Meio Ambiente & Desenvolvimento Humano

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Primeiro Clipe de Luiz Gonzaga é lançado hoje em todo o Brasil; assista

Para reviver o Rei do Baião, imagens inéditas foram projetadas em fachada de igreja e orquestra com 50 sanfoneiros acompanharam o 'maestro' Gonzaga 

Alexandre Lyrio, de Exu* (alexandre.lyrio@redebahia.com.br)
Atualizado em 23/06/2017 08:18:36

 CORREIO DA BAHIA


Em 1947, há 70 anos, a parceria de Luiz Gonzaga com o amigo Humberto Teixeira resultou em um marco. Provavelmente sem ter ideia disso, criaram a música que se tornaria nada menos que “o hino do Nordeste”, gravada em um dos LPs do rei. Passaram-se sete décadas e Asa Branca ganha uma homenagem tão marcante quanto inusitada. Foi justamente ela a escolhida para a o primeiro clipe de Gonzagão, lançado hoje em todo o Brasil. 

Nos tempos de Gonzaga, praticamente não havia videoclipe. As produtoras Zepelin Produtora Visual (vídeo) e a Brisa Som + Ideais) tornaram realidade a ideia da agência New Style. O material, gravado no dia 8 de junho, só foi possível graças à tecnologia do vídeo mapping. Imagens inéditas da TV Cultura, com o Rei do Baião tocando Asa Branca só na voz e sanfona, foram projetadas na fachada de uma igreja da Fazenda Araripe, em Exu, interior de Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga. Enquanto isso, 50 músicos acompanhavam Gonzagão em uma orquestra de sanfonas. 

Luiz Gonzaga é ‘ressuscitado’ para gravação do seu primeiro videoclipe
(Foto: Hercules Felix/Divulgação)

As imagens raras da TV Cultura mudaram os rumos da produção, diz o diretor-geral do clipe, Rodrigo Zanchini. “Com o material dele tocando Asa Branca só com a sanfona, pudemos colocar ele tocando com o pessoal ao vivo aqui. É uma orquestra de sanfonas tocando com o maestro no telão, entende?”, explicou. Mais de 12 horas foram necessárias para a produção do videoclipe, que traz cenas de lugares por onde viveu Luiz Gonzaga. As imagens do artista pernambucano são do acervo da TV Cultura. 

O videoclipe é uma das principais ações da campanha da cervejaria Schin no São João 2017. A empresa homenageia o Rei do Baião em sua latinhas comemorativas, filme de TV, mídia externa, ações no digital, patrocínio de eventos e ativação nos pontos de vendas de Pernambuco e Bahia. Segundo Bruno Piccirello, gerente de Marketing da Schin, a ideia de utilizar Luiz Gonzaga na campanha é transmitir verdade sobre as origens do São João. 

“Partimos do princípio de que poderíamos fazer um projeto relacionado com o resgate da história do São João, da tradição, de algo que nos conectasse verdadeiramente com a cultura junina. Chegamos facilmente à figura de Luiz Gonzaga. Ele é o verdadeiro rei da festa, é o rei do São João”. O Clipe, porém, é o grande momento da campanha. “Estamos indo além de uma campanha. Na verdade não é só uma campanha. É uma grande homenagem. As pessoas vão se emocionar”, acredita Piccirello. 

Oswaldinho do Arcodeon, um dos díscipulos de Luiz Gonzaga, participou da gravação
(Foto:Hércules Felix) 

A gravação reuniu cerca de 50 músicos, tocadores de sanfona, triângulo e zabumba, entre eles Oswaldinho do Acordeon, discípulo do rei e grande parceiro, e Joquinha Gonzaga, sobrinho de Gonzagão. Entre os outros sanfoneiros estão Clayton Sobrinho Gama, Ana Caroline Lourenço da Silva, Sarah Assis, João Roberto de Santana Alves, Terezinha Bezerra Chaves, Lulinha Alencar, Enok Virgolino Dantas, José Marcelino da Silva; além do zabumbeiro José Ferreira de Souza e os trianguleiros José Aluizio Cruz e Estevão Ferreira Júnior.

Rodrigo Zanchini é o diretor do clipe de Gonzagão 
(Foto: Hercules Felix/Divulgação)

 Confira abaixo o making off da gravação. 


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UNICEF apresenta campo de refugiados por meio de realidade virtual em SP

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) instalou um espaço de realidade virtual no Santana Parque Shopping, na zona norte de São Paulo, para apresentar o trabalho que desenvolve no mundo. A exposição ocorre até 30 de junho.

 Publicado em
Funcionários do UNICEF falam com crianças iraquianas em campo de refugiados de Amiriyat Al Fallujah. Foto: UNICEF
Funcionários do UNICEF falam com crianças iraquianas em campo de refugiados de Amiriyat Al Fallujah. Foto: UNICEF

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) instalou um espaço de realidade virtual no Santana Parque Shopping, na zona norte de São Paulo, para apresentar o trabalho que desenvolve no mundo. A exposição ocorre até 30 de junho.

Localizado no primeiro piso, o espaço convida os visitantes a uma experiência imersiva e sensorial, mostrando por meio da tecnologia a realidade vivida num campo de refugiados. Tudo com a narrativa de uma menina síria em um vídeo de três minutos.

A ação tem como principal objetivo conscientizar a população sobre a realidade de crianças que vivem em situação de extrema vulnerabilidade e são as mais afetadas pelas desigualdades sociais no mundo.

Durante a estada da equipe UNICEF no shopping, os visitantes poderão abraçar a causa e apoiar as estratégias que a organização desenvolve na garantia dos direitos da infância e que têm transformado a vida de crianças e adolescentes no Brasil e no mundo.

Os interessados em conhecer um pouco mais o projeto deverão se encaminhar ao local todos os dias das 14h às 20h.

Serviço

O quê: Espaço Realidade Virtual do UNICEF – Santana Parque Shopping
Quando: de 14 a 30 de junho
Onde: 1º Piso do Santana Parque Shopping, Rua Conselheiro Moreira de Barros, 2780 – Santana – São Paulo – SP



https://nacoesunidas.org/unicef-apresenta-campo-de-refugiados-por-meio-de-realidade-virtual-em-sp/
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Cartilha online oferece dicas para compostagem de lixo



Ministério do Meio Ambiente pretende incentivar a prática para o descarte e aproveitamento dos resíduos sólidos

 

 

 

 

 




Metade dos resíduos gerados nos centros urbanos é orgânico.
Apenas 1% é destinado à compostagem

por Portal Brasil publicado: 21/06/2017 20h08 última modificação: 22/06/2017 09h33

Para incentivar a compostagem de lixo orgânico, o Ministério do Meio Ambiente lançou uma cartilha online que traz informações sobre a forma correta de descarte. Isso porque esses resíduos representam metade do lixo gerado nas cidades, mas apenas 1% desse montante vai para a compostagem.
Os resíduos orgânicos podem se tornar uma ameaça ao meio ambiente na medida em que liberam chorume e gases do efeito estufa, além de favorecerem a proliferação de animais transmissores de doenças.
A compostagem é essencial para dar o tratamento e o descarte adequados a esse lixo, somada à geração de um composto orgânico rico em nutrientes e próprio para adubação.
O manual lançado reúne dicas para a compostagem doméstica, comunitária e institucional, indicando a maneira correta de separação do lixo e descarte do material. Nesse processo, os restos são cobertos com terra e revirados periodicamente, à medida que são decompostos para gerar o húmus.
Na compostagem, a decomposição é controlada e acontece de forma acelerada. Dessa forma, a variedade de microrganismos que se desenvolvem nesse ambiente é maior e torna o composto gerado mais rico.
Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério do Meio Ambiente
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Agricultura urbana não nos salvará das mudanças climáticas

Estudo aponta que em climas mais frios, como o do nordeste dos EUA, a redução das emissões é mínima com hortas urbanas

Em lugares como Nova York e Boston, o apelo das fazendas sustentáveis em telhados é irresistível. A crença é que, se uma área suficiente de espaços não utilizados fosse convertida em campos férteis, a produção local de couve e espinafre para as massas poderia virar realidade, mesmo nos bairros mais populosos.

Os defensores dizem que as hortas urbanas são uma solução para quase todas as aflições urbanas, pois dão acesso a alimentos saudáveis em bairros desabastecidos e também geram estímulos econômicos, envolvimento da comunidade e reduções significativas das emissões de gases causadores do efeito estufa. Mas um novo estudo publicado na revista Environmental Science & Technology aponta que em climas mais frios, como o do nordeste dos EUA, a redução das emissões é mínima.

“Os defensores da agricultura urbana tendem a se concentrar na distância entre a fazenda e o prato, comparando os alimentos locais aos alimentos ambientalmente sustentáveis, reduzindo a complexidade da sustentabilidade alimentar a um único aspecto”, escrevem os pesquisadores. Na realidade, a redução do carbono possibilitada pela agricultura urbana é muito menor do que muitos acreditam. No melhor cenário, a agricultura urbana reduziria a pegada de carbono relacionada aos alimentos de uma cidade da região nordeste dos EUA em 2,9 por cento, apontou o estudo.
Os autores do estudo usaram Boston para provar esse ponto de vista.

Primeiro, eles estabeleceram a base de impacto ambiental relacionada à alimentação da cidade combinando informações alimentares disponibilizadas ao público com dados sobre os custos de fornecimento desses alimentos. Em seguida, determinaram o espaço disponível para a agricultura urbana, incluindo lotes de terra e espaço utilizável em telhados. Por último, usaram dados de várias fazendas de Boston e Nova York para entender os recursos utilizados, incluindo energia baseada em combustíveis fósseis, os vegetais produzidos e seu impacto ambiental global. Em última análise, os pesquisadores descobriram que os ganhos ambientais da agricultura urbana são “marginais”.

A razão é que, embora os vegetais cultivados na cidade possam ter um impacto ambiental ligeiramente menor do que aqueles cultivados a milhares de quilômetros de distância, a horticultura nunca foi o verdadeiro problema. Maçãs e tomates não respondem pela maior parte das emissões de gases causadores do efeito estufa geradas pelas dietas; quem responde são os animais. A carne e os produtos lácteos contribuem com 54 por cento do impacto potencial da dieta americana sobre as mudanças climáticas. Se os moradores das cidades realmente quiserem diminuir suas pegadas de carbono, eles devem virar veganos. Para ganharem pontos bônus, eles podem transformar seus telhados em jardins solares em vez de cultivarem vegetais.

Há muitos motivos para adotar a agricultura urbana. O acesso maior à produção pode ajudar a melhorar a dieta dos moradores das cidades e a substituição de pavimento por terra pode ajudar a mitigar o escoamento de água, por exemplo. Mas a desaceleração das mudanças climáticas não está entre esses motivos.

Os possíveis benefícios econômicos da agricultura urbana também são menos promissores do que os defensores esperavam, apontou o estudo. Mesmo que os vegetais cultivados em Boston fossem vendidos dentro da área metropolitana como um todo, o valor ainda seria menor que 0,5 por cento do produto interno bruto regional. Parte desse crescimento iria para bairros de baixa renda, mas a maior parte fluiria para áreas com índices de pobreza inferiores a 25 por cento.

“Eu sou a favor da agricultura urbana”, diz Benjamin Goldstein, da Universidade Técnica da Dinamarca e autor principal do estudo. “Só quero ter certeza de que seja feita pelos motivos certos.”

http://exame.abril.com.br/ciencia/agricultura-urbana-nao-nos-salvara-das-mudancas-climaticas/
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5 destinos inusitados de intercâmbio que valem a pena

De Singapura a País de Gales, conheça lugares surpreendentes em que você pode viver uma experiência cultural valiosa para o seu currículo

São Paulo — Pense rápido: se você pudesse escolher um destino de intercâmbio para aprender inglês, qual seria a sua primeira opção?

Se você for como a maioria, provavelmente elegeria Canadá, Estados Unidos ou Austrália. Esses são os três países mais procurados na internet por brasileiros que querem fazer cursos no exterior, de acordo com um levantamento de maio de 2017 feito pela empresa de inteligência de dados BigData Corp.

Mas isso está mudando. Embora a preferência continue por países consagrados no imaginário do intercambista, certos destinos menos convencionais têm ganhado relevância por uma mistura de razões, explica Gabriel Passarelli, cofundador e diretor da agência Descubra o Mundo.

A primeira delas, claro, é econômica: com a crise, mais brasileiros têm procurado países cuja moeda local é mais fraca do que o real, e/ou com custo de vida baixo — pelo menos mais baixo do que o de cidades como Londres, Nova York ou Vancouver.

Outro motivo para fugir de lugares populares é evitar encontros com conterrâneos. “Não há tantos brasileiros em destinos pouco explorados, o que faz com que você tenha uma imersão mais profunda no idioma local, já que terá menos oportunidades de falar português”, explica Passarelli.

Ainda assim, destinos como África do Sul, Malta ou País de Gales ainda inspiram desconfiança e até preconceitos. Uma ideia comum é que um país menos conhecido não agregará tanto valor ao currículo quanto um lugar com mais status.

“O intercambista acha que o recrutador vai desmerecer um curso num país diferente, mas é bem o contrário”, diz Andrea Arakaki, diretora geral da Education First EF Brasil. “Na verdade, a escolha por um destino inusitado muitas vezes é vista como um indício de que o profissional é flexível e aberto ao novo”.

Outras vantagens (e desvantagens) dos destinos menos convencionais estão ligados às peculiaridades de cada um deles. Confira a seguir as principais características de 5 locais de estudo, selecionados e comentados por especialistas ouvidos por EXAME.com:

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Países de língua portuguesa atuam pelo clima

Representantes do Brasil e outras oitos nações lançam, em Lisboa, o Núcleo Lusófono para fortalecer ações nas áreas de redução de emissões. 

Quarta, 21 Junho 2017 19:30
DA REDAÇÃO MMA/BR

http://simat.mma.gov.br/acomweb/Media/Fotos/AC_2408.jpg
Representantes dos países lusófonos                                                                                      Divulgação CPLP

O Brasil e os demais países de língua portuguesa estreitaram diálogos para conter o aquecimento global. Terminou nesta quarta-feira (21/06), em Lisboa, o I Seminário do Núcleo Lusófono da Parceria para a Transparência. O evento marca o lançamento do Núcleo Lusófono, que tem o objetivo de fortalecer as capacidades dessas nações nas áreas de comunicação e transparência no contexto da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

A reunião abordou as diferentes circunstâncias nacionais de cada membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e identificou potencialidade para elaborar e implementar possíveis atividades. “Foi uma troca de experiências em caráter técnico para entendermos o que cada país está fazendo nesse tema”, explicou o diretor de Monitoramento, Apoio e Fomento de Ações em Mudança do Clima do MMA, Adriano Santhiago.

ATUAÇÃO BRASILEIRA

No encontro, Santhiago apresentou a atuação brasileira em áreas como mensuração, relato e verificação (MRV) e transparência das ações de mitigação – redução de emissões de gases de efeito estufa. A analista ambiental Monique Ferreira, do MMA, abordou temas relacionados a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD+).

O Brasil exerce a presidência pro tempore da CPLP, com o tema A CPLP e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) lidera a iniciativa no Brasil. No seminário, o país também foi representado pela subchefe do Departamento de Mudança do Clima do MRE, Patrícia Leite, pelo consultor do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Mauro Meirelles, que abordou temas sobre o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa, e pelos especialistas em MRV e transparência, Marcelo Rocha e Thiago Mendes.

A CPLP

A CPLP é uma comunidade de nove países que partilham a língua portuguesa. Os objetivos incluem a promoção do diálogo política e a cooperação nas áreas social, culturais e econômicas. Fazem parte da comunidade: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): (61) 2028-1227
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Meu escritório é nos Andes

O montanhista Max Kausch quer escalar os últimos picos virgens da cordilheira sul-americana. Para revelá-los ao mundo, registra seus avanços no Google Earth

Escalando uma crista açoitada por rajadas de vento, o meio argentino, meio brasileiro, Maximo Kausch e a britânica Suzanne Imber dividem um feito inédito. Em 13 de outubro de 2016, a dupla alcança, pela primeira vez na história, o ponto culminante da Sierra de Aliste, 5.167 metros acima do nível do mar. O cenário ao redor é a paisagem inóspita da Puna do Atacama, planalto no sudeste do famoso deserto, onde um cinturão de montanhas com mais de 6.000 m marca a fronteira entre Chile e Argentina. Sob um céu intempestivo e temperaturas negativas, eles traçam a primeira via de escalada dessa montanha, equipados com crampons (solados metálicos dentados, anexados a botas para aderir à montanha), piquetas (picaretas de escalada) e um GPS.

Vizinhos dali, os picos Sierra Nevada, Tridente, Piedra Parada e pelo menos mais quatro montanhas fronteiriças permanecem intactas – e na mira da dupla.

Sentado em um mirante privilegiado, Max aponta para os nevados em volta, discorrendo sobre suas características e levantando hipóteses para viabilizar a chegada até o topo deles. “Há 104 cumes com mais de 6.000 m nos Andes. Todos já foram alcançados. Hoje, cerca de 70 montanhas com mais de 5.000 m permanecem virgens, muitas delas sem nome”, afirma o guia, carregado de familiaridade com o terreno.

Max e Suzanne alcançam o ponto culminante da Sierra de Aliste, pico nunca antes escalado e medido durante a expedição. (Caio Vilela/Reprodução)

Seu cálculo não foi feito ali, de cabeça nas nuvens, mas se fundamenta em uma pesquisa desenvolvida por ele desde 2011. O estudo, focado na análise do relevo dos Andes, mapeamento de rotas e medição de cumes, é feito justamente para traçar objetivos concretos para as investidas dele.
No topo da Aliste, os escaladores realizam uma rotina metódica de registros com GPS de alta precisão, o mesmo procedimento realizado em todos os picos. As informações coletadas alimentam as comunidades científica e esportiva por meio da publicação de relatos, imagens e coordenadas geográficas precisas, tudo online. “Um verdadeiro serviço voluntário de fomento ao montanhismo” – na opinião de Ronaldo Ribeiro, editor da revista National Geographic Brasil, um entusiasta do projeto.

Cascata do rio Juncalito, a 4.700 m de altitude, na aproximação ao pé da Sierra de Aliste. (Caio Vilela/Reprodução)

Não se foi o tempo da ladeira

Desde 2008, Maximo já realizou 12 expedições a porções remotas dos Andes. Em cada uma dessas empreitadas autônomas, seu objetivo foi subir e medir diversos picos durante uma mesma viagem. Nesse ritmo, colecionou 70 picos com mais de 6.000 m no Andes, além de registrar ascensões inéditas em quatro picos de mais de 5.000 m. Na maioria das expedições, viajou com parceiros, mas, por outras três vezes, encarou os Andes sozinho, equipado com uma motocicleta.

A experiência de Max com as maiores montanhas do mundo, como Kilimanjaro, Elbrus e Aconcágua, o credencia a trabalhar guiando grupos de 20 ou mais pessoas a cumes famosos dos Andes e do Himalaia. Com o passar do tempo, sua reputação como guia rendeu apoio financeiro permanente.
Desde o início de 2016, seu projeto Unnamed 5000+ tem sido patrocinado pela SPOT Brasil e pela Mount Everest Foundation, um fundo ligado à Royal Geographic Society, do Reino Unido, destinado a projetos de cunho exploratório e científico. O nome do projeto é uma referência aos picos com mais de 5.000 m ainda não explorados.

Guanacos pastando a 4 mil metros de altitude, perto de Maricunga, fronteira entre Chile e Argentina. (Caio Vilela/Reprodução)

O lastro financeiro lhe permitiu somar forças com a física Suzanne Imber, 34 anos. Ela ajudou a aprofundar o viés científico das expedições. “Um de nossos objetivos é identificar elevações com independência topográfica suficiente para serem consideradas como uma única montanha”, ressalta.
Nascida e criada na Inglaterra, Suzie é exímia atleta e cientista: além de participar das equipes britânicas de lacrosse e de remo, é PhD em física, professora da Universidade de Leicester e colaboradora da Nasa em pesquisas sobre plasma espacial. Já esteve nos cumes do Aconcágua; no Monte McKinley, no Alasca; e no respeitado Ama Dablam, um pico vizinho ao Everest, no Nepal – conhecido por oferecer uma escalada técnica e cinematográfica. Foi neste último cenário que ela conheceu Max, em 2010.

Juntos, eles desenvolveram um método para analisar proeminências topográficas e seus graus de destaque na paisagem, permitindo identificar conjuntos de relevos independentes. “Nosso trabalho em campo é sistemático: a via de escalada é traçada no GPS conforme o progresso da ascensão, e os dados cadastrados automaticamente no Wikiloc – a Wikipedia das trilhas, que contém mais de 5,6 milhões de trajetos cadastrados – e no Google Earth. Para complementar, vistas de 360º são registradas em fotos e vídeo”, detalha Suzie.

A pesquisa científica, somada à experiência em campo, levou-os a corrigir as altitudes de diversos cumes andinos, digamos, “secundários”, quando comparados a algumas das montanhas mais famosas da região – e já exaustivamente escaladas – como o San Francisco e o Ojos de Salado. As medidas desses cumes já haviam sidos calculadas pela primeira vez pelo francês Pierre Pissis (que dá nome à terceira montanha mais alta dos Andes), e depois por topógrafos militares de Argentina e Chile, nos anos 1930, durante a árdua missão de definir a extensa fronteira entre os dois países. Posteriormente, foram mapeados por sucessivas missões espaciais, porém nunca medidos in loco.

“Os dados produzidos por satélites são bastante úteis, porém imprecisos”, explica Max. “As imagens mais aproximadas têm 90 m de lado e não registram com precisão a forma de um acidente topográfico pontudo como a crista da Sierra de Aliste, por exemplo.” Quando envolve grandes massas de gelo (glaciares) numa encosta montanhosa a 60º de inclinação, por exemplo, o sinal enviado pelo satélite não volta à origem e se perde. Quando isso ocorre, o modelo digital gerado fica com uma lacuna no registro da topografia dessa região.

“No Peru, para se ter uma ideia, há montanhas como o Pucajirca, o Caraz, o Contrahierbas e outras que nenhuma missão topográfica espacial conseguiu medir com precisão. A única forma de saber se esses topos têm ou não mais de 6.000 m, é indo até lá”, ressalta Max.

Max, Jovani, Pedro e Suzie no cume da Sierra de Aliste, com a Puna ao fundo. (Caio Vilela/Reprodução)

Após tirar algumas fotos sobre a crista (chamada assim por causa do relevo do cume, semelhante a uma lâmina), a equipe inicia a descida do Aliste rumo ao refúgio de montanha da Laguna Santa Rosa, onde planejam passar a noite. Max e Suzie caminham acompanhados de outros dois andinistas: o geógrafo Pedro Hauck, parceiro de escalada de Max desde a adolescência, e o mecânico gaúcho Jovani Blume. Os parceiros prestam apoio logístico ao projeto. Além de acompanhar nas escaladas, eles viabilizam a aproximação à base das montanhas com dois veículos 4×4 equipados para funcionar sob o clima hostil. Pedro relata em detalhes cada etapa da expedição em seu blog, e em artigos publicados em sites especializados como o Alta Montanha. Jovani fornece suporte técnico aos carros, e opera ocasionais resgates.

Na metade do caminho, o grupo é castigado pela tempestade de vento anunciada nos boletins meteorológicos recebidos no telefone via satélite de Pedro. Após quatro horas de descida, os escaladores chegam ao acampamento pré-ataque (última parada antes de chegar ao cume), que se encontra devastado. As rajadas de 150 km/h rasgaram as barracas e carregaram boa parte da comida e dos equipamentos, que são avistados pela equipe rolando encosta abaixo. Correndo a favor do vento, Suzie e Pedro recuperam boa parte do prejuízo e se trancam no carro, sentindo as mãos dormentes sob -7 ºC.

A viagem rumo ao abrigo de madeira que serve de base para a expedição, segue a bordo dos veículos tracionados. Rodando fora da estrada por mais de 100 km, olhos grudados no GPS, Pedro dirige atento sob a tempestade, até chegar a uma cabana de madeira. “Aqui na Puna do Atacama, onde a maior parte das restantes montanhas virgens se encontra, o isolamento geográfico é um dos maiores perigos”, adverte o geógrafo. “Se houver qualquer problema com os carros, estamos a centenas de quilômetros de qualquer sinal de civilização”, diz o mecânico Jovani. “Navegação, rastreamento e armazenamento de dados em tempo real via satélite são fundamentais”, diz Pedro, seguido por um riso nervoso e sincronizado do quarteto.

As últimas sete virgens

Sob um céu estrelado, os escaladores se preparam para o pernoite à margem da Laguna Santa Rosa, situada a 3.762 m de altitude. Dentro do refúgio, Maximo prepara um puchero – cozido andino de carne com legumes – em seu fogareiro, cantarolando clássicos da argentina Mercedes Sosa.
Os escaladores saboreiam o ensopado feito pelo líder e cozinheiro oficial da expedição, enquanto os ventos se intensificam do lado de fora, assoviando através de frestas das janelas de madeira e vidro. Alguns guardas florestais chilenos dividem o espaço do abrigo e, durante as conversas, revelam serem seguidores dos passos de Max e sua trupe no Google Earth.

Após o jantar, Max e Suzie retomam a pesquisa em um laptop alimentado de energia por meio de placas solares. Atentos a um conjunto de imagens em 3D, eles buscam padrões incomuns, que chamem atenção na textura do terreno visto de cima.

A partir dessa análise prévia, pontos específicos são marcados para futura checagem em campo. As pistas conduzem a descobertas arqueológicas que passaram a fazer parte da rotina dos escaladores. “Eventualmente encontramos pircas (ruínas incas) intactas durante as escaladas. No início do ano fotografamos um complexo conjunto de muros em um flanco do Cerro Lomas Coloradas, a 5.300 m. Devido à localização remota, a maioria desses sítios nunca foi escavada, e segue esperando por arqueólogos capazes de acessar esses achados”, relata Maximo, empolgado.

Acampamento na base do vulcão Copiapó, com carros protegendo as barracas do vento, um dia antes da ascensão. (Caio Vilela/Reprodução)

Debruçados sobre o mapa, Pedro e Jovani planejam a aproximação ao próximo gigante da lista: o vulcão Copiapó, com 6.072 m de altitude e menos de dez ascensões registradas.
A ambição do grupo é movida pelo ineditismo de suas escolhas. Nenhum dos escaladores está preocupado em erguer bandeiras nos cumes. “Nosso apetite é por estar onde ninguém esteve. Escalar e mapear picos ainda pouco conhecidos. Bem distantes das multidões que superlotam as montanhas mais famosas”, reforça Suzie.

Ao fim da primavera de 2016, Max e companhia alcançaram 12 cumes na região da Puna – quatro desses picos jamais haviam sido escalados. Entre eles, o de uma montanha ainda sem nome, com 5.845 m, que era, até então, o cume não escalado mais alto dos Andes.

A jornada de volta para o Brasil é feita em quatro dias ininterruptos de estrada após 50 dias nas alturas. Morro abaixo, o time de escaladores traça planos ainda mais ambiciosos para o futuro. Se tudo seguir conforme o planejado, ao realizar mais uma temporada no Atacama, prevista para o segundo semestre de 2017, Maximo terá mapeado e registrado a primeira ascensão em sete montanhas virgens. São as últimas com altitude acima de 6.000 m ainda inexploradas na região. Com o feito, Max Kausch entrará para o Guinness com duas marcas: será o primeiro escalador a subir todos os picos com mais de 6.000 m da Argentina, do Chile e do Peru; além disso, se tornará o único a alcançar todos os 104 picos com mais de 6.000 m dos Andes. Um recorde à altura da cordilheira.

Cartógrafo dos cumes
Nas horas vagas, Max escala picos virgens nos Andes. Seu ganha-pão é guiar expedições a cumes sde até 8.000 m, nos Andes e no Himalaia. Seus realtos de escalada estão nos sites Alta Montanha e Gente de Montanha.
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Esquecer das coisas melhora nossa capacidade de tomar decisões

Tão importante quanto manter as memórias, deixá-las para trás torna nossas escolhas mais inteligentes

Deixar o que passou para trás e focar em coisas mais recentes é um exercício constante para nosso cérebro. Por conta dessa postura desapegada da central de comando é que você não se lembra do momento em que começou a andar – mas não esquece nenhum caractere da senha da conta bancária e se lembra de entregar um relatório para o dia seguinte.

O que pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, queriam descobrir era a influência disso em nossa capacidade de fazer escolhas e focar no que realmente importa. Segundo o estudo, publicado no jornal Neuron, nossa memória funciona não para que guardemos mais coisas durante o tempo, mas sim para tomarmos decisões mais inteligentes.

“Se seu cérebro se manter constantemente trazendo memórias conflitantes, isso torna mais difícil para você fazer uma decisão mais racional”, explica Blake Richards, um dos líderes do estudo.

Se nos lembrássemos com detalhes de todos os momentos da vida, teríamos de carregar memórias muito complexas. A tarefa do cérebro é simplificar essas memórias, fazendo com que fique apenas o necessário. Isso nos torna mais eficientes em fazer previsões e lidar com novas experiências.
Isso é vital para nossa adaptação em diferentes ambientes. Lugares que estão sempre em mudança fazem que precisamos nos lembrar menos. Para alguém que trabalha como caixa de supermercado, por exemplo, lembrar dos nomes dos clientes por alguns dias já está de bom tamanho. No entanto, um designer que está fechando um projeto com um grupo de clientes que encontra todo dia, tem a obrigação de levar seus nomes na ponta da língua.

A partir disso, os pesquisadores acreditam que coisas pontuais são esquecidas de forma mais rápida do que informações que temos de recorrer diariamente. Ou seja: se você não usa, você perde. E isso não é nem um pouco ruim – pelo menos no que diz respeito àquilo que você escolhe guardar.

http://super.abril.com.br/ciencia/esquecer-das-coisas-melhora-nossa-capacidade-de-tomar-decisoes/
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quinta-feira, 22 de junho de 2017

Criança de 9 anos fica sem andar após contrair doença de caramujo durante banho de rio na BA


Criança foi infectada após banho em um poção represado em uma fazenda no município de Lençóis. (Foto: Rafael Macedo/Arquivo Pessoal)

Uma Menina apresentou sintomas de esquistossomose depois de passeio em Lençóis, na Chapada Diamantina.

Uma menina de nove anos está sem conseguir andar após contrair esquistossomose, depois de tomar banho de rio em Lençóis, na Chapada Diamantina, na Bahia. A criança, que é da cidade de Itaberaba, visitou a região com a família em janeiro desse ano e, somente em abril, começou a apresentar os sintomas da doença. 

Os parentes dizem que só desconfiaram que a menina estava com a doença depois de verem uma reportagem sobre 32 turistas mineiros que também contraíram esquistossomose após um passeio na Chapada

Os turistas tomaram banho em um ponto turístico conhecido como Poção, que fica dentro de uma fazenda particular. A menina de 9 anos também passou pelo local com os parentes. A área foi interditada após os visitantes mineiros serem diagnosticados com a doença. 

Ainda conforme os familiares, dois irmãos da criança também foram contaminados, mas não manifestaram a doença. Os pais aguardam resultados de exames para saber se também foram infectados.

Interdições

Turistas mineiros foram infectados após viagem à Bahia. (Foto: Rafael Macedo/Arquivo Pessoal)
Turistas mineiros foram infectados após viagem à Bahia. (Foto: Rafael Macedo/Arquivo Pessoal)
Os dois locais de banho interditados agora foram o "Poço Verde" e o "Banho da Ponte", que fica às margens da BR-242. Segundo a secretária de Turismo da cidade, Lilian Andrade, esses locais estão no leito do Rio Santo Antônio, assim como o "Poção", e por isso todos foram fechados. Os turistas mineiros infectados, que são praticantes de trilhas com bicicletas, só descobriram a doença dois meses após o passeio na Bahia. 

"O Rio Santo Antônio recebe dejetos de comunidades ribeirinhas e foram detectados presença de caramujos contaminados nesses três pontos. A vistoria foi realizada pela Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) e pela Vigilância Epidemiológica do município. Fizemos a coleta na colha do rio e detectamos o problema", destacou, em contato com o G1 nesta quarta-feira (21). 
A secretária disse que o "Poço Verde" e o "Banho da Ponte" não são locais turísticos e que são utilizados para banho somente pela população local. O Poção, por sua vez, que fica localizado dentro de uma fazenda particular do município, foi aberto por um período de três meses como atrativo turístico, mas fechado logo depois de os turistas mineiros serem detectados com a doença. "Logo quando começou a circular as informações sobre a suspeita da doença nos turistas, o proprietário [da fazenda] fechou e continua fechado até hoje", disse a secretária. 

Lilian Andrade disse que ainda não há uma previsão de quando os locais serão liberados. "Isso é imprevisível, porque, para se ter uma certeza, é preciso uma ação do poder público, não só em nível municipal, como estadual e federal. Falta saneamento básico", destaca. 

A prefeitura informou que está tomando providências para realizar uma campanha de prevenção junto à população, incluindo as escolas do município e agentes de turismo local. 

A médica infectologista Letícia de Mello Mota, que realizou o tratamento de alguns dos turistas infectados, diz que a esquistossomose é adquirida mediante o contato com águas contaminadas com ovos do Schistosoma e a presença do caramujo, onde o parasita passa uma parte do desenvolvimento dele e tem a sua maturação para a forma larval denominada cercaria. 

A especialista diz que, após o diagnóstico da doença, é preciso fazer um monitoramento com os pacientes até que seja eliminada a possibilidade de liberação desse óvulos pelas vítimas da doença.

http://g1.globo.com/bahia/noticia/crianca-de-9-anos-fica-sem-andar-apos-contrair-doenca-de-caramujo-durante-banho-de-rio-na-ba.ghtml 

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Plano Nacional de Educação completa três anos com apenas 20% das metas cumpridas

  • 22/06/2017 05h46
  • Brasília
Sabrina Craide – Repórter da Agência Brasil
 
Após três anos de vigência do Plano Nacional de Educação (PNE), apenas seis das 30 metas e estratégias que deveriam ter sido cumpridas até 2017 foram alcançadas total ou parcialmente. O número representa 20% do total, o que significa que quatro em cada cinco metas não foram atingidas. O balanço é do Observatório do PNE (OPNE), uma plataforma formada por 24 organizações parceiras, coordenada pelo movimento Todos Pela Educação.

O PNE é uma lei federal, sancionada em 2014, que prevê metas para melhorar a qualidade do ensino brasileiro em um prazo de dez anos, desde a educação infantil até a pós-graduação. As estratégias preveem aumento do investimento, melhorias em infraestrutura e valorização do professor. O texto estabelece 20 metas para serem cumpridas até 2024, das quais oito têm prazos intermediários, que já venceram. A lei também aponta 254 estratégias relacionadas a cada uma das metas e 14 artigos que definem ações a serem realizadas no país.

Na avaliação da presidente executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, o principal entrave para o cumprimento do PNE é a falta de um plano estratégico que estabeleça uma ordem de execução das metas. Para ela, os governos federal, estaduais e municipais deveriam ter traçado uma estratégia de execução para definir o que deve ser feito primeiro.

“O plano não coloca as metas e as estratégias em uma ordem para que a gente consiga fazer com que ele seja realmente executado e cumprido. Algumas metas são gargalos para outras, é preciso definir quais deveriam ser cumpridas antes para que outras avancem e quais metas vão impedir que as demais sejam cumpridas”, aponta.

Para a pedagoga Anna Helena Altenfelder, superintendente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), o balanço dos três anos do PNE é preocupante. “Ainda mais se levarmos em consideração que as metas são articuladas e o sucesso de uma depende da execução da outra. Temos que pensar no plano como um todo”, diz.

Valorização dos professores
Recife Alunos da Escola Municipal Abílio Gomes, na capital pernambucana, usam livros didáticos que podem ser proibidos pela Câmara de Vereadores (Sumaia Villela / Agência Brasil)
Alunos da Escola Municipal Abílio Gomes, no RecifeSumaia Villela / Agência Brasil
Entre as metas consideradas fundamentais para o avanço da educação no país e que não foram cumpridas, algumas dizem respeito à valorização dos professores, considerada um dos gargalos para o avanço do ensino. A meta 18, por exemplo, estabelece que devem ser assegurados planos de carreira para os profissionais da educação básica e superior públicas, tomando como referência o piso salarial nacional. Segundo o Observatório, não há iniciativas em curso em âmbito federal.

“Com um bom professor, em uma escola com um bom diretor e bem gerida, com infraestrutura adequada, você consegue andar com várias metas [previstas no plano]”, diz Priscila.

Ela também cita como exemplo a meta que prevê a melhoria do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), indicador criado pelo Ministério da Educação (MEC) para medir a qualidade do ensino em diferentes etapas. A avaliação do Observatório é que apenas a meta do 5º ano do ensino fundamental foi cumprida, enquanto os anos finais dessa etapa e o ensino médio ainda estão em um patamar muito baixo. “Essa meta do Ideb não vai acontecer se não melhorarmos a formação dos professores. O maior determinante para a aprendizagem de alunos é a qualidade do professor”, diz.
A valorização da carreira docente também é apontada pela superintendente do Cenpec como fundamental para o sucesso do restante do plano. “Se queremos uma educação de qualidade, não se pode pensar nisso sem a valorização da carreira docente, que passa pelas condições de trabalho, pela carreira do professor e pela formação”, diz Anna Helena.

Educação infantil
Crianças da educação infantil em sala de aula
O PNE determina que todas as crianças de 4 a 5 anos deveriam estar matriculadas na escola até 2016 Arquivo/ Agência Brasil
Uma das metas do PNE determina que todas as crianças de 4 a 5 anos deveriam estar matriculadas na escola até 2016. Os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), que são de 2015, mostram que a taxa de atendimento nessa faixa etária é de 90,5%. O cumprimento real da meta só poderá ser aferido quando a Pnad 2016 for divulgada, mas o relatório da Observatório destaca que o percentual de 9,5% restante representa cerca de 500 mil crianças dessa faixa etária fora da escola.

“Se a criança não entrou na educação infantil, ela vai ter mais dificuldades de se alfabetizar. Não se alfabetizando, ela não vai conseguir aprender tudo aquilo que ela deveria. Não aprendendo, ela vai abandonar a escola antes do tempo. É uma reação em cadeia”, explica Priscila Cruz.

No Brasil, a educação infantil é responsabilidade dos municípios. Para o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Aléssio Costa Lima, a garantia da matrícula de todas as crianças nesta etapa de ensino depende de políticas públicas de inclusão social, uma vez que quem está fora da escola nessa faixa etária são moradores de periferias de centros urbanos ou de lugares distantes, com difícil acesso. “Teremos que ter um conjunto de políticas articuladas que venham a garantir a questão da inclusão”, diz o secretário.

O PNE prevê também que o investimento público em educação deve ser ampliado para 7% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2019 e para 10% até 2024. O presidente da Undime destaca que a ampliação de recursos para a educação é fundamental para o cumprimento das metas restantes. Para ele, o modelo atual de financiamento, que ocorre principalmente por meio do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), não é suficiente para atender as necessidades do setor.

“É preciso assegurar novas fontes de investimentos porque a melhoria da qualidade e a ampliação da oferta, como está colocado em muitas metas, isso não se faz sem acréscimo de investimentos”, diz o secretário.

Expectativa

Entre as metas que já foram cumpridas no PNE estão a formação de um fórum permanente para acompanhar o piso salarial do magistério público na educação básica e a divulgação de resultados pedagógicos de indicadores educacionais.
Outra meta alcançada, embora com atraso, foi a que estabeleceu o encaminhamento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A proposta foi encaminhada ao Conselho Nacional de Educação (CNE) em abril deste ano, quando o prazo inicial era até 2016. Também foi considerada cumprida parcialmente a meta que determina que os estados e municípios deverão elaborar seus planos de educação, com metas próprias para seus sistemas. Apenas dois estados e 14 municípios ainda não sancionaram seus planos.

A Agência Brasil procurou o MEC para um posicionamento sobre o cumprimento das metas do PNE, mas a pasta ainda não respondeu às perguntas da reportagem, e informou que irá se manifestar nos próximos dias.

Com o avanço ainda lento do plano, a presidente do Todos pela Educação diz que tem uma perspectiva pessimista quanto ao cumprimento da lei até 2024. “A gente já perdeu muito tempo. A falta desse planejamento estratégico fez com que a gente não conseguisse dar uma certa ordem na execução do plano. Então ficamos sem prioridade nenhuma”, diz Priscila, embora reconheça que dificilmente planos de metas são cumpridos em sua totalidade.

Para Anna Helena, é preciso uma ampla mobilização da sociedade para que o país avance no cumprimento das metas. “O PNE deve ser uma discussão de todos, não só das áreas especializadas. Ele precisa ser discutido nas escolas, pelos alunos, pelos professores, pelas famílias, pela sociedade como um todo, porque o plano fala sobre a escolha que estamos fazendo para o futuro do nosso país”.

Edição: Amanda Cieglinski
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Mata Atlântica: estudo indica onde investir para conservar melhor

Por Vandré Fonseca     OECO
quarta-feira, 21 junho 2017 16:31
Espécies encontrada na Mata Atlântica. Uma nova abordagem sobre o custo-benefício para a conservação de anfíbios ajuda a identificar as áreas prioritárias para a conservação em um dos biomas mais diversos e ameaçados do planeta. Foto: Campos et. /Science Advances.
Espécies encontrada na Mata Atlântica. Uma nova abordagem sobre o custo-benefício para a conservação de anfíbios ajuda a identificar as áreas prioritárias para a conservação em um dos biomas mais diversos e ameaçados do planeta. Foto: Campos et. /Science Advances.

Manaus, AM – A proteção de áreas altamente prioritárias para a biodiversidade de anfíbios na Mata Atlântica, mas que estão fora de Unidades de Conservação, custaria U$ 26,5 milhões (cerca de R$ 88 milhões) por ano. A estimativa é apresentada em um artigo publicado nesta quarta-feira (21 de junho) na revista  Science Advances, assinado pelo biólogo brasileiro Felipe Siqueira Campos e outros três pesquisadores.

Esse investimento poderia proteger 90% da biodiversidade de anfíbios do bioma, levando em consideração também outros critérios, além da variedade de espécies. O estudo leva em consideração a diversidade filogenética, que demonstra a distância evolutiva, e também a funcional, que inclui características morfológicas, ecológicas e fisiológicas das espécies.

O mapeamento apresentado no estudo indica que a maior diversidade funcional e filogenética de anfíbios a Mata Atlântica está na porção leste do bioma, da região central em direção ao nordeste. As áreas consideradas de mais alta prioridade estão principalmente nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. A Mata Atlântica abriga mais da metade dos anfíbios encontrados no Brasil, mas apenas 12,9% dela está preservada.

Estudo leva em consideração não apenas a diversidade de espécies, mas também características genéticas que elas carregam e funções biológicas, como a morfologia. Foto: Campos et. /Science Advances.
Estudo leva em consideração não apenas a diversidade de espécies, mas também características genéticas que elas carregam e funções biológicas, como a morfologia. Foto: Campos et. /Science Advances.

Segundo os autores, a soma desses critérios ajuda a compreender melhor o que pode ocorrer com a biodiversidade no futuro. “A utilização simultânea de diversidade funcional, filogenética e taxonômica pode ajudar a prever os efeitos de competição e filtragem ambiental nas comunidades ecológicas”, afirma Felipe Campos, que há quatro anos está na Espanha cursando doutorado na Universidade de Barcelona.

No estudo, os pesquisadores apresentam três modelos para representar a máxima biodiversidade (50%, 70% e 90%) que poderia ser protegida com o menor custo possível. Foram consideradas apenas áreas fora de unidades de conservação e que abrigavam pelo menos uma espécie ameaçada.
Eles concluíram que um total de 1.995,28 quilômetros quadrados de Mata Atlântica devem ser considerados como de alta prioridade para a conservação. De acordo com o estudo, hoje existem 9.309 quilômetros quadrados de áreas protegidas na Mata Atlântica (2.316,74 quilômetros quadrados de uso restrito).

O cálculo leva em consideração um estudo publicado na revista Science em 2014, que apontou o valor de US$ 13.227,00 anuais a serem pagos em média por serviços ambientais para cada quilômetro quadrado de Mata Atlântica preservada. “É um valor pequeno anual, que pode vir de um incentivo fiscal do governo ou uma ong ou empresa privada, que pode pagar por compensação ambiental”, acredita o biólogo brasileiro.

http://www.oeco.org.br/noticias/mata-atlantica-estudo-indica-onde-investir-para-conservar-melhor/ 
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VIDHA LINUS

CONSULTORIA AMBIENTAL LICENÇAS,ELABORAÇÃO EIV, PRAD. Av Radial B, 122 Bairro Mangueiral CEP 42807-380 CAMAÇARI - BAHIA 71 3040 5033 99168 5797 VBRAMBIENTAL@YAHOO.COM.BR

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