O encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica apontou os principais avanços tecnológicos e estratégias contra o câncer
12 jul 2017, 12h38
O encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, realizado em Chicago, em junho, apresentou a mais de 35.000 profissionais de saúde de todo o mundo estudos e pesquisas que apontaram avanços tecnológicos importantes e novas estratégias contra o câncer. A expectativa é de que, em breve, essas novidades impliquem em melhores taxas de cura e de controle da doença, principalmente se conseguirmos superar algumas barreiras, como a aprovação de terapias e o acesso ao tratamento.
Sabemos que, na maioria das vezes, as novas propostas terapêuticas são caras. Por isso, alguns dos grandes destaques deste evento foram os estudos que utilizaram estratégias básicas e mais baratas, mas de impacto bastante significativo na vida do paciente.
A importância da comunicação médico-paciente
O principal deles indica que a boa comunicação entre médicos e pacientesresulta em melhores prognósticos. Um levantamento realizado no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, nos Estados Unidos, mostrou que pacientes que informavam os médicos, via uma plataforma on-line, sobre suas queixas de tratamento e recebiam uma resposta atenciosa, viveram mais e com mais qualidade.
Nutrição e estilo de vida
Outro ponto a se destacar é o papel da nutrição e do estilo de vida, que continuam relevantes no combate a diversos tipos de câncer. Uma das pesquisas apresentadas avaliou o papel da manutenção do peso, atividade física e da dieta (rica em vegetais, frutas e fibras e pobre em carne vermelha e carne processada) em 992 pacientes com câncer de cólon avançado. Depois de sete anos, os pacientes que adotaram um estilo de vida mais saudável apresentaram uma diminuição do risco de morte em 42% e diminuição em 31% do risco de progressão ou morte pela doença.
Mais uma vez, esses números mostram como a mudança no estilo de vida tem impacto enorme nas chances de cura e em evitar recidiva de pacientes com câncer. Cabe aqui, mais uma vez, ressaltar a importância da parceria com a equipe médica, na orientação aos pacientes, enfatizando que as mudanças no estilo de vida têm impacto tão importante quanto o tratamento.
Efeitos colaterais da quimioterapia
Os estudos também abordaram alguns efeitos temidos da quimioterapia, tema de queixas frequentes nos consultórios, como a queda de cabelo, fadiga e alterações na função cerebral dos pacientes. Em um dos trabalhos, os pesquisadores acompanharam pacientes com câncer de mama que se submeteram a quimioterapia e verificaram que elas apresentaram piora nas taxas de memória, raciocínio, processamento de informações, em comparação àquelas que não receberam este tratamento. Estes efeitos podem durar até seis meses.
Queda de cabelo pode ser prevenida
A queda de cabelo, em decorrência do tratamento, tem grande interferência na aparência, autoestima e adesão ao tratamento. Uma das potenciais estratégias pera evitar este relevante e comum efeito colateral é a touca gelada, que diminui a temperatura do couro cabeludo, causando vasoconstricção dos vasos sanguíneos que irrigam o folículo capilar. O processo diminui a concentração do quimioterápico nestes folículos, evitando a assim a queda do cabelo. Este estudo avaliou 142 pacientes com câncer de mama localizado tratadas com quimioterapia. Entre as mulheres que usaram a touca, 50% preservaram seu cabelo. A boa notícia é que vários centros brasileiros já disponibilizam esta estratégia.
Yoga e ginseng combatem a fadiga
A fadiga é um dos efeitos colaterais mais relatados por pacientes e dois estudos mostraram que a adoção de hábitos simples pode auxiliar a superação desta etapa. Um deles analisou o impacto da prática de yoga na redução do cansaço. O estudo foi feito com 321 pacientes, 77% deles com câncer de mama. Os pesquisadores compararam o tratamento convencional com o tratamento convencional aliado a quatro semanas de prática de yoga. Os pacientes que fizeram yoga apresentaram melhora da fadiga e na qualidade do sono.
Outro estudo analisou o impacto do consumo do ginseng coreano vermelho sobre o cansaço. Os pesquisadores acompanharam pacientes com câncer avançado de colo e reto em tratamento quimioterápico. O grupo que usou ginseng apresentou menores taxas da fadiga, menor alteração de humor, melhoria nas relações interpessoais e melhora na capacidade de caminhar.
Uma das conclusões mais valiosas destas pesquisas é a importância do fortalecimento do vínculo entre paciente e equipe médica, do resgate da conversa mais atenciosa, do acolhimento dos anseios de quem está passando pelo tratamento. Desta forma, as intervenções, quando exigidas, são mais eficientes e a adesão ao tratamento, com a necessária adoção de um estilo de vida mais saudável, torna-se mais fácil.
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