É o primeiro registro de um exemplar da espécie no município do Rio de Janeiro do último século, afirmam biólogos da Fiocruz
10 maio 2017, 10h40
O primeiro mico-leão-dourado a aparecer na cidade do Rio de Janeiro nos últimos 100 anos acaba de ser fotografado, revelaram biólogos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta terça-feira. A imagem do pequeno primata foi capturada pelos pesquisadores da instituição Iuri Veríssimo e Monique Medeiros, na Estação Biológica Fiocruz Mata Atlântica, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Segundo eles, o animal estava acompanhado de um grupo de saguis-de-tufo-branco, outra espécie típica da Mata Atlântica.
O mico-leão-dourado é uma espécie de primata exclusiva da Mata Atlântica brasileira. Registros do período colonial apontam que antes do século XIX esses animais eram encontrados em toda a extensão da costa do estado do Rio de Janeiro, inclusive na capital. Mas, com a rápida perda de habitat ao longo do século XX, a espécie foi localmente extinta em quase todo o estado. Por isso, para os pesquisadores, encontrar um mico-leão-dourado na capital fluminense depois de tanto tempo é uma notícia bem entusiasmante.
Até a década de 1940, ainda era possível encontrá-la nos municípios de Araruama e Maricá – porém, em pouco tempo a espécie tornou-se restrita a uma pequena região na bacia do rio São João. Em 1960, quando restavam apenas 200 micos na Mata Atlântica, o primatologista e conservacionista Adelmar Coimbra Filho estabeleceu as bases de um programa de salvamento para os pequenos primatas, hoje liderado pela Associação Mico-Leão-Dourado.
Atualmente, existem 3.200 desses animais vivendo livremente, com todas as populações concentradas em poucos municípios do interior do Rio de Janeiro, sendo as maiores na Reserva de Poço das Antas e na Reserva Biológica União. A singularidade do macaquinho é tão grande que ele foi escolhido para estampar a nota de 20 reais, sendo uma das espécies mais representativas da fauna tipicamente brasileira.
De acordo com o biólogo responsável pela gestão ambiental do Programa de Desenvolvimento do Campus Fiocruz Mata Atlântica, Ricardo Moratelli, o próximo passo é descobrir a origem desses animais – se são remanescentes de uma população local ou se foram trazidos de outra região e soltos na área. A Estação Biológica da Fiocruz fica bem perto do Parque Estadual da Pedra Branca, que abriga a maior floresta urbana das Américas, com aproximadamente 50 quilômetros quadrados de florestas de baixada bem preservadas, habitat preferido do mico-leão-dourado. Possivelmente, segundo os cientistas, o animal que aparece na foto pode ter vindo de lá.
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