Meio Ambiente & Desenvolvimento Humano

domingo, 9 de abril de 2017

Identificação de demandas e diálogo marcam gestão da Regional Nordeste: entrevista com Maria do Céu

7.4.2017 - 20:04  
Maria do Céu é a chefe da Representação Nordeste do MinC (Foto: Arquivo pessoal)
 
 
À frente da Representação Regional do Ministério da Cultura (MinC) no Nordeste desde dezembro de 2016, a empresária e produtora cultural Maria do Céu é responsável pela articulação, implementação e acompanhamento das políticas culturais da Pasta em Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
 
Para identificar as principais demandas da região, Maria do Céu tem realizado uma série de viagens, tanto para cidades do interior quanto para capitais. "As incursões são muito importantes para que possamos traçar um mapa mais preciso das necessidades culturais de cada uma dessas localidades. Todas as demandas identificadas são encaminhadas para a sede do Ministério da Cultura, em Brasília", explicou. 
 
Na opinião da representante, o essencial é que a Representação Regional esteja cada vez mais próxima da ponta, ou seja, dos locais onde a cultura é produzida. "Estamos muito na rua, escutando as pessoas, observando as necessidades, recebendo produtores. Somente dessa forma podemos entender as dificuldades enfrentadas. Cultura é uma paixão que precisa de apoio para acontecer", destacou.

Leia, abaixo, entrevista da represente da Regional Nordeste:

Antes de assumir o comando da Representação Regional Nordeste, como era seu envolvimento com os movimentos culturais?
 
Passei a infância entre Olinda e a Zona da Mata pernambucana, duas regiões extremamente ricas no que se refere às manifestações culturais. A Zona da Mata é onde se pode ver os caboclinhos e maracatus (de baque soltou ou virado). Cresci junto com o Manguebeat, movimento de contracultura surgido em Recife, em 1991, que mistura ritmos regionais, como o maracatu, com rock, hip hop, funk rock e música eletrônica. Já adulta me engajei em outras manifestações culturais, especialmente com a cultura LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), com forte influência urbana. Durante muitos anos, participei ativamente do Cine PE, festival de cinema organizado por Alfredo Bertini. Sempre mantive diálogo com artistas e todos aqueles que produziam arte. 
 

Na sua avaliação, quais são os desafios e quais devem ser as prioridades do MinC para a Região?

 
Nos últimos três meses, me dediquei a criar pontes entre todos aqueles que produzem cultura, seja nas capitais ou no interior do Nordeste. Nosso foco principal é a assegurar o fomento às iniciativas culturais. Para isso, artistas e produtores precisam estar aptos a apresentar seus projetos, criar novas formas de levar sua arte ao público. Nesse sentido, o Ministério da Cultura deve investir em programas que possam capacitar os agentes de cultura. O empoderamento vem por meio da capacitação do mercado. Os editais muitas vezes são distantes do povo do agreste. Alguns não sabem como participar, outros precisam apenas ter conhecimento do que foi lançado. Devemos então fazer essa ponte.
 

Nas últimas semanas, você fez diversas viagens para o interior de Pernambuco para avaliar a situação de grupos, equipamentos culturais e, sobretudo, identificar as demandas do setor em pequenos municípios.  Qual foi o panorama encontrado? Essas diligências serão estendidas a outros estados?

 
As incursões nos municípios ou mesmo nas capitais são muito importantes para que possamos traçar um mapa mais preciso das necessidades culturais de cada uma dessas localidades. Todas as demandas identificadas são encaminhadas para a sede do Ministério da Cultura, em Brasília. Além de algumas cidades de Pernambuco, também fui a Teresina, no Piauí, e a Natal, no Rio Grande do Norte. Foram oito cidades em uma semana. Em alguns municípios de Pernambuco, pude encontrar comunidades quilombolas extremamente organizadas, com escolas próprias, com creches. No entanto, também observei nesses lugares uma forte desconstrução das religiões de matriz africana. É necessário ativar centros de ensino dentro dessas comunidades para que reforcem a importância da cultura afro-brasileira, que é riquíssima. As próximas agendas devem incluir Maranhão e Ceará.
 

Você é uma das principais expoentes do movimento LGBT em Pernambuco. Os princípios de tolerância, diversidade e respeito aos direitos humanos também são bandeiras da Regional Nordeste?

 
Sem dúvida. A questão da diversidade é sempre discutida em eventos ou reuniões realizadas nos municípios nos quais discutimos cultura, como fizemos recentemente no interior de Pernambuco. Aos poucos, as pessoas, os próprios prefeitos me procuram para incluir esse tema na pauta do debate ou mesmo para relatar exemplos positivos, como mulheres e homens trans que vêm se destacando em seus municípios nas mais variadas atividades. 
 
Assessoria de Comunicação
Ministério da Cultura
 
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VIDHA LINUS

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