Meio Ambiente & Desenvolvimento Humano

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Plantas da Caatinga são usadas no combate ao Aedes

Cheiro característico da folha de umburana cambão possui propriedades inseticidas estudadas por órgãos de pesquisa 

 por Portal Brasil publicado: 14/02/2017 16h09 última modificação: 14/02/2017 16h29

                                                                               Arquivo/Agência Brasil

Estudos sobre a planta se desenvolvem há sete anos  
Estudos sobre a planta se desenvolvem há sete anos

A Caatinga é um bioma que só é encontrado no Brasil. Por isso, inúmeras espécies da fauna e da flora da região só existem no País. A umburama cambão, por exemplo, é uma das plantas da Caatinga que se revelou uma importante arma contra o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika vírus e febre chikungunya.

Segundo o pesquisador Alexandre Gomes, do Insa, os experimentos da umburama cambão mostraram que a solução do óleo da planta tem uma eficiência de 50% a partir de 90 partes por milhão, o que significa que apenas uma gota é suficiente para proteger uma caixa d'água do Aedes. O cheiro característico da folha da árvore foi a pista para investigar as possíveis propriedades inseticidas da planta.

"Já sabemos que alguns compostos de plantas têm atividade inseticida. Esses compostos são chamados terpenoides e podem ser aromáticos voláteis. Um exemplo deles está na folha da pitanga, que, quando se amassa, tem um cheiro típico", explica Gomes.

Apesar do resultado satisfatório da umburana contra o mosquito da dengue, é fundamental não descuidar das recomendações para combater o Aedes aegypti como eliminar criadouros, esvaziando e lavando todos os recipientes que acumulem água; limpar as calhas das casas; e preencher pratos de vasos de plantas com areia. Nem mesmo água sanitária é garantia de que o mosquito não se desenvolverá.

Desde 2010, pesquisadores do Núcleo de Bioprospecção da Caatinga do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) se uniram no esforço de estudar as plantas da Caatinga.

DSTs

Os cientistas ainda descobriram nas plantas da Caatinga potencial para o desenvolvimento de novos antibióticos para tratar micro-organismos mais resistentes. Os medicamentos usados contra a triconomose, doença sexualmente transmissível com 276 milhões de novos casos por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde, estão perdendo a eficácia diante da resistência do protozoário Trichomonas vaginalis.

Uma solução, investigada por pesquisadores da UFRGS, é o extrato da espécie Polygala decumbens, popularmente conhecida como vick, que foi capaz de controlar a infecção causada pelo protozoário.
Substâncias encontradas no extrato da folha da maçaranduba (Manilkara rufula) também se mostraram eficazes contra a triconomose. O trabalho investigou a atividade do extrato acetônico da folha da planta (produzido a partir do pó da folha mergulhado na acetona, um solvente orgânico) e de sete frações produzidas a partir desse extrato. O estudo comprovou que concentrações de 10mg/mL do extrato e as frações foram capazes de matar os protozoários.

Antioxidantes naturais

Outras plantas têm o poder de neutralizar os oxidantes no organismo humano, como o cambuí, a macaúba e o pequi. Nativo do Cerrado e também encontrado na Caatinga, o pequi (Caryocar coriaceum) é rico em proteínas, fibras, vitaminas A e C, minerais e compostos fenólicos e carotenoides totais, que estão associados à prevenção de processos oxidativos.

Por isso, o óleo de pequi, extraído da sua polpa ou amêndoa, é aplicado em cosméticos, como cremes anti-idade. Além disso, foram verificados os benefícios do pequi para a ação anti-inflamatória, proteção cardiovascular, prevenção de aterosclerose e redução da pressão arterial.

Os pesquisadores também observaram propriedades antioxidantes no cambuí (Myrciaria tenella) e no fruto da macaúba (Acrocomia aculeata), palmeira nativa encontrada em extensa área do Brasil, usada na produção de biocombustível.

Fonte: Portal Brasil, com informações do MCTI

 

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