7.4.2017 - 20:04
Maria do Céu é a chefe da Representação Nordeste do MinC (Foto: Arquivo pessoal) |
À frente da Representação Regional do Ministério da Cultura (MinC) no
Nordeste desde dezembro de 2016, a empresária e produtora cultural Maria
do Céu é responsável pela articulação, implementação e acompanhamento
das políticas culturais da Pasta em Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão,
Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Para identificar as principais demandas da região, Maria do Céu tem
realizado uma série de viagens, tanto para cidades do interior quanto
para capitais. "As incursões são muito importantes para que possamos
traçar um mapa mais preciso das necessidades culturais de cada uma
dessas localidades. Todas as demandas identificadas são encaminhadas
para a sede do Ministério da Cultura, em Brasília", explicou.
Na opinião da representante, o essencial é que a Representação Regional
esteja cada vez mais próxima da ponta, ou seja, dos locais onde a
cultura é produzida. "Estamos muito na rua, escutando as pessoas,
observando as necessidades, recebendo produtores. Somente dessa forma
podemos entender as dificuldades enfrentadas. Cultura é uma paixão que
precisa de apoio para acontecer", destacou.
Leia, abaixo, entrevista da represente da Regional Nordeste:
Antes de assumir o comando da Representação Regional Nordeste, como era seu envolvimento com os movimentos culturais?
Passei a infância entre Olinda e a Zona da Mata pernambucana, duas
regiões extremamente ricas no que se refere às manifestações culturais. A
Zona da Mata é onde se pode ver os caboclinhos e maracatus (de baque
soltou ou virado). Cresci junto com o Manguebeat, movimento de
contracultura surgido em Recife, em 1991, que mistura ritmos regionais,
como o maracatu, com rock, hip hop, funk rock e música eletrônica. Já
adulta me engajei em outras manifestações culturais, especialmente com a
cultura LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e
Transgêneros), com forte influência urbana. Durante muitos anos,
participei ativamente do Cine PE, festival de cinema organizado por
Alfredo Bertini. Sempre mantive diálogo com artistas e todos aqueles que
produziam arte.
Na sua avaliação, quais são os desafios e quais devem ser as prioridades do MinC para a Região?
Nos últimos três meses, me dediquei a criar pontes entre todos aqueles
que produzem cultura, seja nas capitais ou no interior do Nordeste.
Nosso foco principal é a assegurar o fomento às iniciativas culturais.
Para isso, artistas e produtores precisam estar aptos a apresentar seus
projetos, criar novas formas de levar sua arte ao público. Nesse
sentido, o Ministério da Cultura deve investir em programas que possam
capacitar os agentes de cultura. O empoderamento vem por meio da
capacitação do mercado. Os editais muitas vezes são distantes do povo do
agreste. Alguns não sabem como participar, outros precisam apenas ter
conhecimento do que foi lançado. Devemos então fazer essa ponte.
Nas últimas semanas, você fez diversas viagens para o interior de Pernambuco para avaliar a situação de grupos, equipamentos culturais e, sobretudo, identificar as demandas do setor em pequenos municípios. Qual foi o panorama encontrado? Essas diligências serão estendidas a outros estados?
As incursões nos municípios ou
mesmo nas capitais são muito importantes para que possamos traçar um
mapa mais preciso das necessidades culturais de cada uma dessas
localidades. Todas as demandas identificadas são encaminhadas para a
sede do Ministério da Cultura, em Brasília. Além de algumas cidades de
Pernambuco, também fui a Teresina, no Piauí, e a Natal, no Rio Grande do
Norte. Foram oito cidades em uma semana. Em alguns municípios de
Pernambuco, pude encontrar comunidades quilombolas extremamente
organizadas, com escolas próprias, com creches. No entanto, também
observei nesses lugares uma forte desconstrução das religiões de matriz
africana. É necessário ativar centros de ensino dentro dessas
comunidades para que reforcem a importância da cultura afro-brasileira,
que é riquíssima. As próximas agendas devem incluir Maranhão e Ceará.
Você é uma das principais expoentes do movimento LGBT em Pernambuco. Os princípios de tolerância, diversidade e respeito aos direitos humanos também são bandeiras da Regional Nordeste?
Sem
dúvida. A questão da diversidade é sempre discutida em eventos ou
reuniões realizadas nos municípios nos quais discutimos cultura, como
fizemos recentemente no interior de Pernambuco. Aos poucos, as pessoas,
os próprios prefeitos me procuram para incluir esse tema na pauta do
debate ou mesmo para relatar exemplos positivos, como mulheres e homens
trans que vêm se destacando em seus municípios nas mais variadas
atividades.
Assessoria de Comunicação
Ministério da Cultura
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