Meio Ambiente & Desenvolvimento Humano

sábado, 26 de setembro de 2020

RETRATOS DA CIDADE: Homenagem a família Zeca Preto e Dona Colotide


26 set 2020 14h18

VALDIR RIOS

Eng. ambiental e Radialista


Visando manter viva a história das famílias, personagens e fatos que marcaram a cidade de Várzea da Roça desde os tempos de povoado, o ColorirCidade criou o projeto RETRATOS DA CIDADE.

O evento acontece em duas modalidades, bate papo através do wattsapp que funciona aos sábados a partir das 16h00 ate 00h00 do domingo. Já as homenagens direta ocorre sábado através do google meet onde há uma interação entre mediadores, familiares e pessoas que homenageiam estas famílias com relatos  em forma de cordéis, poemas, musicas e humor.

Neste sábado (19), foi feito uma releitura da vida de ZECA PRETO e DONA COLOTIDE, em um formato de programa que foi retransmitido pelo Facebook e youtube.


UM POUCO DA HISTÓRIA





A identidade com as gerações das décadas (60/70 e 80), foram marcado fortemente com o caminhão de Zeca Preto e a casa de farinha que ficavam na  roça onde moravam bem próximo da sede do município.

Diferente do caminhão a casa de farinha e casa da roça traziam outros aspectos que estavam muito mais ligado a forma de vida e de recepcionar as pessoas dispensado por Dona Colotide.

Dona Colotide era senhora alegre, tinha como marca um cachimbo, já ligado ao seu personagem nordestino, algo como folclórico que as vezes vimos estampar canecas, camisas ou produtos ligados ao sertão vendidos em lojinhas de locais turístico.

Apesar das dificuldades relacionada a vida do campo de quem lidava constantemente com a seca e outros aperreios, Dona Colotide esbanjava  virtude de mulher acolhedora, algo também comum ao seu esposo. Dai a explicação de fartura à mesa ou eventos familiares, fosse  nas raspa da mandioca, na batas de feijão, quebra de licuri ou rezas e fogueiras juninas que muitas vezes começavam no Santo Antonio.

O beijú, a cocada de licuri, a brevidade, o arroz de leite, a pamonha a canjica, o milho assado, uma boa pinga pra acompanhar  um tira-gosto  do capão e pirú cozido era certo, seguindo os bons modos de sempre.

Fora destas festividades, tanto na quebra de jejum matutina ou na boca da noite, sempre era oferecido um bule de café cardiado bem quente que em tempos verde, vinha acompanhando   do bom requeijão de Baltazar a quem passa por ali.  

O famoso requeijão de manteiga, era vendido dias de feira, mas por ser passagem,  o fabricante deixava uma boa quantia do produto ali que algumas vezes era permutado em uma ou duas quarta de farinha que era produzida na localidade

A  serventia e recepção naquela casa era de fato comentado cada vez mais, atraindo sempre mais gente a cada ano mesmo que sem os devido convites, algo que naquele tempo não se dava muita importância a isso era todos bem-vindo “derde que se comportasse como gente” (dito da época).

Assim como seu pai Zeca Preto, cada filho uma história, uma boa recordação de convivência de acordo sua geração . 

Cada um com seu legado, porém Raimundo com sua Rural toda iluminada com lanternas coloridas que se espalhavam interna e externamente, dão um maior aspecto de saudosismo para aquele que como Eu, eram seguidores de Arão e suas Boa Nova. Com ou sem dinheiro sempre tinha este transporte por opção ao ir pra fazendas ou casebres, levar um pouco da palavra de DEUS.

Entre os hinos de Maria, luzes piscando e buzinaço, chegávamos as cancelas onde do outro lado os moradores e visitantes já nos esperavam para rezar. 

Um lado uma mesa dava um aspecto de altar e do outro uma mesa sortida de guloseimas, pra desengasgar a gente bebia  suco de maracujá de boi, um bule de café ou ainda uma chaleira encarvoada cheiinha de chá inrriba  do fogão de lenha. Digo desengasgar porque educação e etiqueta na hora da comida não era muito lembrado não, a ordem era se esbanjar.

Raimundo tinha uma frota de bicicleta de aluguel, onde a gente era sempre alistado e esperava uma fila e seleção para pedalar 2 a 3 léguas onde tivesse missa,levando as magrelas para que ele alugasse fosse Cruz de Almas, Campo de São João, os Canudos ou Morrinhos. Vale dizer que tudo isso pelo prazer de rodar uma magrela.

Outro filho que marcou a nossa geração foi Zé de Zeca, ele seguindo o destino do pai se dedicou a caminhões porém em tempo de rapaz dividia sua labuta no estradeiro fabricando caminhões de brinquedo, reaproveitando lata de óleo, faxinas e tabuas de caixas de ferramentas: enxadas, foice, facão que os comerciantes doavam.

Zé era o ajudante fiel do seu Zeca, que nestes tempos já tinha seu jargão conhecido no povoado e cidades vizinhas. Nas ladeiras tanto subindo como descendo já era algo certo ressoas suas velhas e conhecidas frases:

Na subida para o caminhão não voltar de ré : “BOTA O SEPO ZÉ RENERO”

Na descida da ladeira, quando ia soltar a famosa banguela: Sigura o chapéu gente que agora é vinte, tinta, ou seja a velocidade ia para 20 e 30, algo incerto de confirmar já que o velocímetro desvera funcionava.

Os demais filhos...


FICHA TÉCNICA DESCRITA PELOS FAMILIARES


HISTÓRIA DE JOSÉ ANSELMO FERREIRA (ZECA PRETO) E CLOTILDES OLIVEIRA FERREIRA

 

Morávamos na zona rural, onde nosso pai tinha um pequeno comércio na residência e outro no Povoado de Várzea da Roça. Nessa época, ele era também tropeiro viajante, possuía sua própria tropa de burros, com a qual viajava para as cidades circunvizinhas do Povoado de Várzea da Roça, levando e trazendo mercadorias.

Com o passar do tempo, construiu uma casa de farinha, onde farinhava durante o ano todo. Dependia de transporte de terceiro para transportar a farinha para outras regiões.

Posteriormente, passou a morar no Povoado de Várzea da Roça, comprou um caminhão, realizando seu sonho e pensando no desenvolvimento da região. Foi o primeiro morador do povoado a possuir tal transporte.

Com isso, era ele quem transportava todos os produtos que chegavam e saíam da região. Nessa época, viajava, inclusive, para outros estados, como Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Cerará, Minas Gerais, dentre outros.

Além de mercadoria propriamente dita, nas épocas das festas religiosas, principalmente Bom Jesus da Lapa e Nossa Senhora das Candeias, reservava este período para o transporte de romeiros.

Também, em tempos de campanha política, dedicava-se ao transporte de pessoas para os comícios; e no dia da eleição, era motivo de orgulho cumprir seu papel de cidadão: colocava a melhor roupa que possuía para comparecer ao local de votação e posteriormente, transportar eleitores, pois era permitido.

Com o passar do tempo, e como normalmente acontece em qualquer ramo do comércio, começou uma série de desacerto, perdendo quase tudo, restando apenas a moradia.

Como consequência da situação acima, passou a ingerir bebida alcoólica indo quase ao “fundo do poço”.

Porém, Deus é maravilhoso e lhe deu forças para se reerguer, parando de beber e retornando a uma vida digna. Voltou à roça para trabalhar e garantir o sustento da sua família, retornando a ser um homem feliz.

Apesar das tribulações, criou seus oito filhos com amor e dignidade.

Embora tenha passado por tais dificuldades, sempre teve ao seu lado CLOTILDES OLIVEIRA FERREIRA, sua esposa, uma mulher guerreira, a qual soube, inteligentemente, superar essas situações com muita sabedoria.

Além dos fatos já narrados, houve uma época em que Zeca saiu para trabalhar fora, quando ficou seis meses sem vir em casa. Todavia, ela, sabiamente, conduziu toda a situação com muita dificuldade. Só para lembrar, eram oito filhos, sendo a maioria de menor naquela época. Mesmo assim, sempre estava disposta ajudar as pessoas que dela precisassem.

Mesmo diante de tantas dificuldades, foi uma mãe alegre e muito carinhosa com seus filhos, gostava de cantar e fazia trova (coco) com seu irmão Manoel; gostava ainda de música religiosa, vale destacar uma delas: mãezinha do céu.

Como diz o dito popular: AO LADO DE UM GRANDE HOMEM, EXISTE SEMPRE UMA GRANDE MULHER.

Portanto, ZECA e CLOTILDE formaram um casal e uma família com muita dedicação, amor e carinho. Seus filhos e netos têm orgulho de fazer parte desta família.

INFORMAÇÕES:

Em breve traremos a revista em quadrinho dos personagens desenvolvida por seu neto que é  quadrinista. Aguarde...

Se você tem informações e arquivo que podem ajudar a construir esta história nos enviei.

VIDEOS DAS RUI NAS ONDE FICAVA A FAZENDA DE SEU ZECA E DONA COLOTIDE:

Produção Admilton Rios e Anderson





FOTOS DA FAMÍLIA







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Um comentário:

  1. Meu DEUS! Quantas saudades de vocês meus amores, momento inesquecível. Vocês são merecedores desta linda homenagem. Agradeço ao Valdir e sua equipe, imensamente pela grande dedicação e empenho de nos promover está Grande Alegria. Guardarei por toada minha vida. Muita Gratidão a Deus E a você Valdir. Deus te abençoe

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VIDHA LINUS

CONSULTORIA AMBIENTAL LICENÇAS,ELABORAÇÃO EIV, PRAD. Av Radial B, 122 Bairro Mangueiral CEP 42807-380 CAMAÇARI - BAHIA 71 3040 5033 99168 5797 VBRAMBIENTAL@YAHOO.COM.BR

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