Construção do prédio deve ser finalizada ainda neste ano. Coordenador vê chegada do centro como uma continuação natural das pesquisas com canabinoides
Victor Caputo access_time 10 fev 2017, 05h55 - Atualizado em 10 fev 2017, 11h41
(cyano66/Thinkstock) |
São Paulo – A Universidade de São Paulo (USP)
deve inaugurar neste ano o Centro de Pesquisas em Canabinoides. Ele
será o primeiro do Brasil dedicado a pesquisas com substâncias derivadas
da maconha.
“A criação desse Centro foi uma decorrência natural do
desenvolvimento de uma linha de pesquisa com o canabidiol”, afirmou a
EXAME.com o professor da USP e coordenador do centro Antonio Waldo
Zuardi. Ele afirma que o trabalho nesta área já tem 40 anos e que testes
clínicos se fazem imperativos neste momento. “O Centro pretende
oferecer condições mais adequadas para a realização de pesquisas.”O centro, que será parte da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, nasce da parceria entre a universidade e a farmacêutica Prati-Donaduzzi. “A empresa deverá financiar a construção do prédio, desenvolver um produto em grau farmacêutico contendo o canabidiol e financiar os ensaios clínicos”, afirma Zuardi.
A construção do prédio acabou de ser licitada. Uma previsão otimista prevê a finalização da construção ainda em 2017. Mas é difícil dizer com propriedade a partir de quando ele estará em pleno funcionamento. A farmacêutica terá outras funções na parceria. Uma, crucial, é fornecer o canabidiol puro para os testes. Vale lembrar que a Anvisa liberou a importação de medicamentos desenvolvidos à base da substância.
“O primeiro estudo de grande porte será um ensaio clínico duplo-cego, com o objetivo de avaliar os efeitos terapêuticos e adversos do canabidiol, em adição às medicações em uso por crianças e adolescentes com epilepsia refratária aos medicamentos habituais”, disse Zuardi. O processo, diz ele, já foi aprovado pelo Comitê de Ética e aguarda liberação da Anvisa para que seja iniciado.
Estudioso de longa data de canabinoides e de seus efeitos, o professor vê com cautela o uso medicinal da planta “in natura” (consumo não na forma de medicamento). “Foram identificados mais de 80 canabinoides na maconha, com atividades diversas e por vezes até opostas e cujas concentrações são variáveis.”
O professor explica que fatores como espécie, cultivo, condições climáticas, entre outras, impactam a concentração dessas substâncias. “Assim, para o uso médico seria preferível usar-se os canabinoides puros, o que torna possível o uso do canabinoide e da faixa de dose correta para cada indicação.”
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