Combinações de fatores naturais e interferência humana estão por trás da
redução de tamanho de diversos lagos e mares interiores do mundo.
Conheça aqui alguns dos casos mais emblemáticos desse fenômeno
Um dos casos mais emblemáticos de desastre ambiental provocado por
interferência humana é o do Mar de Aral, entre o Cazaquistão e o
Usbequistão, ex-repúblicas soviéticas. Em seus tempos áureos, o grande
lago de água salgada (quarto do mundo em extensão, com cerca de 68.000
km2 de área), abastecido pelos rios Amu Darya e Sir Darya, abrigava uma
próspera indústria pesqueira. Nos anos 1960, porém, o governo soviético
decidiu desviar água dos dois rios para irrigar plantações de algodão,
arroz, melão e cereais no deserto. O Aral começou a diminuir e as partes
secas ficaram contaminadas com os pesticidas usados nas plantações. Os
ventos espalharam essas substâncias pela região, cuja saúde dos
habitantes piorou drasticamente. Em 1987, o lago dividiu-se em duas
partes, uma ao norte e outra ao sul, e a salinidade das águas foi
aumentando. O Cazaquistão concluiu uma represa em 2005 que separou a
parte norte, em seu território, da parte sul. Enquanto a primeira vem
recuperando condições de abrigar vida, a segunda segue desaparecendo. As
fotos de 1989 e 2014 mostram a dimensão da tragédia.
Mar Morto
Os 605 km2 do Mar Morto banham territórios de Israel, Jordânia e
Palestina. Esse lago salgado está 400 metros abaixo do nível do mar, e
sua salinidade é tão alta que não permite vida. Num único dia quente e
seco de verão, o nível da água ali pode baixar até três centímetros por
causa da evaporação. Abastecido principalmente pela bacia do Rio Jordão,
cuja água é desviada para irrigação, o Mar Morto tem encolhido nos
últimos anos em ritmo acelerado: seu nível tem baixado cerca de um metro
anualmente. Além da seca, a indústria de extração mineral (os minerais
do Mar Morto têm sido explorados desde a época do Antigo Egito)
contribui para o processo. Nas fotos ao lado, de 1972 e 2011, feitas com
cores falsas, são visíveis na parte sul do lago (à direita nas imagens)
os projetos de evaporação de sal, os quais expandiram muito a área que
ocupam.
Lago Urmia
Situado no noroeste do Irã, o Lago Urmia (ou Orumiyeh) é o sexto
maior lago salgado da Terra. No seu apogeu, ele tinha cerca de 5.200 km2
de área, mas nas últimas décadas seu tamanho diminuiu aproximadamente
10%. As observações via satélite revelaram que o nível das águas caiu
cerca de quatro metros entre 1992 e 2011. Enquanto o governo do país
alega que a redução se deve à seca e ao aquecimento global, muitos
cidadãos iranianos afirmam que o problema está diretamente ligado ao
represamento de rios que abastecem o lago. Um estudo publicado em 2007
revelou que tanto a seca quanto a intensificação no uso da irrigação na
bacia hidrográfica do lago são responsáveis pelo encolhimento.
Lago Salton
Localizado a cerca de 200 quilômetros de Los Angeles, o Lago Salton é
o maior da Califórnia, com 960 km2. Ele foi formado acidentalmente
quando, no início do século 20, águas desviadas do Rio Colorado romperam
canais de irrigação e inundaram a parte mais baixa do vale. A região do
lago era ocupada há milênios por um mar, o que explica sua salinidade. O
Salton é alimentado basicamente pelo escoamento de água usada na
irrigação (a região é fortemente agrícola), daquela oriunda de esgotos
urbanos, de lençóis subterrâneos e da chuva, além dos rios New, Alamo e
Whitewater. Desde meados dos anos 1980 se nota a redução no nível da
água, que após 30 anos caiu 2,4 metros. As fotos aqui apresentadas, de
1984 e 2015, mostram em infravermelho o sul do lago, onde as mudanças
foram mais nítidas. Elas se devem sobretudo à redução no despejo de
águas vindas da agricultura e do esgoto, agora tratadas e destinadas a
outras finalidades. As áreas que emergiram não são próprias para a
agricultura.
Lago Chapala
Maior lago do México, o Chapala situa-se 45 km ao sul de Guadalajara,
no estado de Jalisco, e tinha cerca de 1.050 km2 antes de começar a
sofrer, nos anos 1970, com as demandas sobre o uso de suas águas. A
expansão da agricultura às margens do Rio Lerma, tributário do lago,
começou a retirar-lhe volume, mas o principal fator de interferência foi
a decisão do governo estadual de usar o lago para abastecer as
indústrias e as residências de Guadalajara, a segunda cidade mexicana.
Em março de 2001, o Chapala já havia perdido mais de 225 km2 de área, o
que corresponde a uma baixa no nível do lago entre 2 e 4 metros desde
1986, como mostram as imagens (em cores falsas) de satélite. Além de
quase não fornecer mais água para seu escoadouro, o Rio Santiago,
Chapala passou a conviver com mais resíduos de produtos químicos usados
na agricultura, metais pesados e sólidos dissolvidos. A fauna também
saiu prejudicada: algas e plantas aquáticas exóticas prosperam, enquanto
os peixes nativos estão sumindo, assim como aves migratórias e
endêmicas que costumavam povoar a área.
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