Pesquisadores estimam que haja 60.065 espécies de árvores no mundo, das quais 14% são encontradas em território brasileiro.
O Brasil é o país com a maior biodiversidade de árvores do mundo, aponta um levantamento inédito.
Há 8.715 espécies de árvores no território brasileiro, 14% das 60.065
que existem no planeta. Em segundo na lista vem a Colômbia, com 5.776
espécies, e a Indonésia, com 5.142.
Publicado no periódico Journal of Sustainable Forestry, o estudo foi
realizado pela Botanical Gardens Conservation International (BGCI na
sigla em inglês), uma organização sem fins lucrativos, com base nos
dados de sua rede de 500 jardins botânicos ao redor do mundo.
A expectativa é que a lista, elaborada a partir de 375,5 mil registros e
ao longo de dois anos, seja usada para identificar espécies raras e
ameaçadas e prevenir sua extinção.
Ameaça
A pesquisa mostrou que mais da metade das espécies (58%) são
encontradas em apenas um país, ou seja, há países que abrigam com
exclusividade, certas espécies - podem ser centenas ou milhares -, o que
indica que estão vulneráveis ao desmatamento gerado por atividade
humana e pelo impacto de eventos climáticos extremos.
Trezentas espécies foram consideradas seriamente ameaçadas, por terem menos de 50 exemplares na natureza.
Também foi identificado que, com exceção dos polos, onde não há
árvores, a região próxima do Ártico na América do Norte tem o menor
número de espécies, com menos de 1,4 mil.
O secretário-geral da BGCI, Paul Smit, disse que não era possível
estimar com precisão o número de árvores existentes no mundo até agora
porque os dados acabam de ser digitalizados.
"Estamos em uma posição privilegiada, porque temos 500 instituições
botânicas entre nossos membros, e muitos dos dados não estão disponíveis
ao público", afirma.
"A digitalização destes dados é o auge de séculos de trabalho."
Uma parte importante do estudo foi estabelecer referências e
coordenadas geográficas para as espécies de árvores, o que permite a
conservacionistas localizá-las, explica Smith.
"Obter informações sobre a localização dessas espécies, como os países
em que elas existem, é chave para sua conservação", diz o especialista.
"Isso é muito útil para determinar quais devemos priorizar em nossas
ações e quais demandam avaliações sobre a situação em que se encontram."
Conservação
Entre as espécies em extinção identificadas pela BGCI está a Karoma
gigas, nativa em uma região remota da Tanzânia. No fim de 2016, uma
equipe de cientistas encontrou apenas um único conjunto formado por seis
exemplares.
Eles recrutaram habitantes da área para proteger essas árvores e monitorá-las para que sejam alertados caso produzam sementes.
Assim, as sementes poderão serão levadas para jardins botânicos da
Tanzânia, o que abre caminho para sejam reintroduzidas na natureza
depois.
A BGCI diz esperar que o número de árvores da lista cresça, já que cerca de 2 mil novas plantas são descritas todos os anos.
A GlobalTreeSearch, uma base de dados online criada a partir do
levantamento, será atualizada toda vez que uma nova espécie for
descoberta.
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