Meio Ambiente & Desenvolvimento Humano

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Temperatura em São Paulo subiu mais de 1ºC, diz estudo

Dados de estações meteorológicas desde 1930, apresentados na Virada Sustentável, apontam diminuição da média de umidade relativa do ar e aumento de eventos externos no clima

Tulio Kruse, Especial para o Estado                 ESTADÃO
24 Agosto 2017 | 19h38

Efeito Estuda - SP
Dados como temperaturas, máximas, médias e mínimas apresentaram aumento e chuvas com mais de 30 mm e 50 mm, classificadas entre "eventos extremos" na pesquisa também se tornaram mais freqüentes  Foto: EPITACIO PESSOA/AE
Desde 1930, a temperatura média na cidade de São Paulo aumentou mais de 1º C, segundo estudo elaborado no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP). Os dados, coletados e analisados pela analista de meio ambiente Jane Ramires em sua tese de mestrado, foi apresentado no painel 'Mudanças climáticas e cidades' que fez parte das atividades do primeiro dia da 7ª Virada Sustentável.

A pesquisa avaliou informações produzidas durante oito décadas por duas estações metereológicas da capital, nos bairros de Santana e Ipiranga. Dados como temperaturas, máximas, médias e mínimas apresentaram aumento. A temperatura média em 1930, segundo dados da estação metereológica do Ipiranga, ficava ligeiramente abaixo dos 18ºC. Já em 2010, a mesma estação apontava temperaturas médias acima dos 19ºC. Segundo os cálculos da pesquisadora, a temperatura média da região aumentou 1,8 ºC em 77 anos. Em Santana, os registros de temperatura iniciaram a partir de 1960, mas mesmo assim também foi verificado aumento maior que 1ºC.

Além disso, chuvas com mais de 30 mm e 50 mm, classificadas entre "eventos extremos" pela pesquisadora, se tornaram mais freqüentes. O estudo ainda identificou diminuição na média da umidade relativa do ar e aumento da precipitação acumulada, que mede o volume total das chuvas ao longo dos anos. Entre as décadas de 1960 e 2010, a umidade relativa do ar caiu de 85,6% em Santana.  No Ipiranga, foi de 78,7% para 73%, segundo os dados da pesquisa.
"Não é linear, esse processo, mas vemos em toda a literatura sobre mudanças climáticas que esses eventos realmente não ocorrem de maneira linear", diz Jane sobre as chuvas mais intensas, que tiveram tendência de aumento, apesar de isso não ter ocorrido em todas as décadas analisadas. Ela também chama atenção para o problema das ocupações irregulares na cidade, que aumentam a incidência de ilhas de calor e também o risco de deslizamentos de terra. "Os últimos remanescentes da Mata Atlântica na cidade estão sendo devastados por loteamentos irregulares, tanto por invasões populares quanto por empreendimentos imobiliários para público de média e alta renda."

Mundo. Segundo o professor Marcos Buckeridge, presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e mediador do painel, o impacto das mudanças climáticas na temperatura média no nível do mar deve atingir projetos das grandes cidades de zonas tropicais. Metrópoles do sul asiático e oeste da África devem seriam atingidas fortemente por esses problemas a partir da década de 2050, segundo um estudo do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), citado pelo professor.

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Os pesquisadores Marcos Buckeridge (à esq.) e Jane Ramires apresentam nova pesquisa sobre mudanças climáticas na cidade de São Paulo, em evento da Virada Sustentável Foto: TULIO KRUSE/ESTADAO
Cidades em zonas temperadas, como é o caso na Europa, devem sofrer as mesmas consequências apenas três décadas mais tarde, caso o nível de emissões de gases do efeito estufa se mantenham nos níveis atuais. Para Buckeridge, o aquecimento global não deve se refletir apenas em aumento das temperaturas, mas em maior frequência dos "eventos extremos" como tempestades, nevascas, secas e furacões mais intensos. Membro do IPCC, ele diz que a entidade estima o custo para mitigar os danos da mudança climática em US$ 100 trilhões, caso as metas da ONU para diminuição de emissões seja cumprida.

"Com mais energia no sistema climático, por causa da maior quantidade de gás carbônico, isso faz com que o clima se torne mais drástico em certos lugares do planeta, e não necessariamente há um aumento da temperatura em todos os lugares", diz Buckeridge. "As regiões mais pobres do mundo, que estão nos trópicos, serão os primeiros a sofrer as mudanças do clima."
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