaida é muito maior do que a do sítio
anterior”, afirma o arqueólogo Rodrigo Silva, professor do Centro
Universitário Adventista de São Paulo.
Os próximos passos da pesquisa visam precisamente cristalizar a noção
de que a morada dos apóstolos ficava em el-Araj. A possibilidade de
serem encontradas evidências diretamente ligadas a Jesus ou aos seus
seguidores é baixa, mas não inexistente. Se conseguir fundos para
financiar as buscas, as escavações devem se entender por mais quatro ou
cinco anos.
Um incêndio sem precedentes atingiu neste sábado um subúrbio de
Los Angeles, levando à evacuação de centenas de casas da segunda maior
cidade dos Estados Unidos e provocando a destruição de uma casa.
O
prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti, declarou durante uma
conferência de imprensa no sábado que o incêndio, batizado de "Tuna", já
afetou cerca de 2.000 hectares e que era "o maior da história de Los
Angeles".
Uma casa foi destruída, indicaram os bombeiros de Los
Angeles. Mais de 300 casas foram evacuadas em Burbank, subúrbio
limítrofe onde se encontram os estúdios Disney e Warner Bros.
Um total de 180 casas queimaram em Los Angeles, e outras em Glendale, um município vizinho.
Mais
de 500 bombeiros foram mobilizados para lutar contra o fogo. Outros 100
que tinham sido enviados a Houston, Texas, para ajudar nas operações de
resgate pelo furacão Harvey, voltarão a Los Angeles nas próximas horas
para reforçar o combate ao incêndio.
Opinião. Cinco ideias para uma floresta ordenada, produtiva e sustentável
António Saraiva
02.09.2017 / 13:00
DINHEIRO VIVO/PORTUGAL
Fotografia: Fernando Fontes / Global Imagens
Portugal tem na floresta um património com
uma enorme importância, do ponto de vista ambiental, social e também
económico. A fileira florestal representa cerca de 3% do PIB e é
responsável por perto de 10% das exportações, provenientes em grande
parte de setores industriais com um fortíssimo conteúdo nacional. Além
disso, este setor é um ativo empregador: suporta 12% do total do emprego
das indústrias transformadoras.
Todo este património requer por parte do poder político uma atenção, que
durante largos anos escasseou, para ultrapassar as sérias dificuldades
que enfrenta; desenvolver todas as potencialidades que encerra e
inverter a tendência de aumento das importações de matérias-primas
florestais, face ao decréscimo da produção nacional.
A tragédia que os incêndios provocaram este ano chamou a atenção da
opinião pública para os problemas da floresta.
Debateu-se e legislou-se apressadamente grande parte de uma reforma
legislativa que, reconheço, já estava a ser preparada pelo governo desde
agosto de 2016. Não entrarei aqui na polémica sobre as soluções
preconizadas para importantes e recorrentes questões como o cadastro
florestal ou o ordenamento florestal.
Quero apenas chamar a atenção para o facto de a reforma da floresta ir
muito mais além da resolução do problema dos incêndios e exigir muito
mais do que uma reforma legislativa.
Foco-me, por isso, em cinco ideias-chave para que a floresta portuguesa
se torne ordenada, produtiva e sustentável:
1. A floresta é um domínio muito complexo, que tem obrigado ao
envolvimento de muitos ministérios (atualmente oito). É preciso
resolver os problemas de coordenação entre os vários ministérios e mesmo
dentro de cada um dos ministérios en- volvidos.
2. 96% da floresta portuguesa é pertença de privados – cerca de 400 mil
proprietários florestais. O caminho a fazer tem de contar com o seu
envolvimento. Sem proprietários florestais apoiados e mobilizados,
nenhuma política florestal terá sucesso.
3. É fundamental promover o associativismo florestal, indispensável à
necessária alteração estrutural da floresta portuguesa, sobretudo em
áreas onde predomina o minifúndio. Este processo já se iniciou, mas de
forma muito lenta e insuficientemente apoiada pelos poderes públicos. As
associações florestais que o país tem são de grande valia e podem, se
estiverem devidamente apoiadas, fazer uma excelente prevenção com os
seus sapadores florestais.
4. O futuro passa pela certificação florestal, que não só aumenta o
valor das matérias-primas mas acima de tudo obriga a uma gestão
sustentável, muito mais promissora na prevenção dos fogos, para além de
muitas outras vantagens. A certificação é fundamental para que a
produção de matéria-prima possa acompanhar a dinâmica das indústrias de
base florestal, aproveitando todas as potencialidades da floresta.
5. A importância da floresta em termos ambientais e sociais converte-a
num bem público usufruído por toda a população e justifica, mais do que
noutros setores, incentivos mais significativos ao investimento, à
formação, à investigação e à inovação, aplicando os seus resultados no
terreno.
Apostemos na prevenção, vigilância e combate aos incêndios mas,
sobretudo, retiremos todas as consequências da certeza que só uma
floresta rentável e integrada num modelo económico viável pode ser
eficazmente protegida.
Autarcas lutam contra a desertificação e
degradação urbana com vendas de imóveis abandonados e em ruínas. Preço é
simbólico e obriga a reabilitar
Ana Margarida Pinheiro
02.09.2017 / 08:00
DINHEIRO VIVO/PORTUGAL
Fotografia: D.R.
No centro histórico de Patrica – “o mais
belo da Ciociaria” – o silêncio “é ensurdecedor”. À semelhança de outras
cidades e vilas italianas, os moradores trocaram a calma do campo pelos
grandes centros urbanos.
Resultado: Só no centro histórico existem 38 moradias por ocupar. A
maioria das casas foi abandonada há vários anos e, sem dono, estão à
beira da ruína. Mas por pouco tempo, acredita Lucio Fiordalisio,
presidente da Câmara. É que está em campo a nova campanha de
reabilitação da cidade: “Em Patrica, casas a um euro”.
O slogan deixa pouca margem para dúvidas e quer ser o chamariz de novos
moradores. “Fiordalisio está a iniciar aqui uma das mais importantes e
ambiciosas iniciativas já realizadas”, conta First, morador da cidade.
Na prática, a iniciativa que foi lançada no mês passado dá “a
oportunidade para comprar uma casa no centro histórico por um preço
simbólico de um euro”, refere o município na sua página de internet. Em
troca o novo dono “assume-se empenhado em realizar obras de
requalificação” num período de três anos e, enquanto isso, está isento
de impostos.
Fiordalisio não é o único autarca italiano a lutar contra a
desertificação das zonas históricas nas aldeias e cidades de pequena
dimensão. Mais uma dúzia de aldeias, a começar pela Sicília, em 2008,
têm utilizado o imobiliário para contrariar o declínio demográfico e
relançar a economia.
A campanha foi iniciada por Vittorio Sgarbi, presidente da câmara de
Salemi, na Sicília. Com várias moradias em risco de colapsar e para
evitar a infiltração da máfia, o autarca fez a primeira liquidação de
imóveis. Gangi, na província de Palermo seguiu-lhe as pisadas e entre as
várias campanhas realizadas já conseguiu novos donos para 100 moradias.
Os pedidos, no entanto, são dez vezes mais. “As pessoas compraram,
tanto que agora há já poucas casas disponíveis”, disse recentemente
Giuseppe Pane, autarca local.
Carrega Ligure em Alessandria, L’Aquila no Parque Nacional de Abruzzo,
Montieri, Pizzone na Isernia, Maremma Montieri em Grosseto. Em todas
estas cidades há imóveis a preço de saldo, com o objetivo da
requalificação como critério essencial. Apenas o tempo para o fazer
varia entre elas: pode ir de 6 meses a dois anos.
Os compradores estão a chegar de todos os países do mundo, com especial
apetite pelas ilhas. Em Portugal, os governos têm optado pela criação de
programas habitacionais com menos impostos, ou incentivos a trabalhar
fora das grandes cidades. O problema demográfico, por cá, afecta o
interior do País.
O ato começou na Praça do Galo e terminou com um abraço simbólico no Velho Chico.
Por G1 Petrolina
Manifestantes pedem a revitalização do Velho Chico (Foto: Reprodução / TV Grande Rio)
Neste sábado (2), vários homens, mulheres e crianças foram às ruas de
Petrolina, no Sertão de Pernambuco, para chamar a atenção sobre os
problemas enfrentados pelo Rio São Francisco. Em uma passeata, que durou
cerca de 1h30 e passou pelas principais ruas do centro da cidade, os
manifestantes pediam a revitalização do Velho Chico.
“ A importância do movimento é justamente essa: esclarecer a população
sobre a situação crítica que se encontra o São Francisco e cobrar de
nossos representantes, nossos políticos, união", explica Carlos Pereira,
um dos organizadores do ato.
Entre as centenas de manifestantes, tinham pessoas de várias cidades. O
advogado Francisco Vital saiu de Caruaru para participar da passeata.
“Hoje nós precisamos dar um pontapé inicial para não deixarmos o rio
morrer, um rio da integração nacional” destaca Francisco.
O ato em defesa do Velho Chico passou pelas principais ruas do centro de Petrolina (Foto: Reprodução / TV Grande Rio)
Com muitos cartazes e vestidos de branco, o grupo chamava a atenção das
pessoas que estavam nas ruas. Foi assim durante todo o percurso. No
final da passeata, um grande cordão humano foi formado para abraçar o
Velho Chico. De acordo com Carlos Pereira, este é apenas o começo do
movimento.
“ Não foi um movimento partidário, esse movimento não terminou agora,
ele é contínuo. Será produzido um documento desse evento que será
entregue a governadores, ao congresso nacional, governo federal. Teremos
outras caminhadas, e é importante que a cada dia isso possa se avolumar
para que a gente possa exigir providências efetivas para salvar o Velho
Chico”
Publicado: Sexta, 01 de Setembro de 2017, 17h27 |
Última atualização em Sexta, 01 de Setembro de 2017, 20h02
Cardineiras, petrechos e motos apreendidas durante a Operação Migratorius, realizada no Ceará em 2013
Foto: Ibama
Brasília (01/09/2017) – Operação de combate à caça realizada
pelo Ibama na divisa dos municípios de Itabi e Gararu, em Sergipe,
resultou na apreensão de mil aves abatidas e na aplicação de 14 autos de
infração, que totalizam R$ 329 mil. Dezoito pessoas foram detidas e
conduzidas para a delegacia. Os animais abatidos foram incinerados na
região de Capela (SE).
Após denúncias, agentes ambientais iniciaram a operação para
interromper a matança de aves em rota migratória no sertão de Sergipe.
Cerca de 200 caçadores abatiam cardineiras (Zenaida auriculata)
na região. A espécie, também conhecida como avoante ou arribaçã, se
desloca em grupos enormes e tem hábito de fazer ninhos diretamente no
solo da caatinga, em áreas chamadas de pombais, que chegam a ter 12 km²
de extensão, com 3 a 4 ninhos por km². Este hábito torna a arribaçã uma
presa fácil. Técnicos do Instituto estimam que cerca de 2 mil aves eram
mortas por dia.
“A caça de avoantes durante esse período é duplamente cruel: milhares
de aves adultas são mortas em plena fase reprodutiva, comprometendo a
sobrevivência da espécie, e os filhotes abandonados acabam morrendo de
fome”, disse o coordenador de Operações de Fiscalização do Ibama,
Roberto Cabral.
A caça de animais silvestres nativos ou em rota migratória é
considerada infração ambiental prevista no Decreto 6.514/08, que
estabelece multa de R$ 500 a R$ 5 mil por espécime, além da apreensão
dos petrechos. Os infratores poderão ser denunciados pelo Ministério
Público e responsabilizados judicialmente pelo crime ambiental. A
legislação prevê detenção por seis meses a um ano e a pena pode ser
triplicada em caso de caça profissional.
“O Ibama dará continuidade às ações de educação ambiental e
fiscalização para evitar o abate das aves na região", disse o chefe da
Divisão Técnico-Ambiental (Ditec) da Superintendência do Ibama em
Sergipe, Luciano Bazoni.
Titular de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho afirmou que intenção
do governo é permitir a exploração legal de minérios e preservar o meio
ambiente
por Portal Brasilpublicado:
02/09/2017 12h42última modificação:
02/09/2017 12h42
Foto: Jefferson Rudy/MMA
Decreto que extingue a Renca determina proteção à vegetação, unidades de conservação e terras indígenas
Com a decisão de
discutir por 120 dias o futuro da Reserva Nacional do Cobre e Associados
(Renca), haverá "tempo e espaço suficiente" para governo e sociedade
civil apresentarem suas propostas para a área. A avaliação é do ministro
de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, que ressalta a disposição do
Executivo em ouvir todos os lados da questão.
"A gente vai ter o tempo e o espaço suficiente para fazer as coisas
às claras", disse o ministro, após participar de um evento com
investidores na China. Coelho Filho integra a delegação brasileira
chefiada pelo presidente da República, Michel Temer, para visita de
Estado aos chineses e reunião de cúpula do Brics. Na última quinta-feira (31), o governo determinou a paralisação
de todos os procedimentos relativos a eventuais direitos minerários na
Renca. No prazo de 120 dias, o ministério apresentará ao
governo e à sociedade as “conclusões do debate e eventuais medidas de
promoção do desenvolvimento sustentável, com garantia de preservação”,
informou a pasta. Segundo o ministro, a intenção é mostrar as atividades
ilegais na região e como serão os mecanismos de fiscalização na área.
"[Queremos] desenvolver sim, mas também preservar o meio ambiente", disse. “Esses
locais estavam e vão permanecer intocados. Muitas reservas ambientais
são estipuladas por leis, às quais o decreto não se sobrepõe”, garantiu.
Ele vê como possível desenvolver a mineração junto
com preservação das florestas. Ele cita como exemplo o Projeto Carajás,
localizado na Floresta Nacional de Carajás. A mina ocupa, de acordo com
Coelho Filho, apenas 2% da floresta e a atividade econômica ajuda a
financiar projetos de preservação ambiental.
“Outros países, como Austrália e África do Sul, já
fazem isso. O Brasil tem grande potencial em mineração que não pode ser
desperdiçado, mas conciliado com a preservação do meio ambiente. Pela
lei brasileira, qualquer investimento em mineração tem que passar por
estudos de impacto ambiental, analisados pelos órgãos responsáveis”,
afirmou.
Atividades
No dia 23 de agosto, o governo brasileiro publicou o Decreto nº 9.142,
que extinguiu a Renca e liberou a área de aproximadamente 47 mil
quilômetros quadrados, localizada nos Estados do Pará e do Amapá, para a
realização de atividades minerárias pela iniciativa privada.
Na última segunda-feira (28), um novo decreto
regulamentou a exploração mineral onde não houver unidades de
conservação, terras indígenas e faixa de fronteira, que acabou suspenso
na quinta-feira.
Não é lama, mas sim milhares de formigas | Foto: @The_Reliant/Twitter
Entre as imagens das enchentes
provocadas pela passagem da tempestade Harvey pelo Texas, chamou a
atenção uma foto que mostra as águas barrentas de um rio.
Isso
porque se trata de uma ilusão de ótica: a "lama" nada mais é que uma
crosta de formigas-de-fogo, que encontraram na união de esforços uma
forma de evitar o afogamento.
Usando seus próprios corpos, os
insetos se empilham para criar uma espécie de balsa e flutuam pelas
áreas inundadas. E embora entomologistas digam que se trata de um
comportamento comum da espécie, as imagens da "mancha" logo se
espalharam pelas redes sociais.
Segundo Jim Hardie, especialista da Royal Entomological Society,
em Londres, explica à BBC que as balsas podem ser formadas por até 100
mil formigas.
Com a gordura de seus corpos, elas criam uma rede
resistente à água que protege a rainha do grupo. E, assim, viajam em
busca de um novo local para cavar seus formigueiros.
Imagem compartilhada por Bill O'Zimmermann via Twitter | Foto: @The_Reliant/Twitter
Mas não há sacrifícios fatais dos súditos: as
formigas criam um sistema de bolsas de ar, que aquelas que ficam na
parte de baixo usam para respirar.
"As formigas da parte de baixo estão bem", assegura Hardie.
Membrana
Para
manter a integridade da rede, as formigas produzem uma espécie de
membrana que já chamou a atenção de cientistas por causa do potencial
aproveitamento na engenharia.
"Elas são duras na queda. Têm contingências para tudo, até para furacões", diz Hardie. Formigas ganharam nome popular por causa de dor causada por picadas | Foto: Biosecurity Queensland
Para sobreviver enquanto flutuam, as formigas
praticam um certo tipo de canibalismo - se alimentam de suas próprias
larvas. Em terra firme, porém, voltam à dieta ornívora normal, que vai
inclui ovos de outros insetos, carne, sementes e até lixo humano.
Cuidado!
As formigas-de-fogo (solenopsis invicta)
receberam esse apelido por causa da dor causada por suas picadas.
Originária da América do Sul, a espécie chegou acidentalmente aos EUA no
início do século 20, e ocorre também por Austrália e China, entre
outros países.
Direito de imagemGetty Images
Espécie é conhecida pela agressividade
Se incomodadas, são agressivas e podem atacar
animais domésticos e mesmo o gado. E, quando picam uma vítima, emitem
sinais para que outras formigas também a ataquem.
A cada semestre, mais de 60 estudantes de engenharia
e outras disciplinas de Cornell viajam a Honduras com o projeto
AguaClara (Foto AguaClara)
"Antes da estação
de tratamento, tínhamos apenas a água do rio para beber. Muita gente
ficava doente. Mas agora nossa água potável vem da própria torneira".
É
o que conta Ramon Ribera, líder comunitário no vilarejo de Támara, que
fica 25 km ao norte da capital de Honduras, Tegucigalpa.
Os
próprios moradores cuidam da estação que mudou a vida dos 6.500
habitantes. Isso graças a uma tecnologia desenvolvida por pesquisadores
da Universidade Cornell, nos EUA, como parte do projeto AguaClara - a
construção de estações de tratamento de água que operam sem
eletricidade.
Mais
de 60 mil pessoas estão sendo beneficiadas pela ideia que o engenheiro
americano Monroe Weber-Shirk teve ao trabalhar em El Salvador durante a
guerra civil dos anos 1980.
Projeto social
"Trabalhei
em campos de refugiados entre 1982 e 1983 e presenciei a necessidade de
água potável", contou Weber-Shirk, professor de engenharia ambiental em
Cornell, à BBC Mundo (serviço em espanhol da BBC). Membros da comunidade aprendem sobre o funcionamento
e o gerenciamento das estações de tratamento (Foto AguaClara)
"Mas as tecnologias disponíveis não eram apropriadas
para servir comunidades rurais na América Latina. E mesmo em algumas
cidades era difícil operar e administrar estações de tratamento".
Weber-Shirk
comanda o AguaClara Labs, programa que a cada semestre leva a Honduras
estudantes de Cornell para trabalhar com o tratamento de água em
comunidades locais, usando um sistema cuja simplicidade tem como
fator-chave o funcionamento sem eletricidade.
"Temos
também uma tecnologia de código aberto e sem patentes", acrescenta o
engenheiro. "O sistema se baseia em avanços físicos e químicos".
O
principal componente é a gravidade, porém. Explica-se: a água poluída
não pode ser limpa de formas mais simples, como o uso de de cloro, por
causa da presença de sedimentos ou resíduos de fezes. A tecnologia de purificação foi criada pelo
engenheiro ambiental Monroe Weber-Shirk (à esquerda) (Foto AguaClara)
Para solucionar esse problema, os pesquisadores de
Cornell desenvolveram um processo que começa com o uso de um coagulante
químico para unir partículas na água, formando partículas maiores - e
mais pesadas.
A água é, então, enviada a um tanque de sedimentação
em que as partículas se sedimentam no fundo. A água da parte superior
vai para um filtro de areia de camadas múltiplas que capturam partículas
"fujonas".
Por fim, a água é purificada com cloro antes de ir parar nos tanques de abastecimento da comunidade.
"Cada morador tem água potável quando abre a torneira", ressalta Weber-Shirk.
Ramon Ribera acrescenta ainda que a tecnologia permite que pessoas sem grandes qualificações operem as usinas.
Já
foram construídas 14 estações em território hondurenho, a maioria em
pequenas comunidades como Támara, com menos de 15 mil habitantes. O
projeto está sendo expandido para a Nicarágua e a Índia. As usinas fornecem água potável a mais de 60 mil pessoas em Honduras (Foto AguaClara)
"Temos versões diferentes, com fluxos que variam
entre um e 100 litros d'água por segundo. Para se ter uma ideia, 100
litros d'água por segundo podem servir às necessidades de uma comunidade
de 30 mil pessoas".
O laboratório trabalha em parceria com
engenheiros e técnicos que trabalhar para a ONG hondurenha Água para o
Povo (APP), que constrói as usinas e treina a comunidade para operá-las.
A
APP monitora o funcionamento das estações de tratamento e os casos de
doenças nas comunidades, mas é a própria comunidade que cuida da
qualidade da água.
"Os moradores vigiam, por exemplo a formação de
lodo, por exemplo. E avisam que não vão pagar a conta caso encontrem
sedimentos na água", explica Jacobo Nuñez, diretor da APP.
Em Támara, a tarifa mensal cobrada de cada residência equivale a R$ 13.
Tecnologia usa produto para aumentar tamanho de
partículas e processo de separação por sedimentação em tanques (Foto
AguaClara)
Cooperação
O programa recebe fundos de várias fontes.
As
pesquisas, por exemplo, são financiadas pela Fundação Nacional de
Ciência dos EUA e pela Agência de Proteção Ambiental Americana.
Mas Weber-Shirk teme que o programa de cortes de custos do governo do presidente Donald Trump possa afetar os recursos.
A
construção das unidades de tratamento é financiada por um programa de
cooperação internacional com a Suíça, o Rotary Club e as
municipalidades.
Os cerca de 65 estudantes de Cornell que participam do AguaClara a cada semestre vêm de vários setores da vida acadêmica.
"Vêm tanto da engenharia, como da administração e da comunicação", explica Weber-Shirk. Estudantes de várias áreas trabalham no projeto (Foto AguaClara)
"Eles recebem problemas para desenvolver novo conhecimento para criarmos desenhos melhores para as usinas", explica o acadêmico.
"Creio
que o mais importante que aprendi com o projeto é que nosso trabalho no
laboratório afeta diretamente a vida de pessoas necessitadas", diz
Erica Marroquin, estudante de engenharia que viajou para Honduras.
"Precisamos
ter consciência de que nosso trabalho conta. Não só como uma questão de
motivação, mas para que saibamos que podemos mudar o mundo."
Expansão
Weber-Shirk espera que o AguaClara alcance outros países da América Latina.
Uma ex-aluna do engenheiro, por exemplo, criou uma empresa beneficente, a AguaClara Reach, para identificar possíveis sócios.
"Estamos
interessados em encontrar instituições de engenharia na América Latina
que queiram oferecer a tecnologia da AguaClara em suas regiões. Estamos
abertos para contatos também de governos", afirma Weber-Shirk.
Fluxos
aéreos, que atravessam a atmosfera rapidamente, causam chuvas a mais de
3 mil km de distância, no sul do Brasil, no Uruguai, no Paraguai e no
norte da Argentina.
Por BBC
Os "rios voadores" estão acelerando devido ao aquecimento global e causando chuvas mais intensas (Foto: Gerard Moss)
Neste momento, rios poderosos levam umidade para vastas regiões da
América do Sul. Mas eles não são rios comuns. São "rios voadores".
É assim que são popularmente conhecidos os fluxos aéreos maciços de
água sob a forma de vapor que vêm de áreas tropicais do Oceano Atlântico
e são alimentados pela umidade que se evapora da Amazônia.
Eles estão a uma altura de até dois quilômetros e podem transportar mais água do que o rio Amazonas.
Esses rios de umidade, que atravessam a atmosfera rapidamente sobre a
Amazônia até encontrar com os Andes, causam chuvas a mais de 3 mil km de
distância, no sul do Brasil, no Uruguai, no Paraguai e no norte da
Argentina e são vitais para a produção agrícola e a vida de milhões de
pessoas na América Latina.
Mas como eles nascem e se movem? E quais efeitos podem ter?
Para entender isso, a BBC Mundo falou com José Marengo, meteorologista e
coordenador geral de pesquisa e desenvolvimento do Centro Nacional de
Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), e Antonio Nobre,
pesquisador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ambos do Brasil.
Alta velocidade
"O oceano Atlântico tropical norte é um oceano quente e sua evaporação é muito intensa", explica Marengo.
"Você pode imaginar que existam ventos mais ou menos fortes, os ventos
alísios, que transportam toda essa umidade nos níveis mais baixos da
atmosfera", diz.
"Em qualquer rio, há áreas muito tranquilas e outras de alta velocidade, que chamamos de jatos de rio", conta o especialista.
"Quando um rio voador se encontra com os Andes, ele adquire uma maior
velocidade em seu núcleo que constitui um low jet level - ou jato de
baixo nível - , aquele que transporta uma maior quantidade de umidade
mais rápido".
"Então, ele faz uma curva para o sudeste e chega à Bacia do Rio da Prata, causando chuvas no local".
Árvores que transpiram
Outro componente essencial dos rios voadores é a umidade produzida pelas árvores da floresta amazônica.
Em artigos, Nobre relatou a incrível função que estas árvores cumprem.
"Medimos a evaporação da floresta em milímetros, como se estivéssemos
medindo a espessura de uma folha de água acumulada no chão".
"No caso da Amazônia, o número é de cerca de 4 milímetros por dia. Isso
significa que, em um metro quadrado haveria quatro litros de água.
Podemos usar esses dados para calcular quanto transpira uma árvore no
mesmo período apenas calculando a área ocupada pela sua copa", disse
Nobre à BBC Mundo (o serviço em espanhol da BBC).
Uma árvore frondosa, com uma copa de 20 metros de diâmetro, transpira mais de 1.000 litros em um único dia, acrescenta.
"Na Amazônia, temos 5,5 milhões de quilômetros quadrados ocupados por
florestas nativas, com aproximadamente 400 bilhões de árvores dos mais
variados tamanhos".
"Nós fizemos a conta, que também foi verificada de forma independente, e
surgiu o incrível número de 20 bilhões de toneladas (ou 20 bilhões de
litros) de água que são produzidos todos os dias pelas árvores da Bacia
Amazônica".
O enigma do desmatamento
Mas muitas dessas árvores estão em perigo. Os últimos dados divulgados
pelo Inpe indicam que o desmatamento está no seu nível mais alto desde
2008.
E uma das grandes incógnitas é o efeito que isso pode ter sobre os rios
voadores. Os dados existentes não permitem que isso seja determinado.
"O que foi identificado é que as chuvas estão mais intensas", disse Marengo à BBC Mundo.
"Imagine um ônibus que vai parando de lugar em lugar. Agora imagine um
ônibus expresso que não para do início ao fim. O que estamos vendo é que
as chuvas estão cada vez mais concentradas em alguns dias no sul do
Brasil, norte da Argentina, Uruguai", explicou o meteorologista.
"Parece que os ventos estão mais fortes, que o jato, os rios estão mais
fortes. São as conclusões das projeções dos modelos climáticos para o
futuro".
"Isso que nos preocupa. Se houver chuvas mais intensas em áreas
vulneráveis como São Paulo ou Rio de Janeiro, a possibilidade no
futuro de desastres naturais associados a fortes chuvas, como
deslizamentos de terra e inundações em áreas urbanas e rurais, também
aumenta", adverte.
"No Brasil, esses fenômenos causam grandes perdas de vida".
Chuva em outras frentes
Mas nem toda chuva na região centro-sul da América do Sul ocorre por causa dos rios voadores.
"A chuva do Uruguai, por exemplo, não é exclusivamente da Amazônia. Uma
parte vem da Amazônia e outra das frentes frias do sul", disse Marengo.
"Algo que não poderíamos identificar é o quanto de chuvas vem de uma
determinada região. Por exemplo, para o sul do Brasil saem da Amazônia e
de outras fontes, como as frentes frias ou brisa do oceano. Ou até
mesmo por evaporação de regiões agrícolas do Centro-Oeste e Pantanal".
"É uma das maiores questões: poder quantificar a água que sai da
Amazônia para a Bacia do Prata, que inclui Uruguai, norte da Argentina e
sul do Brasil."
Mas quando a chuva cai em um campo do Uruguai ou Argentina, talvez
muitas pessoas não imaginam que parte dessa água começou sua viagem a
milhares de quilômetros.
Neste sistema de interconexões tão delicado e profundo, fica claro por
que é tão vital para todos proteger a floresta amazônica.
A importância destes fluxos de água se popularizou no Brasil graças ao
projeto Rios Voadores, criado pelo aviador e ambientalista Gerard Moss.
Ele se inspirou nas investigações de Marengo e Nobre e voou milhares de
quilômetros seguindo as correntes de ar, pegando amostras de vapor de
água.
Moss queria que o conhecimento sobre esses fluxos chegasse ao sistema
educacional. Seu programa já alcançou cerca de 900 mil crianças no
Brasil.
"Fico feliz em ver que, depois de passar pelo programa, uma criança
nota pela primeira vez uma grande árvore na frente de sua escola", disse
Moss à BBC Mundo.
"Antes, nem crianças nem adultos tinham a noção de que, sem os rios do
céu, secam os rios da terra", diz, por sua vez, Antonio Nobre.
"Não se entendia que os rios de vapor são tão vulneráveis às perturbações humanas como outros rios", acrescentou.
"E, principalmente, muitas pessoas não sabiam que as florestas que
bombeiam umidade são essenciais para que os rios voadores sigam cruzando
a atmosfera".
A disposição inadequada de lixo urbano vai custar entre
US$ 3,25 bilhões a US$ 4,65 bilhões ao Brasil no período que vai de
2016 a 2021, não só em perda de saúde das pessoas, como também em
impactos ambientais graves.Isso
acontece porque ainda há muitos lixões a céu aberto espalhados pelos
municípios, sobretudo entre as 3.049 cidades que foram alvo de estudo.
Os dados foram coletados em 2015 do Sistema Nacional de Informações
sobre Saneamento (SNIS) e estão na segunda edição do Índice de
Sustentabilidade da Limpeza Urbana (Islu), elaborado pelo Sindicato das
Empresas de Limpeza Urbana e pela PwC (disponível aqui) e que acaba de ser divulgado.
São cerca de 75 milhões as pessoas afetadas pelos lixões a céu aberto espalhados pelo país. É bom lembrar que a Política Nacional de Resíduos Sólidos , sancionada em 2 de agosto de 2010, dava o prazo de quatro anos para
as cidades brasileiras acabarem com os lixões, sob pena de elas terem
que responder por crime ambiental. Mas a política é uma das muitas que
não pegaram, como se vê. E, se o cenário permanecer como está, ou seja,
se as cidades continuarem crescendo mais demograficamente do que os
progressos na área de saneamento ambiental, nos próximos dez anos a
situação, é claro, tenderá a se agravar.
O
Sistema Único de Saúde, segundo o estudo lançado pelo Sindicato, gasta
anualmente cerca de R$ 1,5 bilhão tratando de pessoas que têm doenças
causadas pela falta de destinação e de tratamento correto de resíduos
sólidos. Surtos de dengue, por exemplo, poderiam simplesmente não
existir em alguns lugares não fossem a sujeira e a destinação inadequada
de resíduos sólidos. É questão de saúde pública, e deveria ser tratado
como tal. A sugestão dada pela equipe que elaborou o
relatório é que a sociedade civil comece a exigir mudança – também –
nesta realidade. Como se vê, não está nada fácil ser cidadão comum num
país com falhas tão graves em políticas de respeito ao socioambiental.
E
o estudo revela ainda que há 17 milhões de brasileiros que não têm
sequer coleta de lixo na porta de casa, portanto, muito mais abandonados
à própria sorte no que diz respeito à saúde do que quaisquer outros. Só para ilustrar: este número equivale à população da Holanda. O que fazer?
Uma das conclusões do Índice é que as cidades que contam com um planejamento de limpeza urbana também apresentam um desempenho melhor.
“O
estudo mostra que 75% dos munícipios com esse tipo de plano e
arrecadação específica dispõem o lixo em aterros sanitários, ante 24%
daqueles sem arrecadação e planejamento de sustentabilidade”, diz o
texto do índice, que tem como objetivo suprir a falta de informações
sobre a coleta de resíduos nas cidades brasileiras e mapear o
cumprimento das recomendações da Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS).
Os
municípios mais bem pontuados no Islu foram os do Rio Grande do Sul,
que implantaram aterros sanitários regionais, criando uma escala
econômica. Esta pode ser uma boa sugestão, mas se não quisermos
continuar deixando unicamente nas mãos do estado a solução do problema,
de fato é preciso que os cidadãos passem a encarar os lixões a céu
aberto como um problema, assim como a falta de saneamento.
O
Instituto Trata Brasil, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público formada por empresas que se interessam pelo avanço do
saneamento básico e pela proteção dos recursos hídricos, decidiu
investir numa abordagem otimista para mostrar a importância de se levar
água e esgoto tratado para todos os cidadãos. Com o minidocumentário “O Básico que salva vidas” , deixa que os moradores de
várias comunidades paulistas contem como a vida deles mudou depois que a
região onde moram recebeu o direito de ter tais serviços básicos à
porta de casa. Da saúde das crianças - que agora não têm mais diarreia
causada pela sujeira na água que bebiam – até outros benefícios, como a
costureira que agora pode receber sua clientela porque não tem mais lama
na porta de casa, são visíveis as transformações na vida de todos os
moradores.
A pergunta é: por que, então, criar sistema de esgoto eficiente e de água tratada não é prioridade para os governantes? Em conversa com
o presidente do Instituto Trata Brasil, Edison Carlos, há cerca de
quatro anos, ele me respondeu a essa questão de forma bastante direta:
falta vontade política.
“Uma
obra por cima da terra, como construção de estádios ou postos de saúde,
fica bem para a imagem do prefeito ou do governador, muito mais do que
rede de esgoto, que fica debaixo da terra e ninguém vê”, disse-me ele.
Nada
a comentar, a não ser concordar. Termino este texto com uma informação
que não deixa ninguém orgulhoso de estar vivendo num mundo com tanta
desigualdade: de acordo com documento da Organização das Nações Unidas (ONU), o número de pessoas sem acesso à água potável em casa é de 2,1 bilhões em todo o mundo. O quadro fica ainda pior se considerarmos que 860 milhões ainda passam fome em todo o mundo.
Bem,
mas aí passaríamos a convocar para a reflexão socioeconomistas que
pudessem nos explicar melhor a mágica que faz com que os países ricos
fiquem a cada dia mais ricos enquanto os países pobres continuam pobres.
Researchers with the British
Antarctic Survey in Antarctica, where they dropped heated panels into
the ocean in an effort to learn how marine life will fare as
temperatures rise.Credit
Gail Ashton
Climate change
will dramatically alter life in the oceans, scientists say, but there’s
so much still to learn about marine ecosystems that it’s hard to know
exactly how.
On Thursday, researchers with the British Antarctic Survey offered a glimpse of that future with the results of an unusual study years in the making.
The
scientists heated a patch of the sea floor off the coast of Antarctica
and tracked the effects on a few local species. Some animals responded
by doubling their growth, stunning the researchers.
At
the same time, there was evidence that animals that thrive on warmth
might crowd out less resilient species. The study was published in the
journal Current Biology.
The
cold, dry ecosystems on Antarctica itself can’t support anything bigger
than an insect. But the Southern Ocean swirling around the continent
paradoxically teems with life.
A
rich supply of nutrients fosters a food web that includes single-celled
algae, bottom-dwelling worms and other animals. This ecosystem
ultimately supports such predators as fish, penguins and whales.
Climate
change is a big concern here, because heat-trapping gases like carbon
dioxide are having their biggest impacts near the poles. Computer models
predict that in 50 years the Southern Ocean will warm by about 1.8
degrees Fahrenheit, and by 3.6 degrees Fahrenheit within a century.
“We’re
going to start to see changes there first,” said Gail V. Ashton, a
co-author of the new study and a marine ecologist now at the Smithsonian
Environmental Research Center in Tiburon, Calif.
Trying
to predict those changes, scientists have been gathering various sorts
of clues. Some look at the natural ranges of Antarctic species,
observing the highest temperatures they tolerate. Others put animals
into laboratory tanks and manipulate the aquatic environment.
Photo
Sets of heated and unheated
panels were placed on concrete slabs about 45 feet below the surface of
the ocean, near the Rothera Research Station in Antarctica.Credit
Sabrina Heiser
But
these experiments have shortcomings of their own. “Control is also a
weakness,” said Rebecca L. Kordas, a marine ecologist at Imperial
College London who was not involved in the new study. “Too much control
may yield unnatural responses.”
In
recent years, scientists like Dr. Kordas have attempted another kind of
experiment: heating the ocean itself. The research typically involves
putting heated panels underwater, close to shore, and then observing how
the temperature increases affect the growth of tiny animals on the
seafloor.
Scientists
previously used this method off the coasts of British Columbia and
Australia. In the new study, British Antarctic Survey researchers picked
a much tougher site: about 45 feet deep in the Southern Ocean, off the
coast of the Antarctic Peninsula.
The
study sheds new light on Antarctic ecosystems, said Julian Gutt of the
Helmholtz Centre for Polar and Marine Research in Germany: “To my
knowledge, it is unique.”
Dr.
Ashton traveled to Rothera Research Station on Adelaide Island to begin
the experiment. She and her colleagues sailed offshore and then dove
underwater to set the panels on concrete footings on the ocean floor.
To
power the panels, the scientists ran 600 feet of cable to a station
generator on shore. The experiment began in January 2014, but before
long the cables were severed.
“We’re not sure if it was an iceberg or a ship that dinged them,” Dr. Ashton said.
She
and her colleagues rigged up more protections and started again in June
2014. They managed to keep the project running till March 2015.
Each
panel warmed the water, but just a thin layer eight-hundredths of an
inch deep. One set of panels had enough power to increase the
temperature by 1.8 degrees Fahrenheit; another set heated the water by
3.6 degrees Fahrenheit. For control purposes, a third set of panels was
left unheated.
Dr.
Ashton donned scuba gear and dove periodically to track the progress of
the experiment. (In the winter, she and her colleagues needed to use a
chain saw to cut a hole in the ice.) Sinking to the sea floor, she took
pictures showing that animal larvae had settled on the panels and had
begun to grow.
At
the end of the experiment, Dr. Ashton and her team hoisted the panels
from the seafloor. Back at the station, she inspected the marine life
under a microscope.
Researchers prepared concrete slabs that would support the heated panels dropped into the Southern Ocean.Credit
Gail Ashton
When the experiment began, Dr. Ashton had been skeptical that she’d see much change. “I was quite naïve,” she said.
Some
of her more optimistic colleagues had pointed out that biochemical
reactions can occur faster at higher temperatures. They thought animals
on the warm panels might grow 10 percent faster.
But
it didn’t take many dives for Dr. Ashton to realize that the animals
were growing even more quickly. One species of worm grew 70 percent
faster on a panel heated by 1.8 degrees Fahrenheit, compared with its
growth on unheated panels.
Filter-feeding
animals called bryozoans doubled their growth on heated panels,
crowding out other species that seemed to fare well on unheated panels.
What
drives this growth? “We don’t really know,” Dr. Ashton said. She is now
investigating whether higher temperatures might switch on a special set
of genes that speeds up development in some species.
The
results on the panels heating water by 3.6 degrees Fahrenheit were even
more puzzling. On some, animals grew more; on others, less. Even within
each species, Dr. Ashton and her colleagues found that individuals
varied a lot in how well they fared.
Grace
Saba, a marine ecologist at Rutgers University, cautioned that some
animals might not be able to grow so fast in a warmer climate.
During
the experiment, an abundant supply of algae fueled the growth of the
bryozoans. But when the whole ocean gets warm, the algae may suffer,
too, leaving the bryozoans to starve.
“With those increases in growth rates comes higher demand for food,” she said.
Dr.
Kordas said that it’s hard to tackle these questions when so few
climate experiments have been carried out in the ocean, compared to the
many that have been done on land.
“The marine scientific community really needs to catch up to broaden our understanding,” she said.