Atitudes simples podem ser adotadas no cotidiano para preservar o planeta, entre elas economizar água e energia e ser um consumidor ecologicamente consciente
Sabia
que ao comer 500 gramas de carne você gasta, sem perceber, 7.700 litros
de água, o equivalente a 762 galões? Lembra daquela sacolinha plástica
que você jogou na rua? Ela vai levar de 100 a 400 anos para se decompor e
até lá pode contaminar rios, mares e animais. O dever de cuidar do
planeta não é apenas de empresas e governos, mas também seu. Todos
temos que cobrar de empresas, governos e pessoas próximas que elas
também cumpram com o dever de preservar as riquezas deste planeta para
as próximas gerações, cuidar de “Nossa Comum”, como sugere o Papa
Francisco na Encíclica Laudato Si, divulgada em 2015.
E sobram motivos para nos
responsabilizarmos pelo meio ambiente. Segundo a ONU, dois terços da
população mundial vivem hoje em áreas com escassez de água pelo menos
uma vez ao ano. E cerca de 500 milhões habitam regiões onde o consumo de
água é o dobro dos recursos hídricos. Outra questão que depende de
melhores atitudes em nível mundial é o controle das mudanças climáticas,
responsáveis pelo aquecimento global. Se não forem controladas, as
alterações bruscas do clima promoverão o retrocesso de uma grande parte
dos progressos realizados nos últimos anos em termos de desenvolvimento.
Também pode exacerbar, como já vemos, ameaças atuais – como a escassez
de alimentos e água -, que potencialmente leva a guerras e conflitos.
O diretor-presidente do Instituto Akatu,
Hélio Mattar, utiliza um dado da última pesquisa da ONG sobre a
percepção dos consumidores acerca do tema para mostrar que ainda há um
caminho longo a ser percorrido.
“Boa parte das pessoas não tem a menor ideia do que seja a sustentabilidade. Apenas 7% sabem o que significa”.
Amplitude
Para Hélio Mattar, os cidadãos deixam de
reconhecer que também têm responsabilidades para com o planeta porque,
muitas vezes, a sustentabilidade é apresentada a eles como um problema
muito amplo, que a princípio não teria muita relação com o cotidiano
deles, a exemplo do desmatamento da floresta amazônica.
“Logo vem a ideia de que não podem resolver
um problema desse tamanho, mas, se for mostrado que ao comerem carne de
gado podem estar contribuindo com essa devastação, fica mais fácil de
compreender”, defende.
Ele enfatiza que é preciso “mobilizar as
pessoas e fazer com que elas saibam que qualquer ato de consumo
individual praticado hoje, mesmo que não de imediato, vai impactar a
todos”.
O diretor da ONG lembra que embora sejamos
indivíduos, nossas ações têm impactos diretos sobre a família, amigos e
parte da comunidade. “O ato de consumo é endêmico, pois se espalha.
Então, uma pessoa não é só uma pessoa. São várias pessoas”.
Etapas
Na concepção do diretor-presidente do
Akatu, o cidadão precisa, primeiramente, refletir melhor sobre essas
três etapas para contribuir: o momento da compra, o momento do uso e o
momento do descarte de produtos e serviços. Hélio Mattar também ressalta
que é fundamental que a criança aprenda, desde cedo, sobre a questão do
consumo, a fim de que tenhamos adultos mais conscientes.
Sobre o papel de governo e empresas, ele
entende que esses atores “perdem uma grande oportunidade” no que diz
respeito ao papel da conscientização.
"As empresas poderiam adotar a sustentabilidade de modo mais consistente em suas estratégias de negócios, educando seus consumidores, em vez de querer apenas vender a ideia de que são sustentáveis. O governo não faz campanhas. Poderia aproveitar o tempo que dispõe na mídia para dar dicas sobre compra, uso e descarte de produtos e serviços”, aponta Mattar.
Por
essas razões é mais que necessário que você faça a sua parte. Consumir
produtos ambientalmente corretos, evitar empresas com histórico negativo
em nível ecológico e promover a reciclagem estão entre as medidas que
podem ser adotadas. Mas há muitas outras. Confira:
1 - Economize água
A água é um recurso natural fundamental
para a sobrevivência dos seres vivos e indispensável também como recurso
para produção, desenvolvimento econômico e qualidade de vida. Embora
70% da superfície terrestre seja coberta pela água, somente 1% de todo o
recurso natural existente está disponível para o consumo humano. E,
mesmo assim, esse baixo percentual está sujeito a desigualdade na
distribuição e seriamente ameaçado de escassez. É fundamental reduzir o
consumo de água. A ideia não é deixar de usar o recurso, mas sim ter
consciência de que é importante poupá-lo.
2 - Poupe energia
Uma das maneiras mais simples de ajudar a
reduzir os danos ao planeta e ainda economizar um bom dinheiro é
diminuindo seu consumo energético. As residências e o comércio do Brasil
já são responsáveis pelo consumo de 42,5% de toda a eletricidade
utilizada no país. Portanto, se conseguirmos mudar nossos hábitos e
reduzirmos nosso gasto em casa e no trabalho estaremos contribuindo com
uma parcela relevante do setor de energia.
3 - Evite o desperdício de alimentos
Na hora de comprar alimentos também podemos
adotar medidas simples que evitam o desperdício de água, gás,
combustível e comida. Antes de sair para o supermercado, planeje o
cardápio da semana. Desse modo, você compra apenas o suficiente, sem
deixar que nada se estrague desnecessariamente. Dê preferência ao
consumo de frutas e legumes da estação. Além de mais baratos,
indiretamente você também economiza em combustível, diminuindo a emissão
de poluentes na atmosfera por conta das distâncias mais longas que os
produtos fora de época usualmente requerem em seu transporte.
4 - Coma menos carne
Você sabia que para produzir 1 kg de carne
bovina são necessários 15.400 litros de água (1.525 galões)? O dado é da
organização internacional Water Footprint. Se cortar de vez a carne do
cardápio está além da sua boa vontade, experimente começar aos poucos.
Comer carne apenas nos fins de semana é um bom começo para ajudar a
poupar o meio ambiente, a sua saúde e, claro, o seu bolso. Tente deixar
as carnes, especialmente a vermelha, apenas para sábados e domingos, e
experimente novos pratos de segunda à sexta-feira. Fazendo isso você
reduz em 70% o seu consumo do produto e contribui com a redução das
emissões de gases causadores do efeito estufa, produzidos, em larga
escala pelo desmatamento causado pela pecuária ostensiva.
5 – Reutilize, Reaproveite e Recicle
Inclua no seu cotidiano os famosos 3R's:
Reduzir, Reutilizar e Reciclar. O primeiro passo é sempre pensar em
reduzir o consumo, seguido de reutilizar ou consertar o que puder, para
somente depois começar a pensar na reciclagem. “Lixo” é tudo aquilo que
criamos ao jogar fora sem cuidado ou consciência aquilo que não nos é
mais útil. Vivemos em um planeta cíclico, que reaproveita tudo que
produz e onde nada “sobra”. Ainda assim, agimos como se o nosso lixo
desaparecesse toda que vez que o jogamos na lixeira, o que resulta em
aterros sobrecarregados. Viva em um mundo com menos resíduos.
6 - Ande mais de transporte público
Você pode começar alternando os dias e
deixando o carro na garagem algumas vezes por semana. Experimente
diferentes meios de transporte, como ônibus, metrô, bicicleta ou a pé, e
veja o que é melhor para a sua realidade. Aos poucos você pode
descobrir que andar de ônibus e metrô, por exemplo, pode ser tão
eficiente quanto de carro, com as vantagnes de poluir menos o meio
ambiente, evitar os engarrafamentos e reduzir a conta de combustível no
final de mês. De quebra você ainda pode aproveitar a viagem para ler um
livro, ouvir uma música ou bater um papo sem precisar se preocupar com o
trânsito.
7 - Seja um consumidor consciente
Todos são responsáveis por promover um
consumo consciente e justo – para quem produz, para quem compra e para o
meio ambiente. Por isso, faça a sua parte e aja como um comprador
responsável, estando atento a todos os detalhes do produto ou serviço
que for consumir. Valorize empresas responsáveis com questões
socioambientais, informe-se sobre todos os impactos ambientais e sociais
causados pela fabricação, transporte e venda daquele produto, evite
gastos desnecessários, pesquise antes de abrir a carteira, busque a
melhor relação entre preço, qualidade e atitude social em produtos e
serviços oferecidos no mercado, atue de forma construtiva junto às
empresas para que elas aprimorem seus processos e suas relações com a
sociedade e mobilize outros consumidores para a prática do consumo
consciente.
8 - Preserve as árvores e rios
Não realize podas ilegais e nunca desmate
uma área. É importante também não colocar fogo em propriedades, pois
isso pode atingir matas preservadas. Nunca coloque lixo em rios, lagos e
outros ambientes aquáticos e, principalmente, preserve a mata em volta
desses locais. Essa mata protege contra erosão e assoreamento.
9 – Seja voluntário
Organize seu tempo, escolha uma instituição
com a qual você se identifica e seja um voluntário. Só é preciso
disposição para ajudar. Pode ser no auxílio a pessoas doentes, no
recolhimento de cães desabrigados ou defendendo a Amazônia – o
importante é fazer a sua parte. E se você não encontrar nenhuma ONG com a
qual se identifica, pode fazer ações individualmente, como participar
de campanhas, mobilizar grupos ou apoiar projetos públicos. Caso você
não tenha tempo livre para ir até uma dessas instituições, procure por
voluntariados on-line: uma opção para quem quer ajudar, mas só pode
fazê-lo em casa ou em seu ambiente de trabalho, em alguns momentos
específicos.
10 - Informe-se
A informação é uma das maiores ferramentas
para uma sociedade mais justa, igualitária e sustentável. Por isso, toda
vez que for escolher um produto ou serviço, que for tomar alguma
decisão ou formar uma opinião, informe-se muito bem. Um cidadão bem
informado é capaz de tomar atitudes mais coerentes e responsáveis e
assim provocar as mudanças que o mundo precisa.
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