Dados de estações meteorológicas desde 1930, apresentados na Virada Sustentável, apontam diminuição da média de umidade relativa do ar e aumento de eventos externos no clima
Tulio Kruse,
Especial para o Estado ESTADÃO
24 Agosto 2017 | 19h38
24 Agosto 2017 | 19h38
A pesquisa avaliou informações produzidas durante oito décadas por duas estações metereológicas da capital, nos bairros de Santana e Ipiranga. Dados como temperaturas, máximas, médias e mínimas apresentaram aumento. A temperatura média em 1930, segundo dados da estação metereológica do Ipiranga, ficava ligeiramente abaixo dos 18ºC. Já em 2010, a mesma estação apontava temperaturas médias acima dos 19ºC. Segundo os cálculos da pesquisadora, a temperatura média da região aumentou 1,8 ºC em 77 anos. Em Santana, os registros de temperatura iniciaram a partir de 1960, mas mesmo assim também foi verificado aumento maior que 1ºC.
Além disso, chuvas com mais de 30 mm e 50 mm, classificadas entre "eventos extremos" pela pesquisadora, se tornaram mais freqüentes. O estudo ainda identificou diminuição na média da umidade relativa do ar e aumento da precipitação acumulada, que mede o volume total das chuvas ao longo dos anos. Entre as décadas de 1960 e 2010, a umidade relativa do ar caiu de 85,6% em Santana. No Ipiranga, foi de 78,7% para 73%, segundo os dados da pesquisa.
"Não é linear, esse processo, mas vemos em toda a literatura sobre mudanças climáticas que esses eventos realmente não ocorrem de maneira linear", diz Jane sobre as chuvas mais intensas, que tiveram tendência de aumento, apesar de isso não ter ocorrido em todas as décadas analisadas. Ela também chama atenção para o problema das ocupações irregulares na cidade, que aumentam a incidência de ilhas de calor e também o risco de deslizamentos de terra. "Os últimos remanescentes da Mata Atlântica na cidade estão sendo devastados por loteamentos irregulares, tanto por invasões populares quanto por empreendimentos imobiliários para público de média e alta renda."
Mundo. Segundo o professor Marcos Buckeridge, presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e mediador do painel, o impacto das mudanças climáticas na temperatura média no nível do mar deve atingir projetos das grandes cidades de zonas tropicais. Metrópoles do sul asiático e oeste da África devem seriam atingidas fortemente por esses problemas a partir da década de 2050, segundo um estudo do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), citado pelo professor.
"Com mais energia no sistema climático, por causa da maior quantidade de gás carbônico, isso faz com que o clima se torne mais drástico em certos lugares do planeta, e não necessariamente há um aumento da temperatura em todos os lugares", diz Buckeridge. "As regiões mais pobres do mundo, que estão nos trópicos, serão os primeiros a sofrer as mudanças do clima."
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