Pesquisadores encontram evidências do povoado em que, segundo a Bíblia, Jesus Cristo realizou a multiplicação dos pães e devolveu a visão a um cego
Um vilarejo às margens do mar da Galileia, de acordo com a
Bíblia, possui significância especial na vida de Jesus. Seu nome é
Betsaida, que seria o local de origem de três dos apóstolos de Cristo —
André, Felipe e Pedro — além do lugar onde ele realizou uma série de
milagres, como a multiplicação dos pães e peixes e a cura do homem cego.
Agora, em agosto, uma equipe de pesquisadores israelenses revelou a
descoberta da vila, fato que sempre esteve envolto em controvérsias
acadêmicas. “Estou praticamente certo de que achamos Betsaida”, disse à
ISTOÉ o arqueólogo responsável pelas buscas, Mordechai Aviam, professor
de arqueologia na Faculdade Kinneret, em Israel. “Mesmo que, na minha
área de estudo, não se possa normalmente falar em certezas absolutas.”
A chave para encontrar Betsaida foi localizar o que ela se tornaria depois: uma cidade romana rebatizada de Julias, em homenagem à filha do imperador Augusto. Os pesquisadores sabem disso graças a textos antigos do historiador Josefo que falam sobre sua fundação. O vilarejo onde Jesus atuou era muito pequeno, e provavelmente deixou pouquíssimo ou nenhum indício arqueológico para os dias atuais. Já um assentamento ligado a Roma seria mais desenvolvido, com estruturas duradouras.
Foram justamente essas as evidências encontradas por Aviam. Entre os achados estão duas moedas (uma delas retratando a face de Nero, datada do ano de 66 d.C.), uma parede coberta com cerâmicas do período e uma estrutura do que foi um mosaico, além de restos de uma casa de banho (edifício fundamental numa cidade romana). Além disso, objetos de épocas posteriores encontrados comprovam que o lugar era palco de adoração já nos primórdios do cristianismo (os templos de então eram feitos em locais de importância bíblica). Os mais relevantes mostram a existência de ruínas bizantinas que os arqueólogos acreditam ser de um monastério construído ao redor de uma igreja. Também há restos daquilo que teria sido um antigo engenho de açúcar do período das Cruzadas.
À BEIRA-MAR
A localização de Betsaida há tempos está envolvida em controvérsias científicas. Antes da nova descoberta, especulava-se que o sítio de e-Tell, onde também foram encontrados artefatos romanos, pudesse ser a velha morada dos apóstolos. Mas a posição não batia porque ele não ficava à beira-mar, o que não faz sentido para uma vila de pescadores. Foi só com o novo achado, no sítio de el-Araj, que as peças começaram a se encaixar. “A chance de ser Betsaida é muito maior do que a do sítio anterior”, afirma o arqueólogo Rodrigo Silva, professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo.
Os próximos passos da pesquisa visam precisamente cristalizar a noção de que a morada dos apóstolos ficava em el-Araj. A possibilidade de serem encontradas evidências diretamente ligadas a Jesus ou aos seus seguidores é baixa, mas não inexistente. Se conseguir fundos para financiar as buscas, as escavações devem se entender por mais quatro ou cinco anos.
A chave para encontrar Betsaida foi localizar o que ela se tornaria depois: uma cidade romana rebatizada de Julias, em homenagem à filha do imperador Augusto. Os pesquisadores sabem disso graças a textos antigos do historiador Josefo que falam sobre sua fundação. O vilarejo onde Jesus atuou era muito pequeno, e provavelmente deixou pouquíssimo ou nenhum indício arqueológico para os dias atuais. Já um assentamento ligado a Roma seria mais desenvolvido, com estruturas duradouras.
Foram justamente essas as evidências encontradas por Aviam. Entre os achados estão duas moedas (uma delas retratando a face de Nero, datada do ano de 66 d.C.), uma parede coberta com cerâmicas do período e uma estrutura do que foi um mosaico, além de restos de uma casa de banho (edifício fundamental numa cidade romana). Além disso, objetos de épocas posteriores encontrados comprovam que o lugar era palco de adoração já nos primórdios do cristianismo (os templos de então eram feitos em locais de importância bíblica). Os mais relevantes mostram a existência de ruínas bizantinas que os arqueólogos acreditam ser de um monastério construído ao redor de uma igreja. Também há restos daquilo que teria sido um antigo engenho de açúcar do período das Cruzadas.
À BEIRA-MAR
A localização de Betsaida há tempos está envolvida em controvérsias científicas. Antes da nova descoberta, especulava-se que o sítio de e-Tell, onde também foram encontrados artefatos romanos, pudesse ser a velha morada dos apóstolos. Mas a posição não batia porque ele não ficava à beira-mar, o que não faz sentido para uma vila de pescadores. Foi só com o novo achado, no sítio de el-Araj, que as peças começaram a se encaixar. “A chance de ser Betsaida é muito maior do que a do sítio anterior”, afirma o arqueólogo Rodrigo Silva, professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo.
Os próximos passos da pesquisa visam precisamente cristalizar a noção de que a morada dos apóstolos ficava em el-Araj. A possibilidade de serem encontradas evidências diretamente ligadas a Jesus ou aos seus seguidores é baixa, mas não inexistente. Se conseguir fundos para financiar as buscas, as escavações devem se entender por mais quatro ou cinco anos.