As incertezas, incompetência e a falta de ações são
revertidas especialmente em problemas de saúde publica e riscos
ambientais.
21 Jan 2017 22:00 h
Valdir Rios
O Governo do Distrito Federal com a presença do Ministro do Meio
Ambiente, inaugurou nesta quarta feira (17), o aterro sanitário de
Brasília. Conforme divulgado, o novo aterro atende as exigências previstas no
PNRS, porém já nasce defasado, diante da capacidade de atender apenas uma média
de 1/3 do lixo produzido em Brasília que é de 2,8 mil ton/dd (numero
contestado pro ambientalistas).
A capital do Brasil, infelizmente não pode ser olhada como modelo a ser
seguido na gestão dos resíduos sólidos, já que possui o maior lixão a céu
aberto da America Latina arriscando-se o primeiro do mundo em terra firme,
sendo que no geral a literatura se apresenta o lixão do Oceano Pacífico, numa imensa região do mar que começa
a cerca de 950 quilômetros da costa californiana e chega ao litoral havaiano.
Seu tamanho já se aproxima de 680 mil quilômetros quadrados, o equivalente aos
territórios de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo somados – e não
para de crescer, REVISTA PLANETA (2008).
Conhecendo o LIXÃO DE BRASILIA,
segundo BBC Brasil (2016):
Localização
No maior lixão da América Latina -
o lixão do Jóquei (ou da Estrutural), no Distrito Federal -, que existe desde a
década de 60 e fica a 15 quilômetros do Palácio do Planalto, os catadores,
inclusive crianças, enfrentam condições desumanas. São mais de 35 milhões de
lixo depositadas numa área de 200 hectares e este material gera chorume.
Os Badameiros
· Estima-se que 2 mil famílias tirem seu
sustento do Lixão da Estrutural, em condições subumanas;
· Os catadores trabalham sem equipamento
de proteção e correm dos caminhões e tratores para não serem atropelados.
Acima, Catadores pegam carona de forma irregular em um caminhão de lixo;
· A Associação dos Catadores do DF diz que
mais de 2 mil pessoas tiram seu sustento dali. Crianças trabalham de forma
irregular e são expostas ao perigo;
· Disputa entre catador, moscas e urubus
são comuns na área do Lixão;
· Trabalhadores improvisam barracos para
descansar e guardar seus materiais recolhidos no lixo
Condições técnicas e paisagísticas
· O lixão ocupa uma área com 2 milhões de
metros quadrados e tem 50 metros de altura.
·
O aterro tem quase 50 anos de uso com colocação
de resíduos sólidos sem a devida impermeabilização do terreno. Os resíduos
foram depositados diretamente no solo
·
O lixão fica a 15 quilômetros de distância do
Palácio do Planalto e do alto se vê perfeitamente a Região Administrativa de
Águas Claras e o Parque Nacional de Brasília.
Renda
·
Objetos em perfeito estado são reaproveitados
por catadores;
·
Por falta de opção trabalho e escolaridade
muitos acabam no lixão, tendo uma renda de aproximadamente R$ 30 por dia
O passivo ambiental
O governo do Distrito Federal diz
que desativará o lixão neste ano. Mas é possível que área leve três décadas
para se recuperar depois disso.
Apesar dos números serem assustadores, está é a realidade da grande
maioria dos municípios brasileiros. Uma simples olhada ao passar por alguma
cidade, é bem provável encontrar às margens de alguma estrada, um destes lixões
expelindo além de mau cheiro e poeira, fumaça negra provocado pela queima de
pneus e outros materiais.
·
Funcionários:
- Exposição a patógenos e agentes químicos, falta
de EPI’s, desvio de funções, acidentes por operações inadequadas, outros.
·
Saúde publica:
- Proliferação de vetores de doenças;
- Catadores irregulares dentro dos lixões ou
células,
·
Degradação ambiental
- Chorume (efluente gerado pela decomposição dos
orgânicos), contaminação do solo e lençol freático;
- Emissão do metano que provoca poluição do ar,
- Material em suspensão carreado pelos ventos,
- Riscos de deslizamentos.
Em Camaçari, não parece ser diferente. A atual gestão municipal, através
da LIMPEC (Empresa Pública responsável pelo aterro sanitário), emitiu uma
nota à imprensa afirmando que “o aterro virou um verdadeiro lixão a céu
aberto”. A titulo de informação, o aterro recebe segundo a LIMPEC, média de 800
ton/dd de resíduos, sendo das indústrias, municípios circunvizinhos e até de
outros estados.
Tendo a sua vida útil com limite ultrapassado o município necessitará
construir uma nova célula (IV), com custo previsto em 10 milhões, além disso necessita implantar novas tecnologias, como usina de reciclagem de RCC,
adequação ou novo projeto de incineração para resíduos de saúde ou perigosos e
transformação do metano em energia ( o que ainda não é barato), a vantagem do
aterro de Camaçari é está ao lado de duas grandes empresas, que podem ser
parceiras através de PPP de modo a utilizar o metano, onde através de estudos e
decisões internas de ambas, deve ser apontado o caminho mais viável se produzir energia eletrica ou vapor.
Os avanços para uma gestão séria dos resíduos, são minúsculos, apesar de
está prevista no Plano Municipal de Saneamento Básico – PMSB, a coleta
seletiva, a reciclagem a usina de reciclagem a criação de cooperativas, não
saem do papel, apenas aparece como pano de fundo quando se precisa de um
marketing verde junto a alguns setores da sociedade. Sem contar que vários
municípios poderão perder recursos do Governo Federal por não haverem elaborado
o citado PMSB, crendo eles estarem dentro do prazo (Decreto 8.629/2015, será condição para o acesso a recursos
orçamentários da União destinados ao setor após 31 de dezembro de 2017).
Porém, os recursos de convênios celebrados através da União, alguns dão
prioridades àqueles municípios que já estão com planos aprovados.
O certo é que a sustentabilidade socioeconômica dos serviços de
limpeza urbana é indispensável, devendo ter um papel importante valorando a
cadeia produtiva e agregando valor ao lixo como bem de consumo apto a
vida útil, com valor de mercado, agregando principalmente qualificação e
melhorias desde a coleta e demais etapas até se obter um produto final ou
matéria prima pra novos produtos.
Enquanto pela falta de saneamento, surgem as doenças que sem controle
tiram vidas, aumentando o custo da maquina pública, principalmente nos
hospitais, seguem desta forma os problemas dos lixos e lixões que de barrigada
os prefeitos e o Congresso vai irresponsavelmente jogando pra frente, por não
saberem ainda a diferença entre investimento e despesa.
VALDIR RIOS
Engenheiro Ambiental e Radialista
Links interessantes:
Fresh Kills: aqui era
o maior lixão do mundo