Equidade x Igualdade: Esclarecendo conceitos

Gislenny Benevides – Psicóloga e Neuropsicóloga, especializada em Docência do Ensino Superior e Pós Graduanda em Terapia Cognitivo Comportamental.

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08 Jan  2017  19:31h

Será que um dia vamos vivenciar o avanço de uma ciência, que possibilitará aos homens (sexo masculino) menstruarem, engravidarem e amamentarem seus filhos?  Ainda não sabemos e também não descartamos qualquer possibilidade ainda que essa seja um tanto quanto visionaria do ponto de vista ortodoxo, pois a ciência vive em constante evolução. O fato é que tal realidade utópica, hoje, ainda não é possível.

Esse contexto nos inquieta a pensar, que falar de igualdade de forma isolada, nos parece, já não dá conta de responder as demandas sociais, sobretudo as de gênero, existentes na atual sociedade, uma vez que o termo igualdade não pode abranger todos os aspectos físicos e psicossociais em sua plenitude mais ampla. É primordial enfatizar que os conceitos de igualdade e equidade de gênero não são sinônimos, apesar de terem significado semelhantes.

Outro dia me surpreendi pensando a respeito de uma frase, a qual a meu ver foi proferida em um tom irônico e preconceituoso, a qual fui obrigada ouvir essa semana. Devo confessar que, essa me causou certa indignação, pois foi perceptível a ignorância implícita no contexto, o qual ela foi produzida.

"Vocês mulheres, não querem tanto ter diretos iguais?!" Apesar do desconforto, essa frase me tomou em uma reflexão profunda, acerca do real conceito de Equidade e Igualdade de gênero.

Parece-me que estamos vivendo em um tempo, em que a idéia de igualdade se confunde com a falta de noção do real sentido de direitos e deveres. Assim o conceito de equidade, se perde em um cenário histórico social, que contraditoriamente, segue na contramão dos pressupostos básicos da evolução humana.

O que por sua vez, parece alimentar um machismo "encubado" em nossa sociedade. Ou seria simplesmente, uma espécie de fuga estratégica de responsabilidades igualitárias? Desculpem. Pegue-me pensando alto... rsrsrsr. Continuando, vamos ao conceito literário de igualdade e equidade.

A igualdade de gênero refere-se à perspectiva de que, tanto mulheres como homens, são livres para desempenhar as suas capacidades pessoais e tomar decisões sem as limitações exigidas por rótulos. No entanto, igualdade de gênero não significa que as mulheres e homens são idênticos, mas que os seus direitos, responsabilidades e oportunidades não são influenciadas pelo fato de terem nascido com sexos distintos.

A equidade está relacionada à construção de estratégias que promovam os mesmos resultados para todos, ou seja, as intervenções necessárias para que sejam reduzidas as desigualdades nas relações de gênero, de modo a ser reconhecido e admitido de uma vez por todas que existem diversas diferenças no papel de homens e mulheres nas famílias, nas organizações sociais e nas relações de trabalho, por exemplo.

A equidade entre gêneros significa que homens e mulheres devem ser tratados de forma justa, conforme suas respectivas particularidades humanas e sociais. O tratamento com base na equidade deve considerar valorizar e favorecer de maneira equivalente os direitos, benefícios, obrigações e oportunidades entre homens e mulheres.

A equidade de gênero seria, portanto, uma melhor aplicação do que entendemos por igualdade, compreendendo as variáveis: classe, etnia, idades, características físicas, psíquicas e por que não, sociais? O fato é que, esses conceitos não devem ser distorcidos ou confundidos, pois não se trata de uma simples confusão de definições. Mas de implicações, que podem alterar significativamente a visão sobre valores e fundamentos primordiais, na construção da personalidade e subjetividade humana.

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