Meio Ambiente & Desenvolvimento Humano

sábado, 2 de setembro de 2017

Opinião. Cinco ideias para uma floresta ordenada, produtiva e sustentável

Opinião. Cinco ideias para uma floresta ordenada, produtiva e sustentável

António Saraiva 02.09.2017 / 13:00

 DINHEIRO VIVO/PORTUGAL

Fotografia: Fernando Fontes / Global Imagens
Fotografia: Fernando Fontes / Global Imagens

Portugal tem na floresta um património com uma enorme importância, do ponto de vista ambiental, social e também económico. A fileira florestal representa cerca de 3% do PIB e é responsável por perto de 10% das exportações, provenientes em grande parte de setores industriais com um fortíssimo conteúdo nacional. Além disso, este setor é um ativo empregador: suporta 12% do total do emprego das indústrias transformadoras. 
 
Todo este património requer por parte do poder político uma atenção, que durante largos anos escasseou, para ultrapassar as sérias dificuldades que enfrenta; desenvolver todas as potencialidades que encerra e inverter a tendência de aumento das importações de matérias-primas florestais, face ao decréscimo da produção nacional. 
 
A tragédia que os incêndios provocaram este ano chamou a atenção da opinião pública para os problemas da floresta. 
 
Debateu-se e legislou-se apressadamente grande parte de uma reforma legislativa que, reconheço, já estava a ser preparada pelo governo desde agosto de 2016. Não entrarei aqui na polémica sobre as soluções preconizadas para importantes e recorrentes questões como o cadastro florestal ou o ordenamento florestal. 
 
Quero apenas chamar a atenção para o facto de a reforma da floresta ir muito mais além da resolução do problema dos incêndios e exigir muito mais do que uma reforma legislativa. Foco-me, por isso, em cinco ideias-chave para que a floresta portuguesa se torne ordenada, produtiva e sustentável:
 
1. A floresta é um domínio muito complexo, que tem obrigado ao envolvimento de muitos ministérios (atualmente oito). É preciso resolver os problemas de coordenação entre os vários ministérios e mesmo dentro de cada um dos ministérios en- volvidos. 
 
2. 96% da floresta portuguesa é pertença de privados – cerca de 400 mil proprietários florestais. O caminho a fazer tem de contar com o seu envolvimento. Sem proprietários florestais apoiados e mobilizados, nenhuma política florestal terá sucesso. 
 
3. É fundamental promover o associativismo florestal, indispensável à necessária alteração estrutural da floresta portuguesa, sobretudo em áreas onde predomina o minifúndio. Este processo já se iniciou, mas de forma muito lenta e insuficientemente apoiada pelos poderes públicos. As associações florestais que o país tem são de grande valia e podem, se estiverem devidamente apoiadas, fazer uma excelente prevenção com os seus sapadores florestais. 
 
 4. O futuro passa pela certificação florestal, que não só aumenta o valor das matérias-primas mas acima de tudo obriga a uma gestão sustentável, muito mais promissora na prevenção dos fogos, para além de muitas outras vantagens. A certificação é fundamental para que a produção de matéria-prima possa acompanhar a dinâmica das indústrias de base florestal, aproveitando todas as potencialidades da floresta. 
 
5. A importância da floresta em termos ambientais e sociais converte-a num bem público usufruído por toda a população e justifica, mais do que noutros setores, incentivos mais significativos ao investimento, à formação, à investigação e à inovação, aplicando os seus resultados no terreno. 
 
Apostemos na prevenção, vigilância e combate aos incêndios mas, sobretudo, retiremos todas as consequências da certeza que só uma floresta rentável e integrada num modelo económico viável pode ser eficazmente protegida.

 DINHEIRO VIVO/PORTUGAL

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