Sarney Filho anuncia, em São Paulo, o reconhecimento dos sítios pela Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional.
DA REDAÇÃO
Sexta, 26 Maio 2017 18:00
Marcos Amend
Sexta, 26 Maio 2017 18:00
Marcos Amend
Anavilhanas: mais de 400 ilhas |
O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, anunciou nesta sexta-feira
(26/04) o reconhecimento pela Convenção sobre Zonas Úmidas de
Importância Internacional para sete novos sítios Ramsar no Brasil. A
divulgação das novas áreas foi feita durante o I Congresso Nacional de
Direito Ambiental Florestal, realizado pela Seção São Paulo da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB/SP).
“Hoje compartilho com vocês mais uma conquista: foram reconhecidos
sete novos sítios Ramsar no País. É um aumento muito expressivo da
nossa participação na Lista de Ramsar, passando de 13 para 20 sítios”,
detalhou Sarney Filho.
O ministro explicou que a Convenção estabelece marcos para ações
nacionais e cooperação internacional, para promover a conservação e o
uso racional de áreas úmidas no mundo. “Essas áreas são fundamentais
pela sua biodiversidade e os importantíssimos serviços ecossistêmicos
que prestam, além de seu valor socioeconômico, cultural, científico e
recreativo”, declarou.
ESTRATÉGIAS NACIONAIS
A designação Ramsar favorece ao Brasil a obtenção de apoio
internacional para o desenvolvimento de pesquisas, o acesso a fundos
internacionais para financiamento de projetos e a criação de um cenário
favorável à cooperação internacional.
Segundo o diretor do Departamento de Conservação de Ecossistemas do
Ministério do Meio Ambiente (MMA), Carlos Alberto Scaramuzza, o pedido
de reconhecimento dessas áreas é antigo e a atenção dado pelo ministro
Sarney Filho ao tema contribuiu para esse desfecho. “O que fizemos foi
um acompanhamento mais próximo da tramitação. Esse reconhecimento chega
em um momento bem interessante, quando estamos montando a estratégia
para implementação de Ramsar no Brasil”, contou.
Scaramuzza informou que será realizada uma oficina de trabalho, em
Brasília, nos dias 25 e 26 de julho, para a elaboração da estratégia. A
reunião contará com a participação dos gestores das 20 áreas
reconhecidas no Brasil e de representantes do Comitê Nacional de Zonas
Úmidas (CNZU). “Os sítios Ramsar representam as áreas úmidas brasileiras
reconhecidas internacionalmente pela sua importância. É como se os
sítios fossem o foco para promovermos ações de conservação em áreas
úmidas”, disse o diretor.
Foram contemplados como novos sítios Ramsar brasileiros: Parque
Nacional do Viruá (Roraima), Parque Nacional de Anavilhanas (Amazonas),
Reserva Biológica Federal do Guaporé (Rondônia), Estação Ecológica
Federal do Taim (Rio Grande do Sul), Estação Ecológica Federal de
Guaraqueçaba (Paraná), Parque Nacional e a APA de Fernando de Noronha
(Pernambuco) e Lund-Warming, que é uma parte da APA Federal Carste Lagoa
Santa (Minas Gerais).
RESERVA BIOLÓGICA GUAPORÉ
Localizada na região sul do estado de Rondônia, limite com a Bolívia,
foi criada em 1982 com a finalidade de proteger o ecossistema de
transição entre Pantanal, Cerrado e Floresta Amazônica. Faz parte do
Corredor Ecológico Guapore/Itenez Mamoré, criado para minimizar os
efeitos do desmatamento na região da BR-364, no estado. Assemelha-se ao
Pantanal mato-grossense devido aos regimes hídricos dos rios da região,
principalmente o Guaporé.
A reserva possui formações pioneiras aluviais conhecidas como campos
alagados do Guaporé, além de savanas, floresta estacional semidecidual,
floresta ombrófila aberta de aluviais e manchas de floresta ombrófila
densa. Abriga espécies ameaçadas de extinção como cervo do pantanal,
cachorro vinagre, onça pintada, tamanduá Bandeira, ariranha e tatu
canastra. É uma área relevante para espécies de aves e peixes, além de
servir de área de reprodução de tartaruga da Amazônia e outros
quelônios.
PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS
O Parque Nacional de Anavilhanas, arquipélago fluvial localizado no
Mosaico de Unidades de Conservação do Baixo Rio Negro, no estado do
Amazonas, está inserido no Corredor Central da Amazônia pelo Projeto
Corredores Ecológicos. O parque é Sítio do Patrimônio Natural da
Humanidade e Reserva da Biosfera pela Unesco, além de ser umas das 16
unidades de conservação (UCs) federais consideradas prioritárias para
estruturação da visitação por parte do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
De grande beleza cênica, o Parque Nacional de Anavilhanas apresenta
formações florestais diversas, como floresta ombrófila densa, igapó,
campina e campinarana, caatinga-gapó e chavascal, além de ecossistemas
fluviais e lacustres. A parte fluvial do parque, com mais de 400 ilhas,
aproximadamente 130 km de extensão e em média 20 km de largura,
representa 60% da unidade, enquanto a porção de terra firme representa
40%. Cerca de 70 lagos desenham a paisagem com formatos elípticos
alongados.
PARQUE NACIONAL VIRUÁ
O Parque Nacional Viruá, no estado de Roraima, é a unidade de
conservação com a maior riqueza de espécies de vertebrados registradas
no Brasil (mais de 1,2 mil espécies), com populações de 119 espécies de
mamíferos, 531 espécies de aves, 71 espécies de répteis, 47 espécies de
anfíbios e 500 espécies de peixes. A diversidade da flora está estimada
em mais de 4 mil espécies. Em 2014, foi o Parque Nacional da Amazônia
mais pesquisado e o terceiro na taxa anual de recebimento de turistas. O
parque realiza programas de combate ao incêndio, monitoramento da
biodiversidade, ecoturismo de base comunitária, controle da caça de
tartaruga no Rio Amazonas, além de campanhas e programas educativos.
ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE TAIM
Na Estação Ecológica de Taim, no Rio Grande do Sul, destacam-se
praias, falésias, sistema de banhados e áreas alagadas. É uma das zonas
mais ricas em aves aquáticas da América do Sul. Por ser um dos
remanescentes deste tipo de ecossistema, tem grande valor como
patrimônio genético e paisagístico. O banhado do Taim possui uma função
muito importante para a manutenção do equilíbrio ecológico da região,
como a produção de alimento, a conservação da biodiversidade, a
contenção de enchentes e o controle da poluição. Os processos mais
importantes nesse ecossistema são a geração de solo, a produção vegetal e
a estocagem de nutrientes, água e biodiversidade.
A reserva é moradia de pelo menos 30 espécies diferentes de mamíferos
e 250 aves, com destaque para animais como o cisne-de-pescoço-preto,
capororoca, tachã, garça-moura, cabeça-seca, socozinho, ximango,
martim-pescador, marrecão e marreca-piadeira.
ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE GUARAQUEÇABA
A Estação Ecológica de Guaraqueçaba é uma unidade de conservação de
proteção integral, sendo formada por manguezais, restingas e ilhas
litorâneas. Possui uma área total de 5.928 hectares e está totalmente
inserida na Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba. A região é
considerada uma das melhores do país para observação de aves da Mata
Atlântica. Lá ocorrem mais de 300 espécies de aves, entre elas, o
papagaio-da-cara-roxa e o garimpeirinho. Também ocorrem espécies como o
gavião-pomba, o sabiá-pimenta e o mico-leão-da-cara-preta e o boto
cinza.
FERNANDO DE NORONHA
O Sítio Ramsar corresponde ao Parque Nacional Marinho de Fernando de
Noronha e à APA de Fernando de Noronha, Rocas, São Pedro e São Paulo.
Com cerca de 2,6 mil hectares, a área abriga um alinhamento de montanhas
subaquáticas que se estende do Atlântico Dorsal para a plataforma
continental brasileira. Há elevada quantidade de algas e vegetação
arbórea. Fernando de Noronha é um dos destinos mais populares do Brasil e
recebe aproximadamente 60 mil turistas por ano.
LUND-WARMING
O Sítio corresponde a uma parcela da Área de Proteção Ambiental
Federal Carste Lagoa Santa, em Minas Gerais. É composto por rios, lagos e
pântanos de água doce, águas alcalinas subterrâneas e sistemas
hidrológicos cársicos subterrâneos. O plano de manejo da área está em
processo de revisão. Entre as ameaças enfrentadas pela APA estão a
agricultura, pastagem, urbanização, construção de rodovias e construção
de sumidouros que podem contaminar o sistema hídrico.
Atualmente, existem propostas para a criação de um programa de
monitoramento da água superficial e subterrânea, para a criação de um
programa que ofereça tecnologias alternativas para a agricultura, para o
tratamento do esgoto de toda região e para a promoção do turismo com o
objetivo de explorar as 800 cavernas e o potencial arqueológico da
região.
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): (61) 2028-1227
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