Meio Ambiente & Desenvolvimento Humano

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Nova droga testada nos EUA ataca um dos mecanismos do Alzheimer

Testada em animais, substância evita e reverte o acúmulo da proteína tau no cérebro, condição que contribui para o surgimento de doenças neurodegenerativas

Droga combate um dos mecanismos do cérebro que desencadeiam o Alzheimer

postado em 26/01/2017 06:00 / atualizado em 26/01/2017 10:18

O que a equipe de Miller fez foi atacar, em ratos manipulados para ter os emaranhados neurofibrilares, uma molécula que atrapalha o processo de fabricação de proteínas. Antes que o gene consiga passar instruções para que as substâncias sejam produzidas corretamente, a molécula destrói o RNA mensageiro. Os cientistas desenvolveram um antídoto para isso.

Todos os dias, ao longo de um mês, eles administravam uma dose do composto aos roedores que, aos 9 meses de idade, já apresentavam problemas neurológicos devido aos emaranhados. Quando os animais tinham 12 meses, os pesquisadores mediram a quantidade de tau, de material genético da tau e de emaranhados da proteína no cérebro das cobaias. Segundo Miller, houve redução significativa dos três parâmetros, comparado aos ratos que receberam placebo.

Como os níveis também estavam mais baixos que os dos roedores de 9 meses, os cientistas acreditam que o tratamento não apenas parou, mas reverteu o acúmulo da tau. “Quando essa linhagem de ratos geneticamente modificados atinge 9 meses, o hipocampo, uma importante área do cérebro associada à memória, tipicamente está encolhido e há morte de neurônios. Mas, com o tratamento, o cérebro não estava mais tão murcho, embora não tenhamos evidência da reversão da morte neuronal”, observa o neurologista.

Medula espinhal
 
Os pesquisadores também testaram a técnica em um modelo primata, ministrando duas doses de placebo ou do composto no fluido cerebrospinal de macacos cinomolgos saudáveis. De acordo com Miller, no caso de um tratamento com humanos, essa seria a forma de aplicação do medicamento, pois o fluido circula da medula espinhal até o cérebro. Duas semanas depois, foi medida a quantidade de proteína tau e de RNA tau nos animais. Novamente, o composto reduziu ambos os parâmetros.

O neurologista ressalta que tratamentos com oglionucleotídeos, como a substância utilizada nos testes, foram aprovados recentemente nos EUA para tratar distrofia muscular de Duchenne e atrofia muscular espinal. Agora, a Universidade de Washington está em processo de obtenção da patente para  reduzir os níveis de tau. “Essa é uma abordagem bastante promissora”, diz.

Otávio Castello, diretor científico da Associação Brasileira de Alzheimer, ressalta que o estudo é  uma peça a mais no quebra-cabeça das doenças neurodegenerativas. “Para isso ser replicado em humanos, ainda precisa muita coisa. Esse é o primeiro nível da pesquisa. Para virar um remédio de fato, a gente tem uns 10 anos pela frente”, diz. “Eles conseguiram reduzir a quantidade de proteína tau, não só de nova, mas daquela que estava depositada no cérebro em degeneração. Além disso, viram que a quantidade de neurônios mortos era menor. A redução do volume do hipocampo, que com a doença vai murchando, também tinha desacelerado.”

Segundo o especialista, em ratos, o remédio foi promissor em relação a uma das vias pelas quais a doença de Alzheimer se estabelece no cérebro. “É interessante como perspectiva de pesquisa, mas não pode ser replicado imediatamente em humanos”, ressalta. Castello também destaca que atacar um dos mecanismos associados à destruição do cérebro pelo Alzheimer não significa atacar a causa da doença. “Isso representa um novo remédio? Não. Representa a perspectiva do desenvolvimento de novas drogas que consigam trabalhar adequadamente com a proteína tau”.

"Para isso ser replicado em humanos, ainda precisa muita coisa. Esse é o primeiro nível de pesquisa. Para virar um remédio de fato, a gente tem uns 10 anos pela frente” 
Otávio Castello, diretor científico da Associação Brasileira de Alzheimer e não participante do estudo

::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

 

 

Share:

0 comentários:

Postar um comentário

VIDHA LINUS

CONSULTORIA AMBIENTAL LICENÇAS,ELABORAÇÃO EIV, PRAD. Av Radial B, 122 Bairro Mangueiral CEP 42807-380 CAMAÇARI - BAHIA 71 3040 5033 99168 5797 VBRAMBIENTAL@YAHOO.COM.BR

QUAL SEU IDIOMA?

Postagens mais visitadas

Total de visualizações de página

ARQUIVOS DO BLOG

Arquivo do blog