Relatório da Human Rights Watch, divulgado nesta
terça-feira (18), cobra esforço de todos os países da região para
solucionar crise humanitária na Venezuela
Portal Amazônia, com informações da Human Rights Watch
O número de venezuelanos que ingressaram e permaneceram no Brasil deve aumentou mais de cinco vezes entre 2014 e o ano passado. Esta foi a conclusão de um relatório divulgado nesta terça-feira (18) pela ONG Human Rights Watch (HRW).
De acordo com o documento, o número anual de venezuelanos que entra no
Brasil e permanece no país aumentou de 1.341 em 2014 para 7.150 nos
primeiros 11 meses de 2016. Ainda segundo os números da organização,
mais de 12 mil venezuelanos permanecem no Brasil, fugindo da escassez de alimentos e da crise política no país vizinho.
No
texto, que foi apresentado ao secretário geral da Organização de
Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, a HRW cobra uma "urgente
resposta regional" e defende que os países da América Latina deverão
pressionar a administração de Nicolás Maduro para solucionar a crise
humanitária que, segundo a ONG, o governo local nega existir.
Membros da etnia Warao dormem em abrigo de Boa Vista (Foto:Reprodução/HRW)
“O Brasil está tendo
dificuldades para atender às necessidades urgentes dos venezuelanos,
vítimas de uma crise humanitária pela qual a administração de Maduro é
amplamente responsável”, disse José Miguel Vivanco, diretor da divisão
das Américas da Human Rights Watch. “O Brasil e outros governos da
região terão que pressionar o governo venezuelano para que deixe de
negar a existência da crise e para que tome medidas adequadas para
solucionar o problema”, defendeu.
“Colocar a Venezuela no topo
das prioridades da política externa da região é fundamental para
responder a um problema que já está causando impacto fora das fronteiras
do país”, conclui Vivanco, ao apresentar a Almagro suas constatações
sobre o impacto da imigração venezuelana no Brasil.
Venezuelana
da etnia Warao cozinha em terreno baldio, onde vive com cerca de 100
outros membros na cidade de Pacaraima-RR (Foto:Reprodução/HRW)
Problemas A
Human Rights Watch aponta a sobrecarga do sistema público de saúde de
Roraima como um dos mais graves efeitos da crise migratória entre Brasil
e Venezuela. A demanda por assistência médica dos venezuelanos esaria
dificultando cada vez mais o atendimento às necessidades de todos os
usuários do sistema público de saúde do estado, tanto brasileiros quanto
venezuelanos.
Pelos números da ONG, Hospital Geral de Roraima,
que atende 80 por cento dos adultos de todo o estado, atendeu 1.815
venezuelanos em 2016, mais do que o triplo dos atendidos em 2015. O
número de mulheres venezuelanas atendidas no Hospital Materno-Infantil
Nossa Senhora de Nazareth , que recebe pacientes do estado de Roraima
inteiro, praticamente dobrou em 2016, chegando a 807. No hospital da
cidade fronteiriça de Pacaraima, aproximadamente 80 por cento dos
pacientes são venezuelanos, e mulheres venezuelanas contabilizaram mais
da metade das visitas pré-natais entre janeiro e agosto de 2016.
Barbara Rosales, de 21 anos, entrevistada pela Human Rights Watch, é um
exemplo dessa situação. Ela foi ao hospital na cidade venezuelana de
Santa Elena de Uairén, em janeiro, devido a complicações em sua gravidez
de seis meses. O hospital não tinha os medicamentos que ela precisava e
a mandou para o Brasil em um carro, acompanhada por uma enfermeira, mas
sem nenhuma medicação. Rosales foi imediatamente hospitalizada no
Brasil. Cinco dias depois, seu bebê nasceu, pesando um quilo. Quando a
Human Rights Watch visitou o hospital, um mês depois, seu bebê
permanecia na UTI. Refúgio À Human Rights Watch, o
governo brasileiro informou que o número de venezuelanos que solicitou
refúgio disparou de 54, em 2013, para 2.595 nos primeiros 11 meses de
2016. Até o útimo dia 31 de dezembro, o Ministério da Justiça havia
decidido apenas 89 dos 4.670 casos de venezuelanos que haviam solicitado
refúgio desde 2012, concedendo refúgio em 34 desses casos. O atraso na
decisão das solicitações pendentes de venezuelanos está tornando ainda
mais lento o processamento das solicitações de refúgio em todo o
território brasileiro.
A Polícia Federal em Roraima não tem
servidores em número suficiente para processar as crescentes
solicitações de refúgio desde o começo de 2016. Para resolver esse
problema, a Polícia Federal em Roraima criou um sistema – não previsto
em lei – de distribuir comprovantes de agendamento para venezuelanos
apresentarem suas solicitações de refúgio meses depois. Para
solicitar refúgio no Brasil, dezenas de venezuelanos formam filas na
sede da Polícia Federal em Boa Vista (Foto:Reprodução/HRW) Disponível: http://portalamazonia.com/noticias/migracao-venezuelana-ao-brasil-quintuplicou-em-2016-diz-ong
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