O nome do deus muçulmano, assim como o do líder religioso Ali, estava escrito em uma caligrafia árabe antiga e foi encontrada em vestimentas funerárias
fonte:veja abril
13 out 2017, 15h39
O que os arqueólogos pensavam se tratar de padrões típicos da era Viking agora ganha um novo significado. Pesquisadores da Universidade de Uppsala, na Suécia, anunciaram na última semana que menções ao deus muçulmano Alá
e ao líder religioso Ali foram encontradas gravadas em artefatos
vikings que datam os séculos IX e X. Os nomes dos personagens aparecem
escritos em pedaços de seda de trajes de enterro encontrados em barcos
funerários, bem como em outras mantas mortuárias achadas na região sueca
de Birka, perto do rio Mälardalen. As investigações podem trazer novas
informações sobre a influência do islã em civilizações antigas da Escandinávia.
“Um detalhe empolgante é que a palavra
‘Alá’ é retratada em uma imagem espelhada”, diz a arqueóloga Annika
Larsson, pesquisadora especializada em arqueologia têxtil na
Universidade de Uppsala. “É um pensamento surpreendente que esses
tecidos, assim como as vestimentas, foram fabricados a oeste do coração
muçulmano. Talvez essa fosse uma tentativa de escrever orações para que
pudessem ser lidas da esquerda para a direita, mas com os caracteres
árabes que deveriam ter.”
Os pesquisadores descobriram as
inscrições enquanto trabalhavam para recriar padrões têxteis encontrados
em vestimentas que seriam expostas um uma exibição do Museu de
Enköping, na cidade sueca de Enköping. Segundo a equipe, os tecidos
continham escritos em caligrafia cúfica (tipo de escritura mais antiga
do idioma árabe) invocando Alá e Ali. Outros registros escritos com a
mesma caligrafia já haviam sido encontrados em mosaicos, monumentos
funerários e mausoléus da Era Viking. “Presumivelmente, as vestimentas
funerárias da Era Viking foram influenciadas pelo islamismo e a ideia de
uma vida eterna no paraíso após a morte”, diz Larsson.
Em uma pesquisa anterior, Annika havia
revelado a ocorrência generalizada de seda oriental nas sepulturas
vikings da Escandinávia. Ao analisar os materiais, ela e sua equipe
descobriram que esses materiais vinham principalmente antiga da Ásia
persa e da Ásia central, onde o islã já era dominante. Por isso, a
pesquisadora afirma que análises de DNA estão sendo conduzidas nos
restos encontrados dentro das tumbas, para confirmar a origem geográfica
das pessoas enterradas. Apesar dos túmulos datarem uma época em que
vikings habitaram a região, não é possível descartar a possibilidade de
que os mortos eram de origem muçulmana.
“No Alcorão, está escrito que os
habitantes do paraíso usarão roupas de seda, que juntamente com as
inscrições podem explicar a ocorrência generalizada de seda nas
sepulturas da Era Viking”, diz Annika Larsson. “As descobertas são
igualmente prevalentes nos túmulos masculinos e femininos.”
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