Soluções digitais devem mudar o mercado de trabalho. Saiba quais são os requisitos
access_time
7 ago 2017, 10h59 - Publicado em 4 ago 2017, 15h51
Novas tecnologias que unem a
internet das coisas com a automatização industrial já começaram a
revolucionar as empresas com seus benefícios, como ganho de
produtividade e competitividade. Mas esse processo, também conhecido
como digitalização, vai muito além de máquinas inteligentes que
conversam entre si e tomam decisões em tempo real. As novas demandas
devem mudar o perfil de profissional ideal para o mercado de trabalho.
Uma das tendências é que os profissionais
deixem de exercer funções repetitivas, como o encaixe de uma peça na
linha de produção. “Quanto mais operacional for a função, mais chances
ela tem de ser automatizada”, explica João Roncati, professor
universitário e consultor empresarial da People+Strategy. Isso não
significa que os colaboradores serão eliminados das linhas de produção,
mas que ficarão concentrados em funções estratégicas, como o controle de
projetos.
Atento ao mercado
Quem deseja se preparar para as novas
exigências do mercado precisa ficar de olho nas tendências. Veja a
história de Thiego Fontes, gestor de tecnologia da informação (TI) da
Fiat, em Pernambuco. Formado em engenharia da comunicação, já trabalhou
em instituições de pesquisa, como a Fundação Oswaldo Cruz. Quando
percebeu que suas áreas de interesse – inteligência artificial e análise
de dados – eram úteis para os sistemas produtivos, começou a trabalhar
com TI em linhas de produção de uma indústria de bebidas.
Para juntar os conhecimentos de
computação com a parte industrial, decidiu fazer um mestrado em
engenharia de produção. “Quando entrei na empresa, eu era analista de
TI. Só que, conforme eu fiz meu mestrado, percebi que precisava de mais
do que isso para trabalhar. Diariamente, na fábrica, eu via os mesmos
problemas que aprendia na sala de aula do mestrado. Tive, então, a
oportunidade de colocar a teoria em prática.”
Embora tenha atingido um grau de destaque
na carreira, Fontes já planeja novos aprendizados para aumentar suas
habilidades. “Uma tendência em que eu tenho muito interesse é a
Indústria 4.0. Há muitas oportunidades e as empresas têm investido na
área. Penso em fazer um mestrado em engenharia de sistemas, um MBA em
gerenciamento de projetos ou algo relacionado à gestão de pessoas.
Existem várias possibilidades, e sei que preciso definir minhas próximas
metas para crescer profissionalmente.”
Conhecimento técnico
Com a entrada de novas soluções no setor produtivo, como sistemas analíticos em nuvem e gêmeos digitais na linha de produção,
surge um conjunto de habilidades necessárias para lidar com a realidade
industrial. “Tecnologias como internet das coisas, robótica, computação
em nuvem e big data criam um cenário em que profissionais como
cientistas de dados e programadores serão cada vez mais valorizados”,
explica Marcelo Prim, gerente executivo de inovação e tecnologia do
Senai.
Mas a formação não será o único
diferencial. “Conforme um estudo do Fórum Econômico Mundial, 65% das
profissões do futuro ainda nem foram inventadas. Então, não temos que
nos preocupar em saber quais serão as graduações mais importantes, mas
sim com quais habilidades serão exigidas”, diz Prim.
Análise de dados, programação,
conhecimentos em robótica, desenvolvimento de aplicativos e integração
de sistemas são algumas das habilidades importantes. Para Prim, essas
aptidões são mais comuns em carreiras ligadas à tecnologia da informação
e comunicação, mas até mesmo um profissional da área precisa buscar
conhecimento.
Perfil analítico e multidisciplinar
A quantidade de dados sobre a produção da
empresa aumentará com as novas tecnologias. Para Prim, além de entender
os dados, o profissional terá que entender o que eles significam, como
podem ser usados no planejamento dos negócios e como deve ser feita a
comunicação dessas informações.
“Isso envolve conhecimento de áreas como
administração, empreendedorismo, marketing e comunicação. O profissional
do futuro é aquele que não é só um excelente engenheiro, mecânico,
soldador ou eletricista, mas também uma pessoa com senso crítico, que
sabe dialogar e pensar em soluções criativas.”
Além disso, a função do profissional
dentro da empresa poderá não ser mais relacionada com a sua formação
acadêmica. “Não adianta um engenheiro, por exemplo, aperfeiçoar apenas
seu conhecimento técnico. Ele precisa estudar outras áreas para entender
os resultados do seu trabalho sobre toda a cadeia de produção da
empresa”, diz Roncati, da People+Strategy.
Competência colaborativa
Aumentar a diversidade dentro das
empresas é uma das grandes preocupações atuais. Mas, para Roncati,
manter um ambiente diverso pode ser um desafio. “O funcionário precisa
estar disposto a conviver com perfis de pessoas muito diferentes. É mais
fácil trabalhar com pessoas que pensam igual entre si. Só que assim não
se tem um ambiente inovador e com a dinâmica que as novas tecnologias
exigem”, diz.
Um exemplo disso é o setor de tecnologia
da informação, que será cada vez mais requisitado pelas empresas. “Nesse
mercado, há uma carência de profissionais do sexo feminino, e as
empresas precisam se preocupar em mudar isso. Elas devem incluir não
apenas as mulheres, mas também novos perfis de funcionários em seu time.
Porque, sem um estímulo à diversidade, a empresa perde
competitividade”, afirma. Cabe ao profissional saber se comunicar,
conviver com as diferenças e ter um bom relacionamento com todos os
colegas, características cada vez mais valorizadas em ambientes
digitalizados.
E as empresas?
Além das exigências, as companhias
precisam garantir a atualização de seus funcionários. Para Roncati, as
organizações que querem ser competitivas precisam analisar como será o
mercado em que atuam no futuro. A partir daí, devem avaliar se as
equipes têm as competências para atingir esses objetivos. “Caso
contrário, será preciso investir em cursos para os funcionários. Se uma
empresa não capacita seu funcionário, a concorrente vai sair na frente.”
0 comentários:
Postar um comentário