Meio Ambiente & Desenvolvimento Humano

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Pesquisadores da UnB descobrem que rio Amazonas tem mais de 9 milhões de anos

Até então se pensava que rio tinha entre 1 e 1,5 milhão de anos. Estudo feito em parceria com universidades europeias mostrou que formação dos Andes determinou ‘nascimento’ do Amazonas. 

Rios amazônicos (Foto: Arquivo TG)
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Brasília, em parceria com cientistas europeus, descobriu que o rio Amazonas é oito milhões de anos mais velho do que se pensava. A constatação se deu com base na análise dos sedimentos encontrados no rio. A maioria, segundo os pesquisadores, deriva da formação dos Andes no Mioceno tardio, período que vai de 10 a 5 milhões de anos atrás.
As pesquisas anteriores informavam que o Amazonas tinha entre 1 e 1,5 milhão de anos. De acordo com o professor e geólogo da UnB Roberto Ventura, o Amazonas já existia, mas era pequeno e não chegava a se encontrar com o oceano. A idade de 9 a 9,4 milhões é contada a partir da expansão do rio para o Atlântico, formando o Amazonas que conhecemos hoje.
“Na verdade, há 9 milhões de anos o Amazonas era um lago que corria pelo norte, foi nessa época que ocorreu a transcontinentalização do rio”, informou Ventura.
Para o professor, a descoberta é importante para entender o processo de evolução do rio nesses últimos nove milhões de anos e projetar uma tendência para o futuro. “Estão ocorrendo várias secas no Amazonas, seguidas de períodos de cheias em tempos não previstos. E nós não vamos conseguir entender esses fenômenos olhando apenas para o tempo presente”.

Chuvas no Distrito Federal

Um ponto que segundo o pesquisador é relevante especificamente para Brasília é que, o Amazonas determina também o regime de chuvas no Distrito Federal.
“A chuva durante nosso verão em Brasília vem da Amazônia”.
Ventura explicou que essa barreira criada é fundamental para a frequência de chuvas no centro-oeste do país e por isso entender os fenômenos naquela região, pode contribuir para determinar também as condições climáticas no Distrito Federal. 

Rio Amazonas na reigão de Santarém até  Ituqui no Rio Amazonas. (Foto: Armando Carvalho/TV Tapajós)
Rio Amazonas na reigão de Santarém até Ituqui no Rio Amazonas. (Foto: Armando Carvalho/TV Tapajós)
“A partir do momento que os Andes já estão formados e o rio Amazonas também, foi criada uma grande barreira. Os Andes impedem que a massa de ar úmida vá para o Pacífico, então ela volta e se distribui para o Brasil central. Entender os fenômenos de lá, significa também projetar o que pode acontecer aqui”. 
Ventura explicou que, para a geologia o rio ainda é “jovem”. As mudanças são “recentes’, mas transformaram totalmente a paisagem na região. De acordo com o resultado da pesquisa, a floresta de planície que atualmente é vista na Amazônia, começou a se formar há nove milhões de anos com a expansão do rio e com as mudanças tectônicas dos Andes. 

“Os Andes começaram a se levantar e empurraram o Amazonas pelo continente fazendo com que ele carregasse sedimentos da cordilheira por toda a região, mudando a vegetação e a biodiversidade local.” 

 

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