A quantidade de pessoas talentosas faz uma enorme diferença nas economias e sociedades. Mas nossa maior vocação tem sido o desperdício de talentos.
João Batista Oliveira
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25 ago 2017, 10h21
Meninas em sala de aula (iStockphoto/Getty Images) |
A primeira forma tipicamente brasileira de desperdiçar talentos consiste em ignorar a importância de identificá-los precocemente, sobretudo no caso de crianças que frequentam escolas públicas. Isso ocorre por inação e descuido, mas também em virtude de um viés ideológico que considera politicamente correto tratar de forma igual os desiguais, e considera politicamente incorreto o uso de testes diagnósticos e trilhas especiais para os talentosos.
A segunda especialidade nacional no desperdício de talentos consiste no elevado grau de satisfação com a qualidade da educação – tanto pública quanto privada. A quantidade de alunos brasileiros nos níveis mais elevados de desempenho no Pisa é muito inferior à de outros países desenvolvidos. Isso se deve, em parte, ao fato de que não cultivamos talentos desde cedo e, em grande parte, às distorções criadas pelo Ensino Médio. Se uma escola brasileira quiser adotar o mais prestigioso programa de Ensino Médio do mundo, o I.B. (International Baccaleaureat), ela precisará ter professores brasileiros, dar os cursos em português e ainda oferecer todas as disciplinas do Ensino Médio brasileiro.
A terceira especialidade nacional consiste na barreira à entrada de talentos de outros países, especialmente nas universidades. Em um mundo globalizado, no qual o universo científico está cada vez mais interligado, as barreiras para o ingresso de jovens doutores nas universidades brasileiras contribuem para reduzir o nível de pressão pela excelência acadêmica.
As poucas iniciativas meritórias existentes – como as Olimpíadas de Matemática e suas congêneres – são dissociadas de ações de base.
Desperdiçar talentos é um crime de lesa-pátria. Há evidências fortes demonstrando como um núcleo forte de talentos é capaz de produzir mudanças profundas na economia e na eficiência de um país. Infelizmente, nosso maior talento tem sido justamente o desperdício de talentos.
http://veja.abril.com.br/blog/educacao-em-evidencia/como-o-brasil-desperdica-seus-talentos/
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