De acordo com bióloga, o aumento do número de casos de febre amarela no leste de Minas Gerais pode estar relacionado com a contaminação do Rio Doce pelas barragens de minério
PUBLICADO EM 14/01/17 - 15h17
JOANA SUAREZ
(COM AGÊNCIAS)
Rompimento da barragem de Fundão, em 2015, pode ter desencadeado surto de febre amarela em Minas |
O rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana, na região Central de Minas Gerais, há pouco mais de um ano, pode ser um dos fatores que contribuíram para o surto de febre amarela no Estado. A bióloga da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Márcia Chame explica que o aumento de casos da doença acontece nos lugares que tiveram áreas ambientais degradadas. O desastre de Mariana destruiu praticamente toda região da bacia do rio Doce, onde está grande parte das cidades mineiras que registraram suspeitas e mortes da doença.
“A febre amarela no Brasil é silvestre. Você vê que os casos estão nas áreas rurais, onde o homem vai avançando nas matas e deixando pouco espaço para os animais. Esses bichos se aproximam do homem, fazendo com que ele entre no ciclo da doença, que era mantido na floresta no passado”, descreveu Márcia ontem à reportagem de O TEMPO.
Segundo a estudiosa – que coordena a Plataforma Institucional de Biodiversidade e Saúde Silvestre na Fiocruz – , a doença é cíclica e, geralmente, tem surtos que ocorrem de sete em sete anos no país. “Em 2009, tivemos um surto grande no Rio Grande do Sul (área que foi considerada livre da doença por mais de 50 anos), já houve em São Paulo e Tocantins. Correlacionamos o surto com 7.200 parâmetros diferentes, para ver qual consegue explicar”, esclareceu Márcia. Uma das hipóteses, segundo ela, é que o desastre de Mariana possa ter contribuído. “Houve uma degradação ambiental maior na região”, afirmou.
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