Fogo mantém quatro frentes
Pelo menos 62 pessoas morreram no incêndio que atinge Pedrógão Grande e
outros dois concelhos do distrito de Leiria desde sábado, revelou esta
noite a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa. O
balanço já tinha chegado a este número, mas a meio da tarde o
primeiro-ministro António Costa disse que afinal só havia 61 mortes
confirmadas, já que uma das vítimas tinha sido registada em duplicado.
Há ainda, nesta altura, 62 feridos a registar.
Veja as imagens:
"Sempre que venho ter convosco infelizmente trago um número que tem
aumentado: temos 62 mortos sendo que dois deles são vitimas de um
acidente rodoviário na mesma via", afirmara Jorge Gomes, em declarações
aos jornalistas no local, horas antes.
Sobre o incêndio, o secretário de
Estado afirmou que se mantêm as quatro frentes ativas, duas delas a
arder "com muita violência" e duas em que os bombeiros estão a conseguir
ganhar terreno.
No entanto,
Jorge Gomes alertou que as autoridades estão muito preocupadas porque se
estão a levantar ventos cruzados, situação que se verificou no sábado e
que terá estado na origem deste grande incêndio que deflagrou em
Pedrógão Grande.
Sabe o DN
que, neste momento, a frente do monte da Graça é a que merece mais
preocupação e que os ventos estão a dificultar o combate às chamas.
O
fogo levou, esta manhã, ao corte da A13, no nó de Avelar. Continua
também cortado o trânsito no IC8, a via que liga Pombal a Vila Velha de
Ródão, no nó da zona industrial, bem como dois troços da Estrada
Nacional 2.
Questionado sobre
as dificuldades sentidas no combate ao fogo, Jorge Gomes diz que estão a
ser utilizados os meios que as circunstâncias permitem e, depois de os
meios aéreos não terem podido atuar logo desde as 08:00 devido a uma
cortina de fumo, um Canadair espanhol já está neste momento no local.
"Estamos a lutar, os nossos operacionais de excelência estão a lutar e vamos vencer esta luta", afirmou.
Sobre
a área ardida, Jorge Gomes disse que já foi feita uma primeira vistoria
mas uma análise mais minuciosa terá de esperar e acrescentou que no
local estiveram membros da comissão parlamentar de Agricultura, que
possui um grupo de trabalho para os incêndios, que vieram transmitir a
sua solidariedade.
Três dias de luto nacional
O
Governo decretou entretanto três dias de luto nacional. O Conselho de
Ministros aprovou um decreto que declara luto nacional entre hoje e
terça-feira, pelas vítimas do incêndio que deflagrou no Município de
Pedrógão Grande e afetou vários concelhos.
Em
comunicado, o Governo adianta que este decreto foi aprovado "fazendo
uso da faculdade de deliberação eletrónica prevista nos termos do
Regimento do Conselho de Ministros".
O decreto, lê-se no comunicado, "produz efeitos a partir do dia 18 de junho de 2017 [hoje] e entra imediatamente em vigor".
Ao
início da tarde, o primeiro-ministro António Costa chegou a Pedrógão
Grande, onde disse aos jornalistas que "chegará o momento de apurar o
que é que aconteceu". "Sabíamos que era um dia de risco, houve mais de
56 incêndios, e este teve uma dimensão de tragédia humana de que não
havia memória".
O
primeiro-ministro explicou ainda que "a prioridade tem sido dada ao
combate aos incêndios que ainda estão a lavrar, à identificação das
vítimas, não só as que já foram encontradas como porventura as que ainda
vamos encontrar, porque há zonas a que ainda não conseguimos ter
acesso, e prever o que pode acontecer logo à tarde", referiu,
acrescentando que são esperadas condições meteorológicas semelhantes às
de sábado, dia em que o incêndio deflagrou.
Costa
frisou ainda que já recebeu manifestações de solidariedade de todos os
líderes políticos da Europa e que teve oportunidade de falar com todos
os líderes partidários nacionais. "Quero sublinhar o grande sentido de
unidade nacional com que o país está a enfrentar esta tragédia".
PJ no terreno
O
cenário na zona onde lavra o incêndio é de um castanho queimado,
constatou já esta manhã o repórter do DN no terreno. As chamas estiveram
a 50 metros do centro de Pedrógão Grande.
A
PJ está já a trabalhar no levantamento dos corpos; equipas no terreno
estão a fazer deteção de cadáveres, dando depois informação à Polícia
Judiciária, que os recolhe.
O
diretor nacional da Polícia Judiciária revelou entretanto que o incêndio
que deflagrou no sábado no concelho de Pedrógão Grande teve origem numa
trovoada seca, afastando qualquer indício de origem criminosa. "A PJ,
em perfeita articulação com a GNR, conseguiu determinar a origem do
incêndio e tudo aponta muito claramente para que sejam causas naturais.
Inclusivamente encontrámos a árvore que foi atingida por um raio", disse
Almeida Rodrigues.
O
Presidente da República suspendeu a agenda até terça-feira devido ao
incêndio de Pedrógão, disse à agência Lusa fonte de Belém. Marcelo
Rebelo de Sousa tinha agendado para hoje a entrega do Prémio D. Diniz,
da Fundação da Casa Mateus, ao escritor Mário Cláudio.
Com Lusa
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