Meio Ambiente & Desenvolvimento Humano

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

É muito Black Mirror: drone-abelha é criado para polinizar plantas

Inventores da tecnologia dizem que os drones não visam substituir totalmente as abelhas, mas balancear o declínio de população dos insetos que ocorre em várias partes do mundo

Postado em 09/02/2017 15:05 / atualizado em 09/02/2017 21:03

Eijiro Miyako/Divulgação
O drone se aproxima de uma flor durante teste em laboratório
Um drone, pequeno como um inseto, que é capaz de polinizar flores e, assim, resolver desequilíbrios do meio ambiente causados pela redução no número de abelhas e outros insetos importantes para a reprodução das plantas. Parece o argumento de um dos episódios da terceira temporada do seriado britânico Black Mirror, mas é verdade.
Pesquisadores no Japão estão bastante avançados no desenvolvimento dessa tecnologia, mas garantem que, ao contrário das abelhas automatizadas da série, o drone polinizador é inofensivo para seres humanos. 

"Todos os robôs devem ser usados para o bem, certo?", diz o líder do projeto, Eijiro Miyako. Ele conta ao Correio que nunca assistiu a Black Mirror, mas que, devido ao seu projeto, vive ouvindo comentários sobre a (má) reputação das abelhas na série.
 
Em um estudo, Miyako e equipe usou protótipos para polinizar lírios japoneses. O que permite o sucesso do invento é uma camada de gel e pelo de cavalo na parte de baixo dos drones, combinação que resulta em um material "grudento".
Ao tocar na flor, o robô, guiado por rádio, coleta o pólen, que gruda no gel, e depois o deposita em outras flores. O pelo de cavalo foi acrescentado porque ajuda a imitar o corpo felpudo da abelha, criando mais área para o pólen aderir e gerando carga elétrica para manter os grãos de pólen no lugar.
O gel foi resultado de um experimento que deu errado em 2007. Ejiro Miyako queria criar uma substância que pudesse ser usada como condutor elétrico em baterias e atuadores pneumáticos. Por acidente, criou um gel tão grudento quanto cera, mas que não servia para a função desejada. Então, o químico guardou o produto no pote.
Em 2015, encontrou a substância: "Ficamos surpresos que, depois de oito anos, ele não degradou e ainda era muito viscoso. O gel convencional é feito de água e não pode ser usado por muito tempo, então resolvemos usar esse para a pesquisa”, explica. 

Abelhas em declínio

Os pesquisadores garantem que a tecnologia não vem para substituir as abelhas; o objetivo é que possa, um dia, "tirar a responsabilidade que a agricultura moderna colocou nas colônias de abelhas" e balancear problemas causados pelo declínio da população de produtoras de mel. Nos Estados Unidos, as abelhas entraram na lista de espécies ameaçadas de extinção, e, em várias partes do mundo, a redução das populações dos insetos tem preocupado os agricultores.

A pesquisa foi publicada nesta quinta-feira (9/2) na revista Chem, mas a equipe afirma que ainda falta bastante para que o produto chegue ao mercado. Ejiro Miyako classifica a invenção como uma "prova de conceito", ou seja, uma primeira evidência de que a ideia funciona, mas ainda são necessários muito estudo e investimento.
Os próximos passos para a invenção podem envolver a inclusão de um sistema de GPS, câmeras de alta resolução e tecnologia de inteligência artificial. “Acreditamos que os polinizadores robóticos poderiam ser treinados para aprender padrões de polinização”, esclarece Miyako.

 

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VIDHA LINUS

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