Meio Ambiente & Desenvolvimento Humano

sábado, 12 de agosto de 2017

Mudança climática pode causar 152 mil mortes por ano no fim do século

Entre 1981 e 2010, só 5% da população da Europa foi exposta a eventos climáticos anormais. Entre 2071 e 2100, serão dois terços

(Rafael Marchante/Reuters)

 Incêndios florestais como os que devastaram Portugal no mês passado vão se tornar regra, e não exceção, se nada for feito para atenuar as mudanças climáticas que já estão em curso graças à ação humana. É o que revela um artigo científico publicado no começo do mês. 


A equipe do meteorologista italiano Giovanni Forzieri – à serviço da Comissão Europeia, o órgão executivo da União Europeia (UE) –, usou simulações de computador complexas para descobrir como o clima da Europa vai se comportar ao longo do próximo século caso a temperatura média do planeta continue subindo no ritmo atual. 

As previsões indicam que, entre 2071 e 2100, só no continente europeu, morrerão 152 mil pessoas por ano por causa de ondas de calor e desastres naturais como incêndios e inundações – todos consequências diretas ou indiretas do aquecimento global. 

Entre 1981 e 2010, só 5% da população da UE (25 milhões) foi exposta a eventos climáticos anormais – entre 2071 e 2100, serão 351 milhões de pessoas. Esse número equivale a cerca de dois terços da população prevista para a UE no final do século (518 milhões). Os países mediterrâneos serão os mais afetados. Espanha e Itália e o sul da França terão de lidar com 64 vezes mais mortes decorrentes do aumento da concentração de CO2 na atmosfera se nada for feito.

https://super.abril.com.br/ciencia/mudanca-climatica-pode-causar-152-mil-mortes-por-ano-no-fim-do-seculo/ 

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Canadá ordena que barcos reduzam velocidade para proteger baleias

Limite temporário será de 10 nós para os barcos de mais de 20 metros que atravessarem o golfo de São Lourenço. 

Por France Presse
Imagem feita com drone mostra a baleia orca L91 nadando com seu filhote, L122, nas águas da Columbia Britânica, Canadá. (Foto: AP/NOAA Fisheries Southwest Fisheries Science Center and Vancouver Aquarium)
Imagem feita com drone mostra a baleia orca L91 nadando com seu filhote, L122, nas águas da Columbia Britânica, Canadá. (Foto: AP/NOAA Fisheries Southwest Fisheries Science Center and Vancouver Aquarium)

O Canadá ordenou nesta sexta-feira (11) que os barcos de grande porte, sejam eles navios de carga ou cruzeiros, devem reduzir a sua velocidade quando passarem pelo golfo de São Lourenço, situado no leste do país, visando a proteção das baleias. 

"Para impedir a morte das baleias", o governo decidiu impor de forma imediata "um limite temporário de 10 nós para a velocidade dos barcos de mais de 20 metros quando atravessarem o oeste do golfo de São Lourenço". 

Assim, os barcos deverão reduzir quase à metade a velocidade até então permitida.
A orca é uma das espécies mais ameaçadas de cetáceos no mundo. Existem somente cerca de 500 exemplares atualmente nos oceanos. 

Uma dúzia de baleias apareceram mortas, foram rebocadas ou ficaram encalhadas desde o início da primavera no Hemisfério Norte, nesse golfo ou na costa noroeste dos Estados Unidos.
A maioria delas ficou presa em redes de pesca, ou apresentava sinais de colisão com navios. 

Multa para quem descumprir a lei será de 25 mil dólares canadenses (Foto: David Ellifrit, Center for Whale Research)
 Multa para quem descumprir a lei será de 25 mil dólares canadenses (Foto: David Ellifrit, Center for Whale Research)
Essa situação levou as autoridades a proibirem a pesca em várias zonas do golfo, em julho. 

 "É dever de todos nós velar pela proteção de nossos recursos marítimos para as futuras gerações e fazer tudo que está ao nosso alcance para impedir a morte das baleias", ressaltou o ministro dos Transportes, Marc Garneau.

As autoridades controlarão se a norma está sendo respeitada por meio de vigilância aérea e do uso de guardas-costas. Caso contrário, irão impor multas de até 25 mil dólares canadenses a quem descumpri-la. 

A redução da velocidade é "uma medida preventiva até que as baleias saiam das zonas de risco", disse o ministro. 

O ministro da Pesca, Dominic LeBlanc, estimou no início de agosto que existam cerca de "80 a 100" orcas no golfo de São Lourenço, "um número duas ou três vezes maior" que o registrado nos anos anteriores. 

Quando uma baleia aparece morta, o procedimento usual é rebocá-la para a terra para realizar autópsia, que definirá a causa da sua morte. 

 

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sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Forest Green Rovers, a ambição verde do primeiro clube de futebol vegano

Em estádio, comida é vegana, água para regar gramado é reciclada, pintura tem origem natural e energia vem de painéis solares. Time de quarta divisão deve ganhar novo estádio construído em madeira e com ecoparque.

Por France Presse
Entrada do estádio The New Lawn, do Forest Green Rover, em Nailsworth, na Inglaterra, em foto de 8 de agosto (Foto: Geoff Caddick/AFP)

 

Bem-vindos ao Forest Green Rovers, que se tornou o primeiro clube de futebol profissional ecologista e vegano, depois de 128 anos de história e de um presidente nômade transformado em empresário. 

Em Nailsworth, uma pequena cidade de 6 mil habitantes localizada nas colinas de Costwolds (oeste da Inglaterra), Dale Vince e seus 'Rovers' tentam transmitir uma mensagem através do futebol: um mundo diferente é possível.

Painéis de energia solar são vistos no estádio The New Lawn, do Forest Green Rover, em Nailsworth, na Inglaterra, no dia 8 de agosto (Foto: Geoff Caddick/AFP)
Painéis de energia solar são vistos no estádio The New Lawn, do Forest Green Rover, em Nailsworth, na Inglaterra, no dia 8 de agosto (Foto: Geoff Caddick/AFP)
 

Como em qualquer canto da Inglaterra, no New Lawn, o pequeno estádio do Forest Green, que recentemente ascendeu à quarta divisão, pode-se encontrar batatas fritas, tortas e cerveja, mas não 'hotdogs', porque a carne é proibida. 

As tortas são veganas, a água para regar é reciclada, a pintura tem uma origem natural e a energia procede dos painéis solares colocados no teto das arquibancadas.


Funcionários preparam o gramado orgânico do estádio The New Lawn, do Forest Green Rover, em Nailsworth, na Inglaterra, antes de uma partida contra o MK Dons, no dia 8 de agosto (Foto: Geoff Caddick/AFP)
Funcionários preparam o gramado orgânico do estádio The New Lawn, do Forest Green Rover, em Nailsworth, na Inglaterra, antes de uma partida contra o MK Dons, no dia 8 de agosto (Foto: Geoff Caddick/AFP)

Há também estações para recarregar as baterias dos carros elétricos, e as camisetas do time exibem o logo da ONG Sea Shepherd, que trabalha com a proteção dos oceanos.

'Mais saudável para as abelhas'

Apesar de sempre ter se chamado Forest Green (Floresta Verde), o clube só adotou esta política em 2010, com a chegada de Dale Vince, quando a entidade fundada em 1889 perto da fonte do Tâmisa estava afundada em um abismo financeiro. 

"Nos servimos do clube para nos dirigirmos a um público com o qual se fala pouco sobre os problemas ambientais: os fãs de futebol. Não damos sermão aos convencidos", explica Vince, que fundou a Ecotricity, "um híbrido entre uma ONG e uma empresa" especializado em energias renováveis. 

"Não me vejo como um empresário; sou um 'ambientalista', assegura este antigo viajante de 53 anos, que construiu seu primeiro aerogerador em 1990, quando vivia em sua caminhonete "como um hippie" sobre uma colina atrás do estádio. 

Mensagem e sucesso esportivo são "indivisíveis". "A mensagem tem mais peso se temos sucesso no campo. Temos um gramado biológico, mas isto não serve de nada se não formos excelentes. Seria inclusive negativo", acrescenta Vince, que sonha levar o modesto clube ao Championship (2ª divisão). 

Ele pretende, ainda, trasladar o time "em três ou quatro anos" ao primeiro estádio completamente construído em madeira, já projetado pelo escritório de Zaha Hadid, e que abrigará um ecoparque com uma incubadora de 'start-ups' verdes.


Torcedor exibe camiseta que provoca times adversários com a inscrição ‘vocês terão que comer houmous na próxima temporada porque o Forest Green Rover está na Football League’ (Foto: Geoff Caddick/AFP)
A chef do Forest Green Rover, Em Franklin, prepara refeições veganas antes de uma partida contra o MK Dons no estádio The New Lawn, em Nailsworth, na Inglaterra, no dia 8 de agosto (Foto: Geoff Caddick/AFP)
 
 
"Não temos que nos contentar com ser 'bio', temos que ser veganos. Não utilizamos derivados de animais", diz o jardineiro Adam Witchell, mostrando as algas que utiliza para fertilizar a grama, "cheias de nutrientes" e que procedem das Ilhas Hébridas (Escócia). "Removo as ervas daninhas com a mão. É mais saudável para mim, para os jogadores e para as abelhas". 

O que vale para o gramado, perfeito após a passagem de um robô cortador, vale para a comida servida aos jogadores e aos espectadores.

Como Agüero

"Eu era muito entusiasta com o desafio de tornar a comida vegana acessível a todos", afirma a chefe de cozinha Em Franklin. "Venham e provem: é bom, é saudável para seu corpo e para o meio ambiente! (...) Me disseram que as vendas aumentaram. A confiança se constrói". 

A chef do Forest Green Rover, Em Franklin, prepara refeições veganas antes de uma partida contra o MK Dons no estádio The New Lawn, em Nailsworth, na Inglaterra, no dia 8 de agosto (Foto: Geoff Caddick/AFP)
A chef do Forest Green Rover, Em Franklin, prepara refeições veganas antes de uma partida contra o MK Dons no estádio The New Lawn, em Nailsworth, na Inglaterra, no dia 8 de agosto (Foto: Geoff Caddick/AFP)
"Não é difícil fornecer aos atletas os nutrientes que necessitam, e especialmente as proteínas", acrescenta a chef, após preparar o prato da partida: um curry com ervilhas.
E no campo, tudo funciona bem. 

"Os jogadores estão muito em forma, como vimos na prorrogação", diz o técnico Mark Cooper, após sua derrota contra o Milton Keynes (de terceira divisão) na Copa da Liga (1-0) na quarta-feira. "Sergio Agüero diz que durante a temporada é só vegano. Se isto funciona com um dos melhores jogadores do mundo, também deveria servir para nós". 

"Me tornei vegetariano há seis meses. Não pensava nisso antes e realmente gostava do meu sanduíche de bacon no domingo de manhã", brinca o técnico. "Mas aqui, isso começa a te impregnar. (...) Aliás, tenho uma mensagem para a prefeitura: Façam as lixeiras maiores e as pessoas vão reciclar mais!".
E os torcedores, o que dizem de tudo isso? No bar-restaurante, Paul não gostou do hambúrguer vegetal. "É papelão com molho picante. Não me oponho, mas gostaria de poder escolher". 

Do seu lado, Martin, mecânico, afirma: "Gostei do que pedi. Não é o que eu mais gosto, mas se tem uma cara boa, eu provo". 

Os clientes sentem fata do popular 'fish and chips' e concordam em uma coisa: "Com leite de soja, o chá é nojento. Somos obrigados a beber cerveja", diz um dos torcedores.

 
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Vaticano apoia proteção ambiental no Brasil

Em comunicado enviado ao Ministério, Estado do Vaticano destaca engajamento brasileiro na pauta. Livro de Sarney Filho aborda o tema.

Sexta, 11 Agosto 2017 09:00

Henrique Horn Ilha
Estação Ecológica do Taim (RS)

DA REDAÇÃO
O livro do Ministro Sarney Filho sobre a encíclica papal Laudato Si’, conhecida como Encíclica Verde, por abordar questões socioambientais, motivou carta de agradecimento “à delicada homenagem”, enviada pelo Secretário de Estado Substituto do Vaticano, Dom Angelo Becciu, em nome do Sumo Pontífice.
A obra Um ambientalista à luz da encíclica Laudato Si’ foi lançada em 2015 pelo Ministro – que à época exercia mandato de deputado federal –, durante a COP 21. A publicação tem o objetivo de contribuir para a difusão da mensagem do Papa e promover uma reflexão sobre as questões ambientais no país. Sarney Filho destaca assuntos como mudança do clima, água, biodiversidade, educação ambiental, direitos indígenas e importância da sociedade civil organizada.
Laudato Si’, de 2015, enfatiza a importância da conservação ambiental. A forma como é tratada a questão foi louvada pelo Ministro à época do lançamento da encíclica: “além de apontar os problemas e suas causas, o Pontífice aponta o caminho para enfrentá-los”.
A carta do Vaticano cita trecho do texto papal, destacando a importância da educação ambiental para a promoção de uma “cidadania ecológica”, além de buscar animar “a todas as pessoas comprometidas com a defesa do meio ambiente a não esmorecerem na sua contribuição para a construção de um mundo ambientalmente mais saudável”.
Ao final, Dom Angelo afirma que o Papa Francisco ora pela “constante assistência divina e as maiores bênçãos do Céu” sobre cada membro do Ministério do Meio Ambiente e da Agência Nacional de Águas, juntamente com seus familiares.
Acesse:
Um ambientalista à luz da encíclica Laudato Si’
Laudato Si’

Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): (61) 2028-1227

 

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terça-feira, 8 de agosto de 2017

Cerca de 1,1 mil cabeças de gado morrem por suspeita de botulismo em fazenda de MS

Iagro suspeita que gado tenha se intoxicado ao consumir ração úmida embolorada.

Por Anderson Viegas, G1 MS

Animais morreram em fazenda em Ribas do Rio Pardo e a suspeita é de intoxicação por bactéria que causa o botulismo (Foto: Marca 7/Divulgação)
Animais morreram em fazenda em Ribas do Rio Pardo e a suspeita é de intoxicação por bactéria que causa o botulismo (Foto: Marca 7/Divulgação)
A Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro) está investigando a morte de 1,1 mil cabeças de gado no confinamento da Marca 7 Pecuária, na fazenda Monica Cristina, no município de Ribas do Rio Pardo, a cerca de 40 quilômetros de Campo Grande. Como os animais estavam praticamente prontos para o abate, a estimativa é que a mortandade tenha causado um prejuízo de aproximadamente R$ 2 milhões ao criador Persio Ailton Tosi. 

O diretor-presidente da Iagro, Luciano Chiochetta, disse ao G1 que as mortes começaram a ocorrer na quarta-feira passada (2) e que na sexta-feira (4) o proprietário comunicou ao órgão, que enviou uma equipe até o local. A suspeita, conforme ele, é de intoxicação por toxina botulínica, que teria ocorrido quando os animais ingeriram silagem úmida de milho, que estava embolorada. 

Vídeo no site G1

A suspeita clínica de morte do gado por botulismo, conforme Chiochetta, é fundamentada nos sintomas que os animais apresentavam quando estavam morrendo como: andar cambaleante e paralisia dos membros posteriores e depois dos inferiores até que ficavam deitados no chão. Depois o quadro se agravava com a paralisia total e parada cardiorrespiratória. 

Ele explica que uma equipe da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), que esteve no local, antes da chegada dos técnicos da Iagro, coletaram amostras que estão sendo analisadas nos laboratórios da agência e vão ajudar a confirmar as suspeitas da causa da morte dos animais. “Foram coletadas amostras do fígado e do rúmen dos animais mortos, da ração úmida de milho, da silagem comum, do feno e da água”, explica. 

O diretor-presidente da Iagro comenta que as suspeitas de que os animais tenham se intoxicado em razão da ingestão de silagem úmida embolorada porque esse produto é o que oferecia as condições mais propícias a proliferação da bactéria que causa o botulismo. “Outro tipo de silagem, a seca também de milho, foi oferecida além do gado a outros animais que não apresentaram sintomas da intoxicação. Além disso, logo que foi suspensa a alimentação dos animais com a ração úmida, as mortes terminaram, mas seguimos monitorando”, explicou. 

Ele também descartou a possibilidade da contaminação ter ocorrido em razão da água que o gado consome, porque os reservatórios foram limpos recentemente e outros animais da propriedade que ingerem o mesmo produto não apresentaram sintomas de intoxicação. 

Chiochetta ressaltou em relação a morte dos animais que se trata de uma suspeita clínica de botulismo e não de uma doença infectocontagiosa. “O botulismo é uma intoxicação que ocorre por toxina, por conta de uma bactéria que encontrou condições ideais para se multiplicar. Não é transmissível. O animal ingeriu alimento contaminado com a toxina da bactéria”. 

O diretor-presidente da Iagro revelou ao G1 que os animais mortos estão sendo enterrados em uma vala de 4 metros aberta em uma área elevada da própria propriedade. Em relação a outros 500 animais do confinamento que não morreram, ele disse que estão sendo monitorados, mas que houve uma mudança na alimentação. 

Chiochetta diz que ainda nesta terça-feira a Iagro deverá divulgar uma nota técnica sobre o caso.

Posição da empresa

O criador Persio Ailton Tosi divulgou no fim da manhã desta terça-feira uma nota onde aponta que todos os animais da propriedade, especialmente, os do confinamento já tinham sido vacinados, atendendo em obediência ao que recomenda o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e que logo que começaram a ocorrer as mortes de animais, foi acionada a UFMS e a Iagro e que todas as providências pertinentes foram tomadas, sendo um caso isolado, que não demanda uma preocupação com doença desconhecida ou epidemia.
Aponta ainda que a suspeita clínica é de botulismo, mas que é prematuro se antecipar aos lados de laboratório e diagnóstico dos técnicos convocados.

CONFIRA A ÍNTEGRA DA NOTA DIVULGADA PELO CRIADOR:

Confinamento de bovinos, na Fazenda Monica Cristina, em Ribas do Rio Pardo, de 02 a 05 de agosto teve ocorrência de mortes, mais de 1.000 bois confinados.
No momento, as mortes estabilizadas, contagem final ainda sendo apurada.
Propriedade organizada, com 42 anos na atividade pecuária, é uma de cinco fazendas, assistidas por três médicos veterinários, responsáveis pela nutrição e reprodução de todo rebanho.
De imediato foram requisitados, professores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, na área de clínica e patologia, comparecendo ao local, em diversas visitas, examinando todo rebanho, coletando material para pesquisa em laboratório, que possa identificar a causa da mortalidade.
A IAGRO foi notificado diretamente na pessoa do Presidente dr Luciano Chiochetta e na Delegacia Federal de Agricultura, o superintendente Celso Martins.
Todas providências pertinentes foram tomadas, em irrestrita obediência aqueles órgãos, enterrando os animais, em valas de 4 m de profundidade, em verdadeira operação de guerra, trabalho completado no último sábado, 05 de agosto pp.
Todos animais da propriedade, e especialmente aqueles do confinamento já tinham sido vacinados individualmente no tronco de contenção, em obediência ao que determina o Ministério da Agricultura.
As operações de confinamento na marca 7 Pecuária repetem-se já por 11 anos, com muita eficiência e respeito a sanidade e ao meio ambiente.
A fazenda produz 80% dos animais na categoria de novilho precoce, colaborando para produzir no Mato Grosso do Sul, a melhor carne do Brasil.
É caso isolado, não há o que preocupar-se em termos de doença desconhecida ou qualquer epidemia.
Suspeitas clínicas são de botulismo, entretanto é prematuro antecipar-se aos laudos de laboratório e diagnóstico dos técnicos convocados.
O produtor não pretende manifestar-se antes do diagnóstico dos técnicos, ao mesmo tempo em que agradece as manifestações de apoio de amigos e colaboradores que tão bem conhecem sua idoneidade e dedicação ao agronegócio.
Persio Ailton Tosi


 

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segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Comida para pets gera 64 milhões de toneladas de CO2 por ano

Estudo aponta que cães e gatos são responsáveis por 25% a 30% do impacto ambiental gerado pelo consumo de carne nos Estados Unidos

 Gato e cachorro comendo

Segundo a pesquisa, reduzir em um quarto a quantidade de carne utilizada nas comidas para os pets já seria suficiente para alimentar 26 milhões de americanos, o que reduziria drasticamente a produção pecuária e, consequentemente, a emissão de CO2 derivada dela (IStock/Getty Images)

O consumo de carne por cachorros e gatos de estimação, incluindo na forma de ração, gera 64 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, aponta um estudo publicado na última semana no periódico PLOS One. Esse valor corresponde ao mesmo impacto ambiental que 13,6 milhões de carros causam por ano.
Liderada por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, a investigação tinha como objetivo calcular a pegada ecológica desses animais de estimação. “Definitivamente não estou recomendando que as pessoas se livrem de seus animais de estimação ou os coloquem em uma dieta vegetariana, o que não seria nada saudável”, disse o professor de geografia da UCLA Gregory Okin, autor da pesquisa, em comunicado. “Mas acho que devemos considerar todos os impactos que os animais de estimação causam e termos uma conversa honesta sobre eles. Os pets têm muitos benefícios, mas também um enorme impacto ambiental.”


Segundo o estudo, gatos e cães são responsáveis ​​por 25% a 30% do impacto ambiental do consumo de carne nos Estados Unidos. Se os 163 milhões de felinos e caninos dos americanos formassem um país separado, sua nação peluda seria o quinto no ranking de consumo global de carne – atrás somente da Rússia, do Brasil, dos Estados Unidos e da China.
Em comparação a uma dieta baseada em plantas, a carne requer mais energia, terra e água para ser produzida e tem maiores consequências ambientais em termos de erosão, pesticidas e resíduos, observou Okin. Estudos anteriores já haviam determinado que a dieta dos cidadãos americanos produz o equivalente a 260 milhões de toneladas de dióxido de carbono, originadas na produção pecuária. Okin determinou quantas toneladas de gases de efeito estufa estão ligadas a alimentos destinados aos animais de estimação ao calcular e comparar a quantidade de carne que 163 milhões de gatos e cachorros comem contra 321 milhões de americanos.
Okin afirma que alguns dos produtos em alimentos para animais de estimação são mais adequados para consumo humano. Em sua pesquisa, ele confirmou que as comidas premium para cães e gatos geralmente contêm mais produtos de origem animal do que as comuns, e que a busca por esse tipo de ração está aumentando. Isso significa que os animais de estimação estão comendo cada vez mais cortes de carne adequados para humanos.
“Um cachorro não precisa comer bife”, disse o pesquisador. “Ele pode comer coisas que um humano não pode. Então, e se pudéssemos transformar alguns desses alimentos para animais em comida para pessoas?”. Segundo ele, se apenas um quarto da carne em alimentos para pets fosse consumida por seres humanos, seria possível alimentar mais 26 milhões de americanos, quase a população do Texas. Isso reduziria drasticamente a produção nacional de carne e os impactos gerados por ela.
Ainda assim, a esperança pode estar na própria indústria de alimentos para pets. Segundo ele, alguns passos já começaram a ser dados em relação a tomar medidas de sustentabilidade e que podem reduzir o consumo excessivo de carne por parte dos bichinhos, especialmente ao considerar fontes alternativas de proteína na fabricação das rações.
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Uma travessia nas alturas da Serra do Cipó

Por Duda Menegassi
O guia Bruno lidera o grupo na travessia por entre os horizontes de montanha. Foto: Duda Menegassi.
O guia Bruno lidera o grupo na travessia por entre os horizontes de montanha. Foto: Duda Menegassi.

A palavra de ordem no Parque Nacional da Serra do Cipó, em Minas Gerais, é andar. Para chegar em alguma das cachoeiras da unidade, por exemplo, o visitante é obrigado a encarar no mínimo 7 km de caminhada. A vocação não poderia estar mais clara com a implementação de uma trilha de longo curso. O trekking de 40 km tem como companhia constante as nuvens, o céu e as montanhas. Para onde quer que se olhe, lá estão esses três personagens, os protagonistas da travessia. E os montanhistas não são mais que coadjuvantes privilegiados da imensidão mineira.

Os caminhos de horizontes vastos foram o palco para quarta travessia comemorativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O aniversário de 10 anos do órgão ambiental foi celebrado por um grupo de aproximadamente 30 pessoas. Entre elas estavam o coordenador geral de Uso Público e Negócios (CGEUP) do ICMBio, Pedro Menezes; o gestor do parque, Flávio Cerezzo; além de representantes do Instituto Estadual de Florestas (IEF) de Minas Gerais e das prefeituras de Jaboticatubas e Santana do Riacho, municípios do entorno.

A caminhada soma 40 quilômetros e percorre cenários de Cerrado, de campos rupestres na altitude, e termina com um gostinho de Mata Atlântica, no sopé do povoado de Serra dos Alves, no limite sul do parque. A Serra do Cipó é uma zona de encontro entre os dois biomas, com o bônus da altitude, que transforma a unidade em área com grande incidência de endemismos, ou seja, de espécies que são exclusivas daquele habitat. Além disso, o Cipó é parte da grande cadeia de montanhas da Serra do Espinhaço, considerada a única cordilheira do Brasil. E que, em 2005, ganhou o título de Reserva da Biosfera e o reconhecimento de “berçário das águas”.

Prontos para conhecer de perto a biodiversidade e beleza cênica do parque, iniciamos a travessia na manhã de uma sexta-feira de julho (14/07). No roteiro, três dias de trilha nos esperam. A primeira etapa é a mais longa, com 17 quilômetros. O trekking começa em Alto Palácio, próximo a uma das bases de brigadistas, onde uma placa sinaliza o começo do percurso.

Placa que marca o início da travessia, em Alto Palácio. Foto: Duda Menegassi.
Placa que marca o início da travessia, em Alto Palácio. Foto: Duda Menegassi.

O dia amanheceu com o frio típico da serra, mas rapidamente esquentou quando começamos a movimentar o corpo. A travessia já começa nas alturas, a 1.350 metros de altitude, mas os primeiros 6 quilômetros são de subida, ainda que gradual. Enquanto subíamos, o vento gritava nos nossos ouvidos e nos empurrava, ora pela frente, ora pelos lados, infelizmente nunca pelas costas, para nos impulsionar para cima. Guia de ecoturismo na região há 10 anos e voluntário do parque, Bruno estimou a velocidade do vento em aproximadamente 29 nós, algo em torno de 54 km/h. Elemento comum na serra, o vento forte adicionou um charme aventureiro à travessia.

Charmes, aliás, não faltam no percurso. Como um intrigante círculo de árvores maiores, destoantes e indiferentes à vegetação baixa do entorno. Provavelmente uma mata de galeria, usufruindo dos privilégios de uma das incontáveis nascentes da Serra do Cipó.

Por volta das 11h, depois de 6.5 km de caminhada, começamos a descida que alcançará seu ápice, ou melhor, seu sopé, no Vale do Travessão, uma das paisagens mais famosas do parque nacional. No meio do caminho, entretanto, está um outro atrativo, menos conhecido entre os visitantes: pinturas rupestres. Em uma solitária e proeminente pedra, que com certeza passaria batida se Bruno não tivesse chamado nossa atenção, os desenhos de cor alaranjada retratam veados e o que parece ser um canguru (?!) ou um cavalo – mas quem sou eu para julgar os talentos artísticos do homem primitivo? Datadas com idades entre 8 e 2 mil anos, as pinturas revelam o passado da região, onde existem registros humanos de 12 mil anos atrás.

Pinturas rupestres são um atrativo inesperado na travessia. Foto: Duda Menegassi.
Pinturas rupestres são um atrativo inesperado na travessia. Foto: Duda Menegassi.

Em um tempo anterior à especulação imobiliária, o homem primitivo com certeza soube escolher bem onde morar. Isso porque, a apenas 1,5 km dali está o Vale do Travessão. O nome é uma referência ao seu histórico como lugar de passagem, por onde era possível atravessar o cânion no sentido norte – sul, como fazemos agora. O vale também representa um divisor de bacias hidrográficas que separa as águas do rio São Francisco, a oeste, onde predomina o Cerrado; e as do Rio Doce, a leste, zona de domínio da Mata Atlântica.

Nada melhor descreve o Vale do Travessão do que: impressionante. Os paredões de rocha se precipitam sobre o vale, soberanos, enquanto o rio do Peixe serpenteia lá embaixo, minúsculo entre os gigantes de pedra. Impressiona também a vegetação, que não se intimida, e sobe das margens do rio aos cumes, desfazendo com o verde a sobriedade das montanhas.

Depois de descer aos 1.000 metros de altitude para atravessar o vale, é hora de recomeçar a subida e voltar às alturas. Faltam 7,5 km para chegarmos no ponto de pernoite, a Casa de Tábuas. Enquanto subíamos a serra, o dia nublado permitiu frestas de sol e o resultado dos fechos de luz por entre as nuvens iluminando e sombreando aquele cenário montanhoso produziu efeitos similares ao divino.

O impressionante Vale do Travessão. Foto: Duda Menegassi.
O impressionante Vale do Travessão. Foto: Duda Menegassi.

Carlos Drummond, o poeta, escreveu que “Minas não é palavra montanhosa, é palavra abissal”. Se não poderia concordar mais com a segunda afirmação, ela me faz questionar a primeira, porque os tais espantos causados pelas paisagens de Minas Gerais são sim, bem montanhosos. E na Serra do Cipó isso se escancara com horizontes construídos de infinitos morros. Para todos os lados e nos mais variados formatos e alturas, eles dão a verdadeira dimensão do que é uma cordilheira. A Serra do Espinhaço se estende por mais de 1.000 quilômetros e vai do norte de Minas Gerais ao sul da Bahia, na Chapada Diamantina, em uma linha praticamente reta, como uma espinha, o que originou seu nome. A Serra do Cipó equivale a parte sul da cadeia, com altitudes que variam entre 650 e 1.670 metros.

Calcula-se que o surgimento da Serra do Espinhaço começou há cerca de 2 bilhões de anos, quando a região ainda era um oceano, através do choque entre placas tectônicas. No encontro das placas, houve o soerguimento de uma por cima da outra. O resultado foi o surgimento de uma crista rochosa onde todas as pedras se inclinam na mesma direção. É visualmente impressionante ver como as rochas se projetam diagonalmente com uma força como se, de fato, tivessem acabado de romper o ventre da terra. Quem pensa que as pedras não se movem, não conhece o Espinhaço. A peculiaridade pode funcionar até como bússola natural, sempre apontando o Oeste.

Fechos de luz cortam as nuvens e trazem ares divinos ao dia nublado. Foto: Duda Menegassi.
Fechos de luz cortam as nuvens e trazem ares divinos ao dia nublado. Foto: Duda Menegassi.

Chegamos na Casa das Tábuas no final da tarde. O abrigo é, literalmente, uma pequena casa construída rusticamente com tábuas de madeira, porém seu fogão à lenha garante um ambiente acolhedor na noite fria mineira. Sob os últimos raios de luz solar, todos rapidamente montaram suas barracas nos arredores do abrigo, que funciona como ponto de apoio dos brigadistas do parque. Durante a noite, quando uma neblina espessa caiu, antecipando a chuva forte que viria na madrugada, mesmo as cores das barracas mais vibrantes se perderam, camufladas pela bruma. A primeira noite na Serra do Cipó, em meio à névoa, parecia um cenário encantado de filme.

A Casa de Tábuas, abrigo do primeiro pernoite, envolta na névoa matinal. Foto: Duda Menegassi.
A Casa de Tábuas, abrigo do primeiro pernoite, envolta na névoa matinal. Foto: Duda Menegassi.

O segundo dia da travessia – por entre as nuvens

Pela manhã, a neblina persistia e agora se confundia com as fumaças das nossas respirações. A temperatura fez mineiros e cariocas baterem queixo lado a lado, sem distinção, e obrigou todos a deixarem o acampamento devidamente agasalhados. A quilometragem do segundo dia de travessia é de 12 quilômetros e, no caminho, alcançaremos o ponto mais alto do trekking: 1.614 metros de altitude.

Partimos em meio às brumas, com uma visibilidade baixa que às vezes não permitia que enxergássemos nem 50 metros à frente. Estamos dentro da nuvem e vez ou outra sentimos as gotículas de uma garoa exclusiva das alturas. No caminho, enxergamos o suficiente para nos maravilharmos com uma canela-de-ema gigante, uma das peculiaridades da Serra do Cipó, com mais de 500 anos de vida. Para se ter uma ideia, o indivíduo mais velho da planta encontrado no parque foi datado com aproximadamente 900 anos.

A neblina intensa escondia o entorno e, combinada com a vegetação rasteira, provou-se um desafio de orientação. Tanto que o próprio guia se confundiu e, quando vimos, não sabíamos por onde ir. Felizmente, conseguimos recuperar o prumo certo. A experiência – ainda que curta – de se perder, provou que ainda é preciso investir bastante em sinalização e manejo na trilha. A profusão de caminhos devido à vegetação baixa também colabora para que até montanhistas mais experientes possam se perder por ali. Atualmente, a única sinalização são algumas estacas com a parte superior pintada de amarelo. O parque não obriga a contratação de guias para quem quiser fazer o trekking, mas é recomendável (e prudente) a companhia de alguém que conheça os caminhos da unidade.
A travessia foi oficialmente inaugurada em outubro de 2015 e o trabalho de sinalização e manejo ainda está em andamento, com apoio dos voluntários e dos brigadistas - uma vez que a trilha também funciona como via de acesso para combater incêndios no interior do parque.

Em meio à neblina e ao clima inóspito, a Serra do Cipó floresce. Foto: Duda Menegassi.
Em meio à neblina e ao clima inóspito, a Serra do Cipó floresce. Foto: Duda Menegassi.

Diante da neblina e do frio, o clima parece inóspito, mas a Serra do Cipó surpreende com flores e cores que brotam na paisagem como se ali houvesse uma primavera particular. De acordo com Bruno, a melhor época para conhecer o “jardim do Brasil”, como descreveu o próprio Burle Marx, é no verão. Quando o capim-estrela, espécie de gramínea com flor em formato estelar na ponta, transforma os campos em verdadeiras constelações terrestres; e quando as sempre-vivas estão todas em flor.
Assim como as orquídeas, as bromélias e as canelas-de-ema, além de outras pequenas flores das mais variadas cores e formatos que, juntas, enfeitam o relevo acidentado das alturas. O parque já registrou, inclusive, espécies micro endêmicas de flora, ou seja, que só acontecem em um determinado e restrito lugar, como a Coccoloba cereifera, cuja área de ocorrência é inferior à 30 km². É um atrativo à parte da travessia descobrir a riqueza dos campos rupestres e ver como, mesmo sob condições extremas, num solo sob rochas de quartzito, raso e ácido, a vegetação consegue florir.

Quando começávamos a descida final para alcançar o abrigo de pernoite, por volta das 13h, o tempo abriu e revelou os horizontes escondidos até então pela neblina. Foi como se o visual da serra nos tomasse de supetão e, de repente, caísse a ficha de onde estávamos, para garantir mais um “uau” antes de encerrar o dia. Os últimos dois quilômetros com os horizontes descortinados em contornos de montanhas foram um presente sob medida. Pouco depois de chegarmos nos Currais, nosso ponto de pernoite, as nuvens novamente invadiram os céus e nublaram a paisagem.
 
Os Currais são outro lugar de apoio aos brigadistas. Durante a época seca, quando os incêndios são mais comuns e perigosos, eles fazem plantão dentro do parque. Naquela noite de sábado, cinco deles estavam na casa. Ao todo, a unidade conta com uma equipe de 36 brigadistas. A estrutura do abrigo é simples: uma fossa séptica, um fogão à lenha e, o luxo, a possibilidade de conseguir um banho morno com água esquentada direto no balde. Dispensei a mordomia para me banhar no rio próximo ao camping para renovar as energias e sentir na pele as águas límpidas – e congelantes, confesso - que nascem no Cipó.

Os brigadistas de plantão nos Currais, um dos abrigos da travessia. Foto: Duda Menegassi.
Os brigadistas de plantão nos Currais, um dos abrigos da travessia. Foto: Duda Menegassi.

O terceiro dia de caminhada

O terceiro e último dia de trekking começou às 9h30. Faltam apenas 11 quilômetros para concluirmos a travessia e, como um presente de despedida da serra, o dia amanheceu aberto, com pedaços de céu azul. O tempo limpo foi especialmente generoso quando estávamos em meio a uma espécie de planície cercada de morros e, mais uma vez, a imensidão mineira exibiu sua natureza abissal, como diria Drummond.

Diante dessa verdadeira paisagem cinematográfica, a equipe da Caravela Filmes, que acompanhou toda travessia, tirou o drone da mochila para tentar traduzir em imagens aéreas de alta resolução o que transborda nos olhos de quem está lá, ao vivo. A gravação faz parte de uma futura série sobre os parques nacionais – da qual já sou audiência garantida.

As imensidões da Serra do Cipó. Foto: Duda Menegassi.
As imensidões da Serra do Cipó. Foto: Duda Menegassi.

Depois de 5 km praticamente planos, uma leve subida nos coloca no topo da Serra dos Alves. “Agora é só descida”, adianta o gestor. De fato, sairemos dos 1.400 metros para menos de 800 metros de altitude no nosso ponto de chegada. Próximo ao sexto quilômetro, uma placa sinaliza os limites do parque. De agora em diante a travessia segue no território da Área de Proteção Ambiental (APA) Morro da Pedreira que, com seus quase 100 mil hectares de extensão, envolve o parque nacional, com 33 mil. Ambas unidades são federais e atuam de forma integrada pela conservação na região.

Apesar de hoje o trecho estar tecnicamente fora do parque, a previsão do gestor é de que a área seja futuramente anexada, com uma ampliação da unidade. O novo território, de cerca de 1.600 hectares, viria a partir de uma compensação ambiental da Vale, e abrangeria esta parte final da travessia. De acordo com Flávio, “a previsão é de que até 2018 ocorra a conclusão da regularização fundiária e o repasse das terras pela Vale à União”.

A trilha serpenteia morro abaixo até que, numa curva, o cenário se expande em forma de cânion. Lá embaixo, corre o rio Boca da Mata e, em cima, uma pedra forma um morrete que se posiciona como um mirante estratégico, na beira do precipício. Do alto, é inevitável se impressionar ainda mais com o visual de infinitudes da Serra do Cipó. Mais adiante, com localização igualmente privilegiada, está uma casa abandonada. No meio do cânion, entre as paredes rochosas, ela parece se precipitar em direção ao horizonte. Atualmente desocupada, com a ampliação ela pode se tornar um futuro abrigo para travessia.

Por cima do cânion do rio Boca da Mata, um visual de imensidões. Foto: Duda Menegassi.
Por cima do cânion do rio Boca da Mata, um visual de imensidões. Foto: Duda Menegassi.

Na medida em que descemos, o ambiente vai mudando e a vegetação rasteira vai se transformando em floresta. São as influências da Mata Atlântica, que predomina na parte leste do parque. Antes da chegada, um último obstáculo, uma pinguela, uma ponte banguela, onde as tábuas de madeira estão rusticamente presas por cabos de aço enferrujados pelo tempo. Terminamos a travessia no começo da tarde, a tempo de um almoço de comida caseira na comunidade de Serra dos Alves. Os 40 quilômetros podem parecer muito comparado a outras trilhas de longa duração, mas é só o começo para o Parque Nacional da Serra do Cipó. De acordo com o gestor, “a nossa perspectiva é ampliar o percurso para cerca de 70 quilômetros, com diferentes opções de composição de trajeto”. Existe até a opção de criar uma travessia circular, que alcançaria a quilometragem 85. Afinal de contas, a palavra de ordem por aqui é andar - e cada passo vale a pena.


O caminho de 40 km percorrido nos três dias de travessia, com os pontos de pernoite. Em vermelho, os limites do parque.
O caminho de 40 km percorrido nos três dias de travessia, com os pontos de pernoite. Em vermelho, os limites do parque.

Travessia Alto Palácio x Serra dos Alves Onde: Parque Nacional da Serra do Cipó (MG)
Distância: 40 quilômetros
Pernoite? Sim. São dois pernoites, realizados em dois abrigos, Casa de Tábuas (km 17) e Currais (km 29).
Para realizar a travessia é necessário fazer o agendamento no ecobooking. É recomendado contratar um guia local.


*Duda Menegassi é jornalista de ((o))eco e à convite do ICMBio irá acompanhar as dez travessias em unidades de conservação que serão realizadas em comemoração aos dez anos do órgão ambiental.

http://www.oeco.org.br/reportagens/uma-travessia-nas-alturas-da-serra-do-cipo/ 
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VIDHA LINUS

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