Projeto mostra arborização das ruas da cidade em detalhes e calcula seus benefícios ecológico e econômicos
Na avenida Sheffield, no Brooklyn, em Nova York, existe uma árvore da
espécie Fraxinus (freixo, em português, ou ash, em inglês). Só ela
retém 3,7 mil galões de água de chuva anualmente - e poupa aos cofres
municipais, por ano, US$ 348 dólares ao reduzir a emissão de gases
poluentes.
O freixo da avenida Sheffield é uma das 684,5 mil
árvores mapeadas pelo NYC Parks, o departamento de parques e recreação
da cidade de Nova York. Praticamente toda a vegetação da cidade está
catalogada em um Mapa de Árvores online e interativo Mapa de Árvores online e interativo, que cataloga cada espécime e fornece informações sobre seu impacto ambiental e financeiro.
O
mapeamento começou a ser feito em 2015 por 2.300 voluntários. Eles
tiveram acesso a informações sobre a relação das árvores com o meio
ambiente, suas características, influência das condições climáticas,
procedimentos de tratamento, medições e quais os benefícios para a
comunidade no entorno.
Os voluntários e a equipe do NYC Parks
identificaram e catalogaram as árvores de ruas por toda a cidade para
montar o mapa. Durante o processo, cada árvore recebeu um número de
identificação e uma cor, que a relaciona como pertencendo a uma das 210
espécies registradas. Espécies relacionadas receberam cores similares.
Dessa forma, é possível observar qual é o tipo de árvore que predomina
em cada bairro.
No mapa, ao clicar em uma árvore, é possível ver
informações sobre a espécie, a folha, o diâmetro, o endereço com número
onde a árvore está e sua foto, pelo Google Street View.
Também é possível saber qual é o impacto ambiental e financeiro daquela árvore na cidade.
Os
benefícios da vegetação foram calculados utilizando fórmulas do Serviço
de Florestas dos Estados Unidos. Eles apontam que as quase 685 mil
árvores da cidade são capazes de reter 1 bilhão de galões de água de
chuvas e tempestades, poupando $10,8 milhões em reparação de danos
fluviais e problemas relacionados a inundações.
Com as suas
árvores, a cidade reduz a emissão de dióxido de carbono (CO²) e de
outros gases poluentes em cerca de 1,2 milhão de toneladas, gerando
economia de US$ 10,9 milhões. O mapeamento também traz dados sobre a
redução do consumo energético na cidade, que gera contenção de US$ 85,2
milhões de dólares anualmente.
US$ 111 mi
É a estimativa da economia proporcionada pelas árvores de Nova York por ano.
O
mapeamento das árvores não acaba agora que o mapa foi divulgado. O site
possibilita a edição colaborativa das informações e o projeto de
treinamento de voluntários se alonga por todo o ano.
As iniciativas que tentam fazer o mesmo no Brasil
Há
também uma iniciativa colaborativa no Google Maps que pretende
catalogar árvores plantadas em todo o Brasil. O local com maior número
de contribuições é a cidade de São Paulo. A produção permite apenas a
marcação e descrição da árvore registrada, mas não traz detalhes como o
mapeamento de Nova York.
A prefeitura de São Paulo também mantém
um mapa on-line de suas árvores. A cidade tem 652,385 árvores em ruas,
registradas por subprefeitura e por distrito no GeoSampa, mapa digital do município. Mas o catálogo da prefeitura é bastante simples e não tem informações
extras. Além disso, a organização dos dados é descentralizada, o que
dificulta a elaboração de mapas mais elaborados.
Há uma proposta
para detalhar o conhecimento sobre as árvores na cidade. A Câmara
Municipal de São Paulo aprovou em setembro de 2015 o Projeto de Lei
01-0021/2007 do vereador Celso Jatene (PTB), que ficou conhecido como
Raio-X das Árvores na Cidade de São Paulo, mas a proposta foi vetada pelo prefeito Fernando Haddadvetada pelo prefeito Fernando Haddad
(PT) para não inviabilizar a ação das subprefeituras em seus projetos
próprios. Jatene, no entanto, trabalha em um novo projeto que pretende
mapear as árvores com QRCode, que fornecerá informações sobre o plantio
das árvores.
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