Rio carrega milhares de troncos de árvores ao longo do leito.
Sistema transpõe troncos rio abaixo da barragem da usina em Porto Velho.
02/03/2017 21h12
- Atualizado em
02/03/2017 22h43
UHE Santo Antônio usa sistema para manter curso dos troncos (Foto: Beethoven Delano/Arquivo Pessoal)
A solução de engenharia tem a função de interceptar todo material orgânico e direcioná-lo para rio abaixo da barragem. O objetivo é garantir que a vida microbiológica presente nos troncos siga o curso natural até a foz do Rio Amazonas, preservando o ecossistema da região, além de proteger as estruturas de concreto da usina do impacto dos corpos flutuantes.
De acordo com a hidrelétrica, o Rio Madeira nasce na Bolívia e é formado pelo encontro dos Rios Beni e Mamoré. Com mais de três mil quilômetros de extensão, é o principal afluente do Rio Amazonas. Em época de cheia, o aumento do nível das águas inundam as margens e com sua força arrancam a vegetação existente e a trazem para dentro do leito.
Sistema foi implantado para garantir transposição dos troncos (Foto: Beethoven Delano/Arquivo Pessoal)
O gerente de obras da hidrelétrica, Welson Corrêa, explica que no início do projeto existia a necessidade de criar uma alternativa para proteger as casas de forças – estruturas de concreto que abrigam as unidades geradoras – do impacto dos troncos. Segundo ele, um estudo realizado pelo empreendimento detectou que, no período de cheia, cerca de sete mil troncos de árvores descem rio abaixo por dia.
Para conceder a licença de operação da hidrelétrica, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais renováveis (Ibama) recomendou que os troncos e todo material orgânico não fosse retirado do rio e que seu curso natural fosse mantido. "Foi uma condicionante ambiental em ter que deixar esse sistema pronto para obter a licença de operação", disse o gerente.
Sistema é formado por boias envoltas em estruturas
metálicas ancoradas em pilares de concreto (Foto:
Giseli Buscariollo/G1)
Giseli Buscariollo/G1)
A tecnologia compreende duas estruturas. A primeira chamada 'Log Boom' possui 5,8 quilômentros de extensão e é composta por boias envoltas em estruturas metálicas conectadas por um cabo de aço estendido de uma margem à outra do rio, ancoradas em blocos de concreto. Essas boias sustentam grades submersas a quatro metros de profundidade formando uma barreira interceptadora.
A função do sistema é direcionar todo material orgânico para o vertedouro de troncos, que é a segunda estrutura do sistema. Construído no leito do rio com concreto reforçado para resistir a impactos, o local tem apenas um vão e é exclusivo para passagem da madeira.
Vertedouro de troncos é estrutura exclusiva para a transposição do material orgânico (Foto: Giseli Buscariollo/G1)
Troncos acumulados nas linhas também são
removidos com o auxílio de equipamentos
específicos (Foto: Giseli Buscariollo/G1)
removidos com o auxílio de equipamentos
específicos (Foto: Giseli Buscariollo/G1)
"Estamos chegando à performance ideal do sistema de manejo de troncos, que é garantir que os troncos não cheguem à tomada d’água e ao mesmo tempo permitir a vida desses troncos no ciclo hidrológico. (...)100% do que chega [até a barragem] segue a sua vida natural", disse Welson.
Empreendimento
A Hidrelétrica Santo Antônio é a quarta geradora de energia hídrica do Brasil. Com obras iniciadas em 2008, o empreendimento é composto por quatro casas de força que abrigam 50 unidades geradoras, hoje, todas disponíveis para operação comercial com potência instalada de 3.580 Megawatts. Além de abastecer os estados de Rondônia e Acre, a usina gera energia para as regiões Sul e Sudeste.
Disponível: http://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/2017/03/usina-cria-sistema-para-manter-curso-natural-dos-troncos-no-rio-madeira.html
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