2.2.2017 - 14:08
Com 13 anos de dedicação à cultura, a carioca Mariana Ribas
assumiu, em dezembro de 2016, a Secretaria do Audiovisual (SAv) do
Ministério da Cultura (MinC). Profissional graduada em Comunicação
Social, com pós-graduação em Jornalismo Cultural, Mariana atuou
fortemente na área cultural do Rio de Janeiro, tendo trabalhado por oito
anos na Secretaria Municipal de Cultura, além de ter sido presidente da
RioFilme. Nesta entrevista ao portal do MinC, a secretária fala de seus
planos e perspectivas para a pasta.
Quais são suas prioridades à frente da SAv?
Entre as principais estão as atividades da Cinemateca Brasileira, tendo
em vista que a preservação é uma das coisas mais importantes que
devemos deixar como legado para a sociedade, e do Centro Técnico
Audiovisual (CTAv). Ambos são vinculados à SAv e precisam de uma atenção
muito especial. Outra prioridade é a retomada do programa de editais,
principalmente no que diz respeito às mostras e aos festivais de
audiovisual, pois recebemos muitas demandas e a melhor maneira de fazer
uma seleção é por meio de edital.
Há uma previsão para o lançamento desses editais?
Queremos retomar os editais de produção de curtas, mostras e festivais e
de filmes de baixo orçamento. Começamos as reuniões com as
coordenações, pedimos que eles fizessem um estudo minucioso dos últimos
editais da SAv e das demandas atuais em relação às novas mídias. Estamos
em fase de levantamento de informações para, ainda no primeiro
trimestre, fazer a divulgação das linhas de ação, valores e previsão de
cronograma para 2017.
Você teve uma
longa carreira na RioFilme, chegando ao cargo de presidente. Há alguma
experiência de lá que pretende trazer para o MinC?
A
principal experiência que pretendo trazer da RioFilme refere-se ao
programa de editais. Creio que sempre deve haver algum tipo de política
pública voltada para a produção de mostras, festivais, curtas, longas e
etc. E isso precisa ter certa temporalidade. Se há um programa de
fomento que é divulgado todo ano, num determinado período, os produtores
conseguem se programar. O que falta é continuidade das políticas
públicas. Eu implantei o atual programa de editais da Secretaria
Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, em 2013. É fato que, desde a
implantação, o programa sofreu algumas alterações, ajustes de linha de
ações e de valores, mas acontece todos os anos.
Quais são os projetos levados pela SAv nos anos anteriores que terão continuidade durante sua gestão?
A Revista Filme Cultura está com um processo aberto de seleção de
artigos, com prazo até 16 de fevereiro. A Programadora Brasil, que é um
projeto tocado inicialmente pela Cinemateca Brasileira, está em fase de
conclusão. É provável que, em maio, já tenhamos a plataforma pronta, com
conteúdos nacionais.
Quais são os principais desafios da pasta?
Um dos principais desafios à frente de um cargo no poder público é
conseguir, em termos de Brasil, ter braços para entender as
particularidades de cada região. Estar presente no Brasil inteiro é
muito difícil, então, o diálogo entre poder público e sociedade civil é
um grande desafio. Além disso, outra questão é a desburocratização. A
cultura tem muitas particularidades. Quem trabalha com cultura sabe que
não é fácil, os desafios são muitos, mas é uma área que traz grande
retorno, tanto profissional quanto pessoal, porque conseguimos
materializar o trabalho feito aqui dentro. Nós vemos os resultados nos
filmes, numa mostra, num festival do qual participemos e na própria
formação dos profissionais, na qual também investimos.
Quais os planos específicos para a Cinemateca Brasileira?
No ano passado, foi feita uma licitação para gestão da Cinemateca por
meio de um OS (Organização Social). Neste momento, estamos na fase de
elaboração da minuta do contrato, ou seja, pela primeira vez, o
ministério vai trabalhar com uma gestão por meio de uma OS. A previsão é
que eles assumam a Cinemateca em abril deste ano. A Cinemateca não tem
personalidade jurídica e a ida de uma OS dá um pouco mais de liberdade
para o espaço. Uma OS, por exemplo, pode captar recursos por meio da Lei
Rouanet.
E o CTAv?
Nossa ideia, tanto para a Cinemateca quanto para o CTAv, é
potencializar os dois espaços, melhorar as políticas públicas que temos,
tanto de preservação, para a Cinemateca, quanto de capacitação, para o
CTAv. Temos que trazer mais projetos, pensar além do atendimento que nós
já fazemos nesses dois espaços para aumentar a formação e o suporte aos
produtores.
Como a SAv pretende abordar a questão da acessibilidade, no que diz respeito às políticas do Audiovisual?
Todos os editais da SAv já vêm com uma cláusula que exige que o
material produzido seja acessível e fazemos essa verificação aqui, na
entrega do produto final. Mas os desafios vão além disso. Para a
exibição de um conteúdo audiovisual, é preciso que o espaço também seja
acessível. Como o portador de necessidade especial chega ao local ou
fica sabendo que pode se valer desses produtos? A meta é que todo o
material distribuído e produzido com o apoio do MinC encontre um ponto
de convergência, para que potencializemos a divulgação e a difusão de
tudo que estamos fazendo em relação à acessibilidade.
A
cultura é considerada por muitos como um eixo estratégico para o
desenvolvimento econômico e social do país. Como o audiovisual e a SAv
podem contribuir nesse aspecto?
Quando se fala de
audiovisual, pensamos inicialmente em indústria, em cinema, séries de
televisão... Mas uma coisa que temos que pensar é na juventude,
encontrar os futuros profissionais, fomentar e fortalecer novos
produtores, distribuidores... E aí pensar na atividade como indústria e
como desenvolvimento. Além disso, temos que pensar e garantir o acesso
ao conteúdo audiovisual para quem está no interior e de repente não tem
acesso à internet, não tem sala de cinema na cidade ou não tem curso de
capacitação profissional, mas, se tivesse o primeiro contato com o
audiovisual, poderia transformar essa experiência em uma atividade
profissional.
Como fomentar ainda mais a produção audiovisual brasileira?
Já temos algumas medidas formuladas especialmente para isso, como a
cota de tela. Temos também a Lei da TV paga, que prevê um mínimo de
produção nacional nos canais por assinatura. Além disso, com os editais e
as políticas públicas que formulamos, conseguimos contribuir para
ampliar a produção. Temos políticas públicas tanto para produzir quanto
para veicular conteúdo, que é o que acho mais importante, onde será
exibido, por onde ele vai circular, a quem damos acesso... Isso é uma
das coisas mais importantes para se pensar.
Alessandra de Paula
Assessoria de Comunicação
Ministério da Cultura
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