17/02/2017 Undime
(Foto: Unesco) |
A aprendizagem e a educação de adultos
pode melhorar a saúde e o bem-estar, as oportunidades de emprego e
desenvolver comunidades locais, de acordo com o 3º Relatório Global
sobre Aprendizagem e Educação de Adultos (GRALE III), produzido pelo
Instituto da Unesco para a Aprendizagem ao Longo da Vida (UIL). O
relatório foi lançado para a região da América Latina e Caribe esta
semana, em Brasília, no dia 15 de fevereiro. Na ocasião, a Undime estava
presente e foi representada pela secretária de finanças, Maria Edineide
de Almeida Batista.
O principal
objetivo do relatório é fazer um balanço dos progressos alcançados pelos
países na implementação dos compromissos assumidos para a aprendizagem e
educação de adultos (ALE, sigla em inglês) durante a Conferência
Internacional sobre Educação de Adultos (Confintea VI), realizada em
2009, que originou o Marco de Ação de Belém,
um conjunto de recomendações voltadas para a elaboração de políticas
públicas visando a uma educação de jovens e adultos mais inclusiva e
equitativa. No Brasil, o conceito de ALE equivale ao de Educação de
Jovens e Adultos (EJA).
“Para além do
Marco de Ação de Belém, o GRALE III também traz recomendações da Unesco
para os países sobre a aprendizagem de jovens e adultos. As
recomendações convidam os Estados-membros a desenvolver e aprimorar suas
políticas de ALE, a partir dos subsídios e reflexões trazidas pelo
Relatório”, complementou o especialista sênior em Políticas e
Estratégias, Werner Mauch, do Instituto da UNESCO para a Aprendizagem ao
Longo da Vida, durante o lançamento.
O
estudo, elaborado com base nas respostas de 139 países à pesquisa GRALE
III, mostra que a maioria dos Estados-membros avançou no
desenvolvimento de políticas, governança, financiamento, qualidade e
alcance da ALE desde 2009. Além disso, 124 países consideram que a
aprendizagem e educação de adultos teve um grande impacto na saúde e
bem-estar, na cidadania ativa, na coesão social, na diversidade e na
tolerância. O relatório também aponta a grande contribuição que a ALE
pode ter para o alcance da Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável.
A Agenda 2030 é um
documento acordado entre os países-membros das Nações Unidas que
estabelece um novo rumo para o desenvolvimento mundial, por meio de seus
17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Dentre eles, o ODS
4, que visa a assegurar a educação inclusiva e equitativa e de
qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida
para todos, e que encontra subsídios para sua implementação na Declaração de Incheon.
Dados do Relatório
A
oficial de Programa do UIL, Daniele Vieira, complementou a apresentação
dos dados globais e destacou alguns panoramas da América Latina. “No
âmbito global 75% dos países destacaram que houve uma melhora
significativa nas políticas de educação de jovens e adultos desde 2009
quando o Marco de Ação de Belém foi acordado pelos Estados-membros. Na
América Latina e Caribe esse percentual foi um pouco maior: 83% dos
países na região reportaram que houve progresso”. Além disso, 60% dos
países participantes relataram aumentos gerais nas taxas de participação
em ALE no mesmo período.
A baixa
alfabetização é um grande obstáculo do progresso em aprendizagem e
educação de adultos, uma vez que 758 milhões de adultos, incluindo 115
milhões de jovens (entre 15 e 24 anos), ao redor do mundo ainda não
sabem ler ou escrever uma simples frase. Dentre os países que
participaram da pesquisa, 65% identificaram a falta de alfabetização
como o principal fator que impede a aprendizagem e educação de adultos
de ter um impacto positivo ainda maior sobre a saúde e o bem-estar. De
acordo com 66% dos países, programas de alfabetização ajudam a
desenvolver valores democráticos, coexistência pacífica e solidariedade.
A
desigualdade de gênero é outro desafio que precisa ser superado. O
desenvolvimento social e comunitário é altamente dependente da
participação das mulheres, mas elas não possuem acesso igualitário à
alfabetização ou à ALE e continuam representando 63% dos adultos com
baixas habilidades de alfabetização. Entretanto, é encorajador notar que
em 44% dos países pesquisados as mulheres participam mais da
aprendizagem e educação de adultos do que os homens.
Com
exemplos de diferentes partes do mundo, o GRALE III mostra que a ALE
pode ajudar a empoderar populações pobres e em desvantagem, e a melhorar
suas conexões sociais, redes e habilidades de comunicação, mas que
muitas vezes esses são justamente os grupos que são excluídos da
educação de adultos.
Cenários na América Latina e no Brasil
No
evento, a diretora e especialista sênior do Escritório Regional da
UNESCO para a América Latina e Caribe (OREALC), Cecilia Barbieri,
abordou as tendências para região e os caminhos a seguir. Em especial, a
necessidade de pensar na elaboração conjunta para América Latina e
Caribe de mecanismos para trabalhar a nova agenda de desenvolvimento com
um olhar para aprendizagem ao longo da vida. “ É importante considerar
que uma educação forte, com integração de jovens e adultos, em todos os
temas, com a preparação voltada para os desafios do mundo de hoje, é um
dos caminhos para se chegar aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
das Nações Unidas e da Agenda de Educação 2030”.
No
cenário nacional, Carlos Eduardo Moreno Soares, diretor de estatísticas
do Inep apresentou as estatísticas do Brasil, observando que nos ciclos
finais da EJA, principalmente no Ensino Médio, há uma quantidade
significativa de alunos jovens, próximos dos 19 anos, que buscam nessa
modalidade de ensino uma forma de concluir seus estudos após reprovações
sucessivas. Enquanto nos níveis iniciais a média de idade dos alunos é
de 40 anos.
Para a secretária de
Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi/
MEC), Ivana de Siqueira, o Brasil precisa continuar desenvolvendo seus
esforços na área de alfabetização de jovens e adultos. “Nós sabemos que
ainda existem 13 milhões de pessoas analfabetas no país, o que demonstra
o nível de desigualdade da nossa sociedade. Um número que revela que a
educação foi apresentada de uma maneira que não conseguiu alcançar a
todos no Brasil. Seja na forma como ela foi distribuída, sem enxergar as
necessidades, como nas especificidades do nosso público”.
Relatório e outras informações: https://goo.gl/yCep0m(Foto: Unesco)
(Foto: Unesco)
Fonte: Unesco com adaptações
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