10/03/2017
O nome do cargo é complicado: técnica de ensaios não destrutíveis. Na prática, o que Núbia Moreira Fernandes faz é analisar a estrutura dos aviões para detectar falhas que possam comprometer o funcionamento. Seu trabalho determina se um avião pode ou não decolar.
“São testes para detectar uma trinca na fuselagem, numa pá de hélice”, diz. Quando um avião é encaminhado para revisão (check), os testes verificam ainda se o lixamento feito para tirar a corrosão não afinou a estrutura além dos limites permitidos. Ou para ver se, depois de uma colisão com um pássaro (bird strike), alguma peça ficou danificada. O trabalho ocorre durante a noite, no hangar.
O interesse de Núbia por saber como as coisas funcionam vem desde criança. “Quando eu tinha 9 anos, queria saber por que aparecia aquele bonequinho na tela do Tamagotchi”, diz, sobre o animal de estimação virtual que fez sucesso nos anos 1990. A experiência não deu muito certo, lembra. “Foi frustrante, porque eu queria ver como a imagem aparecia, mas não consegui.”
A curiosidade por tecnologia permaneceu. “Sempre gostei de saber como funciona um software, um motor. Isso é uma coisa que me atrai. Sou uma pessoa da área de exatas”.
A mãe de Núbia, no entanto, queria que ela seguisse carreira na área de medicina. Na tentativa de agradar à mãe sem se afastar de sua própria área de interesse, ela fez um curso de radiologia. As técnicas aprendidas podem ser aplicadas tanto em exames de saúde, como os de ressonância magnética, ou no setor industrial, quando se faz uma radiografia dos aviões para detectar falhas, fissuras e desgastes.
E foi por este caminho que ela seguiu, depois de fazer também curso técnico de ensaios não destrutivos no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial. Há cinco anos, ela trabalha na companhia aérea Azul.
Núbia reconhece que não é muito comum ver mulheres na área de manutenção de aviões – ela diz que, em uma equipe de mais de 100 pessoas, aproximadamente dez são mulheres. “Todas são apaixonadas pelo que fazem”, afirma.
A profissional diz não ter sentido nenhuma dificuldade maior em desempenhar sua função por ser mulher. O único desafio enfrentado, em sua opinião, foi o de ganhar a confiança da equipe no início da carreira. “Eu tinha 21 anos quando comecei na área, e tinha que falar com pessoas que trabalhavam com aquilo há 15, 20 anos, que não tinha ficado muito bom, que tinha de refazer. Era complicado, só que mais pela idade do que por ser mulher. Foi só o tempo necessário de adaptação, o tempo para eu mostrar minha capacidade. Tirei de letra.”
Núbia chegou a trabalhar em escritórios e num pet shop antes de seguir carreira na aviação.
Professora virou mecânica
Outra funcionária do setor de manutenção também passou por uma área bem diferente antes de chegar ao setor aéreo. Ana Paula Ostroschi foi professora estagiária do ensino fundamental, mas percebeu que não queria dar aulas. Uma prima, que era comissária de bordo, falou para ela fazer o curso.
“Fui na escola de avião e o curso de mecânica me chamou mais a atenção”, diz. “Éramos duas mulheres na classe, eu e uma amiga, a quem eu convenci fazer o curso comigo. No fim ela desistiu e eu permaneci até a conclusão.”
O trabalho de Ana Paula é feito nos intervalos de chegadas e saídas dos aviões no aeroporto. Quando os aviões pousam, é feita uma inspeção externa para verificar se há vazamentos hidráulicos, de combustível, se há algum dano no motor ou na fuselagem. São manutenções rápidas, como uma troca de rodas, abastecimento de óleo e combustível.
“No trânsito, trabalhamos com uma pochete com algumas ferramentas básicas, como chave de fenda, alicate, chave colar, somente para ajustes rápidos em poltronas, motor, equipamentos diversos”.
Ao contrário de Núbia, Ana Paula diz sentir que precisa reafirmar sua competência no dia a dia mais do que outros colegas. Um comentário comum é o de que ela tem mais perfil para ser comissária do que para trabalhar como mecânica de aviões, uma função que muitos consideram ser só para homens.
“Já aconteceu de eu estar abastecendo o motor com óleo e um passageiro ir até um colega e perguntar se era eu a mecânica responsável pelo avião que ele iria voar, com certo ar de espanto no rosto. Então, preconceito ainda vou ter que enfrentar, mas estou preparada”.
O nome do cargo é complicado: técnica de ensaios não destrutíveis. Na prática, o que Núbia Moreira Fernandes faz é analisar a estrutura dos aviões para detectar falhas que possam comprometer o funcionamento. Seu trabalho determina se um avião pode ou não decolar.
“São testes para detectar uma trinca na fuselagem, numa pá de hélice”, diz. Quando um avião é encaminhado para revisão (check), os testes verificam ainda se o lixamento feito para tirar a corrosão não afinou a estrutura além dos limites permitidos. Ou para ver se, depois de uma colisão com um pássaro (bird strike), alguma peça ficou danificada. O trabalho ocorre durante a noite, no hangar.
O interesse de Núbia por saber como as coisas funcionam vem desde criança. “Quando eu tinha 9 anos, queria saber por que aparecia aquele bonequinho na tela do Tamagotchi”, diz, sobre o animal de estimação virtual que fez sucesso nos anos 1990. A experiência não deu muito certo, lembra. “Foi frustrante, porque eu queria ver como a imagem aparecia, mas não consegui.”
A curiosidade por tecnologia permaneceu. “Sempre gostei de saber como funciona um software, um motor. Isso é uma coisa que me atrai. Sou uma pessoa da área de exatas”.
A mãe de Núbia, no entanto, queria que ela seguisse carreira na área de medicina. Na tentativa de agradar à mãe sem se afastar de sua própria área de interesse, ela fez um curso de radiologia. As técnicas aprendidas podem ser aplicadas tanto em exames de saúde, como os de ressonância magnética, ou no setor industrial, quando se faz uma radiografia dos aviões para detectar falhas, fissuras e desgastes.
E foi por este caminho que ela seguiu, depois de fazer também curso técnico de ensaios não destrutivos no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial. Há cinco anos, ela trabalha na companhia aérea Azul.
Núbia reconhece que não é muito comum ver mulheres na área de manutenção de aviões – ela diz que, em uma equipe de mais de 100 pessoas, aproximadamente dez são mulheres. “Todas são apaixonadas pelo que fazem”, afirma.
A profissional diz não ter sentido nenhuma dificuldade maior em desempenhar sua função por ser mulher. O único desafio enfrentado, em sua opinião, foi o de ganhar a confiança da equipe no início da carreira. “Eu tinha 21 anos quando comecei na área, e tinha que falar com pessoas que trabalhavam com aquilo há 15, 20 anos, que não tinha ficado muito bom, que tinha de refazer. Era complicado, só que mais pela idade do que por ser mulher. Foi só o tempo necessário de adaptação, o tempo para eu mostrar minha capacidade. Tirei de letra.”
Núbia chegou a trabalhar em escritórios e num pet shop antes de seguir carreira na aviação.
Professora virou mecânica
Outra funcionária do setor de manutenção também passou por uma área bem diferente antes de chegar ao setor aéreo. Ana Paula Ostroschi foi professora estagiária do ensino fundamental, mas percebeu que não queria dar aulas. Uma prima, que era comissária de bordo, falou para ela fazer o curso.
“Fui na escola de avião e o curso de mecânica me chamou mais a atenção”, diz. “Éramos duas mulheres na classe, eu e uma amiga, a quem eu convenci fazer o curso comigo. No fim ela desistiu e eu permaneci até a conclusão.”
O trabalho de Ana Paula é feito nos intervalos de chegadas e saídas dos aviões no aeroporto. Quando os aviões pousam, é feita uma inspeção externa para verificar se há vazamentos hidráulicos, de combustível, se há algum dano no motor ou na fuselagem. São manutenções rápidas, como uma troca de rodas, abastecimento de óleo e combustível.
“No trânsito, trabalhamos com uma pochete com algumas ferramentas básicas, como chave de fenda, alicate, chave colar, somente para ajustes rápidos em poltronas, motor, equipamentos diversos”.
Ao contrário de Núbia, Ana Paula diz sentir que precisa reafirmar sua competência no dia a dia mais do que outros colegas. Um comentário comum é o de que ela tem mais perfil para ser comissária do que para trabalhar como mecânica de aviões, uma função que muitos consideram ser só para homens.
“Já aconteceu de eu estar abastecendo o motor com óleo e um passageiro ir até um colega e perguntar se era eu a mecânica responsável pelo avião que ele iria voar, com certo ar de espanto no rosto. Então, preconceito ainda vou ter que enfrentar, mas estou preparada”.
Fonte: UOL
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