Pesquisa encontrou relação entre dietas ricas em açúcar, ansiedade e depressão em homens. Segundo cientistas, ligação pode também estar presente em mulheres
Da redação
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28 jul 2017, 15h05 - Publicado em 28 jul 2017, 14h57
VEJA/ABRIL
Os pesquisadores identificaram que para um terço dos homens, aqueles com maior consumo de açúcar, houve alta de 23% da ocorrência desses problemas mentais. (iStock/Getty Images) |
Dietas com alto teor de açúcar, ligadas ao consumo de refrigerantes e doces, podem estar associadas a um maior risco de problemas mentais comuns, como ansiedade e depressão leve, apontou um estudo publicado nesta quinta-feira na revista Scientific Reports.
A pesquisa, feita com homens e mulheres, apresentou tais resultados
apenas no grupo masculino – mas, segundo os autores, não é impossível
que a associação esteja presente também no sexo feminino, uma vez que
outros estudos já verificaram uma relação entre excesso de açúcar e
depressão em mulheres.
Açúcar e depressão
Altos níveis de consumo de açúcar já
haviam sido relacionados a uma prevalência mais alta de depressão em
diversos estudos anteriores. No entanto, até agora, cientistas não
sabiam se a ocorrência do problema mental desencadeava um consumo maior
de açúcar, ou se os doces é que levavam à depressão.
Para descobrir se a voracidade por
açúcar é causa ou consequência dos problemas mentais, os cientistas
analisaram os dados de 8.087 britânicos com idades entre 39 e 83 anos,
coletados por 22 anos para um estudo de larga escala. As descobertas
foram feitas com base em questionários sobre a dieta e a saúde mental de
participantes.
Para um terço dos homens – aqueles com
maior consumo de açúcar – houve alta de 23% da ocorrência de problemas
mentais após cinco anos, independentemente de obesidade, comportamentos
relacionados à saúde, do restante da dieta e de fatores
sociodemográficos.
O consumo de açúcar foi medido por 15
itens que incluem refrigerante, suco industrializado, doce, bolo,
biscoito e açúcar adicionado ao café. Para homens, foi considerado alto
consumo maior que 67 gramas por dia e, para mulheres, acima de 50
gramas. A Organização Mundial da Saúde recomenda uso máximo de 50 gramas
por dia e aponta que o ideal é não passar dos 25 gramas.
Gênero
Segundo os pesquisadores, o fato de a ligação entre açúcar e doenças mentais ter aparecido apenas no grupo masculino foi surpreendente. “Esse resultado foi bastante inesperado e não encontramos boa explicação para isso. Mas não é impossível que os resultados também se apliquem a mulheres. Um estudo americano em 2015, exclusivamente com mulheres, também encontrou associação de alto consumo de açúcar e depressão”, disse Anika.
Segundo ela, há várias explicações
biológicas plausíveis para a associação entre açúcar e depressão. A
principal delas é que o açúcar reduz os níveis do chamado fator
neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, na sigla em inglês), que ajuda
no desenvolvimento de tecidos cerebrais. “O BDNF tem sido discutido como
um facilitador da atrofia do hipocampo em casos de depressão”, disse
Anika.
“O doce me acalma”
Açúcar e ansiedade estão na vida do
empresário Mardone Paz, de 38 anos. Ele não sabe se a ansiedade, no seu
caso, está ligada ao consumo de doces, mas diz correr a um café ou
padaria sempre que bate o nervosismo. “O doce me acalma. Como com
frequência mesmo sabendo que não faz bem à saúde, porque gosto muito.”
Por pressão da família, ele passou a se
preocupar mais com a alimentação, mas não abandonou o açúcar. “Sei que é
preciso, mas não consigo.”
(Com Estadão Conteúdo)
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