É o primeiro acidente com morte desde que exploração ilegal de ametista começou, há 4 meses
Mário Bittencourt
21.08.2017, 16:40:46
Atualizado: 21.08.2017, 21:11:32 CORREIO DA BAHIA
Dois homens morreram após explosão num buraco de uma mina ilegal de
ametistas na zona rural de Sento Sé, na região do Vale do São Francisco.
Conhecida como “Serra Pelada da Bahia”, a mina, a 50 km da cidade, vem
sendo explorada por populares há cerca de quatro meses de forma
rudimentar, desde que foi descoberta por acaso, durante uma caça de
tatu.
De acordo com a Polícia Civil da cidade, a
explosão ocorreu entre as 21h30 e 22h deste domingo (20). Foi o primeiro
acidente fatal que houve na mina, localizada no povoado de Quixaba.
Ivanilson Bezerra da Silva, 22 anos, morreu no local, e João Martins
Cordeiro Filho, 35, chegou a ser socorrido para o Hospital de Traumas de
Petrolina (PE).
O setor de serviço social do Hospital
Municipal de Sento Sé, onde foi dado o primeiro atendimento a João
Martins, informou que a situação dele era bastante delicada. Ele acabou
não resistindo aos ferimentos.
Peritos do Departamento de Polícia Técnica
da Bahia foram para o local do acidente, na tarde desta segunda, para
investigar as causas da explosão, que não se sabe se ocorreu pelo uso de
dinamites ou bomba caseira.
Cerca de 8 mil pessoas estão no local em
busca da pedra violeta de quartzo cujo quilo é comercializado por
garimpeiros na região por entre R$ 1,5 mil e R$ 3 mil, e que
atravessadores vendem por até R$ 10 mil o quilo.
Família no local
Irmão de Ivanilson, Vando Bezerra da Silva, 28, disse que ficou sabendo, por outros garimpeiros, que foram jogadas duas bombas caseiras dentro de um buraco e apenas uma havia explodido.
“Eles acharam que a outra não tinha funcionado e quando estavam descendo, ela explodiu”, disse ao CORREIO.
Ainda segundo Ivanilson, o irmão foi para a mina no início da exploração.
Nesta segunda, o corpo de Ivanilson ainda
estava no Hospital Municipal de Sento Sé, aguardando ser removido para o
Instituo Médico Legal (IML) e posterior liberação para a família.
CORREIO visitou local
A “Serra Pelada da Bahia” foi tema de uma série de reportagens especiais do CORREIO no início deste mês. De lá para cá, a situação permanece a mesma.
A Agência Nacional de Mineração Nacional –
desde 26 de julho o novo nome do Departamento de Mineração Nacional, mas
com as mesmas atribuições – informou que já fez a interdição da mina em
12 de julho.
“Só que não temos como controlar a quantidade de pessoas que estão lá. Isso só seria possível com uma grande operação”, disse o chefe da fiscalização da agência Cláudio da Cruz Lima, ao justificar a continuidade da exploração ilegal.
Ele
informou que esteve semana passada na mina e que vem tentando a
regularização da mesma por meio da criação de uma cooperativa de
garimpeiros. “Tivemos audiência pública com vários órgãos e estamos
dando os encaminhamentos para ver como podemos resolver isso”,
finalizou.
De acordo com a agência, na área de 253
hectares do garimpo há 6.457 poços de retirada de ametista – nem todos
eles ativos – e 2.270 barracas usadas por garimpeiros.
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