Meio Ambiente & Desenvolvimento Humano

sábado, 8 de abril de 2017

Trade turístico aposta em feriadão para manter ocupação dos leitos no estado

Até o final do ano acontecerão 10 feriadões, o primeiro deles já na Páscoa
Eduardo Bittencourt e Priscila Natividade (mais@correio24horas.com.br)
Atualizado em 04/03/2017 11:58:10

 Daqui até o final do ano são, pelo menos, dez feriadões. Só para o primeiro semestre está prevista a metade deles. A grande quantidade de finais de semana esticados anima o trade turístico que, após o Carnaval, busca alternativas para segurar a ocupação durante o período de baixa estação, como afirma a Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav-BA). A entidade estima um crescimento de 40% na procura para os feriadões, na comparação com o mesmo período do ano anterior

O Vale do São Francisco é uma das apostas das operadoras (Foto: Tom Alves/Divulgação)
“Tem agências que estão montando pacotes para o Réveillon na Europa, o que acaba facilitando a forma de pagamento para quem quer viajar. Esses feriados mais longos estimulam a expectativa de aquecimento para a baixa estação”, pontua o presidente da entidade, Jorge Pinto.
Outro atrativo está no preço. Por conta do período, de março até junho, o valor  dos pacotes, comparado com a alta estação, chega a cair entre 35% e 50%.“O que ainda emperra o fator preço são os valores praticados pelas companhias áreas”, assegura.
Entre os destinos mais procurados para feriados, como a Semana Santa,  estão Morro de São Paulo, Porto Seguro, Chapada Diamantina, Linha Verde (com destaque para Praia do Forte e Guarajuba) e Ilhéus/ Itacaré. “São polos turísticos que têm sido bem trabalhados com aproveitamento da ocupação acima de 90%”, acrescenta Pinto.
Se,  por um lado, os feriadões aumentam a venda de pacotes para o turismo doméstico, 
no  turismo de negócios a expectativa não é tão positiva, como assegura o presidente 
da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FEBHA), Silvio Pessoa. “Os feriados são muito positivos no turismo doméstico só que  as pessoas que antes vinham a negócios deixam de vir porque a quantidade de dias úteis na semana diminuem.  Se, antes, os feriados davam um ‘plus’ na receita, com a crise são eles que ajudam a fechar a conta”.
Ainda assim, de acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Glicerio Lemos, vale a pena apostar nos feriados prolongados. “Precisamos promover mais a Bahia neste período para disputar  turistas com outros estados”.

Praia do Forte é uma das opções entre os destinos preferidos (Foto: Angeluci Figueiredo/CORREIO)
Malas prontas

Na Shalom Turismo, a estratégia para vender mais pacotes no Feriado da Semana Santa foi não oferecer apenas os destinos tradicionais, mas também montar grupos com apelo no enoturismo pelas vinícolas do Vale do São Francisco. “A minissérie Amores Roubados e a novela Velho Chico, da Rede Globo, deram uma força maior a esse destino. A gente aproveita o que está acontecendo no momento”, pontua o sócio da operadora, Luiz Augusto Leão. Cerca de 30% das vagas para o Vale do São Francisco estão reservadas. “É nesse momento pós-Carnaval que as vendas intensificam”.
A viagem para conhecer o Vale do São Francisco é a opção do aposentado Edson Ribeiro para o próximo feriadão. “Gosto muito de vinho e estava atrás de conhecer um lugar que me proporcionasse uma experiência diferente”.
Na hora de decidir, pesou na escolha um pacote que coubesse no bolso. “Dinheiro não está fácil, mas viajar é bom. Tento sempre me antecipar, pesquisar bastante. A forma de pagamento também ajuda. Dividi a viagem em sete vezes, o que facilitou muito”, conta.
Preço

O CORREIO garimpou algumas opções de pacotes para a Semana Santa com preços que vão de R$ 223 para Porto Seguro na CVC a R$ 2.384, pela mesma operadora, só que no feriado de Tiradentes.
Os pacotes podem ser pagos em até 10 vezes no boleto ou cartão de crédito. No cartão CVC & Bradesco, o parcelamento chega a até 12 vezes. A gerente de Marketing da CVC na Bahia, Yuka Sousa, ressalta  que nos feriados os pacotes sofreram queda de 15% a 20%. “Estamos criando pacotes curtinhos e próximos à residência do turista, para que o mesmo possa viajar sem comprometer o orçamento. Nesse caso, o cliente viaja com o próprio carro e contrata somente as diárias de hospedagens”.
Para o sócio da Alcance Turismo, Luiz Zelada, os destinos internos que não incluem passagem aérea nos pacotes tendem a reduzir ainda mais o valor. “As passagens ainda estão caras. Os preços não caíram. Por isso, para quem opta por ir de carro ou ônibus, a gente tem como negociar um valor ainda mais em conta”.
Zelada também percebe um aumento maior na procura antecipada pelos feriadões. Pacotes em Morro de São Paulo e Lençóis estão esgotados para a Semana Santa. “Sem dúvida, a venda para a Páscoa está indo muito bem, sentimos que as pessoas não deixaram de viajar, mas querem economizar e por isso se planejam bem antes”, destaca.
Pacotes para o feriado
Porto Seguro 
Na Páscoa, há opções de pacotes de 3 noites na CVC com valores a partir de R$ 223 por pessoa em apartamento duplo no Hotel Praia Mar com café da manhã. 
Itacaré 
No pacote de quatro noites da Alcance Turismo com acomodação no Hotel Aldeia do Mar, a hospedagem com café da manhã em apartamento duplo fica por R$ 880 (por pessoa).  
Itacimirim  
Na Alcance Turismo, quatro noites com hospedagem na Pousada da Espera com 
direito a café da manhã sai por  R$  780.
Sauipe Resorts 
Com duração de três noites durante o feriado da Páscoa, a CVC tem pacotes a partir de R$ 1.642 por pessoa com sistema all inclusive.
Vale do São Francisco  Na Shalom Turismo, o pacote de quatro dias inclui passagem aérea, hospedagem, transfer e mais passeios por R$ 1.995. 

Morro de São Paulo Para o Feriado de Tirandentes, a CVC tem um pacote que contempla quatro noites a partir de R$ 670 por pessoa com hospedagem no Catavento Praia Hotel.
Porto Seguro  O pacote de quatro noites da Alcance Turismo com hospedagem no Hotel Toko Vilagge fica por R$  760 por pessoa.
Trancoso  Também na Alcance Turismo, quatro noites na Pousada Brisas do Espelho custam R$  1.520.
Costa Brasilis Resort  No pacote da Alcance Turismo, quatro noites no resort com regime all inclusive saem por R$ 1.760.
Praia do Forte   No feriado de Tiradentes, a CVC tem pacotes para hospedagem no Iberostar Praia do Forte com valores a partir de R$ 2.344 por pessoa em apartamento duplo e com direito ao sistema all inclusive durante os quatro dias.
Share:

Tombamento permite acesso a verbas para restauração

Sáb , 08/04/2017 às 10:32 | Atualizado em: 08/04/2017 às 10:37
Gilson Jorge     A TARDE
Inaugurado em 1946, o Edifício Sulacap tem formas que remetem a um navio transatlântico - Foto: Mila Cordeiro | Ag. A TARDE
Inaugurado em 1946 como sucursal da Companhia Sulamérica de Capitalização, e depois eternizado como o ponto em que os trios elétricos fazem a  curva, o Edifício Sulacap está em processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac). E o melhor efeito prático é que isso facilita a captação de recursos oficiais para a reforma do prédio. Algo que já está sendo feito pelo condomínio de outro edifício icônico de Salvador, o Oceania, na Barra.
Pela lei, um imóvel tombado em função de sua importância histórica, cultural ou arquitetônica  não pode ser demolido nem sofrer alterações na fachada. Mas podem se habilitar a financiamento público e até privado para a realização de reformas. Como está acontecendo com o Edifício A TARDE, na Praça Castro Alves, que vai se tornar um hotel de luxo.
Depois de décadas em que a  preocupação com a conservação de imóveis em Salvador limitou-se ao casario colonial, prédios modernos, art déco e neoclássicos começam a despertar mais interesse.
Formas aerodinâmicas
“O Sulacap detém formas aerodinâmicas que remetem ao design industrial, aos transatlânticos, trens e automóveis, sugerindo velocidade, mais um item da modernidade urbana na arquitetura Déco”,  afirma a arquiteta do Ipac Lígia Larcher.  Especialista em art déco, Lígia foi  autora do parecer para tombamento do prédio, que na década de 60 abrigou em uma de suas 121 salas um estúdio onde Gilberto Gil gravou. 
Tombado pelo Iphan, o Solar Amado Bahia foi construído entre o final do século XIX e o começo do século XX, por Francisco Amado Bahia, um próspero comerciante de carnes que mandou vir da Europa materiais como o ferro fundido, utilizado na varanda.  “Alguns prédios, como o solar,  são exemplos de edificações únicas, em que se utilizou o melhor material disponível na época”, ressalta o vice-presidente do Conselho de Arquitetos e Urbanistas da Bahia (CAU), Raul Nobre.
O arquiteto salienta que, além do valor arquitetônico,  algumas dessas edificações foram valorizadas pela localização estratégica. Enquanto o Edifício Sulacap ocupava a esquina da Avenida Sete com a Rua Carlos Gomes, à época um reduto elitista, o Oceania foi construído justamente no encontro entre o Oceano Atlântico e a Baía de Todos-os-Santos.  
Vai virar museu
Tombada pelo Ipac, a Casa de Azulejo,  no Comércio, deve tornar-se a sede do Museu da Música, a ser construído com recursos do Prodetur. O secretário  de Cultura e Turismo de Salvador, Cláudio Tinoco, declarou  que o processo de implantação do museu tem três dimensões: projeto, modelo de operação e disponibilidade da área.  “O imóvel ainda está sob a posse e responsabilidade dos proprietários privados”, afirmou Tinoco, ao comentar a degradação contínua do imóvel.
Desde o ano passado, a prefeitura de Salvador também está autorizada a fazer tombamentos e já tombou o terreiro Vodun Zô, na Liberdade,  e o Monumento ao Cristo Redentor, na Barra.
Solar Amado Bahia: varandas de ferro fundido,  vindo da Inglaterra (Foto: Mila Cordeiro | Ag. A TARDE)

Share:

Olimpíada de Robótica está com inscrições abertas para estudantes de todo o país

  • 08/04/2017 13h36
  • Rio de Janeiro
Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Estudantes do ensino fundamental e médio de escolas públicas e privadas de todo o país podem se inscrever, até o próximo dia 20 de maio, na Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), no site, que este ano tem a coordenação-geral da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). No ano passado, quando a OBR completou 10 anos, a coordenação coube à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O coordenador-geral da edição deste ano da olimpíada, professor Rafael Vidal Aroca, da UFSCar, disse à Agência Brasil que, também, escolas de atividades extracurriculares, como organizações não governamentais (ONGs) que dão aulas extras, podem participar do certame. As provas teóricas começam em junho, na escola do aluno inscrito. A organização da OBR envia o material, “a própria escola aplica a prova, manda os resultados para a coordenação, a gente faz a pontuação e envia as medalhas, a premiação”, disse Aroca.

Ele esclareceu que não há obrigatoriedade de o aluno fazer a prova teórica para concorrer na prova prática, programada para o período de 8 a 11 de novembro, em Curitiba, no Paraná, onde ocorrerá também a final da competição. “Elas são independentes”, disse. Isso ocorre porque, às vezes, a escola ou os alunos não têm recursos para construir um robô. “Então, ele faz só a prova teórica, porque ela já traz conceitos, explicações, sobre robótica. É uma oportunidade totalmente gratuita de a escola envolver os alunos com a robótica”.

Como a prova prática exige que se construa um robô, a OBR admite a possibilidade de alguma empresa ou entidade patrocinar a construção do protótipo. De maneira geral, a maioria das escolas compra material para os alunos que, muitas vezes, fazem “vaquinha” (coleta de dinheiro) ou pedem ajuda aos pais, afirmou Aroca.
Em sua décima primeira edição, a OBR espera suplantar com vantagem o resultado do ano passado, que registrou 111.287 estudantes inscritos e 2.968 equipes inscritas na prova prática. O crescimento, segundo o coordenador-geral, está sendo “exponencial” nos últimos cinco anos. Daí, a expectativa para 2017 é atingir 135 mil inscrições.

Novidades

Na avaliação de Rafael Vidal Aroca, trabalhar em um projeto de robótica é uma oportunidade muito relevante para a formação dos jovens, não apenas pelo conhecimento técnico, mas para aprender a trabalhar em equipe, superar desafios, resolver problemas, se organizar. “A gente acredita, e nós vemos resultados disso, no desenvolvimento de habilidades especiais também. Além de aprender um pouco sobre eletrônica, mecânica, matemática, ainda tem essas vantagens. É muito benéfico”, disse.

Este ano, a OBR traz muitas novidades para motivar os alunos. Entre elas, o prêmio 'maker' para a equipe que construir um robô com o menor número de peças de kits prontos, informou Aroca. “A gente está muito animado e contando com a participação dos alunos do ensino fundamental e médio do Brasil”. Outra novidade são os desafios surpresa que acontecerão nas provas práticas, em que tarefas especiais serão sorteadas na hora dos eventos para que as equipes façam adaptações em seus robôs.

Alguns estados farão também a integração da OBR com a Mostra Nacional de Robótica (MNR) que este ano perdeu o apoio do governo federal. “O organizador regional ou estadual vai se responsabilizar por montar uma mostra na região dele”. Exemplos já acertados são da Bahia, do Paraná, de Mato Grosso e do interior de São Paulo. A coordenação-geral está procurando ajudar no que for possível, excetuando recursos financeiros, para dar oportunidade para os alunos mostrarem o que estão criando para benefício da comunidade, dentro e fora da escola.

Desastre natural

O robô construído para disputar a modalidade prática da OBR participa da simulação de um desastre natural. As equipes de estudantes têm então a missão de construir um robô inteligente, sem uso de controle remoto, com um software (programa de computador) interno que o torne capaz de andar por um terreno acidentado, localizar vítimas e resgatá-las para um local seguro. “Isso não é diretamente aplicável à sociedade”, disse o professor da UFSCar. “Mas é um exercício e, em uma escala maior, poderia ser replicado”, destacou Aroca.

Outra atividade nova que a OBR traz este ano prevê que as equipes poderão criar um diário ou 'blog' no Facebook. Aroca declarou que a ideia é incentivar as equipes a trocar informações e se ajudarem mutuamente. A intenção é, nos próximos anos, premiar as equipes que mais compartilharem informações. A primeira equipe a criar uma página na rede social foi a Jegue Robotics, de Fortaleza, Ceará.

Rafael Aroca assegurou que para a educação e formação das crianças e jovens, a robótica é, “sem sombra de dúvida”, uma disciplina interessante. Pesquisas feitas com alunos e professores revelam que trabalhar com robótica ajuda a absorver novos conhecimentos. “Mais de 90% dos alunos e professores relataram que fica mais motivador estudar outras disciplinas quando tem robótica envolvida”. A robótica ajuda a entender conceitos de matemática, geometria, física, até mesmo inglês e português, afirmou. Segundo Aroca, a multidisciplinaridade acaba sendo enfatizada na hora que a escola usa a robótica como elemento para agregar vários assuntos e motivar os estudantes.
Edição: Aécio Amado
Share:

Entendendo como funciona a "revisão médica".

Esclarecendo o mistério do "retorno médico": Pague um e leve dois?


07 MAR 2017  14:39h     
  Dr Fábio Araujo é Médico Infectologista do Instituto de
 Infectologia Emílio Ribas e do Centro de Referência e
Treinamento em DST / Aids em São Paulo, Capital.

A maioria dos pacientes de consultórios particulares acredita que a cobrança da consulta médica segue uma lógica da promoção "pague um / leve dois", que se ele pagar por uma consulta, tem automaticamente direito a um retorno. Não é assim. Vamos esclarecer:

O retorno da consulta serve unicamente para esclarecer algo que ficou pendente: um resultado de exame, a avaliação de um tratamento, a abordagem de um efeito colateral, etc.

Se em uma consulta a situação foi resolvida, não há retorno. Se o paciente retornar na semana seguinte por outra razão, é outra consulta.

Paciente vem com queixa de dor de cabeça, que piora ao abaixar, febre e catarro amarelo do nariz. Somente pela história e exame físico fez-se o diagnóstico de sinusite. Antibiótico prescrito. Paciente curado. Caso encerrado [não há retorno].

O exame físico não foi suficiente para fechar o diagnóstico. Pede-se uma imagem (raio x, tomografia, ressonância). Retorno breve para avaliar a imagem e prescrever a conduta.

Dois dias após uso do antibiótico o paciente desenvolve alergia. Retorno imediato para avaliação e conduta.

Se o paciente que teve a sua sinusite diagnosticada e tratada a contento com uma única consulta voltar duas semanas depois porque viajou para a praia e pegou "bicho geográfico", trata-se de uma nova consulta, já que a situação atual não tem nenhuma vinculação com a anterior.

Pacientes em acompanhamento de longo prazo, como pessoas com diabetes, hipertensão, hiv, não têm "retorno" da consulta, a menos que eventualmente uma situação de retorno se configure: exame denotou que o diabetes está descompensado, que houve rebote da carga viral do hiv, etc.
Share:

Necessidade de pesticidas no combate à fome é um mito, diz ONU

Relatório sustenta que é possível alimentar as 9,6 bilhões de pessoas que vão habitar a terra em 2050 sem o uso dessas substâncias

                  VEJA/ABRIL
Safra deve bater novo recorde em 2014 no Brasil (Cristiano Mariz/VEJA)

“É hora de derrubar o mito de que pesticidas são necessários para alimentar o mundo” afirmou Hilal Elver, relatora da Organização das Nações Unidas (ONU), na semana passada. A especialista em leis ambientais apresentou, junto a Baskut Tuncak, um novo relatório no qual defende que o uso de pesticidas não contribui para a erradicação da fome, sendo ainda prejudicial à saúde e à alimentação. Hial disse também que é hora de se “criar um novo processo global de transição para comidas e modos de produção mais seguros e saudáveis” durante a apresentação do documento, no Conselho de Direitos Humanos da entidade.
A publicação condena o uso de pesticidas e defende que é possível alimentar as 9,6 bilhões de pessoas que vão habitar a terra em 2050, segundo projeções da ONU, sem o uso das substâncias. Isso porque a produção alimentícia atual já têm a capacidade de suprir a demanda de 9 bilhões de indivíduos e que o problema está na “pobreza e desigualdade”, afirmou Hilal. No entanto, para a Associação de Proteção à Colheita, na Grã-Bretanha, segundo dados da própria ONU, sem o uso de ferramentas que protegem as plantações, “se perderia 80% da colheita para insetos, ervas daninhas e doenças”.

Riscos dos agrotóxicos

O recente relatório traz dados do impacto dessas substâncias, cujo uso cresceu “dramaticamente” nas últimas décadas, no meio ambiente e na saúde do homem. Ele menciona um estudo da Universidade de Lund, de 2013, que conclui que os praguicidas são responsáveis por, aproximadamente, 200 mil mortes envenenamento agudo. E, 99% delas são em países em desenvolvimento, segundo dados da ONU e da Organização Mundial da Saúde, onde “saúde, segurança e regulações ambientais são mais fracas e aplicadas com menos rigorosidade”, de acordo com o texto da ONU.
Conforme divulgado pelo órgão, a exposição crônica a pesticidas tem sido associada ao câncer, ao Alzheimer, ao Parkinson e a distúrbios hormonais, de desenvolvimento e de esterilidade. Agricultores, comunidades que vivem perto de plantações, indígenas, mulheres grávidas e crianças são os mais vulneráveis ​​à exposição desses componentes químicos e requerem proteções especiais. Para os especialistas, é obrigação dos estados defender sua população desse perigo oferecido. “Sem uma regulamentação harmonizada e rigorosa sobre a produção, venda e níveis aceitáveis ​​de utilização de pesticidas, a carga dos seus efeitos negativos é sentida pelas comunidades pobres e vulneráveis ​​nos países que têm mecanismos de fiscalização menos rigorosos”.
Além disso, esses agrotóxicos são resistentes, persistindo por décadas na natureza e contaminando o solo e a água, o que compromete a biodiversidade e oferece uma ameaça de contaminação para todo o ecossistema. Os especialistas mencionaram que os neonicotinóides, insecticidas derivados da nicotina, são ainda mais assustadores, já que podem estar relacionados ao desaparecimento de abelhas no mundo. Eles disseram que o consequente desbalanço prejudicaria 71% da produção de alimentos polinizados pela espécie.
Essas substâncias também apresentariam um grande risco para os consumidores. “Os maiores níveis de pesticidas são quase sempre encontrados em legumes, folhas verdes e frutas, como maças, morangos e uvas”. Eles também podem “se acumular biologicamente em animais de fazenda” que os consomem e acumulam na gordura corporal, sendo encontrados em ovos e no leite, segundo o texto.
Para a ONU, esses desafios apresentados pelos pesticidas são ainda mais dificultados pelas corporações que os produzem. De acordo com o documento, essa indústria “nega sistematicamente” os danos causados pelos agrotóxicos e as “estratégias de marketing antiéticas” dessas empresas “continuam iguais”.
O parecer ainda acusa o oligopólio, composto por “Monsanto e Bayer, Dow e Dupont e Syngenta e ChemChina” que controla 65% das vendas de pesticidas, de “conflito de interesses”, já que essas corporações também controlam a venda de quase 61% das sementes, conforme o texto. Os relatores também condenam os esforços dessas indústrias em “influenciar políticos e reguladores, obstruindo reformas e paralisando restrições globais à pesticidas”.

Uso de pesticidas no Brasil

Segundo relatório da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) de 2012, o Brasil é o maior consumidor de pesticidas agrícolas do mundo e aumenta sua utilização a uma velocidade duas vezes superior a dos demais países. O uso de agrotóxicos no país aumentou 190% em 2010 com relação ao ano anterior, enquanto no resto do mundo o mercado se expandiu 93%. O documento estima que os agricultores brasileiros usam, a cada ano, cerca de um bilhão de litros de pesticidas, o que representa cinco litros por habitante. De acordo com o último relatório do Sistema Nacional de Informações Toxico Farmacológicas (Sinitox), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foram registradas 5.253 intoxicações por pesticidas no Brasil em 2009, das quais 2.868 correspondem aos de uso agrícola. Para especialistas, a Soja seria o produto cuja produção é a que mais exige agrotóxicos.

Share:

Adeus, agulhas: lentes com sensores podem medir o diabetes

Por meio da análise da lágrima do paciente, o dispositivo é capaz de monitorar o nível de açúcar ou a quantidade de ácido úrico em seu sangue

 

Os diabéticos e outros pacientes que precisam coletar sangue todos os dias para realizar algum exame sabem como são doloridos esses procedimentos. Porém, uma pesquisa publicada nesta terça-feira (4), no periódico científico da American Chemical Society, apontou uma possível solução para tornar esses processos (bem) menos invasivos. Trata-se de uma lente de contato equipada com um sensor biométrico capaz de aferir o nível de glicose no sangue do paciente. 

Os sensores são alocados à uma lente de contato comum e transparente. Assim, eles conseguem monitorar os sinais biológicos (glicemia, ácido úrico) do indivíduo apenas por meio da análise de suas lágrimas. “Nosso objetivo é detectar os biomarcadores nas lágrimas e não no sangue do paciente, o que torna a tecnologia muito menos invasiva”, diz ao site de VEJA o engenheiro americano Gregory Herman, da Universidade do Estado do Oregon, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo.

De acordo com Herman, os sensores das lentes possuem uma enzima sensível à glicose. Dessa forma, cada vez que o dispositivo está na presença de açúcar, sua enzima se modifica. Isso permite que os cientistas acompanhem o níveis de glicose dos pacientes apenas monitorando a lente. 
Inicialmente, a tecnologia foi desenvolvida para aferir somente as taxas de glicemia no sangue. Porém, as pesquisas se expandiram para que o dispositivo também monitore outros sinais biológicos como ácido úrico, colesterol, dentre outros. “Durante as pesquisas, descobrimos também que podemos alterar a química do dispositivo para termos um sensor de ácido úrico, importante biomarcador de doenças renais”, exemplifica o pesquisador.

As lentes ainda estão em fase de testes, mas, de acordo com o estudo, a tecnologia — que deve ser mais barata que os procedimentos comuns — pode ser produzida em escala industrial desde que haja apoio das empresas. “Já estamos buscando colaborações com a iniciativa privada. Uma vez que conseguirmos tal apoio, acredito que as lentes e os sensores podem chegar ao mercado com rapidez e serão relativamente baratos”, antecipa o pesquisador.

Disponível:  http://veja.abril.com.br/tecnologia/adeus-agulhas-lentes-com-sensores-podem-medir-o-diabetes/

 

Share:

Nos relacionamentos, mulheres querem menos sexo que homens

Uma pesquisa britânica mostrou que uma a cada três mulheres quer menos sexo que o parceiro e, para elas, isso é normal

Da Redação                                       VEJA/ABRIL

 

Quase dois terços dos casais dizem que o sexo é parte importante de um relacionamento, mas 33% das mulheres concordaram que seus parceiros querem sexo mais do que elas. (iStockphoto/Getty Images)

Não é preciso mais fingir. De acordo com pesquisadores da Open University e da Universidade de Huddersfield, na Inglaterra, um terço das mulheres britânicas admitem ter menos interesse por sexo do que seus parceiros. Apesar disso, elas não se consideram infelizes em seus relacionamentos.

Os sociólogos disseram que, hoje em dia, as mulheres acreditam que é normal os homens terem uma libido maior e que isso faz parte do relacionamento. Enquanto isso, apenas um em cada dez homens diz querer menos relações sexuais do que as mulheres. “O interessante é que os casais acreditam que as diferenças de frequência e desejo sexual são apenas parte do ciclo de relacionamento e não são vistos como algo significativo”, disse ao Daily Mail Jacqui Gabb, da Open University.

Quase dois terços dos casais dizem que o sexo é parte importante de um relacionamento, mas 33% das mulheres concordaram que seus parceiros querem sexo mais do que elas. “Para alguns homens, o sexo aparece como algo que eles fazem por suas parceiras, em vez de algo compartilhado entre o casal“, explicou o sociólogo. “Vimos que alguns homens pensavam sobre sexo de uma maneira diferente.”

Fator tempo

O estudo apontou também que no início dos relacionamentos, a situação costuma ser de apenas uma a cada cinco mulheres. No entanto, em relações mais antigas, esse padrão muda. Depois de 16 anos de convívio, o nível de desejo sexual de quase metade das mulheres fica abaixo, quando comparado com o do parceiro.

Pesquisa

A pesquisa interpretou dados de 5.000 pessoas, com idades entre 16 e 65 anos, que estavam em relacionamentos. Os pesquisadores procuraram por casais que falassem sobre suas diferenças na cama, mesmo sem conflitos aparentes. Os achados foram apresentados em um congresso da Associação Britânica de Sociologia.

Disponível: http://veja.abril.com.br/saude/nos-relacionamentos-mulheres-querem-menos-sexo-que-homens/
Share:

Pernambuco ganhará área de proteção ambiental marinha

APA Marinha Estadual Recifes Serrambi. Ipojuca, Enseadinha. Foto: Domingos Luna/GT SEMAS / CPRH
APA Marinha Estadual Recifes Serrambi. Ipojuca, Enseadinha. Foto: Domingos Luna/GT SEMAS / CPRH

O Estado de Pernambuco terá a sua primeira unidade de conservação exclusivamente marinha: a Área de Proteção Ambiental Marinha Estadual Recifes Serrambi (PE). A proposta de criação da área de proteção foi apresentada na sexta-feira (31/03) durante a 88ª reunião ordinária do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema/PE). Com uma área de 78 mil hectares no Litoral Sul do Estado, a unidade de conservação tem como objetivos proteger a biodiversidade da região, garantir a conectividade entre os ambientes marinhos e costeiros, ordenar as atividades econômicas e recuperar os estoques pesqueiros, fortalecendo a pesca artesanal.

Localizada no entorno dos municípios de Ipojuca, Sirinhaém, Rio Formoso e Tamandaré, a unidade proposta tem como limites o estuário do Rio Maracaípe, em Ipojuca, ao Norte, e a Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (PE), em Tamandaré, ao Sul. A partir da linha de costa de Pernambuco, definida pelo Decreto 42.010/15, o limite da área marítima é de, aproximadamente, 18 milhas náuticas (cerca de 33 Km).

O uso desordenado da área e a fragilidade do ambiente marinho levaram a gestão estadual a escolher a região. O pisoteamento excessivo sobre os recifes de corais e os mergulhos em áreas inadequadas são alguns dos problemas recorrentes. A pressão sobre ambientes marinhos afeta a regeneração da fauna e flora e, consequentemente, há a diminuição da biodiversidade marinha. Os recifes, por exemplo, provém alimentação e abrigo para peixes. Sua redução acaba por afetar a atividade pesqueira e o turismo ecológico na região.

Como é uma Área de Proteção Ambiental (APA), seu uso só poderá ocorrer de forma sustentável, com uma melhor ocupação das terras e com proteção dos recursos naturais. O litoral sul pernambucano abriga trechos de Mata Atlântica, manguezais, lagoas, dunas, recifes de corais e arenitos. Na foz do Rio Maracaípe, por exemplo, é possível encontrar animais como capivaras, jacarés, raposas do mato, guarás e cotias.

As ações a serem desenvolvidas que nortearão a melhor forma de manejar os recursos naturais serão incluídas no plano de manejo, que estabelece as normas e as restrições para o uso. O zoneamento organiza a área em espaços sob diferentes graus de proteção e regras. O mergulho, por exemplo, será permitido, mas em áreas que não afetem a prioridade da conservação.

O processo de criação da unidade acontece de forma participativa. Estão previstas ainda oficinas com atores locais, além de realização de consulta pública. A proposta técnica final será submetida à aprovação do Consema.

Corredor ecológico

Com a implementação da área protegida, será possível criar o primeiro corredor ecológico do litoral nordestino setentrional, formando um mosaico de unidades de conservação. Ao sul, está a Área de Proteção Ambiental Federal Costa dos Corais, a Reserva Biológica Federal de Saltinho (PE), a Área de Proteção Ambiental Estadual de Guadalupe (PE) e a Área de Preservação Estuarina Natural Estadual de Saltinho; e, ao norte, o Parque Metropolitano do Cabo de Santo Agostinho.

*Com informações do MMASemas/PE e da Folha de Pernambuco
Share:

A maior onça já registrada em Mamirauá (mas existem maiores por aí)

Por Vandré Fonseca
sexta-feira, 07 abril 2017 00:27
Foto feita em 2016. Galego vive há anos na floresta de várzea da Reserva Mamirauá, mas só foi capturado e examinado agora. Foto: Registro de uma armadilha fotográfica do Instituto Mamirauá.
Foto feita em 2016. Galego vive há anos na floresta de várzea da Reserva Mamirauá, mas só foi capturado e examinado agora. Foto: Registro de uma armadilha fotográfica do Instituto Mamirauá.

Manaus, AM -- Uma onça-pintada de 72 quilos capturada em uma armadilha de laço surpreendeu pesquisadores do Instituto Mamirauá. Em dez anos de trabalho na Reserva de Desenvolvimento Sustentável, eles ainda não haviam encontrado um animal tão grande. Tudo bem que em outras regiões, onças pintadas pode chegar a quase o dobro deste tamanho. Mas é que as onças da várzea amazônica são bem menores que suas parentes do Pantanal e principalmente do cerrado venezuelano.
Galego, como o macho foi batizado, tem 11 quilos a mais do que a onça mais pesada que os pesquisadores havia registrado até então e 17 a mais do que a média dos machos capturados na RDS, segundo o que afirmou ao site da instituição o pesquisador Emiliano Esterci Ramalho, do Instituto Mamirauá. O bicho agora carrega um colar de telemetria e é seguido via satélite pelos pesquisadores.
O biólogo Rogério Fonseca, professor da Universidade Federal do Amazonas, concorda que é um animal grande para os padrões da várzea amazônica. Ele estuda a interação entre onças e populações humanas e conta que, no Pantanal, as onças chegam a 100 quilos. Mas as maiores estão no cerrado venezuelano. A maior já registrada tinha 140 quilos, de acordo com ele.

A veterinária do Instituto Mamirauá, Louise Maranhão, analisa a saúde de Galego. Depois de capturadas, as onças-pintadas são monitoradas por meio de colares de telemetria, que informam via satélite, a posição dos animais Foto: Emiliano Ramalho.
A veterinária do Instituto Mamirauá, Louise Maranhão, analisa a saúde de Galego. Depois de capturadas, as onças-pintadas são monitoradas por meio de colares de telemetria, que informam via satélite, a posição dos animais
Foto: Emiliano Ramalho.

“Na região amazônica existe um fluxo gênico maior do que na região do Pantanal. A nossa onça (da várzea amazônica) se especializou em caçadas de aves, répteis e raros mamíferos. Já a pantaneira é exímia caçadora de mamíferos, fica em pé para avistar presas. Além das habituais presas, os jacarés”, explica Rogério Fonseca.

Vida na água

O monitoramento das onças em Mamirauá já revelou um comportamento diferente dos animais desta região. Pintadas que vivem na floresta de várzea da RDS vivem cerca de quatro meses em cima das árvores, durante o período de inundação. Nos galhos, nadando de árvore em árvore, se alimentam e criam os filhotes.

Outra descoberta realizada ao longo de uma década de estudos é que na várzea existe uma alta densidade de onças pintadas, com mais de 10 animais para cada 100 km². A pesquisa é desenvolvida pelo Instituto Mamirauá, com financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Fundação Gordon and Betty Moore.

Armadilhas fotográficas flagraram Galego momentos antes dele ser capturado. E a maior onça já registrada em Mamirauá ao longo de dez anos de estudo. Foto: Instituto Mamirauá.
Armadilhas fotográficas flagraram Galego momentos antes dele ser capturado. E a maior onça já registrada em Mamirauá ao longo de dez anos de estudo. Foto: Instituto Mamirauá.

Share:

Governo corta 43% do orçamento do Ministério do Meio Ambiente

Ilustração: Márcio Lázaro.
 Por Daniele Bragança
terça-feira, 04 abril 2017 23:47           OECO

O orçamento do Ministério do Meio Ambiente está menor (de novo). Em um esforço para garantir o cumprimento do superávit primário, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou na semana passada o contingenciamento de R$ 42,1 bilhões do orçamento federal de 2017. Neste aperto orçamentário, o Ministério do Meio Ambiente perdeu 43% da sua verba para despesas discricionárias, ou seja, aquela verba que o órgão tem liberdade de decidir como gastar. Dos R$ 782 milhões previstos no orçamento para custeio e investimento, sobraram 446,5 milhões de reais.

Esse valor deverá dar conta dos combustíveis utilizados nos veículos do Ministério e das autarquias, principalmente o Ibama e o ICMBio, nas ações de comando e controle contra o desmatamento na Amazônia -- que ano passado teve aumento de 29% -- e no combate a incêndios dentro das Unidades de Conservação, só para citar exemplos mais óbvios. O Instituto Chico Mendes, sozinho, é responsável por gerir 326 Unidades de Conservação federais.

O Ministério do Meio Ambiente estuda como serão feitas as readequações do orçamento e afirmou, através de sua assessoria de imprensa, que “todos os esforços são no sentido de não comprometer as ações em andamento”. Não há definição, até o momento, de quais programas e projetos serão afetados.

Em dezembro, o Congresso aprovou a Lei Orçamentária Anual (LOA) e o MMA ganhou 129 milhões extras através de emendas parlamentares. Com isso, o orçamento discricionário do MMA ficou em 911 milhões de reais. Internamente, porém, o Ministério já não contava com o acréscimo da verba parlamentar, que normalmente é vetada.

Crise antiga

Longe de ser um reflexo da crise econômica, a estagnação (e retração) do orçamento do Ministério do Meio Ambiente é algo que acontece, em termos reais, pelo menos desde 2003. É o que conclui um estudo feito pelos economistas Carlos Eduardo Young e Marcio Alvarenga Junior, do Grupo de Economia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GEMA-UFRJ), ainda não publicado, mas ao qual ((o))eco teve acesso.

Fonte: Young e Alvarenga, 2017.
Fonte: Young e Alvarenga, 2017.

Entre 2003 e 2013, o orçamento discricionário, a parte que não está presa ao pagamento de despesas fixas, como salários dos servidores, flutuou em torno do mesmo patamar, com oscilações pontuais. Porém, de 2014 para cá, entrou em queda livre (Veja gráfico).

Mais do que a tese de que há uma crise fiscal que atrapalha a alocação dos recursos, podemos falar que esse é um problema estrutural da pasta. Não devemos discutir o contingenciamento somente a partir dessa perspectiva dessa crise recente. Se olharmos para a questão da política histórica, mesmo em momentos de crescimento do ciclo econômico, de arrecadação, isso já é um movimento verificado”, diz Alvarenga.

Para o economista, a estagnação pré-crise do orçamento do Ministério do Meio Ambiente reflete uma escolha política de desvalorizar a pasta, ao mesmo tempo em que a demanda por seus serviços aumenta, por exemplo, no caso do licenciamento de novas grandes hidrelétricas, a proteção de novas unidades de conservação e o combate do desmatamento na Amazônia, que subiu.

Para Alvarenga, “o governo federal agiu pressionando as estruturas, a partir da multiplicação do volume de investimento, de empreendimentos no país, mas não botou na estrutura licenciadora [o Ibama], por exemplo, os recursos que seriam necessários para, pelo menos, manter o cenário que preexistia ao PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. (...) A economia estava crescendo, a pressão sobre o meio ambiente estava crescendo e a capacidade de fiscalização do órgão ambiental, que está ligada à despesa discricionária, estava e está diminuindo”.

PEC 241 já funciona para o MMA

A polêmica Proposta de Emenda à Constituição 241, a PEC do teto dos gastos públicos (já chamada de "PEC do Fim do Mundo"), que congelou o teto dos gastos públicos por 20 anos, é similar a realidade em que o Ministério do Meio Ambiente vive há 14 anos. Agora, com o aperto imposto a todos os ministérios, a situação da politicamente frágil área ambiental é piorar.

“Na medida em que áreas como a saúde, educação, segurança e outras vão demandar gastos do governo, ele vai sair cortando de outras áreas, e o Meio Ambiente está sempre no início da fila para ser cortado. O que vai levar o gasto ambiental federal a ser cada vez menor em relação à demanda”, diz o economista Carlos Eduardo Young.

Uma das consequências será uma aceleração do processo que reduz o papel do governo federal na área ambiental.

“Não se sabe se os institutos estaduais e municipais ambientais seguirão essa tendência”, diz Young.

Disponível: http://www.oeco.org.br/reportagens/governo-corta-43-do-orcamento-do-ministerio-do-meio-ambiente/
Share:

Caça de Subsistência dentro e fora da lei: um debate necessário

((o))eco
quinta-feira, 06 abril 2017 21:33
Caça de subsistência. Foto: Divulgação.
Caça de subsistência. Foto: Divulgação.

É paradoxal, portanto, não discutir a caça de subsistência no Brasil, uma vez que há a necessidade de se criar mecanismos para seu controle, reduzindo assim seu impacto sobre as espécies caçadas, a exemplo do que tem sido feito para a pesca.


Com dimensões continentais, o Brasil abriga distintos e ricos ecossistemas, e uma sociobiodiversidade inigualável que depende destes ambientes. Proporcionalmente a estes atributos, nosso arcabouço jurídico ambiental é farto, em especial no que tange aos mecanismos voltados à proteção da natureza, prevendo de forma objetiva situações complexas, mas ao mesmo tempo deixando situações cotidianas descobertas de qualquer definição. Como resultado, vemos a interpretação individualizada de condutas, lesivas ou não, ao meio ambiente. Completamente dentro dessa esfera, a “caça” consiste em um dilema para todos os que profissionalmente se dedicam ao tema.

Historicamente a caça se confunde com a evolução do ser humano, com os registros de perseguição e captura de animais para uso como fonte alimentar e posteriormente com finalidade de procriação.
No mundo moderno, a despeito dos seus impactos inerentes às populações de animais, a caça também permeia o conjunto de ferramentas utilizadas no manejo, conservação e preservação da fauna. No Brasil, dependendo da região do país, sua “regulamentação” e prática seguem muitas vezes “acordos locais” informais, totalmente dependentes das experiências sociais coletivas, culturais e ecológicas dos grupos sociais envolvidos.

No meio acadêmico, existe o entendimento geral do conceito de caça como sendo uma prática de perseguição aos animais com a finalidade de sua captura ou abate. Este conceito, apesar de muito utilizado tecnicamente no Brasil, não está definido e devidamente categorizado em lei, causando transtornos históricos e gerando tabus que persistem em meio a debates infindáveis, como temos visto atualmente.

Seria hipocrisia negar que no Brasil a caça seja uma prática pouco freqüente ou difundida, independente da região do país. Todos já ouviram histórias ou relatos sobre caça. Há centenas de trabalhos científicos tratando do assunto, assim como existem experiências voltadas ao seu manejo. Infelizmente, a ausência de uma discussão aberta e devidamente subsidiada com informações técnico-científicas sobre o tema faz com que os impactos da atividade sejam pouco compreendidos pela grande maioria da sociedade, incluindo muitas vezes a comunidade científica. Assim, a cada dia que passa, perdemos oportunidades de desenvolvermos modelos viáveis que contribuam nas ações reais de conservação, considerando o manejo adequado da nossa fauna, garantindo assim a existência dessas espécies.

A falta de uma definição legal e a dificuldade de compreensão da complexidade do tema fazem com que as formas distintas de caça (furtiva, comercial, sanguinária, de controle, científica, esportiva e a de subsistência) sejam tratadas como se fossem uma coisa só, como vem sendo feito na esfera do Congresso Nacional atualmente. No entanto, todas elas carecem de conceituação legal devidamente embasada pelo conhecimento técnico-científico existente. A generalização do tema pode nos levar a julgamentos equivocados, como por exemplo aceitar que a caça de subsistência ou mesmo a científica, realizadas em caráter não predatório e com base em critérios claros de manejo que considerem a conservação das espécies animais e a boa saúde do ambiente, sejam execradas pura e simplesmente por critérios subjetivos, dependendo do ponto de vista do tomador de decisão.

Em relação à caça de subsistência, poderíamos afirmar que, com base na legislação vigente, ela “não existe”. Somente a Lei de Crimes Ambientais - 9605/98 em seu artigo 37 inciso I aventa não ser crime o abate de um animal, quando realizado “em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família”. Ainda que a caça de subsistência seja informalmente entendida como aquela praticada por indivíduo para a própria alimentação ou de sua família, o ato de “caçar para comer” não caracteriza obrigatoriamente um “estado de necessidade”. De maneira inversa um “estado de necessidade” não necessariamente descriminaliza a prática da caça. Ficamos desta forma reféns de pontos de vista e análises subjetivas do arcabouço legal existente.

A lei brasileira que trata de forma indireta a caça de subsistência sequer reside dentro das leis ambientais: o Estatuto do Desarmamento (Lei no 10.826/2003, artigo 6o, § 5o). Ele define de forma vaga, mas necessária do ponto de vista da segurança pública, o que é um “caçador de subsistência”.
É também notório o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei nº 9985/2000 – SNUC), prevê a realização de estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos nas Reservas de Fauna. No entanto, até o presente momento nenhuma unidade de conservação desta categoria de manejo foi criada.

O SNUC também estabelece que as Unidades de Conservação de uso sustentável, tais como Reservas Extrativistas (RESEX), Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) e subsidiariamente as Florestas Nacionais (Flona) têm como um dos objetivos assegurar os modos de vida tradicionais e o acesso ao uso de recursos naturais pelas famílias que ali vivem. Não há como dissociar o uso dos recursos naturais e a manutenção dos modos de vida tradicionais da atividade de caça, tendo em vista que a chegada do homem, como no caso da Amazônia, se confunde às atividades mais basais de subsistência e obtenção de proteína animal, o que obviamente incluem a caça e a pesca.

Por não tratar especificamente destes temas em seu conteúdo, a Lei do SNUC demanda naturalmente novos subsídios legais que a complementem, tratando especificamente das atividades que impliquem no uso da fauna e promovam o seu manejo adequado e em bases sustentáveis.

Curiosamente, a nossa Constituição Federal, estabelecida dez anos antes da Lei de Crimes Ambientais, deixou de forma muito explícita em seu artigo 24 Inciso VI a possibilidade de que os Estados Federativos formulem concorrentemente suas leis, desde que não flexibilize ou diminua a proteção ao meio ambiente. Neste caso a caça é incluída como competência concorrente. Ao mesmo tempo, a conhecida “Lei de proteção à fauna”, chamada por muitos de “Código de caça” (Lei N° 5.197/1967), estabeleceu no primeiro parágrafo de seu Artigo 1º que “Se peculiaridades regionais comportarem o exercício da caça, a permissão será estabelecida em ato regulamentador do Poder Público Federal”. Entretanto, o que vemos é que a legislação infra-constitucional, que deveria preencher lacunas de temas imprescindíveis como a caça, não é colocada em prática.

É paradoxal, portanto, não discutir a caça de subsistência no Brasil, uma vez que há a necessidade de se criar mecanismos para seu controle, reduzindo assim seu impacto sobre as espécies caçadas, a exemplo do que tem sido feito para a pesca. Um debate profundo e com bases técnicas sólidas minimizaria o conflito existente no âmbito da legislação federal existente e contraditória. Por exemplo, o artigo 1 da Lei 5.197/1967 proíbe “a utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha de animais silvestres” (Lei 5.197/1967), uma vez que não há permissão e regulamentação da atividade, mas admite a caça de subsistência (Lei 10.826/2003) quando cria a figura do caçador de subsistência. O artigo proíbe a caça profissional (Lei 5.197/1967) ao mesmo tempo em que prevê o manejo econômico da fauna silvestre (Lei nº 9985/2000). E ainda descriminaliza (ou permite?) o exercício da caça em “estado de necessidade” na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998), que por sua vez não é sinônimo de subsistência, gerando mais confusão.

No Brasil, somente o Estatuto do Índio (Lei 6001/1973) reconhece explicitamente o direito à caça pelo povos originários, em respeito à sua identidade, sua cultura e às suas necessidades alimentares, desde que tenham seu território reconhecido e homologado. No seu Art. 22, § 2°, é garantido “o exercício exclusivo da caça e da pesca nas áreas por eles ocupadas”. Entretanto, o acesso aos recursos naturais tradicionalmente utilizados por diversos outros grupos sociais, para garantir não somente sua sobrevivência física, mas também cultural, está garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (e pelo Decreto 5051/2004 que ratifica a mesma no Brasil), pela Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Lei 11346/2006) e, finalmente, pela Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Populações e Comunidades Tradicionais (Decreto 6040/2007).

É absolutamente inegável que a caça constitui um recurso natural tradicionalmente utilizado e importante para as populações supramencionadas. Portanto, mesmo não regulamentada, a caça é um direito assegurado para uma parcela da população brasileira que, via de regra, vive em áreas rurais sem acesso a políticas públicas básicas e, majoritariamente, ao emprego formal e ainda vivendo à margem da economia de mercado.

Populações dos demais grupos sociais que compõem o conjunto denominado populações tradicionais, e que em muitos casos também dependem da atividade para seu sustento, vivem há pelo menos cinqüenta anos em uma situação de insegurança jurídica e alimentar em função da não-regulamentação da prática de caça de subsistência no país. Esta é uma falha evidente do Estado, que por um lado reconhece seus modos de vida e por outro nega seu direito a manejar os recursos naturais dos quais dependem. Mais uma vez, do ponto de vista legal, esta situação paradoxal se acirra, ao não reconhecer este direito a quilombolas, extrativistas, e demais povos tradicionais.

Assim, mais do que nunca é preciso tratar o tema com a seriedade e a responsabilidade que requer, seja para garantir a conservação de nossa fauna, seja para respeitar os direitos dos grupos sociais que dependem de seu uso para sua subsistência.

Disponível: http://www.oeco.org.br/colunas/colunistas-convidados/caca-de-subsistencia-dentro-e-fora-da-lei-um-debate-necessario/
Share:

VIDHA LINUS

CONSULTORIA AMBIENTAL LICENÇAS,ELABORAÇÃO EIV, PRAD. Av Radial B, 122 Bairro Mangueiral CEP 42807-380 CAMAÇARI - BAHIA 71 3040 5033 99168 5797 VBRAMBIENTAL@YAHOO.COM.BR

QUAL SEU IDIOMA?

Postagens mais visitadas

Total de visualizações de página

ARQUIVOS DO BLOG

Arquivo do blog