Prefeito pede "disciplina" e diz que "pichador não é artista, é agressor"; artistas cobram diálogo com Prefeitura
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23 jan 2017, 09h51
- Atualizado em 23 jan 2017, 11h31
Grafites substituídos por tinta cinza, na avenida 23 de maio, em São Paulo (Rogerio de Santis/Futura Press/Folhapress) |
Nesta segunda-feira, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o prefeito pediu “disciplina” e defendeu que impedir que os grafites estejam por toda a cidade visa dificultar uma “conexão” com os pichadores. Para Doria, “pichador não é artista. É agressor”. Ele também relacionou a arte urbana com os museus, defendendo que, como estes, ela fique em locais “adequados”.
Diante das ações da Prefeitura contra pichações e grafites, artistas e especialistas questionam a falta de diálogo. Para eles, as manifestações de arte urbana são patrimônio cultural que deve ser preservado na cidade. “Há fundações internacionais, como a Cartier, de Paris, que recebem e apoiam pichadores brasileiros. Temos de estar de braços abertos para essa molecada, chamá-los para o diálogo”, defende o artista plástico Rui Amaral, um dos precursores do grafite em São Paulo. Amaral vai se reunir com o secretário de Cultura, André Sturm, nos próximos dias para discutir as medidas recentes.
Amaral foi um dos curadores do corredor de arte urbana da avenida 23 de Maio. Segundo ele, o projeto, conhecido como um dos maiores murais do tipo no mundo, englobou tanto a pichação quanto o grafite – e sua junção, conhecida como “grapixo”. Alguns desses trabalhos foram cobertos de tinta pelo prefeito há pouco mais de uma semana, durante uma ação do programa “Cidade Linda”.
A artista, curadora e pesquisadora de arte urbana Lilian Amaral também cobra uma participação maior da Secretaria de Cultura no diálogo com os artistas de rua. “Estamos falando de produção cultural. Não foi ao acaso que essas manifestações artísticas conquistaram espaço e chegaram ao ponto de estarem ligadas à identidade da cidade”, explica.
Segundo a pesquisadora, o grafite e a pichação são linguagens artísticas que têm uma mesma origem, ligada à ocupação de espaços públicos. “É um tipo de manifestação consolidada no século 21. Temos de entender a arte urbana como patrimônio. É um equívoco apagá-la. É como apagar a memória da cidade.”
Vídeo da artista plástica Barbara Goy mostra os grafites sendo cobertos com tinta cinza
Disponível:http://veja.abril.com.br/politica/sob-doria-grafites-sao-apagados-por-tinta-cinza-em-avenida-de-sp/(Com Estadão Conteúdo)
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