Chacoalhar uma criança por apenas alguns segundos pode provocar danos cerebrais e até a morte
EL PAÍS/BRASIL
Apesar de poder ocorrer até os 5 anos de idade, os casos são mais frequentes quando a criança tem entre seis e oito semanas – normalmente, o período em que um bebê chora de maneira mais descontrolada. Os bebês com cólica ou similares são os que têm mais risco de sofrer a síndrome. “O motivo mais frequente é um choro inconsolável e prolongado que provoca a frustração e a irritação do adulto que cuida daquele bebê, que acaba por chacoalhar a criança. Outra causa é a tentativa de reanimá-la diante de uma situação que o cuidador entende como uma ameaça de vida (um espasmo do soluço, um engasgamento ou um ataque de tosse)”, explica a AEP.
Se movemos um bebê com muita força, se o cérebro sofrer danos, o mais provável é que ele pare de chorar. Além disso, quando se chacoalha um bebê, sua cabeça gira sem controle, já que os músculos de seu pescoço estão pouco desenvolvidos e dão pouco suporte para a cabeça.
Sintomas e consequências
Os principais sintomas desta síndrome são irritabilidade, dificuldade para ficar desperto, problemas respiratórios, falta de apetite, vômitos ou paralisia. Pode haver ainda consequências que podem não ser visíveis, como uma hemorragia no cérebro ou nos olhos, danos na medula espinhal e pescoço, ou fraturas nas costelas. Em casos mais moderados, a criança pode aparentar não ter sofrido lesões, mas a longo prazo apresenta problemas de saúde, aprendizagem e desenvolvimento.
As consequências podem ser uma doença óssea ou a ruptura dos vasos sanguíneos ou dos nervos que percorrem o tecido cerebral. Se o ato de chacoalhar acaba com o impacto da criança contra alguma superfície, as consequências podem ser ainda piores, chegando a destruir as células do cérebro, impedindo que este receba oxigênio suficiente.
Apenas alguns segundos são suficientes para que se produza uma lesão irreparável no cérebro, reiteram os especialistas. As consequências mais frequentes são a cegueira total ou parcial, surdez, atraso na aprendizagem, deficiência mental ou enjoos frequentes. Nos casos mais graves, a criança pode morrer. Segundo a AEP, uma em cada 10 bebês que sofrem da síndrome morre.
A importância de procurar ajuda e se informar
Os especialistas destacam que existem fatores psicológicos que podem aumentar o risco de agitar um bebê: expectativas não realistas sobre como a criança deveria ser, ter pais jovens e inexperientes que estejam sofrendo de estresse, abuso de álcool e drogas, depressão, entre outros. Segundo os dados, essa conduta é mais comum entre os homens.
As formas de prevenção mais eficientes incluem assumir que o choro contínuo pode ser normal entre os bebês, mas que melhora com o tempo; buscar ajuda quando nos irritamos; e educar e informar os outros adultos envolvidos nos cuidados com a criança sobre as graves consequências de sacudi-la.
Apesar da relativa frequência, é uma síndrome sobre a qual pais de primeira viagem nem sempre são informados. O caso mais conhecido foi o do alpinista suíço Erhard Loretan, que em 2001 matou seu bebê de sete meses ao chacoalhá-lo durante um episódio de extrema irritabilidade, e que decidiu tornar seu caso público para alertar outros pais.
Nada justifica sacudir uma criança. Os especialistas aconselham que se um pai ou mãe “está tendo problemas para controlar as emoções produzidas pela maternidade ou paternidade, que procure ajuda, já que alguns segundos são suficientes para que o bebê sofra consequências irreparáveis”. “E certifique-se de que todas as pessoas que cuidam de seu filho saibam dos riscos da síndrome do bebê sacudido”, recomendam.
*Fontes: Mayo Clinic, Instituto Nacional de Saúde dos EUA e Associação Espanhola de Pediatria.
Disponível: http://brasil.elpais.com/brasil/2017/03/22/ciencia/1490179256_566279.html
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