As asas do inseto têm uma espécie de "cama de pregos" microscópica – e os microrganismos grudam nela como se fosse velcro
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10 fev 2017, 18h44
(CC0 Public Domain) |
Antibiótico é para os fracos. Uma pesquisa da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália, descobriu como as libélulas usam uma cama de pregos microscópica instalada nas próprias asas para matar bactérias – e entender os requintes de crueldade desse mecanismo de defesa biológico pode ajudar a nanotecnologia a aperfeiçoar uma versão sintética muito útil para o ser humano.
Requinte de crueldade, no caso, é o fato de que esses pequenos pregos, chamados “nanopilares”, não matam as bactérias simplesmente furando suas membranas – a opção que parece mais óbvia, e que era a favorita dos cientistas até agora. A culpa, na verdade, é dos próprios microrganismos, que liberam substâncias adesivas antes de tocar na superfície assassina – e acabam grudados ali como figurinhas em um álbum. Quando eles tentam sair, a força da cola puxa para o lado oposto, e suas membranas rasgam, deixando o conteúdo da célula vazar.
A outra opção, claro, é a bactéria não tentar escapar e ficar colada na armadilha para sempre – o que a mantém viva, mas imóvel.
O problema é que as bactérias usadas para o teste, da espécie E. coli, produzem mais substâncias poliméricas extracelulares (EPS) — nome técnico do “adesivo” — por natureza. Por causa disso, no artigo, os pesquisadores alertam que ainda não é possível saber se outras bactérias, com menos secreção, morreriam da mesma maneira ou seriam simplesmente perfuradas.
Outra questão que o estudo levanta é que os nanopilares das asas de libélula tem tamanhos irregulares. Superfícies similares produzidas em laboratório para experimentos tem todos os “pregos” uniformes, o que pode mudar o comportamento dos seres unicelulares em contato com elas. Seja como for, esse tipo de material tem potencial para ser o álcool gel do futuro. Adeus, germes!
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