Estudando o meteorito que atingiu Chelyabinsk, na Rússia, cientistas afirmam que é possível desenvolver estratégias para impedir o impacto de asteroides
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6 fev 2017, 13h18
- Atualizado em 6 fev 2017, 13h28
Apesar de raros, objetos potencialmente perigosos ainda são uma ameaça ao planeta e preocupam astrônomos (iStock/Como um projétil pode impedir a colisão de asteroides com a Terra) |
Fazer uso de um projétil para desviar a órbita de um asteroide e evitar a colisão com a Terra
seria uma estratégia possível, segundo um estudo do Instituto de
Estudos do Espaço da Catalunha (IEEC-CSIC, na sigla em espanhol). A
pesquisa, publicada na edição de janeiro do periódico científico The Astrophysical Journal, foi feita com base no meteorito Chelyabinsk, que explodiu em 2013 sobre céu russo
após atravessar a atmosfera. A análise demonstra que, de acordo com a
composição, densidade e estrutura interna da rocha, é possível que uma
missão, desenvolvida com antecedência, consiga impedir o impacto.
O estudo não é o primeiro a investigar maneiras de evitar um possível confronto
entre um objeto próximo à Terra (NEO, sigla em inglês) de grandes
dimensões e o nosso planeta. No início do ano, o governo americano
também divulgou um plano para lidar com esse tipo de ameaça.
De acordo com os cientistas, a probabilidade de uma rocha
com quilômetros de diâmetro ter consequências devastadoras após se
chocar com a Terra é estatisticamente pequena, já que é mais frequente
que objetos de poucas dezenas de metros (como o de Chelyabink), que são
descobertos continuamente, alcancem a atmosfera terrestre. As chances,
entretanto, ainda existem – e astrônomos afirmam que, se não for
identificado a tempo, o impacto não poderá ser evitado.Como impedir a colisão
Quando explodiu sobre a Rússia, o
meteorito de aproximadamente 18 metros de diâmetro se fragmentou em
milhares de pedaços que caíram na superfície do planeta. O rompimento do
objeto na atmosfera mostrou que a Terra atua como um eficiente escudo —
por causa do atrito com a atmosfera, o corpo celeste se desintegrou
e apenas 4.000 quilos de suas 13.000 toneladas atingiram a superfície. O
maior pedaço, de 570 quilos, foi encontrado no lago Chebarkul. Apesar
de ser um meteorito pequeno, o choque que ocorreu quando entrou na
atmosfera, a uma velocidade de 19 quilômetros por segundo, deixou
centenas de feridos e grandes danos materiais.
Em laboratório, a equipe dirigida pelo
pesquisador Jordi Sort, da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB),
realizou medições das propriedades mecânicas do meteorito que, segundo
os cientistas, tem características semelhantes a alguns tipos de
asteroides. A análise obteve de maneira rigorosa e sistemática as
propriedades dos materiais que formam esse corpo celeste, em particular,
a dureza, a elasticidade e a resistência à fratura. Essas informações
são determinantes para que o impacto de um projétil consiga desviar a
órbita desse objetos. Segundo os resultados, a composição, a estrutura
interna, a densidade e outras propriedades físicas são fundamentais para
o êxito de uma missão na qual seria lançado um projétil cinético – tipo
de projétil que não possui carga explosiva – para desviar a órbita de
um asteroide perigoso.
Asteroides, meteoritos e meteoros
Asteroides são corpos celestes menores que planetas que vagam pelo sistema solar desde sua formação, há 4,6 bilhões de anos. Meteoritos, por sua vez, são pedaços de asteroides que eventualmente atingem a superfície da Terra. Já os meteoros são as rochas que atravessam a superfície da Terra e deixam rastros luminosos no céu, resultado do atrito com o ar – são popularmente reconhecidos como estrelas cadentes.O objeto que explodiu sobre o céu de Chelyabinsk é um meteorito de uma classe conhecida como condrito ordinário. Os pesquisadores o escolheram porque esse tipo de rocha é mais consistente e pode ser considerado representativo dos materiais formativos da maioria dos objetos potencialmente perigosos para a Terra.
(Com EFE)
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