Meio Ambiente & Desenvolvimento Humano

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Relatório Global convoca países a investirem em aprendizagem ao longo da vida

17/02/2017 Undime

(Foto: Unesco)

A aprendizagem e a educação de adultos pode melhorar a saúde e o bem-estar, as oportunidades de emprego e desenvolver comunidades locais, de acordo com o 3º Relatório Global sobre Aprendizagem e Educação de Adultos (GRALE III), produzido pelo Instituto da Unesco para a Aprendizagem ao Longo da Vida (UIL). O relatório foi lançado para a região da América Latina e Caribe esta semana, em Brasília, no dia 15 de fevereiro. Na ocasião, a Undime estava presente e foi representada pela secretária de finanças, Maria Edineide de Almeida Batista.
O principal objetivo do relatório é fazer um balanço dos progressos alcançados pelos países na implementação dos compromissos assumidos para a aprendizagem e educação de adultos (ALE, sigla em inglês) durante a Conferência Internacional sobre Educação de Adultos (Confintea VI), realizada em 2009, que originou o Marco de Ação de Belém, um conjunto de recomendações voltadas para a elaboração de políticas públicas visando a uma educação de jovens e adultos mais inclusiva e equitativa. No Brasil, o conceito de ALE equivale ao de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
“Para além do Marco de Ação de Belém, o GRALE III também traz recomendações da Unesco para os países sobre a aprendizagem de jovens e adultos. As recomendações convidam os Estados-membros a desenvolver e aprimorar suas políticas de ALE, a partir dos subsídios e reflexões trazidas pelo Relatório”, complementou o especialista sênior em Políticas e Estratégias, Werner Mauch, do Instituto da UNESCO para a Aprendizagem ao Longo da Vida, durante o lançamento.
O estudo, elaborado com base nas respostas de 139 países à pesquisa GRALE III, mostra que a maioria dos Estados-membros avançou no desenvolvimento de políticas, governança, financiamento, qualidade e alcance da ALE desde 2009. Além disso, 124 países consideram que a aprendizagem e educação de adultos teve um grande impacto na saúde e bem-estar, na cidadania ativa, na coesão social, na diversidade e na tolerância. O relatório também aponta a grande contribuição que a ALE pode ter para o alcance da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
A Agenda 2030 é um documento acordado entre os países-membros das Nações Unidas que estabelece um novo rumo para o desenvolvimento mundial, por meio de seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Dentre eles, o ODS 4, que visa a assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos, e que encontra subsídios para sua implementação na Declaração de Incheon.
Dados do Relatório
A oficial de Programa do UIL, Daniele Vieira, complementou a apresentação dos dados globais e destacou alguns panoramas da América Latina. “No âmbito global 75% dos países destacaram que houve uma melhora significativa nas políticas de educação de jovens e adultos desde 2009 quando o Marco de Ação de Belém foi acordado pelos Estados-membros. Na América Latina e Caribe esse percentual foi um pouco maior: 83% dos países na região reportaram que houve progresso”. Além disso, 60% dos países participantes relataram aumentos gerais nas taxas de participação em ALE no mesmo período.
A baixa alfabetização é um grande obstáculo do progresso em aprendizagem e educação de adultos, uma vez que 758 milhões de adultos, incluindo 115 milhões de jovens (entre 15 e 24 anos), ao redor do mundo ainda não sabem ler ou escrever uma simples frase. Dentre os países que participaram da pesquisa, 65% identificaram a falta de alfabetização como o principal fator que impede a aprendizagem e educação de adultos de ter um impacto positivo ainda maior sobre a saúde e o bem-estar. De acordo com 66% dos países, programas de alfabetização ajudam a desenvolver valores democráticos, coexistência pacífica e solidariedade.
A desigualdade de gênero é outro desafio que precisa ser superado. O desenvolvimento social e comunitário é altamente dependente da participação das mulheres, mas elas não possuem acesso igualitário à alfabetização ou à ALE e continuam representando 63% dos adultos com baixas habilidades de alfabetização. Entretanto, é encorajador notar que em 44% dos países pesquisados as mulheres participam mais da aprendizagem e educação de adultos do que os homens.
Com exemplos de diferentes partes do mundo, o GRALE III mostra que a ALE pode ajudar a empoderar populações pobres e em desvantagem, e a melhorar suas conexões sociais, redes e habilidades de comunicação, mas que muitas vezes esses são justamente os grupos que são excluídos da educação de adultos.
Cenários na América Latina e no Brasil
No evento, a diretora e especialista sênior do Escritório Regional da UNESCO para a América Latina e Caribe (OREALC), Cecilia Barbieri, abordou as tendências para região e os caminhos a seguir. Em especial, a necessidade de pensar na elaboração conjunta para América Latina e Caribe de mecanismos para trabalhar a nova agenda de desenvolvimento com um olhar para aprendizagem ao longo da vida. “ É importante considerar que uma educação forte, com integração de jovens e adultos, em todos os temas, com a preparação voltada para os desafios do mundo de hoje, é um dos caminhos para se chegar aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e da Agenda de Educação 2030”.
No cenário nacional, Carlos Eduardo Moreno Soares, diretor de estatísticas do Inep apresentou as estatísticas do Brasil, observando que nos ciclos finais da EJA, principalmente no Ensino Médio, há uma quantidade significativa de alunos jovens, próximos dos 19 anos, que buscam nessa modalidade de ensino uma forma de concluir seus estudos após reprovações sucessivas. Enquanto nos níveis iniciais a média de idade dos alunos é de 40 anos.
Para a secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi/ MEC), Ivana de Siqueira, o Brasil precisa continuar desenvolvendo seus esforços na área de alfabetização de jovens e adultos. “Nós sabemos que ainda existem 13 milhões de pessoas analfabetas no país, o que demonstra o nível de desigualdade da nossa sociedade. Um número que revela que a educação foi apresentada de uma maneira que não conseguiu alcançar a todos no Brasil. Seja na forma como ela foi distribuída, sem enxergar as necessidades, como nas especificidades do nosso público”.
Relatório e outras informações: https://goo.gl/yCep0m

(Foto: Unesco)

(Foto: Unesco)
Fonte: Unesco com adaptações
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