De Singapura
a País de Gales, conheça lugares surpreendentes em que você pode viver
uma experiência cultural valiosa para o seu currículo
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23 jun 2017, 06h00
Singapura (pat138241/Thinkstock)
São Paulo — Pense rápido: se você pudesse escolher um destino de intercâmbio para aprender inglês, qual seria a sua primeira opção?
Se você for
como a maioria, provavelmente elegeria Canadá, Estados Unidos ou
Austrália. Esses são os três países mais procurados na internet por
brasileiros que querem fazer cursos no exterior, de acordo com um levantamento de maio de 2017 feito pela empresa de inteligência de dados BigData Corp.
Mas isso
está mudando. Embora a preferência continue por países consagrados no
imaginário do intercambista, certos destinos menos convencionais têm
ganhado relevância por uma mistura de razões, explica Gabriel
Passarelli, cofundador e diretor da agência Descubra o Mundo.
A primeira delas, claro, é econômica: com a crise,
mais brasileiros têm procurado países cuja moeda local é mais fraca do
que o real, e/ou com custo de vida baixo — pelo menos mais baixo do que o
de cidades como Londres, Nova York ou Vancouver.
Outro motivo
para fugir de lugares populares é evitar encontros com conterrâneos.
“Não há tantos brasileiros em destinos pouco explorados, o que faz com
que você tenha uma imersão mais profunda no idioma local, já que terá
menos oportunidades de falar português”, explica Passarelli.
Ainda assim,
destinos como África do Sul, Malta ou País de Gales ainda inspiram
desconfiança e até preconceitos. Uma ideia comum é que um país menos
conhecido não agregará tanto valor ao currículo quanto um lugar com mais
status.
“O
intercambista acha que o recrutador vai desmerecer um curso num país
diferente, mas é bem o contrário”, diz Andrea Arakaki, diretora geral da
Education First EF Brasil. “Na verdade, a escolha por um destino
inusitado muitas vezes é vista como um indício de que o profissional é
flexível e aberto ao novo”.
Outras
vantagens (e desvantagens) dos destinos menos convencionais estão
ligados às peculiaridades de cada um deles. Confira a seguir as
principais características de 5 locais de estudo, selecionados e
comentados por especialistas ouvidos por EXAME.com:
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1. Singapura
Singapura (Kinsei-TGS/Getty Images)
Ao
lado do mandarim, do malaio e do tâmil, o inglês é uma das línguas
oficiais desta cidade-estado que serve como porta de entrada para a
Ásia. “Estudar em Singapura é interagir com uma vasta gama de
nacionalidades ao mesmo tempo, o que é muito valioso para experiência
cultural do intercambista”, diz Arakaki.
Berço
de startups e referência para o mundo corporativo, o destino é
especialmente procurado por quem quer aprender inglês voltado para o
mundo dos negócios. A diretora da EF Education First Brasil também
menciona como vantagens o fato de Singapura ser uma cidade segura,
moderna e com excelente transporte público. Não é preciso tirar visto
para estadias de até quatro semanas.
Também
há boas opções para quem gosta de compras, passeios culturais e até
praias. A localização geográfica estratégica ainda abre a possibilidade
de fazer turismo por países do sudeste da Ásia com baixo custo, como
Bali, Tailândia e Filipinas.
O
principal inconveniente da escolha, segundo Arakaki, tem a ver com a
distância do país em relação ao Brasil. Além de o voo até lá ser longo e
cansativo, a passagem de avião também é mais cara. “O custo de vida em
Singapura não costuma ser considerado vantagem nem desvantagem, já que é
relativamente próximo ao de São Paulo”, diz ela.
-
2. País de Gales, Irlanda do Norte e Escócia
Edimburgo, cidade na Escócia (Facebook/The University of Edinburgh/Divulgação)
Ofuscados
pela Inglaterra, os outros três países que compõem o Reino Unido são
frequentemente esquecidos por quem só têm olhos para a terra da rainha
Elizabeth II.
Mas
País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte têm muito a oferecer, segundo
Passarelli, a começar pelo fato de terem cidades com custo de vida bem
mais baixo do que Londres ou mesmo Dublin.
“Outra
vantagem importante é o fato de haver muito menos brasileiros do que os
principais destinos de intercâmbio, e até menos do que em lugares mais
incomuns como Malta ou África do Sul”, aponta o diretor da Descubra o
Mundo.
Passarelli
diz que em nenhum dos três há necessidade de visto para estadias de até
seis meses, o que também pode ser considerado um diferencial. É tempo
suficiente para explorar as montanhas, cachoeiras, trilhas e castelos da
região, além de aproveitar a proximidade com outros países da Europa
para visitá-los.
Para
fazer turismo entre as aulas de inglês não sobram opções: em Cardiff,
no País de Gales, há um museu especial para fãs da série “Doctor Who”;
em Belfast, na Irlanda do Norte, existe um museu dedicado à memória do
Titanic; e em Edimburgo, na Escócia, há uma grande quantidade de
destilarias de uísque com visitação aberta para apreciadores da bebida.
É
claro que nem tudo é perfeito. Embora seja o idioma oficial dos três
países, o inglês falado no País de Gales, na Escócia e na Irlanda do
Norte tem, em cada um deles, seus sotaques, particularidades e gírias
com as quais o brasileiro não está acostumado —mas nada que dificulte o
aprendizado da língua, promete Passarelli.
Como
a moeda é a libra esterlina, a conta pode ficar bastante alta no final.
Entre os três, o custo de vida é mais baixo na Irlanda do Norte,
seguido por País de Gales e só então pela Escócia, a mais cara.
Outra
desvantagem é o fato de que as cidades desses países são bem menores
quando comparadas a grandes capitais, como Londres. O ritmo, portanto,
pode ser um pouco “calmo demais” para algumas pessoas.
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3. África do Sul
África do Sul (TripAdvisor/Divulgação)
Com
custo de vida acessível e moeda oficial (rand) desvalorizada diante do
real, a África do Sul tem ganhado adeptos entre intercambistas
brasileiros em tempos de crise. Mas as vantagens do país não se resumem à
questão financeira.
“O
processo de visto não é tão burocrático quanto em outros países”,
explica Passarelli. “Você não precisa do documento para estadias de até
três meses e tem relativa facilidade para estender esse prazo se tiver
interesse em ficar mais tempo”. Capetown ou Cidade do Cabo é a cidade
mais procurada pelos brasileiros.
Além
de ter uma história rica e complexa, a sociedade sul-africana tem uma
cultura afável e costuma ser receptiva com estrangeiros. O destino
também traz boas opções de atividades ao ar livre, trilhas na natureza,
safáris e esportes de aventura. Também existe a possibilidade de
combinar o estudo com trabalhos voluntários na área social.
Passarelli
menciona, entre as desvantagens, o fato de que o sistema de transporte
não é tão bom quanto em outros destinos mais comuns de intercâmbio.
“Também não é possível trabalhar e estudar ao mesmo tempo, e a segurança
é menor do que em países mais desenvolvidos, é mais parecido com o
Brasil nesse sentido”, diz ele.
-
4. Costa Rica
3 - Costa Rica (Foto/Wikimedia Commons)
Considerado
o país mais próspero da América Central, a Costa Rica é uma escolha
interessante para quem deseja estudar espanhol sem enfrentar os custos
altos da experiência em cidades espanholas como Madri ou Barcelona.
“Além
de custo de vida mais baixo, o país não exige visto para estrangeiros e
é seguro”, diz Arakaki. “Outros atrativos são a hospitalidade da
população, clima agradável o ano inteiro e a grande quantidade de praias
e belezas naturais”, explica.
Para quem pensa em se divertir
nos intervalos das aulas de espanhol, a principal oferta está ligada à
natureza do país. Surfe, esportes radicais e trilhas ecológicas em
parques nacionais estão entre as atividades mais procuradas pelos
intercambistas.
O país, contudo, é alvo de preconceitos por
ainda ser visto exclusivamente como destino de férias. Além disso, sofre
com os óbvios problemas de país em desenvolvimento, com deficiências no
sistema transporte público, por exemplo.
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5. Malta
Azure Window, em Malta: rochedo serviu como cenário para série "Game of Thrones" (Foto/Thinkstock)
Em
2004, o minúsculo país ingressou na União Europeia e alguns anos depois
entrou para o espaço Schengen, um acordo de abertura de fronteiras e
livre circulação no Velho Continente. A inclusão de Malta no bloco
europeu ajudou o país a se tornar um destino mais conhecido e atraente
para turistas e estudantes internacionais, explica Bruno Passarelli, CEO
da Descubra o Mundo.
“Malta
começou a ser vista como uma boa alternativa porque não exige um visto
específico para estadias de até 90 dias”, explica ele. “Outro grande
atrativo é o baixo custo, que a torna um dos destinos mais acessíveis da
Europa”. O custo de manutenção também é relativamente baixo.
O
clima mediterrâneo agrada aos brasileiros mais friorentos: os verões
são quentes e os invernos são amenos. Além disso, a beleza natural
também costuma agradar, e um rochedo na ilha de Gozo foi até cenário da série “Game of Thrones”.
Entre
os inconvenientes, é preciso lembrar que o arquipélago não apresenta o
mesmo grau de desenvolvimento de outros países da União Europeia, e por
isso conta com serviços públicos de qualidade relativamente baixa.
Passarelli menciona a ineficiência dos transportes como um problema que
incomoda muitos brasileiros, amenizado apenas pelo fato de que o país
tem pequenas dimensões — 316 km² de área terrestre — e por isso pode ser
facilmente percorrido a pé.
Outra
desvantagem é a relativa falta de opções de lazer além das praias.
Mesmo as maiores cidades podem ser bastante pacatas e vazias, o que pode
entediar algumas pessoas.
http://exame.abril.com.br/carreira/5-destinos-inusitados-de-intercambio-que-valem-a-pena/
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