Inventores da tecnologia dizem que os drones não visam substituir totalmente as abelhas, mas balancear o declínio de população dos insetos que ocorre em várias partes do mundo
Postado em 09/02/2017 15:05 / atualizado em 09/02/2017 21:03
O drone se aproxima de uma flor durante teste em laboratório |
Um drone, pequeno como um inseto, que é capaz de polinizar flores
e, assim, resolver desequilíbrios do meio ambiente causados pela redução
no número de abelhas e outros insetos importantes para a reprodução das
plantas. Parece o argumento de um dos episódios da terceira temporada
do seriado britânico Black Mirror, mas é verdade.
Pesquisadores
no Japão estão bastante avançados no desenvolvimento dessa tecnologia,
mas garantem que, ao contrário das abelhas automatizadas da série, o
drone polinizador é inofensivo para seres humanos.
"Todos os robôs devem ser usados para o bem, certo?", diz o líder do projeto, Eijiro Miyako. Ele conta ao Correio que
nunca assistiu a Black Mirror, mas que, devido ao seu projeto, vive
ouvindo comentários sobre a (má) reputação das abelhas na série.
Em
um estudo, Miyako e equipe usou protótipos para polinizar lírios
japoneses. O que permite o sucesso do invento é uma camada de gel e pelo
de cavalo na parte de baixo dos drones, combinação que resulta em um
material "grudento".
Ao tocar na flor, o robô,
guiado por rádio, coleta o pólen, que gruda no gel, e depois o deposita
em outras flores. O pelo de cavalo foi acrescentado porque ajuda a
imitar o corpo felpudo da abelha, criando mais área para o pólen aderir e
gerando carga elétrica para manter os grãos de pólen no lugar.
O gel foi resultado de um experimento que deu errado em 2007. Ejiro
Miyako queria criar uma substância que pudesse ser usada como condutor
elétrico em baterias e atuadores pneumáticos. Por acidente, criou um gel
tão grudento quanto cera, mas que não servia para a função desejada.
Então, o químico guardou o produto no pote.
Em 2015,
encontrou a substância: "Ficamos surpresos que, depois de oito anos, ele
não degradou e ainda era muito viscoso. O gel convencional é feito de
água e não pode ser usado por muito tempo, então resolvemos usar esse
para a pesquisa”, explica.
Abelhas em declínio
Os
pesquisadores garantem que a tecnologia não vem para substituir as
abelhas; o objetivo é que possa, um dia, "tirar a responsabilidade que a
agricultura moderna colocou nas colônias de abelhas" e balancear
problemas causados pelo declínio da população de produtoras de mel. Nos
Estados Unidos, as abelhas entraram na lista de espécies ameaçadas de
extinção, e, em várias partes do mundo, a redução das populações dos
insetos tem preocupado os agricultores.
A pesquisa foi publicada nesta quinta-feira (9/2) na revista Chem,
mas a equipe afirma que ainda falta bastante para que o produto chegue
ao mercado. Ejiro Miyako classifica a invenção como uma "prova de
conceito", ou seja, uma primeira evidência de que a ideia funciona, mas
ainda são necessários muito estudo e investimento.
Os
próximos passos para a invenção podem envolver a inclusão de um sistema
de GPS, câmeras de alta resolução e tecnologia de inteligência
artificial. “Acreditamos que os polinizadores robóticos poderiam ser
treinados para aprender padrões de polinização”, esclarece Miyako.
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