Estudo explica que a misteriosa doença, que matou crianças ao longo de duas décadas, é causada pela ingestão de lichia de estômago vazio
Da redação access_time 2 fev 2017, 21h20
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Vendedor de lichia joga água sobre as frutas, na Índia (Diptendu Dutta/AFP) |
Uma doença que provocou a morte de mais de 100 crianças por ano intrigou os médicos em uma região da Índia por cerca de duas décadas. Um estudo publicado na revista científica The Lancet nesta semana explica que a doença é causada pela ingestão de lichia quando a criança está de estômago vazio.
Segundo o estudo, a maioria das vítimas intoxicadas vivia em uma área pobre na região que é a maior produtora de lichia do país. Elas comeram as frutas que caíram dos pés nas plantações.
A lichia contém uma toxina que iniba a capacidade do corpo de produzir glicose. O problema afeta as crianças com baixos níveis de açúcar no sangue por não terem se alimentado nas últimas horas – daí o estômago vazio.
De acordo com os relatos dos familiares, as crianças acordavam no meio da madrugada gritando, antes de sofrer convulsões e perder a consciência em função de inchaço no cérebro.
Os pesquisadores que investigaram o caso descobriram uma associação entre os pacientes indianos internados entre maio e julho de 2014 e um surto de uma doença que também provocava convulsão e inchaço do cérebro em crianças no Caribe. O surto caribenho foi provocado pela ackee, fruta parente do guaraná que contêm hipoglicina, substância que impede a produção de glicose – e também é encontrada na lichia.
Desde que os médicos passaram a recomendar que os moradores não deixem as crianças ficarem muitas horas sem se alimentar e restrinjam a quantidade de lichias consumidas por dia, o número de mortes começou a cair.
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